segunda-feira, 27 de julho de 2015

CULTO A MARIA COMO MÃE DA IGREJA


EXORTAÇÃO APOSTÓLICA «SIGNUM MAGNUM» DE SUA SANTIDADE
PAPA PAULO VI  CONSAGRADA AO CULTO
DA VIRGEM MARIA,
MÃE DA IGREJA
E MODELO DE TODAS AS VIRTUDES

INTRODUÇÃO

    O «sinal grandioso» que o Apóstolo S. João viu no Céu: «uma Mulher revestida com o sol» (cfr. Apoc 12,1), não sem fundamento o interpreta a Sagrada Liturgia como referindo-se à Santíssima Virgem Maria, Mãe de todos os homens pela graça de Cristo Redentor.
Está ainda viva, Veneráveis Irmãos, no nosso ânimo a recordação da grande emoção sentida ao proclamar a augusta Mãe de Deus como Mãe espiritual da Igreja e portanto de todos os fiéis e sagrados Pastores, a coroar a terceira sessão do Concílio Ecuménico Vaticano II, após ter solenemente promulgado a Constituição Dogmática «Lumen Gentium». Grande foi também a exultação, quer de muitíssimos Padres conciliares, quer dos fiéis presentes ao sagrado rito na Basílica de S. Pedro e de todo o povo cristão espalhado pelo mundo. Espontânea tornou então à mente de muitos a recordação do primeiro grandioso triunfo alcançado pela humilde «Serva do Senhor» (cfr. Lc 1,38) quando os Padres do Oriente e do Ocidente, reunidos no Concílio Ecuménico em Éfeso, no ano de 431, saudaram Maria como «Theotokos»: Mãe de Deus. A exaltação dos Padres associou-se com jubiloso ímpeto de fé a população cristã da ilustre cidade, que os acompanhou com archotes às suas residências. Oh! com que maternal complacência, naquela hora gloriosa para a história da Igreja, a Virgem Maria terá observado Pastores e fiéis, reconhecendo, nos hinos de louvor que se elevavam em honra principalmente do Filho e depois em sua honra, o eco do cântico profético que Ela própria, por impulso do Espírito Santo, tinha elevado ao Altíssimo: «enaltece a minha alma ao Senhor ... porque olhou para a humilde condição da sua Serva. De facto, desde agora me hão-de chamar ditosa todas as gerações, porque me fez grandes coisas o Omnipotente» (Lc1,46,48-49).
Aproveitando a ocasião das cerimónias religiosas que têm lugar nestes dias em Fátima (Portugal) em honra da Virgem Mãe de Deus, onde Ela é venerada por numerosas multidões de fiéis, pelo seu coração «maternal e compassivo», desejamos mais uma vez chamar a atenção de todos os filhos da Igreja para o inseparável nexo tão amplamente ilustrado na Constituição Dogmática «Lumen Gentium», existente entre a maternidade espiritual de Maria e os deveres dos homens remidos para com Ela, como Mãe da Igreja.
   Uma vez admitido, com efeito, perante os numerosos testemunhos oferecidos pelos textos sagrados e dos Santos Padres, e recordados na mencionada Constituição, que Maria, «Mãe de Deus Redentor» (cfr. Lumen Gentium, 53) foi a Ele unida por «vínculo estreito e indissolúvel» (ibid.) e que teve uma especialíssima «função ... no Mistério do Verbo Incarnado e do Corpo Místico» (L.G. 54), quer dizer na «economia da salvação» (L.G. 55), parece evidente que a Virgem, não só «por ser a Mãe Santíssima de Deus, e como tal haver interferido nos mistérios de Cristo» (L.G. 66), mas também por ser «Mãe da Igreja», é pela mesma Igreja venerada «com culto especial» (cfr. L.G. 66), particularmente litúrgico (cfr.L.G. 67).
   Nem é de temer que a reforma litúrgica, se efectuada segundo a fórmula: «a lei da fé deve estabelecer a lei da oração» possa vir em detrimento do culto «de todo singular» (cfr. L.G.66) devido a Maria Virgem pelas suas prerrogativas, entre as quais ressalta a dignidade de Mãe de Deus. E nem mesmo se deve temer que o incremento do culto, tanto litúrgico como privado, a Ela dedicado, possa ofuscar ou diminuir o «culto de adoração, que é prestado ao Verbo Encarnado e do mesmo modo ao Pai e ao Espírito Santo» (L.G. 66).
   Portanto, sem querer aqui, veneráveis Irmãos, apresentar no seu conjunto a doutrina tradicional respeitante à função da Mãe de Deus no plano da salvação e às Suas relações com a Igreja, julgamos fazer algo de grande utilidade para as almas dos fiéis, se nos detivermos a considerar duas verdades muito importantes para a remodelação da vida cristã.

O CULTO DEVIDO A MARIA COMO MÃE DA IGREJA

Maria Santíssima, Mãe espiritual perfeita da Igreja

   1. A primeira verdade é esta: Maria é Mãe da Igreja não apenas por ser Mãe de Jesus Cristo e Sua muito íntima colaboradora na «nova economia, quando o Filho de Deus assume d'Ela a natureza humana, para libertar o homem do pecado» mediante os mistérios da Sua carne (L.G. 55), mas também porque «refulge em toda a comunidade dos eleitos como modelo de virtude» (cfr. L.G. 65 também o n. 63). Como, na verdade, cada mãe humana não pode limitar a sua missão à geração de um novo homem mas deve alargá-la à nutrição e à educação, assim se comporta também a bem-aventurada Virgem Maria. Depois de ter participado no sacrifício redentor do Filho, e de maneira tão íntima que lhe fez merecer ser por Ele proclamada Mãe não só do discípulo João, mas — seja consentido afirmá-lo do gênero humano, por aquele de algum modo representado, Ela continua agora no céu a cumprir a missão que teve na terra de cooperadora no nascimento e desenvolvimento da vida divina em cada alma dos homens remidos. Esta é uma consoladora verdade, que por ser livre beneplácito de Deus sapientíssimo faz parte integrante do mistério da salvação humana; por isso ela deve ser considerada como de fé por todos os cristãos

sábado, 18 de julho de 2015

VIRGEM MÃE APARECIDA - cantora JOANNA

                


NOSSA SENHORA DAS NECESSIDADES

   


   Nossa Senhora das Necessidades - (Lisboa – Portugal - 1742).Durante a “grande peste”, fugiram de Lisboa para a Ericeira dois cônjuges da freguesia dos Anjos, os quais encontraram perto da vila, numa ermida, uma imagem de Nossa Senhora da Saúde, a que muito se afeiçoaram. Por isso, levaram-na, furtada, em seu regresso a Lisboa e mantiveram-na escondida em casa, começando depois a pedir esmolas para lhe erigir uma capela, tendo dona Ana Gouveia de Vasconcelos doado um terreno que possuía no Alto de Alcântara.
  Construiu-se a capela, e cresceu a devoção à Santíssima Virgem, representada na referida imagem, que começou a ser invocada sob o título de Nossa Senhora das Necessidades, provavelmente porque os fiéis eram atendidos por Nossa Senhora em todas as suas necessidades.
   Quando D. João V adoeceu, em 1742, quis que a imagem de Nossa Senhora das Necessidades fosse para a sua câmara, e, tendo melhorado, mandou construir um rico templo no lugar onde estava a capela.
    Junto ao templo mandou construir o magnífico palácio que até 1910 pertence à família real.
Em São Pedro da Ericeia, existe atualmente uma imagem feita e modelada a partir da de Nossa Senhora das Necessidades de Lisboa.

No Brasil
   A devoção foi trazida ao Brasil por volta de 1740 pelos açorianos que chegaram à ilha de Santa Catarina e posteriormente construíram uma igreja.
A Igreja de Nossa Senhora das Necessidades é uma edificação histórica localizada na sede do distrito de Santo Antônio de Lisboa, cidade de Florianópolis.
Foi construída entre 1750 e 1756. A igreja tem uma fachada simples e um interior rico em elementos artísticos e arquitetônicos, com destaque para a talha característica do período de transição entre o Barroco e o Rococó.
Possui a única pia batismal em madeira da Ilha de Santa Catarina.

Em Portugal
    Nossa Senhora das Necessidades é venerada na localidade de Soalheira, em Portugal, onde existe uma capela com quadros que testemunham milagres atribuídos à Senhora das Necessidades já em 1685.
Nos momentos de grande aflição, é a Nossa Senhora das Necessidades que o povo da Soalheira recorre, como foi em 1808, quando os invasores franceses passaram pela região devastando tudo, a Soalheira foi poupada, atribuindo-se isso a milagre da Senhora que encobriu o povo com denso nevoeiro, e eles passaram ao lado e não entraram nele.

Nossa Senhora das Necessidades
   Também Nossa Senhora foi e continua a ser, de grande auxílio para os soalheirenses ausentes, sobretudo quando esta terra tinha muitas pessoas na África, e mais recentemente emigrantes na Europa, principalmente na França.
    A festa em honra de Nossa Senhora das Necessidades tem lugar, no domingo seguinte ao domingo de Páscoa, sendo bastante participada. Já na véspera à noite se juntam muitas pessoas na igreja, para no fim da missa se realizar a procissão com a imagem de S. José para a capela de Nossa Senhora das Necessidades. No dia da festa, celebra-se a missa campal seguindo-se a procissão com a imagem de Nossa Senhora e S. José, pelas ruas da Soalheira, consistindo um momento de grande devoção e fé por parte dos seus devotos.
   No final da procissão, muitas são as pessoas que se juntam à banda filarmônica, para cantar as "alvíssaras" a Nossa Senhora, dando voltas à sua capela. Na segunda feira da festa, celebra-se missa, seguida de procissão, pela parte norte da vila, chegando à capela, canta-se o adeus à Virgem, seguindo a imagem de S. José, em procissão para a igreja matriz.

Capela de Nossa Senhora das Necessidades em Soalheira, Portugal.
   O afluxo de peregrinos que vêm visitar a sua capela e rezar à veneranda imagem, cresceu bastante depois de em 22 de Abril de 1979, sob um sol radioso, a imagem de nossa Senhora verter lágrimas, durante a procissão pelas ruas da Soalheira, continuando o episódio a verificar-se também durante a tarde e noite desse dia.
    Esse fato extraordinário foi presenciado por inúmeras pessoas, chegando essas lágrimas a serem limpas das faces da imagem, por testemunhas oculares que nessa noite se encontravam na capela. Existem ainda slides, que um peregrino oriundo da Soalheira realizou, onde se presenciam, com elevada nitidez as lágrimas que se formavam nos olhos e corriam pela face da imagem.
   O Bispo da Diocese da Guarda, D. Antônio dos Santos, resolveu reabrir o processo referente à lacrimação, no final de 1997, pois encontrava-se arquivado, esperando todos os devotos de Nossa Senhora que tal fato venha a alcançar o veredictum diocesano.
Desde tempos imemoráveis que os soalheirenses, louvam Nossa Senhora das Necessidades.



quinta-feira, 16 de julho de 2015

FONTE SELADA - IRMÃ KELLY PATRÍCIA



MARIA se entregou totalmente a Deus, e se tornou uma seta perfeita que sempre aponta o Caminho a verdade e a Vida: seu Filho, Jesus Cristo.

NOSSA SENHORA DO CARMO


   Nossa Senhora do Carmo tem origem no século XII, quando um grupo de eremitas começou a se formar no monte Carmelo, na Palestina, terra Santa, iniciando um estilo de vida simples e pobre, ao lado da fonte de Elias, e que se estendeu ao mundo todo.
A palavra Carmo, corresponde ao monte do Carmo ou monte Carmelo, em Israel, onde o profeta Elias se refugiou. A palavra Carmo ou Carmelo significa jardim.

História de Nossa Senhora do Carmo e os carmelitas
   A ordem dos carmelitas venera com carinho o profeta Elias, que é seu patriarca, e a Virgem Maria, venerada com o título de Bem Aventurada Virgem do Carmo. Devido ao lugar, esse grupo foi chamado de carmelitas. Lá, esse grupo de eremitas construiu uma pequena capela dedicada a Senhora do Carmo, ou Nossa Senhora do Carmelo. Posteriormente os carmelitas foram obrigados a ir para a Europa fugindo da perseguição dos muçulmanos. Aí se espalhou ainda mais a Ordem do Carmelo.

Devoção a Nossa Senhora do Carmo
   Com a expulsão dos carmelitas de Israel, a devoção a Nossa Senhora do Carmo começou a se espalhar por toda a Europa. Também foi levada para a América Latina, logo no começo de sua colonização, passando a ser conhecida em todos os lugares. E não somente no Carmelo. Foram construídas várias igrejas, capelas e até catedrais dedicadas a Senhora do Carmo.

Aparição de Nossa Senhora do Carmo a São Simão
   São Simão era um dos mais piedosos carmelitas que vivia na Inglaterra. Vendo a Ordem dos Carmelitas ser perseguida até estar prestes a ser eliminada da face da terra, ele sofria muito e pedia socorro a Nossa Senhora do Carmo.
Sua oração, que os carmelitas usam até hoje, foi a seguinte: Flor do Carmelo, vide florida. Esplendor do Céu. Virgem Mãe incomparável. Doce Mãe, mas sempre virgem. Sede propícia aos carmelitas. Ó Estrela do mar.
   Então Maria Santíssima, rodeada de anjos, apareceu para São Simão, entregou-lhe o Escapulário e lhe disse: Recebe, meu filho muito amado, este escapulário de tua ordem, sinal do meu amor, privilégio para ti e para todos os carmelitas. Quem com ele morrer não se perderá. Eis aqui um sinal  da minha aliança, salvação nos perigos, aliança de paz e amor eterno. A partir desse milagre, o escapulário passou a fazer parte do hábito dos carmelitas.

Milagre de Nossa Senhora do Carmo
   A partir da aparição de Nossa Senhora do Carmo a São Simão, a Ordem do Carmelo começou a florescer na Europa e em vários lugares do mundo, permanecendo firme até os dias de hoje.

O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, tradição do Carmelo
   A palavra escapulário, vem do latim, escápula, que significa armadura, proteção. O escapulário é uma forma de devoção a Maria Santíssima. O uso do escapulário é um sinal de confiança em Nossa Senhora do Carmo. A pessoa que o usa, é coberta com a proteção e as graças da Virgem Do Carmo.
O escapulário, segundo o Concilio do Vaticano II é um Sacramental, um sinal sagrado, obtendo efeitos de proteção da Igreja Católica. É uma realidade visível que nos conduz a Deus. Santa Tereza dizia que: portar o escapulário, era estar vestida com o hábito de Nossa Senhora.

Oração a Nossa Senhora do Carmo
   Senhora do Carmo, Rainha dos anjos, canal das mais ternas mercês de Deus para com os homens. Refúgio e advogada dos pecadores, com confiança eu me prostro diante de vós, suplicando-vos que obtenhais a graça que necessito, ( pede-se a graça). Em reconhecimento, solenemente prometo recorrer a vós em todas as minhas dificuldades, sofrimentos e tentações, e farei de tudo que ao meu alcance estiver, a fim de induzir outros a amar-vos, reverenciar-vos e invocar-vos em todas as suas necessidades.
   Agradeço as inúmeras bênçãos que tenho recebido de vossa mercê e poderosa intercessão.
Continuai a ser meu escudo nos perigos, minha guia na vida e minha consolação na hora da morte. Amém. Nossa Senhora do Carmo, advogado dos pecadores mais abandonados, rogai pela alma do pecador mais abandonado do mundo. Ó Senhora, rogai por nós que recorremos a vós.

 Oração para todos os dias
    Nossa Senhora do Carmo que deixastes o Santo Escapulário como sinal do Vosso amor e proteção.
    Sois reconhecida como assistência na vida e consoladora amável na hora da morte, eu, vosso filho e devoto, pronto a Vos servir, disposto a Vos amar, me apresento a Vós e nesta Novena faço o meu pedido: (Peça a graça que você necessita), Nossa Senhora do Carmo, nunca se ouviu dizer que alguém necessitado, tendo recorrido a Vós, tenha ficado desamparado.
   Com confiança, Mãe do Escapulário interceda junto ao Vosso Filho Jesus Cristo, por mim, por aqueles por quem devo rezar sempre e por aqueles que se confiam às minhas orações.
    Mãe amável sede-nos propícia e rogai por nós a Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Nossa Senhora do Carmo, rogai por nós.
Mãe do Santo Escapulário rogue por nós.
Madrinha da Obra Evangelizar é Preciso, intercedei por nós.
Amém




sábado, 4 de julho de 2015

PADRE ZEZINHO = MÃE DO CÉU MORENA.AVI



MARIA é digna de louvor porque soube ser fiel a Deus com perfeição, humildade, lealdade e amor. Ela é plena da graça de Deus, tem muito a nos ensinar e nos fazer conhecer a Jesus.

MARIA TINHA OUTROS FILHOS?

O USO DA PALAVRA IRMÃO E PRIMO NO NOVO TESTAMENTO

   Carecemos de muita informação sobre o uso das palavras “primos” e “irmãos” no Novo Testamento. Vamos a um detalhado estudo sobre as línguas da Bíblia: A Bíblia começou a ser escrita mais de 1000 anos antes de Cristo na língua hebraica, pois esta era a língua falada na Palestina até o povo de Deus sofrer o cativeiro de cinqüenta anos na Babilônia em 586 a.C.  Após o cativeiro, parte do povo que voltou para a sua terra começou a falar o aramaico; a outra parte de judeus imigrou para o Egito onde começou a falar o grego.  Mas a Bíblia continuou a ser lida e copiada em hebraico, sua língua original. 
   Por volta do ano 300 antes de Cristo, o grego havia se tornado a nova língua do comércio e invadiu o mundo daquele tempo. Então, por volta do ano 250 antes de Cristo, os judeus que estavam no Egito desde o fim do cativeiro já não sabiam mais o hebraico e nem o aramaico, tendo dificuldades para ler a Sagrada Escritura.  Para resolver a questão, um grupo de setenta e dois sábios judeus (seis de cada tribo de Israel) se reuniu em Alexandria (Egito) e pegaram todo o Texto Sagrado escrito na esquecida língua hebraica (com partes em aramaico) e o traduziram para o grego, formando assim a chamada Bíblia dos Setenta ou Septuaginta. Esta tradução grega tornou-se o referencial dos Apóstolos e dos primeiros cristãos na confecção do Novo Testamento que também foi escrito em grego. Entendido isso, vamos agora saber o que houve com a palavra irmão ao ser traduzida do hebraico (língua original) para o grego (língua agora mais usada). Na língua hebraica a palavra irmão se escreve ’āh e significa filhos dos mesmos pais, mas poderia significar também outros parentes, porque não existe variedade de palavras hebraicas para designar a parentela. Quando se traduziu a Sagrada Escritura para o grego, o termo grego usado para traduzir ’āh (irmão ou parente em hebraico) foi αδέλφος (lê-se adelphós), que é irmão em grego e significa exatamente: “nascidos do mesmo útero”. Com esta tradução, αδέλφος recebeu também um significado mais amplo do que apenas nascidos do mesmo útero, pois αδέλφος passou na tradução a ser’āh (irmão ou parente). Precisamos agora investigar até onde os semitas utilizavam αδέλφος para podermos estabelecer o grau de parentesco desses αδέλφοι (irmãos – lê-se adelphoi) com Jesus.
   No grego se designa com essa palavra especificamente o irmão carnal, ou pelo menos o meio irmão. Mas existem exceções como um antigo documento chamado Marco Aurélio 1, 14,1; assim como numerosos textos de papiros egípcios, onde, da mesma forma como na tradução grega do Antigo Testamento, os filhos dos irmãos (sobrinhos) ou mesmo primos são chamados de αδέλφος, ou seja, irmão. Veja o exemplo de I Crônicas 23,21-22: “Filhos de Mooli: Eleazar e Cis. Eleazar morreu sem ter filhos, mas somente filhas, que se casaram com os filhos de Cis, seus αδέλφοι (irmãos)”, o texto deveria ser: “…se casaram com os filhos de Cis, seus primos”. Leia também Gn 13,8; Gn 31,22-23; Ex 2,11; Jz 9, 1-3; I Cr 15,1-5; I Cr 23,21-22; II Cr 36,10.
   Apesar dos autores do Novo Testamento terem tido a possibilidade de usar termos específicos existentes no grego para designar a parentela como ανεψιός (primo, lê-se anepsiós) ou συγγενης (parente, lê-se sungenees), os utilizaram muito pouco. Isso por dois motivos: eles tiveram como referência a tradução grega do Antigo Testamento e nesta tradução αδέλφος engloba toda a parentela; e também tendo eles tido a pobre língua hebraica como língua original, não se importavam muito com a exatidão dos termos da língua grega. Isso notamos, por exemplo, quando São Paulo escreve em grego: “Em seguida, o Senhor apareceu a mais de quinhentos αδέλφοι (irmãos) de uma vez” (1ª Cor 15,6). Com certeza São Paulo não dizia que estes mais de quinhentos irmãos eram nascidos do mesmo útero, mas sim usava αδέλφοι na sua amplitude maior. Para comparação temos o fato de que a palavra portuguesa saudade não tem tradução em muitas línguas. Esta palavra quer dizer exatamente lembrança triste do que ou de quem está distante.  Então vamos ao exemplo: como o inglês é uma das línguas onde não existe o termo exato para designar saudade, se usam termos com outros significados, mas que ganham uma amplitude para englobar saudade.  Então se alguém escrevendo em inglês quiser escrever saudade, esta pessoa utilizará (entre outras) a palavra longing que primeiramente quer dizer: ânsia/desejo intenso de algo inacessível no momento. Ao traduzir esse texto para o português onde se procure ser fiel ao original (como foi o caso da Septuaginta) o tradutor traduzirá longing com sua designação inicial, ou seja, ânsia/desejo, apesar de existir na língua portuguesa o termo específico para designar saudade.  Deste modo, a tradução ânsia/desejo terá um alargamento onde se englobará também saudade, do mesmo modo como αδέλφος passou a ter outros significados na tradução grega e, daí, no costume semítico. Assim percebemos que nem sempre αδέλφος quer dizer filhos do mesmo útero como foi proposto.
   A Sagrada Família e apenas Jesus, Maria e Jose, como nos descreve São Lucas na ida ao Templo de Jerusalém e São Joao, em seu Evangelho, ao dizer que Jesus entregou sua Mae aos cuidados do discípulo amado e não de um outro possível filho carnal como seria obrigação dele pela lei de Moises dados objetivos, mencionando as passagens bíblicas onde aparece a expressão “irmãos de Jesus”: 1. Mc 3,20-21.31-35: a mãe de Jesus, os seus irmãos e irmãs vêm encontrar Jesus, pois creem que tenha enlouquecido. Jesus invés redefine o conceito de família. 2. Mc 6,3-5: as pessoas se perguntam sobre a origem do comportamento de Jesus (de onde?), invés os seus conterrâneos sabem bem de onde ele vem: conhecem os seus irmãos e sua mãe por nome e as irmãs estão entre eles. 3. Jo 2,12, depois das bodas de Caná, diz que Jesus se encontra em Cafarnaum, com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos. Em Jo 7, 3. 5.10 se sublinha a distância que existe entre Jesus e seus irmãos: não são do mesmo mundo.
    4. Nos Atos e em Paulo os irmãos de Jesus aparecem como membros importantes da primeira comunidade cristã. Atos 1,14 conta que entre os membros da comunidade de Jerusalém estavam a mãe e os irmãos de Jesus. Em 1Cor 9,5 os irmãos do Senhor são colocados entre os apóstolos e Cefas, como líderes da comunidade cristã. Em Gálatas 1,19 é lembrada a visita de Paulo a Jerusalém, onde, além de Cefas, encontrou Tiago, o irmão do Senhor. É importante sublinhar, repetindo, que o termo grego usado nessas passagens é ‘adelfós’, que literalmente significa ‘irmão’. Todavia esse dado não basta para abaixar a poeira.
    Existe, de fato, diversas explicações sobre expressão e Elencamos algumas:

1. Primos por parte de pai

   Essa tese se baseia no trabalho de Eusébio de Cesaréia. De acordo com esse padre da igreja, os irmãos de Jesus podem ser identificados com os filhos de Alfeu-Cleofas, tio paterno de Jesus, e sua esposa, Maria de Cleófas. Portanto ‘adelfós’ significaria primo de primeiro grau. Os defensores de tal tese dizem que  não se trata de argumentos a posteriori, que tentam defender o dogma da igreja católica, mas consequência da aplicação do método histórico-crítico. O defensor clássico dessa tese é Jerônimo, autor da Vulgata, que, respondendo a Elvídio, que dizia que os ‘irmãos’ eram ‘irmãos carnais’, diz: “Tiago, chamado irmão do Senhor, chamado o Justo, alguns dizem que era filho de José com uma outra mulher, mas creio ser filho de Maria, irmã da mãe do Nosso Senhor, de quem João fala no seu Evangelho”. Em linhas gerais se pode dizer que também Lutero defendia essa tese. Lemos, em Sermão sobre João: “Cristo foi o único filho de Maria, e a virgem Maria não teve outros filhos além dele. ‘Irmãos’ significa na realidade ‘primos’, pois as Sagradas Escrituras e os judeus chamam sempre irmãos os primos... Cristo, o nosso salvador, foi o fruto real e natural do seio virgem de Maria... Isso aconteceu sem a cooperação do homem e Maria continuou virgem também depois”. 
   Também Calvino escreve: “Segundo o costume judeu, chamam-se irmãos todos os parentes. Contudo Elvídio foi ignorante quando disse que Maria teve diversos filhos por que em algum lugar se menciona ‘irmãos de Cristo’” (Comentário a Mateus, 13.55). Os críticos dessa teoria são, sobretudo, os protestantes que, diferente de Lutero e Calvino, entendem ‘adelfós’ como ‘irmão’ no sentido carnal e não ‘primo’.A tradição da Igreja sempre viu Santa Maria de Cleofas, como irmã de Nossa Senhora, Tia de Jesus e Mae dos irmãos do Senhor: Tiago, Jose, Simão e Judas.

2. Primos por parte de pai e de mãe

   É uma tese do exegeta alemão Josef Blinzler. Ele diz  que Tiago e José são filhos da irmã da mãe de Maria, que também se chama Maria; Invés Simão e Judas são filhos de Cleofas, irmão de José esposo de Maria, e de Maria de Cleofas. Ele baseia sua teoria no texto de João 19,25, que distingue a irmã de Maria de Maria de Cleofas. Outros defensores dessa tese são Rinaldo Fabris e Vittorio Messori. Mas a tese não é muito clara, visto que não é assim tão fácil distinguir duas Marias em João 19,25.

3. Irmãos carnais
   É a tese que nasceu com o bispo ariano de Milão, Elvídio, no IV século. Ele defendeu a superioridade do casamento em relação ao voto de castidade. Para sustentar a sua teoria disse que também Maria tinha vivido com José e tinha tido outros filhos depois do nascimento de Jesus. Essa posição é sustentada pelos protestantes. Essa visão é contestada pelos católicos, cristãos ortodoxos e também pelos muçulmanos, que seguem o que é escrito no Corão.

4. Irmãos adquiridos
   É a teoria do evangelho apócrifo de Tiago, segundo o qual José, quando se casou com Maria, tinha outros filhos, de um casamento anterior. Outros escritores clássicos defendem essa tese: Clemente de Alexandria, Orígenes, Eusébio, Hilário de Poitiers, Ambrosiaster, Gregório de Nisa, Epifânio, Ambrósio, Cirilo de Alexandria. Hoje, sobretudo, os ortodoxos concordam com essa visão, mas também o adventista Angel Manuel Rodríguez.

5. Colaboradores
   A escola exegética de Madri defende que os atuais textos gregos do Novo Testamento se baseiam em textos em aramaico e analisando os textos em questão dizem que ‘irmãos de Jesus’ indica na verdade aquele que colaboravam, ou seja, os apóstolos e outros discípulos que o seguiam. Do mesmo modo que a ‘irmã da mãe de Jesus’ seria também ela uma mulher que acompanhava Maria. Para organizar a nossa apresentação, digamos que existem duas teorias: uma que diz que ‘adelfós’ significa irmão carnal e outra que retém que seja primo.

Argumentos favoráveis a “irmãos” 
• Etimologicamente adelfós (plural = adelfoi) significa co-uterino, ou seja, filho da mesma mãe.
• Mt 1,24;24 diz: “José (...) recebeu em casa sua mulher. Mas não a conheceu até o dia em que ela deu à luz um filho.” ‘Conhecer’, na Bíblia, significa ter relações sexuais. O texto bíblico em si não exclui que depois do nascimento de Jesus Maria tenha tido outros filhos.
• Lucas 2,7 diz que Maria deu à luz o seu filho primogênito. Se Maria não tivesse tido outros filhos Lucas poderia ter usado ‘unigênito’.
• Se os irmãos fossem primos a Bíblia teria usada a palavra grega ‘anepsios’ e não ‘adelfos’.
• Mc 3,21 e Jo 7,5 afirmam que os irmãos não tinham fé em Jesus. Desse modo não podem serem identificados com os apóstolos ou colaboradores do Senhor.

Argumentos favoráveis a “primos” 
• A palavra adelfós tem um campo semântico que não se limita à ligação com a mãe, mas pode normalmente significar também irmão só por parte de pai. Além disso o grego do novo testamento é uma língua influenciada pelo pensamento semítico dos seus autores. Quando o escritor escreve em grego está, na verdade, pensando em hebraico-aramaico. Portanto quando ele usa ‘adelfós’ está efetivamente usando o vocábulo hebraico-aramaico ‘ah’. Esse termo, na sua língua, não significa só irmão, mas todo grau de afetividade ou parentesco (Conferir Gn 13,8; 29,15; Lv 10,4).
• No grego existe a palavra ‘anepsioi’ para primos, mas no grego bíblico, que é diferente daquele clássico, esse vocábulo indica um parentesco não próximo, no sentido existencial. Portanto os ‘primos’ de Jesus, visto que eram em contato com ele, não podiam ser chamados ‘anepsioi’.
• Os ‘irmãos’ de Jesus não são nunca colocados em relação com Maria e José; só Jesus é figlio de Maria e filho de José.
• O fato que Jesus é chamado primogênito e não unigênito não é importante. De fato na sociedade hebraica o primeiro filho tem um valor em si e é sempre o primogênito, mesmo sendo filho único. Ilustra essa tese a descoberta de uma inscrição em um túmulo em Tell el-Jehudi que diz: “nas dores do parto do meu primogênito a sorte me conduziu ao fim da vida”. É claro que nesse caso o primogênito é também unigênito.

Considerações finais
   O problema dos ‘irmãos de Jesus’ é sobretudo uma questão dogmática. É muito mais simples acreditar que Jesus tenha tido irmãos. Porém há outros indícios que precisam ser considerados. A palavra ‘primo’ (anèpsios) aparece uma única vez no Novo Testamento (Colossenses 4,10 – A tradução de Almeida nesse caso usa, de modo errado, ‘sobrinho’). Porém em outro livro em grego, Tobias (que não aparece na Bíblia Hebraica e, por isso, nas protestantes, mas cujo texto hebraico foi encontrado também em Qumran), os termos ‘anèpsios’ e ‘adelfós’ são usados sem distinção para significar primo ou parente em geral (cf. Tobias 7,1-4 e confrontar com Tobias 6,1). De fato alguns manuscritos em 7,4 usam anèpsios, enquanto outros usam ‘adelfós’. Além do mais, o contexto bíblico nos obriga a recordar que o conceito de família naquele tempo era muito mais largo do que o atual: fazia parte da família, como irmãos (ah em hebraico), todos os que habitava a casa (bet em hebraico), o clam familiar. Outro aspecto é a tradição. Não é decisivo, mas acreditamos seja importante. Já no segundo século não havia dúvidas sobre a relação dos “irmãos” com Jesus: não eram filhos de Maria. Esse conceito continuou vigente inclusive no tempo da Reforma, com Lutero e Calvino. Somente nos últimos tempos ele voltou a ser questionado. Concluímos dizendo que a tradição cristã afirma que aqueles que a bíblia chama ‘irmãos de Jesus’ são na verdade seus parentes. E, do nosso ponto de vista, a Bíblia não oferece argumentos para afirmar categoricamente que Jesus teve irmãos, nem para combater a doutrina que Jesus e filho único de Maria, doutrina largamente aceita no inicio do Cristianismo e, por isso mesmo, a que mais se aproxima da verdade plena, com base bíblica e histórica.

FONTES: Disponivél em  http://www.abiblia.org/ver.php?id=824#.UYtxy7UWLHV
http://circulocatolico.com.br/site/?p=512
http://rezairezairezai.blogspot.com.br acessado quinta feira, 9 de maio de 2013.