
São Domingos e o
Santo Rosário.
A difusão e posterior expansão do Rosário, a Igreja atribui a
São Domingos de Gusmão (século XII), conhecido como o "Apóstolo do
Rosário", cuja devoção
propagou aos católicos como arma contra o pecado e contra a heresia albigenese,
que assolava Toulose (França).
Segundo respeitosa tradição, Nossa Senhora numa
Aparição revelou a devoção ao Rosário a São Domingos de Gusmão, em 1214,
como meio para salvar a Europa de uma heresia.
Eram os albigenses, que, como uma epidemia maldita,
contagiavam com seus erros outros países, a partir do norte da Itália e da
região de Albi, no sul da França. De onde o nome de albigenses atribuído a
esses hereges, conhecidos também como cátaros (do grego: puros), pois assim
soberbamente se autonomeavam.
Eram lobos disfarçados com pele de ovelha, infiltraram-se
nos meios católicos para melhor enganar e captar simpatia. Tais hereges
pregavam, entre outros erros, o panteísmo, o amor livre, a abolição das
riquezas, da hierarquia social e da propriedade particular — salta aos olhos a
semelhança com o comunismo.
Várias regiões da Europa do século XIII ficaram infestadas
pela heresia albigense, e toda a reação católica visando contê-la mostrava-se
ineficaz. Os hereges, após conquistar muitas almas, destruir muitos altares e
derramar muito sangue católico, pareciam definitivamente vitoriosos.
São Domingos (mais tarde fundador da Ordem Dominicana) intrepidamente empenhou-se no combate à seita albigense,
não conseguindo, porém, sobrepujar o ímpeto dos hereges, que continuavam
pervertendo os fiéis católicos. E os que não se pervertiam eram massacrados.
Desolado, São
Domingos suplicou à Virgem Santíssima que lhe indicasse uma eficaz arma
espiritual capaz de derrotar aqueles terríveis adversários da Santa
Igreja.
A
Aparição da Santíssima Virgem
Quando tudo parecia perdido, Nossa Senhora interveio
nos acontecimentos para salvar a Cristandade desse mal.
O Bem-aventurado Alain de la Roche (1428 – 1475), célebre pregador da Ordem Dominicana, no livro Da
dignidade do Saltério, narra a aparição de Nossa Senhora a São Domingos, em
1214. Nessa aparição, Ela ensina aquele Santo a pregar o Rosário (também
chamado Saltério de Maria, em lembrança dos 150 salmos de Davi) para
salvação das almas e conversão dos hereges.
Na obra de São Luís Grignion de Montfort acima citada, ele
transcreve tal narração:
Vendo São Domingos que os crimes dos homens criavam
obstáculos à conversão dos albigenses, entrou em um bosque próximo a Toulouse e
passou nele três dias e três noites em contínua oração e penitência, não
cessando de gemer, de chorar e de macerar seu corpo com disciplinas para
aplacar a cólera de Deus, até cair meio morto.
A Santíssima Virgem,
acompanhada de três princesas do Céu, lhe apareceu e disse:
— Sabes tu, meu querido Domingos, de que arma se serviu a
Santíssima Trindade para reformar o mundo?
— Ó Senhora! – respondeu
ele – Vós o sabeis melhor do que eu, porque depois de vosso Filho Jesus Cristo,
fostes o principal instrumento de nossa salvação’.
Ela acrescentou:
— Saiba que a peça
principal da bateria foi a saudação Angélica, que é o fundamento do Novo
Testamento; e portanto, se queres ganhar para Deus estes corações endurecidos,
reza meu Saltério.
Rosário esmaga
heresia albigense
O Santo se levantou muito consolado e abrasado de zelo pelo
bem daquela gente; entrou na igreja catedral; no mesmo momento os sinos
tocaram, pela intervenção dos anjos, para reunir os habitantes. No princípio da
pregação, formou-se uma espantosa tormenta; a terra tremeu, o sol se
obscureceu, os repetidos trovões e os relâmpagos fizeram estremecer e
empalidecer os ouvintes; e aumentou seu terror ao ver uma imagem da Santíssima
Virgem, exposta em lugar proeminente, levantar os braços três vezes ao Céu para
pedir a Deus vingança contra eles, se não se convertessem e não recorressem à
proteção da Santa Mãe de Deus.
O Céu queria por esses
prodígios aumentar a nova devoção do santo Rosário e torná-la mais
notória.
A tormenta cessou por
fim, pelas orações de São Domingos. Ele continuou seu sermão, e explicou com
tanto fervor e entusiasmo a excelência do santo Rosário, que os moradores de
Toulouse (um dos principais focos da heresia) o abraçaram quase todos e
renunciaram a seus erros, vendo-se em pouco tempo uma grande mudança na vida e
nos costumes da cidade.
Empunhando a potente arma do Rosário, São Domingos
retornou ao combate, pregando incansavelmente na França, Itália e Espanha a
devoção que a própria Senhora do Rosário lhe ensinara, e por todas as
partes reconquistava as almas: os católicos tíbios afervoravam-se, os
fervorosos se santificavam; as ordens religiosas floresciam; convertia os
hereges, que, abjurando seus erros, voltavam à Igreja aos milhares; os
pecadores se arrependiam e faziam penitência; expulsava os demônios de
possessos; operava milagres e curas. Somente na Lombardia, o ardoroso cruzado
do Rosário converteu mais de 100 mil hereges albigenses.
Tudo por meio da melhor artilharia contra o demônio e seus
seguidores: o Santo Rosário.
O herói Conde Simão de
Montfort.
Mas restavam ainda aqueles hereges empedernidos, que não
se convertiam de nenhum modo, e procuravam reverter à derrota fazendo estragos
em alguns outros países. Para resolver o problema, Nossa Senhora, além do
heróico São Domingos, suscitou outro herói para erradicar da Europa a
heresia: o admirável Conde Simão de Montfort. O primeiro empunhou como
arma o Rosário, o segundo empunhou a espada. Uma combinação perfeita: o
espírito de oração com o espírito de cruzada em defesa da Fé Católica.
A história de Simão de Montfort é, além de admirável,
extensa. Citemos a propósito, apenas de passagem, um trecho extraído do livro
de São Luís Grignion de Montfort (o sobrenome de ambos é o mesmo, embora,
segundo parece, não fossem parentes – pelo menos não há dados concludentes a
respeito):
Quem poderá contar às vitórias que Simão, Conde de
Montfort, obteve contra os albigenses sob a proteção de Nossa Senhora do
Rosário? Foram tão notáveis, que jamais se viu no mundo coisa parecida. Com
quinhentos homens, desbaratou um exército de dez mil hereges.
Outra vez, com trinta homens, venceu a três mil. Depois,
com mil infantes e quinhentos cavaleiros, fez em pedaços o exército do rei de
Aragão, composto de cem mil homens, perdendo somente oito soldados de
infantaria e um de cavalaria.
Livre a França da heresia albigense, a devoção ao
Santo Rosário atravessou as fronteiras. São Domingos pregou
incansavelmente, até o fim de seus dias, esta milagrosa e eficientíssima
devoção nos países vizinhos, colhendo neles semelhantes frutos. Atravessou não
somente as fronteiras européias, mas os continentes e também os séculos, uma
vez que, até os presentes dias, o Rosário é rezado com grande fruto em
todos os países do mundo.
Continua... Em o Poder do Santo Rosário
IV
Fontes: www.derradeirasgraças.com e da imagem Santuário Divina Pastora - Sergipe
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