sábado, 28 de novembro de 2015

GRATIDÃO DO PAPA COM MARIA


PAPA LEÃO XIII CARTA ENCÍCLICA LAETITIAE SANCTAE DE SUA SANTIDADE PAPA LEÃO XIII A TODOS OS NOSSOS VENERÁVEIS IRMÃOS, OS PATRIARCAS, PRIMAZES, ARCEBISPOS E BISPOS DO ORBE CATÓLICO, EM GRAÇA E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA SOBRE O ROSÁRIO DE NOSSA SENHORA.

   Veneráveis Irmãos, Saúde e Bênção Apostólica, Gratidão do Papa para com Maria

   1. A santa alegria que nos trouxe o feliz transcurso do quinquagésimo aniversário da Nossa sagração episcopal foi intensamente aumentada pelo fato de termos tido como participantes da Nossa alegria os católicos de todo o mundo, estreitados como filhos em torno do Pai, numa esplêndida manifestação de fidelidade e de amor. Nisto, com renovada gratidão, reconhecemos e exaltamos um desígnio da Divina Providência sumamente benévolo para conosco, e, ao mesmo tempo, assaz profícuo para a sua Igreja. Mas o Nosso ânimo sente-se impelido a saudar e louvar também a augusta Mãe de Deus, que deste benefício foi poderosa mediadora junto a Deus. A sua singular bondade, que no longo e mutável período da Nossa vida temos experimentado em vários modos eficaz, brilha cada dia mais manifesta diante dos nossos olhos, e, ferindo-nos suavissimamente o coração, robustece-o com confiança sobrenatural.
   Afigurasse-nos ouvir a própria voz da Rainha do Céu, ora benevolamente encorajar-nos no meio das terríveis adversidades da Igreja, ora ajudar-nos, com largueza de inspirações, nas decisões a tomar para o bem comum, ora também advertir-nos a estimular o povo cristão à piedade e ao culto da virtude. Já muitas vezes, no passado, fizemos para nós um grato dever de corresponder a estes desejos da Virgem. Ora, entre as utilidades que com a sua bênção recolhemos das Nossas exortações, justo é recordar o extraordinário desenvolvimento da devoção do seu santo Rosário, seja pelo incremento e pela constituição de confrarias sob este título, seja pela divulgação de escritos doutos e oportunos, seja também pela inspiração dada a verdadeiras obras-primas artísticas.

O Rosário e os males do nosso tempo
  2. E hoje, como que acolhendo a mesma voz da amorosíssima Mãe, com a qual ela nos repete: "Clama, nunca te canses", apraz-nos tornar a falar-vos, Veneráveis Irmãos, do Rosário mariano, agora que se aproxima o mês de Outubro: mês que quisemos consagrado a esta cara devoção, e que enriquecemos com os tesouros das santas indulgências. A Nossa palavra, todavia, não terá o fim imediato de tributar novos louvores a uma oração já, por si mesma, tão excelente, nem de estimular os fiéis a praticá-la com sempre maior fervor; falaremos, antes, de algumas preciosíssimas vantagens que dela podem derivar, o mais possível correspondentes às condições e às necessidades dos homens e dos tempos presentes. Porque estamos absolutamente convencido de que, se a prática do Rosário for retamente seguida, de modo a poder ostentar toda a eficácia que lhe é intrínseca, não somente aos simples indivíduos, mas também a toda a sociedade, trará a maior utilidade.

   3. Sabem todos o quanto Nós, pelo dever do Nosso supremo apostolado, nos temos aplicado a contribuir para o bem da sociedade, e o quarto ainda estamos disposto a fazê-lo, com o auxílio de Deus. Com frequência temos advertido os governantes a não fazerem e a não aplicarem leis que não sejam conformes à mente divina, norma de suma justiça. E, por outra parte, mais de uma vez temos exortado aqueles cidadãos que, ou por inteligência, ou por méritos, ou por nobreza do sangue, ou por haveres, estão em posição de privilégio em relação aos outros, a defenderem e a promoverem, em união de entendimentos e de forças, os supremos e fundamentais interesses da sociedade.
   4. Mas, na estado presente da sociedade civil, sobejas são as causas que debilitam os ligames da ordem pública e desviam os povos da justa honestidade dos costumes. Todavia, os males que mais perigosamente minam o bem comum parecem-nos ser principalmente os três seguintes: "aversão à vida humilde e laboriosa; o horror ao sofrimento; o esquecimento dos bens futuros, objeto das nossas esperanças".

A aversão ao viver moderno
   5. Lamentamos - e conosco devem reconhecê-lo e deplorá-lo mesmo aqueles que não admitem outra regra senão a luz da razão, nem outra medida afora a utilidade, - lamentamos que uma chaga verdadeiramente profunda tenha ferido o corpo social desde quando se começou a descurar os deveres e as virtudes que formam o ornamento da vida simples e comum. De fato, daí se segue que, nas relações domésticas, os filhos, intolerantes de toda educação que não seja a da moleza e da volúpia, recusam arrogantemente a obediência que a própria natureza lhes impõe. Por esse mesmo motivo os operários se afastam do seu próprio mister, fogem do labor, e, descontentes com a sua sorte, levantam o olhar a metas demasiado altas, e aspiram a uma inconsiderada repartição dos bens.
Ao mesmo tempo dai se segue o afanar-se de muitos que, depois de abandonarem o torrão natal, buscam o bulício e as numerosas seduções da cidade. Por este motivo ainda, veio a faltar o necessário equilíbrio entre as classes sociais; tudo é flutuante; os ânimos são agitados por invejas e rivalidades; a justiça é abertamente violada; e aqueles que foram iludidos nas suas esperanças procuram perturbar a tranquilidade pública com sedições, com desordens e com a resistência aos defensores da ordem pública.

As lições do mistérios gozosos
   6. Pois bem: contra estes males pensamos que se deve buscar remédio no Rosário de Maria, composto de uma bem ordenada série de orações e da piedosa contemplação de mistérios relativos a Cristo Redentor e a sua Mãe. Expliquem-se de forma exata e popular os mistérios gozosos, apresentando-os aos olhos dos fiéis como outros tantos quadros e vivas figurações das virtudes. E assim cada um verá que fácil e rica mina eles oferecem de ensinamentos aptos para arrastar com maravilhosa suavidade as almas à honestidade da vida.

   7. Eis diante do nosso olhar a Casa de Nazaré, onde toda santidade, a humana e a divina, colocou a sua morada. Que exemplo de vida comum! Que perfeito modelo de sociedade! Ali há simplicidade e candura de costumes; perpétua harmonia de almas; nenhuma desordem; respeito mútuo; e, enfim, o amor: mas não o amor falso e mendaz, e sim aquele amor integral, que se alimenta na prática dos próprios deveres, e tal que atrai a admiração de todos.
   Ali não falta a solicitude de se proporcionar a si mesmos tudo quanto é necessário à vida, mas com o "suor da fronte", e como convém àqueles que, contentando-se com pouco, se esforçam antes por diminuir a sua pobreza do que por multiplicar os seus haveres. E, sobre tudo isto, reina ali a maior serenidade de ânimo e alegria de espírito: duas coisas que sempre acompanham a consciência do dever cumprido.
   8. Ora, estes exemplos de modéstia e de humildade, de tolerância da fadiga, de bondade para com o próximo e de fiel observância dos pequenos deveres da vida quotidiana, e, numa palavra, os exemplos de todas estas virtudes, assim que entram nos corações e nele se imprimem profundamente, certamente produzem nele pouco a pouco a desejada transformação dos pensamentos e dos costumes.
Então os deveres do próprio estado não mais serão nem descurados nem considerados enfadonhos, mas serão, antes, agradáveis e deleitáveis; e a consciência do dever, imbuída de senso de alegria, será sempre mais decidida no obrar o bem.
   Por consequência, os costumes tornar-se-ão mais brandos sob todos os aspectos; a convivência familiar transcorrerá no amor e na alegria; as relações com os outros serão pautadas por um maior respeito e caridade. E, se estas transformações se estenderem dos indivíduos às famílias, às cidades, aos povos e às suas instituições, é fácil ver que imensas vantagens devam daí derivar para a sociedade inteira.

A aversão ao sacrifício
   9. O segundo mal funestíssimo, que Nós nunca deploraremos bastante, porque ele sempre mais difusa e ruinosamente envenena as almas, é a tendência a fugir da dor e a afastar por todos os meios as adversidades.
   De feito, a maioria dos homens não consideram mais, como deveriam, a serena liberdade de espírito como um prêmio para quem exercita a virtude e suporta vitoriosamente perigos e trabalhos; mas excogitam uma quimérica perfeição da sociedade, em que, removido todo sacrifício, se deparem todas as comodidades terrenas. Ora, este agudo e desenfreado desejo de uma vida cômoda debilita fatalmente as almas, que, mesmo quando não se arruínam totalmente, ficam, sem embargo, tão enervados, que primeiro cedem vergonhosamente em face dos males da vida, e depois sucumbem miseravelmente.

As lições dos mistérios dolorosos
   10. Pois bem: ainda contra este mal é bem justificado esperar-se do Rosário de Maria um remédio que, pela força do exemplo, pode grandemente contribuir para fortalecer os ânimos. E isto se obterá se os homens, desde a sua primeira infância, e depois constantemente em toda a sua vida, se aplicarem, no recolhimento, à meditação dos mistérios dolorosos.
   Através destes mistérios vemos que Jesus, "guia e aperfeiçoados da fé", começou a fazer e a ensinar, a fim de que víssemos n'Ele próprio o exemplo prático dos ensinamentos que Ele daria à nossa humanidade, acerca da tolerância da dor e dos trabalhos; e o exemplo de Jesus chegou a tal ponto, que, voluntariamente e de grande coração, Ele mesmo abraçou tudo o que há de mais duro de suportar.
   Com efeito, vemo-lo como um ladrão, julgado por homens iníquos, e feito alvo de ultrajes e de calúnias. Vemo-lo flagelado, coroado de espinhos, crucificado considerado indigno de continuar a viver, e merecedor de morrer entre os clamores de todo um povo.
  Consideremos a aflição de sua santíssima Mãe, cuja alma não foi somente roçada, mas verdadeiramente "traspassada" pela "espadácia dor"- de modo que ela mereceu ser chamada, e realmente se tornou, a Mãe das dores.
   11. Todo aquele que se não contentar com olhar, porém meditar amiúde exemplos de tão excelsa virtude, oh! como se sentirá impelido a imitá-los! Para esse, ainda que seja "maldita a terra, e faça germinar espinhos e abrolhos", ainda que o espírito seja oprimido pelos sofrimentos, ou o corpo pelas doenças, nunca haverá nenhum mal causado pela perfídia dos homens ou pelo furor dos demônios, nunca haverá calamidade, pública ou privada, que ele não consiga superar com paciência.
   É, pois, realmente verdadeiro o dito: "É de cristão fazer e suportar coisas árduas"; porque todo aquele que não quiser ser indigno desse nome não pode deixar de imitar Cristo que sofre. E repare-se em que como resignação não entendemos a vã ostentação de um ânimo endurecido à dor, como o tiveram alguns filósofos antigos; mas sim essa resignação que se funda no exemplo d'Aquele que "em lugar do gozo que tinha diante de si, suportou o suplício da Cruz, desprezando a ignomínia" (Heb 12, 2); essa resignação que, depois de pedir a Ele o necessário auxilio da graça, de modo algum recusa afrontar as adversidades; antes, alegra-se com elas, e considera um lucro qualquer sofrimento, por mais acerbo que seja.
   A Igreja Católica sempre teve, e tem ainda agora, insignes campeões de tal doutrina: homens e mulheres, em grande número, em todas as partes do mundo, de todas as condições. Estes, seguindo as pegadas de Cristo, em nome da fé e da virtude suportam contumélias e amarguras de todo gênero, e têm como seu programa, mais com os fatos do que com as palavras, a exortação de S. Tomé: "Vamos também nós, e morramos com Ele" (Jo. 11, 16).
   12. Oh! praza ao Céu que exemplos de tão admirável fortaleza se multipliquem sempre mais, a fim de que deles brote segurança para a sociedade, e virtude e glória para a Igreja.

O descaso dos bens eternos
   13. O terceiro mal para o qual é preciso achar um remédio é particularmente próprio dos homens dos nossos dias Com efeito, os homens dos tempos passados, mesmo quando com excessiva paixão procuravam as coisas terrenas, contudo não desprezavam totalmente as celestes; antes, os mais sábios entre os próprios pagãos ensinaram que esta nossa vida é um lugar de hospedagem e uma estação de passagem, antes que uma morada fixa e definitiva.
   Ao contrário, muitos dos modernos, embora educados na fé cristã, procuram de tal modo os bens transitórios desta terra, que não somente esquecem uma pátria melhor na eternidade bem-aventurada, mas, por excesso de vergonha, chegam a cancelá-la completamente de sua memória, contra a advertência de S. Paulo: "Não temos aqui uma cidade permanente, porém demandamos a futura" (Heb. 13, 14).
   Quem quiser examinar as causas desta aberração logo notará que a primeira delas é a convicção de muitos de que o pensamento das coisas eternas extingue o amor da pátria terrena e impede a prosperidade do Estado. Calúnia odiosa e insensata.
   E, de fato, os bens que esperamos não são de natureza tal que absorvam os pensamentos do homem até o ponto de o distrair inteiramente do cuidado dos interesses terrenos. O próprio Cristo embora recomendando-nos procurarmos antes de tudo o reino de Deus, com isto nos insinua que não devemos descurar tudo o mais.
   E, de fato, se o uso dos bens terrenos e dos gozos honestos que deles derivam servem de estímulo à virtude; se o esplendor e o bem-estar da, cidade terrena - que depois redundam em glória da sociedade humana - são considerados como uma imagem do esplendor e da magnificência da cidade eterna, eles não são nem indignos de homens racionais, nem contrários aos desígnios de Deus.
Porque Deus é ao mesmo tempo autor da natureza e da graça; e por isto não pode ter disposto que uma obste à outra e estejam entre si em luta; mas, ao contrário, que, amigavelmente unidas, nos guiem, por uma trilha mais fácil, àquela eterna felicidade a que, embora mortais, somos destinados.
   14. Mas os homens dados ao prazer e egoístas, que de tal modo mergulham e aviltam os seus pensamentos nas coisas caducas a ponto de não saberem elevar-se a mais alto, estes, antes que procurarem os bens eternos através dos bens sensíveis de que gozam, perdem completamente de vista a eternidade, caindo assim numa condição verdadeiramente abjeta. Na verdade, Deus não poderia infligir ao homem punição mais terrível do que abandonando-o por toda a vida às seduções dos vícios, sem ter jamais um olhar para o Céu.

As lições dos mistérios gloriosos
   15. A este perigo não estará exposto aquele que, rezando o santo Rosário, meditar com atenção e com frequência as verdades contidas nos mistérios gloriosos. Desses mistérios, com efeito, brilha na mente dos cristãos uma luz tão viva, que nos faz descobrir aqueles bens que o nosso olho humano nunca poderia perceber, mas que Deus - assim o cremos com fé inabalável - preparou "para aqueles que o amam".
   Deles aprendemos, além disto, que a morte não é um esfacelamento que tudo perde e destrói, mas sim uma simples passagem e uma mudança de vida. Aprendemos que o caminho do céu está aberto a todos; e, quando observamos Cristo que volta ao Céu, recordamos a sua bela promessa: "Vou preparar-vos o lugar".
   Aprendemos que haverá um tempo em que "Deus enxugará toda lágrima dos nossos olhos; em que não haverá mais nem lutos, nem pranto, nem dor, mas estaremos sempre com o Senhor, semelhantes a Deus, porque o veremos como Ele é, bebendo na torrente das suas delícias, concidadãos dos santos", em feliz união com a grande Mãe e Rainha.
   16. Uma alma que se nutra destas verdades deverá necessariamente inflamar-se delas e repetir a frase de um grande. Santo: "Oh! como me parece sórdida a terra quando olho o Céu"; deverá necessariamente alegrar-se ao pensamento de que "um instante de um leve sofrimento nosso produz em nós uma medida eterna de glória".
  E, verdadeiramente, só aqui está o segredo de harmonizar o tempo com a eternidade, a cidade terrena com a celeste, e de formar caracteres fortes e generosos. E se estes se tornarem muito numerosos, sem dúvida estará com isso consolidada a dignidade e a grandeza do Estado; e florescerá tudo o que é verdadeiro, tudo o que é bom, tudo o que é belo; florescerá em harmonia com aquela norma que é o sumo princípio e a fonte inexaurível de toda verdade, de toda bondade e de toda beleza.
   17. Ora, quem não vê a verdade disso que havemos observado desde o princípio, isto é, de que preciosos bens é fecundo o santo Rosário? O quanto ele é maravilhosamente eficaz em curar os males dos nossos tempos, e em opor um dique aos gravíssimos males da sociedade?

As confrarias do Rosário
   18. Mas, como cada um facilmente compreende, de tal eficácia serão mais direta e mais largamente participantes os membros das sacras confrarias do Rosário, porque a ela adquirem um direito particular, quer pela sua união fraterna, quer pela sua devoção especial à Virgem Santíssima.
Tais sodalícios autorizadamente aprovados pelos Romanos Pontífices e por eles enriquecidos de privilégios e de tesouros de indulgências, têm uma forma própria de ordenação e de disciplina. Promovem reuniões em dias determinados, e neles são fornecidos meios mais adequados para florescer na piedade e para prestar úteis serviços à própria sociedade civil. Eles são como que falanges militantes que, guiadas e amparadas pela celeste Rainha, combaterão as batalhas de Cristo, em virtude dos seus santos mistérios.
   E em todas as ocasiões, mas especialmente em Lepanto, pôde-se ver como a Virgem se compraz com as orações, as festas e as procissões desses seus devotos.
   19. Bem justo é, pois, que não somente os filhos do patriarca S. Domingos - certamente obrigados mais do que os outros, por motivo da sua vocação, - mas também todos aqueles que têm cura de almas -especialmente nas igrejas onde essas confrarias estão canonicamente eretas - se apliquem com todo o seu zelo a multiplicá-las, desenvolvê-las e assisti-las. Antes, ardentemente desejamos que também se dediquem a este trabalho aqueles que empreendem missões, seja para levar a doutrina de Cristo aos infiéis, seja para reforçá-la nos fiéis.
   20. Não duvidamos de que, pelas exortações de todos estes, muitos cristãos estarão prontos não só a inscrever-se nessas confrarias, mas também a esforçar-se, por todos os meios, para colher as já indicadas vantagens espirituais que formam como que a razão de ser e, por assim dizer, a substância do santo Rosário. Depois, o exemplo dos membros das confrarias arrastará também os outros fiéis a uma maior estima e devoção ao Rosário; os quais, assim estimulados, porão todo o seu empenho - como Nós vivamente desejamos - em tirar também, na mais larga medida, salutares vantagens desta prática.
   21. Eis aí a esperança que nos sorri. É ela que, no meio de tantas calamidades públicas, nos guia e profundamente nos consola. Digne-se Maria, Mãe de Deus e dos homens, inspiradora e mestra do santo Rosário, de realizar plenamente esta esperança, acolhendo as preces comuns.
Nós, ó Veneráveis Irmãos, temos confiança de que, pelo zelo de cada um de vós, os vossos ensinamentos e os Nossos votos produzirão toda espécie de bem, e contribuirão, em particular, para a prosperidade das famílias e para a paz dos povos.
   Enquanto isso, em penhor dos favores celestes e em testemunho da Nossa benevolência, no Senhor concedemos a cada um de vós, ao vosso clero e ao vosso povo a Bênção Apostólica.

  Dado em Roma, junto a S. Pedro, a 8 de Setembro de 1893, décimo sexto ano do Nosso Pontificado.

                                                                          LEÃO XIII PAPA





sábado, 21 de novembro de 2015

FLOR CELESTE IR. KELLY PATRÍCIA


APRESENTAÇÃO DE NOSSA SENHORA


   A memória que a Igreja celebra hoje não encontra fundamentos explícitos nos Evangelhos Canônicos, mas algumas pistas no chamado Pronto-evangelho de Tiago, Livro de Tiago, ou ainda, história do nascimento de Maria.
   A validade do acontecimento que lembramos possui real alicerce na Tradição que a liga à Dedicação da Igreja de Santa Maria Nova, construída em 534, perto do templo de Jerusalém.
   Os manuscritos não canônicos, contam que Joaquim e Ana, por muito tempo não tinham filhos, até que nasceu Maria, cuja infância se dedicou totalmente, e livremente a Deus, impelida pelo Espírito Santo desde sua concepção imaculada.
   Tanto no Oriente, quanto no Ocidente observamos esta celebração mariana nascendo no meio do povo e com muita sabedoria sendo acolhida pela Liturgia Católica, por isso esta festa aparece no Missal Romano a partir de 1505, onde busca exaltar a Jesus através daquela que muito bem soube isto fazer com a vida, como partilha Santo Agostinho, em um dos seus sermões: "Acaso não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que creu pela fé concebeu, foi escolhida dentre os homens para que dela nos nascesse a salvação; criada por Cristo antes que Cristo nela fosse criado? Fez Maria totalmente a vontade do Pai e por isto mas valeu para ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo; maior felicidade em ser discípula do que mãe de Cristo. E assim, Maria era feliz porque já antes de dar à luz o Mestre, trazia-o na mente.

Referência: comentário da liturgia diária catolicoorante. Disponível em www.catolicoorante.com.br acessado no dia 21/ 11/ 2015 às 15: 00 hrs.


domingo, 15 de novembro de 2015

MAIOR RIQUEZA (IRMÃ KELLY PATRÍCIA) BERNADETE


CARTA ENCÍCLICA SOBRE OS BENEFÍCIOS DO ROSÁRIO DE NOSSA SENHORA


CARTA ENCÍCLICA FIDENTEM PIUMQUE ANIMUM DE SUA SANTIDADE LEÃO XIII
A TODOS OS NOSSOS VENERÁVEIS IRMÃOS, OS PATRIARCAS, PRIMAZES, ARCEBISPOS E BISPOS DO ORBE CATÓLICO, EM GRAÇA E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA SOBRE O ROSÁRIO DE NOSSA SENHORA.

Veneráveis Irmãos, Saúde e Bênção Apostólica.

Devoção do Pontífice para com o Rosário
1. Durante o Nosso Sumo Pontificado frequentemente temos tido ocasião de dar públicas provas da confiança e da piedade, para com a Santíssima Virgem, que sempre nutrimos desde os mais tenros anos, e que depois nos temos esforçado por alimentar e aumentar em toda a Nossa vida. Incidindo, com efeito, em tempos não menos infaustos para a Igreja do que cheios de perigos para a própria sociedade civil, facilmente havemos compreendido o quanto era útil recomendarmos com máximo calor esse baluarte de salvação e de paz que Deus, na sua grande misericórdia, quis dar à humanidade, na pessoa de sua augusta Mãe, e que depois ele tornou insigne nos fastos da Igreja por uma série ininterrupta de acontecimentos favoráveis.
E os povos católicos têm correspondido aos Nossos votos e às Nossas exortações com múltiplas e pressurosas iniciativas, mas especialmente reavivando a devoção para com o Rosário, com abundante messe de esplêndidos frutos. Mas Nós não nos podemos cansar de exaltar a Mãe de Deus, que é verdadeiramente "digníssima de todo louvor", nem de inculcar um terno amor para com ela, que também é Mãe dos homens, e que é "cheia de misericórdia e cheia de graça". Antes, quanto mais a Nossa alma, fatigada pelas solicitudes apostólicas, sente avizinhar-se a hora da sua partida, tanto mais ardente e confiantemente volve o olhar para aquela que é como a aurora bendita da qual surgiu o dia de uma felicidade e de uma alegria sem ocaso.
Oh! quanto nos consola, Veneráveis Irmãos, a lembrança das Cartas periodicamente escritas para recomendar o Rosário, tão grato àquela a quem se quer honrar, tão útil àqueles que o rezam bem! Mas não é menos caro ao Nosso coração o termos ainda a possibilidade de reafirmar insistentemente o Nosso propósito; mesmo porque, assim fazendo, temos ótima ocasião de exortar paternalmente as mentes e os corações a um sempre maior apego à religião, e de revigorar neles a esperança das imortais recompensas.

As principais condições da oração
2. A forma de oração de que falamos foi chamada com o belo nome de Rosário como que para exprimir, a um tempo, o perfume das rosas e a graça das coroas. Nome que, enquanto é indicadíssimo para significar uma devoção destinada a honrar aquela que justamente é saudada como "Rosa Mística" do Paraíso, e que, cingida de uma coroa de estrelas, é venerada como Rainha do universo, parece também simbolizar o augúrio das alegrias e das grinaldas que Maria oferece aos seus fiéis.

3. E esta asserção aparece ainda mais evidente se se considerar a natureza do Rosário mariano. De feito, nada nos é mais recomendado pelos preceitos e pelos exemplos de Cristo e dos Apóstolos do que a obrigação de invocarmos a Deus e de suplicarmos o seu auxilio. Depois, os Padres e os Doutores da Igreja, por sua parte, nos ensinam que este dever é de tal importância, que quem o descurasse debalde confiaria em alcançar a eterna salvação. Mas, embora quem reza tenha, pela própria virtude da oração e pela promessa de Cristo, a possibilidade ímpar das graças divinas, todavia, como todos sabem, a oração tira a sua maior eficácia principalmente destas duas condições, a saber: da assídua perseverança, e da união de muitos corações na mesma oração.
A primeira condição é claramente posta em evidência pelas amorosas instâncias de Cristo: "Pedi, procurai, batei" (Mt. 7, 7); instâncias que pintam Deus como o mais terno dos pais, o qual quer, sim, acolher os desejos de seus filhos, mas também se alegra de sentir-se por eles longamente rogado, antes como que cansado pelas súplicas deles, para ligar sempre mais estreitamente a si os seus corações. Depois, sobre a outra condição, o próprio Senhor em várias circunstâncias proclamou: "Se dois de vós se puserem juntos na terra para pedir qualquer coisa, eu estarei no meio deles" (Mt 18, 19-20). Ensinamento do qual tirou inspiração aquela vigorosa sentença de Tertuliano: "Reunimo-nos juntos em assembléia e em sociedade como que para tomar de assalto a Deus com as nossas preces; é esta uma forma de violência, porém muito do agrado de Deus" (Tertuliano, Apologet., c. 39). Além disto, é digno de menção, a este propósito, o que escreve o Aquinate: "É impossível que não sejam escutadas as orações de muitos juntos, quando não formam senão uma só oração" (S. Thomas de Aquino, In Evangelium Matthaei, c. 18).

A união e a perseverança na recitação do Rosário
4. Ora, ambas estas condições se acham perfeitamente unidas no Rosário. Nele, com efeito, - para omitirmos outras reflexões - pela nossa repetição das mesmas orações nós demonstramos querer obter do Pai Celeste o seu reino de graça e de glória; e com as nossas reiteradas súplicas à Virgem Mãe imploramos para nós pecadores o seu auxílio e a sua intercessão durante toda a nossa vida e na nossa hora extrema, que é a porta da eternidade. Depois, a própria forma do Rosário presta-se otimamente para a oração em comum; tanto que, com razão, foi ele chamado "Saltério mariano".
Mantenha-se, portanto, com religiosa exatidão, ou se reponha em honra, o uso que tanto floresceu entre os nossos antepassados, quando as famílias cristãs, nas cidades e nos campos, consideravam como um sagrado dever o reunir-se, à noite, depois dos labores do dia, diante de uma imagem da Virgem, para recitar alternativamente o Rosário. E ela se comprazia tanto nesta fiel e concorde homenagem, que, como uma mãe entre a coroa de seus filhos, assistia propícia aqueles seus devotos, e concedia-lhes o dom da paz doméstica, penhor da paz do Céu.
5. E foi justamente refletindo na eficácia desta oração em comum que, entre as Nossas muitas outras disposições sobre o Rosário, explicitamente declaramos "ser Nosso vivo desejo que ele fosse recitado todo os dias nas catedrais das simples Dioceses, e todos os dias de festa nas igrejas paroquiais" (Leão XIII, Carta Apostólica "Salutaris Ille", 24 dez. 1883). Observe-se, pois, com solicitude e com constância essa nossa disposição. De resto, vemos com profunda satisfação que a santa prática se divulga e se conjuga com outras públicas manifestações de piedade, como, por exemplo, com as peregrinações aos santuários mais insignes: costume que se afirma sempre mais, com grande comprazimento Nosso.
6. Mas esta união de preces e de louvores marianos apresenta também outros aspectos, que proporcionam muita alegria e muita utilidade às almas. E nós mesmo - alegrasse-nos o coração ao reavivarmos aqui esta lembrança - tivemos meios de fazer a experiência disso em algumas circunstâncias particulares do Nosso Pontificado: quando, na Basílica Vaticana, estávamos cercados por uma multidão imensa de fiéis de todas as categorias, os quais, unidos a Nós nas intenções, na voz e na meditação dos mistérios do Rosário, suplicavam a poderosíssima Auxiliadora do povo cristão.

O Rosário apresenta-nos Maria como mediadora
7. E quem quererá considerar excessiva e censurar a grande confiança depositada no auxilio e na proteção da Virgem? Todos estão de acordo em admitir que o nome e a função de perfeito Mediador não convém senão a Cristo: porque só Ele, conjuntamente, Deus e Homem, reconciliou o gênero humano com seu sumo Pai: "Um mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus Homem, aquele que a si mesmo se deu como preço de resgate por todos" (1 Tim. 2, 5-6). Mas se, como ensina o Angélico, "nada proíbe que algum outro se chame, sob certos aspectos, mediador entre Deus e os homens, quando dispositiva e ministerialmente coopera para a união do homem com Deus" (S. Thomas de Aquino, 3 q. 26 a. 1), como é o caso dos Anjos, dos Santos, dos profetas e dos sacerdotes do velho e do novo Testamento, sem dúvida alguma tal título de glória convém, em medida ainda maior, à Virgem excelsa.
Com efeito, é impossível imaginar outra criatura que tenha realizado ou esteja para realizar uma obra semelhante à dela, na reconciliação dos homens com Deus. Foi ela que, para os homens fadados à eterna ruína, gerou o Salvador; quando, ao anúncio do mistério de paz trazido à terra pelo Anjo, ela deu o seu admirável assentimento, "em nome de todo o gênero humano" (S. Thomas de Aquino, 3 q. 30 a. 1). Ela é aquela "da qual nasceu Jesus", sua verdadeira Mãe, e por isto digna e agradabilíssima "Mediadora junto ao Mediador”.
8. Como estes mistérios são sucessivamente propostos, no Rosário, à meditação dos fiéis, segue-se que esta oração põe em evidencia os méritos de Maria na obra da nossa reconciliação e da nossa salvação. Ninguém - assim pensamos pode subtrair-se a uma suave emoção ao contemplar a Virgem, ou quando visita a casa de Isabel para lhe dispensar os divinos carismas, ou quando apresenta seu filho pequenino aos pastores, aos reis, a Simeão. E que não sentirá a alma fiel quando refletir que o Sangue de Cristo, derramado por nós, e os membros nos quais ele mostra ao Pai as feridas recebidas "como penhor da nossa liberdade", não são outra coisa senão carne e sangue da Virgem? E, na realidade: "A carne de Jesus é carne de Maria; e, embora sublimada pela glória de ressurreição, todavia a natureza dessa carne permaneceu e permanece a mesma que foi tomada de Maria" (De Assumptione B. M. V., c. V, inter operas S. Augustini, PL, XL, Incerti Auctoris ac Pii, col. 1141-1145).

O Rosário fortifica a nossa fé
9. Mas, como de outra vez lembramos, o Rosário produz outro fruto notável, adequado às necessidades dos nossos tempos. É este: que, numa época em que a virtude da fé em Deus está cada dia exposta a tão graves perigos e assaltos, o cristão acha no Rosário meios abundantes para alimentá-la e reforçá-la.
10. As Sagradas Escrituras chamam a Cristo "condutor e aperfeiçoador da fé" (Heb. 12, 2). "Condutor", porque ensinou aos homens grande número de verdades que eles devem crer, especialmente as que dizem respeito a "Aquele em quem "habita toda a plenitude da Divindade" (Col. 2, 9); e, ademais, porque, com a graça e como que com a unção do Espírito Santo, concede generosamente o dom da fé. "Aperfeiçoador", porque no Céu, onde converterá o hábito da fé na clareza da glória, Ele tornará evidentes aquelas coisas que os homens, na vida mortal, perceberam como através de um véu. Ora, todos sabem que, na prática do Rosário, Cristo tem esse lugar de proeminência que lhe compete. De fato, é a sua vida que nós contemplamos na meditação: a privada, nos mistérios gozosos; a pública, em meio aos graves incômodos e a padecimentos mortais; a gloriosa, enfim, que da sua triunfal ressurreição chega até à eternidade d'Ele, sentado à destra do Pai.
E, como é necessário que a fé, para ser digna e perfeita, se manifeste exteriormente, "pois que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz a profissão para a salvação" (Rom. 10, 10), no Rosário achamos também excelente meio para professarmos a nossa fé. E, realmente, com as orações vocais de que ele se tece, podemos exprimir a nossa fé em Deus, nosso Pai providentíssimo, na vida futura, na remissão dos pecados, nos mistérios da augusta Trindade, do Verbo encarnado, da maternidade divina, e em outras verdades ainda. Ora, ninguém ignora o quanto é grande o valor e o, mérito da fé: semente seletíssima que hoje faz desabrochar as flores de todas as virtudes que nos tornam agradáveis a Deus, e que um dia produzirá frutos que durarão eternamente: "O conhecer a ti é perfeita justiça, e o saber a tua justiça e poder é raiz de imortalidade" (Sab. 15, 3).

O Rosário dá-nos lições de penitência
11. E aqui afigura-se oportuno um chamamento aos deveres das virtudes que a fé justamente impõe. Entre estas, por mais de um motivo é obrigatória e salutar a virtude da penitência, da qual é uma manifestação a "abstinência". Se a Igreja mostra, sobre este ponto, sempre maior brandura para com seus filhos, é entretanto dever destes compensar com outras obras meritórias a sua maternal indulgência. Ora, também para tal fim apraz-nos, em primeiro lugar, inculcar a prática do Rosário, que pode produzir "bons frutos de penitência", especialmente pela meditação dos sofrimentos de Jesus e de sua Mãe Santíssima.

Facilidade e preciosidade do Rosário
12. Aqueles, pois, que se esforçam por atingir o seu bem supremo, um admirável desígnio da Providência ofereceu o auxílio do Rosário: auxilio mais fácil e mais prático do que qualquer outro. Porque basta um conhecimento, mesmo modesto, da religião, para se aprender a rezar com fruto o Rosário; e, por outro lado, isso requer tão pouco tempo, que na realidade não pode acarretar prejuízo a outros afazeres. Além de que isto é confirmado por oportunos e luminosos exemplos da história da Igreja; onde se lê que em todos os tempos houve pessoas que, conquanto desempenhassem ofícios muito pesados, ou fossem absorvidas por fatigantes ocupações, todavia nem sequer por um só dia relaxaram este piedoso costume.

13. Isto se explica por esse íntimo sentimento de piedade que transporta as almas para esta sagrada coroa, até a amá-la ternamente e a considerá-la como a companheira inseparável e fiel amparo da sua vida. Apertando-a entre os dedos nas supremas agonias, eles estão mais seguros de ter em mão um penhor da "imarcescível coroa de glória". Tal esperança é, depois, grandemente reforçada pelos tesouros "das indulgências" com que o Rosário foi enriquecido na mais larga medida pelos Nossos Predecessores e por Nós mesmo; contanto que, entende-se, delas se tenha devida estima. Não há dúvida que essas indulgências, como que dispensadas pelas mãos da Virgem misericordiosa, ajudam muito os moribundos e os defuntos, apressando para eles as alegrias da suspirada paz e da luz eterna.

Para o retorno dos dissidentes
14. Eis aí, ó Veneráveis Irmãos, os motivos que nos impelem a não desistir de louvar e de recomendar aos católicos uma forma tão excelente de piedade, uma devoção tão útil para chegar ao porto da salvação. Mas a isto somos movido também por outra razão de extraordinária importância sobre a qual já muitas vezes temos manifestado o nosso pensamento em Cartas e Alocuções, como seja:

15. Sentindo-nos cada dia mais fortemente estimulado e impelido á obra pelo ardente desejo - em nós ateado pelo sacratíssimo Coração de Jesus - de favorecei a reconciliação dos dissidentes, compreende que esta admirável unidade não pode ser mais bem preparada e realizada do que em virtude da oração. Temos presente ao Nosso espírito o exemplo de Cristo, que suplicou longamente seu Pai para que os seguidores da sua doutrina fossem "uma coisa só" na fé e na caridade. Depois disso, que a prece da Virgem também seja eficacíssima para este fim, disto temos uma prova eloquente na história apostólica. Aquela página que, enquanto nos apresenta a primeira reunião dos Discípulos, em suplicante espera da prometida efusão do Espírito Santo, faz especial menção de Maria, em oração com eles: "Todos eles perseveravam unânimes na oração com Maria, Mãe de Jesus" (At 1, 14).
Portanto, assim como a Igreja nascente justamente se uniu na oração a ela - a mais nobre fautora e guardiã da unidade, - o mais possível oportuno é que outro tanto façam, nos nossos dias, os católicos; especialmente durante o mês de Outubro, que Nós, já de longa data, temos querido dedicado e consagrado à divina Mãe, com a recitação solene do Rosário, para implorar o auxílio dela nas presentes angústias da Igreja. Acenda-se, pois, por toda parte o ardor por esta oração, com a finalidade precípua de alcançar a santa unidade. Nada poderá ser mais suave e mais grato a Maria. Unida intimamente a Cristo, ela deseja sobretudo e quer que aqueles que receberam o dom do mesmo batismo, por Ele instituído, estejam também unidos, por uma mesma fé e por uma perfeita caridade, com Cristo e entre si mesmos.

16. Que, mediante o Rosário, os mistérios augustos desta fé penetrem tão profundamente nas almas, que nós possamos - queira-o Deus! -"imitar aquilo que eles contêm, e alcançar o que prometem!" Entrementes, em auspício dos divinos favores, e em atestado do Nosso afeto, Concedemos de grande coração a cada um de vós, ao vosso clero e ao vosso povo a Bênção Apostólica.
Dado em Roma, junto a S. Pedro, a 20 de Setembro de 1896, décimo nono ano do Nosso Pontificado.

                                                       LEÃO PP. XIII.