sábado, 28 de março de 2015

CONNIE TALBOT & SARAH CONNOR-AVE MARIA

ESTAR COM MARIA


Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo. Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação (Lc 1, 28-29). “O Senhor é contigo” é a terceira palavra da saudação do Anjo.
– Essa frase tem algum significado especial?
– Muito. É uma fórmula bíblica usada para os mandatos difíceis de cumprir. A proposta feita a Maria excedia qualquer poder criado. O poder do Espírito vai operar nEla um grande milagre, um mistério gigantesco, que contém algo que deveria comover os cristãos. Sem dúvida, esse algo é imenso. Deus vai torná-la sua Mãe. O Verbo de Deus une-se a Maria de uma maneira superior a tudo o que é humano. Chega-se mesmo a dizer, em sentido espiritual, que Deus está engendrando a Si próprio e sendo engendrado. Assim, adaptou-se a toda a natureza humana. Por isso, a frase “o Senhor é contigo” é seguida de um complemento excelente: “Bendita és tu entre as mulheres”, isto é, tu és única entre todas as mulheres. “Para que também sejam abençoadas em ti as mulheres, como os homens serão abençoados em teu Filho; melhor: umas e outros em ambos. Porque assim como por meio de uma mulher e um homem entraram no mundo o pecado e a tristeza, assimagora por uma mulher e um homem voltam a bênção e a alegria, e derramam-se sobre todos” (Grego, Catena Áurea)
O Senhor é convosco. Empregamos em português um verbo mais sólido e estável, em presente do indicativo: “ser”; não um transitório “estar”.
– Foi assim, em toda a sua dimensão, que a Virgem o entendeu naquele momento?
– De certa maneira, sim. Por isso a sua perturbação, o seu temor diante da revelação de tamanha generosidade divina. A criatura em face do sobrenatural estremece. Soubesse Maria de alguma outra pessoa a quem se tivesse feito semelhante saudação, nunca se teria deixado assustar pelo caráter extraordinário da saudação que recebeu (Orígenes, séc. III). “Cheia de graça, o Senhor é contigo” é, afinal, uma saudação que já insinua a grandeza do que se vai passar. Você e eu não nos assustaríamos: desmaiaríamos!
– Não é magnífico o panorama que avistamos do alto de uma montanha? Não é impressionante visto das alturas? Por isso, os novatos podem ficar assustados, ter vertigens, ficar com vontade de voltar à estrada. O maravilhoso, em excesso, aturde-nos, impede-nos de pensar, faz-nos lamentar a incapacidade de captar tanta beleza. O sol de frente deslumbra-nos. A presença do Anjo e a sua saudação como que transportaram Maria para o alto. E eis o que impressiona: a Virgem mantém o olhar fixo no Anjo; reflete, pensa, pondera. Não perde a compostura. Depois, como o próprio Deus costuma fazer em suas manifestações extraordinárias, o Anjo diz: “Não temas, Maria”. Chama-a pelo nome familiar; cria um clima de naturalidade e confiança. “Não temas, Maria”. O temor desaparece e a serenidade passa a ser plena.
O Senhor “é” com Ela. Ser com Ela é mais que estar com Ela. O que é, é; ser é essencial, não transitório. Em português, isso é muito claro: eu estou de pé, não sou de pé. Se entendermos que Deus é com Ela, captaremos que Deus, absoluto e eterno, que não depende de nada nem de ninguém, decidiu livre e amorosamente “ser com Ela”. Assim, Deus já não é nem será nunca sem Ela. Não que o seu Ser dependa dEla. Simplesmente não quer “ser” sem Ela. Por isso, é muito arriscado querer estar unido a Deus “sem Ela”, uma vez que é impossível estar com Deus sem estar com Ela. Acompanhou o raciocínio?
Em última análise, este argumento ajuda a entender todo o mistério da Aliança de Deus com Adão, com os patriarcas, Noé, Abraão…, com Israel, e finalmente com a humanidade inteira no Sangue de Jesus Cristo. Deus compromete-se, amarra-se, vincula livremente a sua liberdade aos homens. E é sempre fiel. Isso é Amor.
Deus vinculou-se eternamente à Virgem Maria como Mãe do seu Verbo (seu Filho, oLogos divino, Segunda Pessoa da Trindade). Por isso “é” com Ela. Eu seria um louco se não me agarrasse à Virgem e a Ela me atasse indissoluvelmente para sempre.
Leiamos uma passagem encantadora da Liturgia das Horas, que bem pode servir-nos, agora e muitas outras vezes, à hora da oração mental: Alegra-te, cheia de graça, o Senhor é contigo. E o que pode ser mais sublime que este gozo, ó Virgem Mãe? Ou que coisa pode ser mais excelente que essa graça, que, vinda de Deus, só tu obtiveste? Acaso é possível imaginar uma graça mais grata ou mais esplêndida? Todas as outras não se podem comparar às maravilhas que se realizam em ti; todas as outras são inferiores à tua graça; todas, mesmo as mais excelsas, são secundárias e têm de uma claridade muito inferior. O Senhor é contigo. E quem poderá competir contigo? Deus provém de ti; quem não te cederá passagem, quem não te concederá com júbilo a primazia e a precedência? Por tudo isso, contemplando as tuas excelsas prerrogativas, que se destacam sobre as de todas as criaturas, aclamo-te com o máximo entusiasmo: Alegra-te, cheia de graça, o Senhor é contigo. Pois és fonte de gozo não só para os homens, mas também para os anjos do céu. Verdadeiramente, bendita és tu entre as mulheres, pois fizeste da maldição de Eva uma bênção; pois fizeste que Adão, que jazia prostrado por uma maldição, fosse abençoado por meio de ti. Verdadeiramente, bendita és tu entre as mulheres, pois por meio de ti a bênção do Pai brilhou para os homens e os libertou da antiga maldição. Verdadeiramente, bendita és tu entre as mulheres, pois por meio de ti encontram a salvação teus progenitores; pois tu engendraste o Salvador que lhes concederá a salvação eterna. Verdadeiramente, bendita és tu entre as mulheres, pois sem ajuda de varão deste à luz aquele fruto que é bênção para todo o mundo, que redimiu da maldição que não produzia senão espinhos. Verdadeiramente, bendita és tu entre as mulheres, pois apesar de seres uma mulher, criatura de Deus como todas as outras, chegaste a ser, de verdade, Mãe de Deus. Pois Aquele que nascerá de ti é, com toda verdade, o Deus feito homem, e, portanto, com toda a justiça e com toda a razão, és chamada Mãe de Deus, pois de verdade dás à luz o próprio Deus. Tu tens em teu seio o próprio Deus, feito homem nas tuas entranhas, que, como um esposo, sairá de ti para conceder a todos os homens o gozo e a luz divinas. Deus pôs em ti, ó Virgem, a sua tenda como em um céu puro e resplandecente. Sairá de ti como o esposo da sua alcova e, imitando o sol, percorrerá na sua vida o caminho da futura salvação para todos os viventes, e, estendendo-se de um extremo ao outro do céu, encherá de calor divino e vivificante todas as cosas.
(São Sofrônio, bispo, Sermão 2, na Anunciação da Santíssima Virgem, 21-22. 26: PG 87, 3, 3242. 3250)
UM OLHAR NO ESPELHO
Convém agora que olhemos no espelho que Deus nos deu para conhecer melhor o que acontece na nossa vida interior quando estamos em graça. O espelho dos espelhos é obviamente Cristo. Mas Maria reflete-o perfeitamente e o que se passou com Ela ocorrerá analogamente a cada cristão que viva da fé pelo amor. Estamos com Deus e em Deus. Deus habita na nossa alma e, pela alma, no nosso corpo, como num templo. São Paulo recorda-nos: “Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis?” (1Cor 6, 19); “Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templode Deus é sagrado – e isto sois vós” (1 Cor 3, 17); “O Espírito de Deus habita em vós” (Rom 8, 9).
– E Deus como está em você e em mim?
– Com certeza, não está de braços cruzados, perdendo o tempo. É Ato puro, dinamismo inexorável, energia criadora, poder imenso. Está em você – está em mim – com toda a sua virtude onipotente, com toda a sua grandeza. Jesus dizia a alguns judeus que O perseguiam por fazer milagres no sábado: O meu Pai sempre trabalha, e eu também trabalho (Jo 5, 17). Deus não perde o tempo. Uma vez que recebemos a graça de Deus, pelo Batismo ou pela Confissão sacramental, a Trindade começa a trabalhar, em silêncio – que é o modo, digamos, predileto de Deus – na alma renascida. Ainda que a pessoa não o perceba, como é o caso das crianças que receberam o Batismo logo depois de nascerem. Como devemos agradecer pelos anos que, sem o uso da razão, desfrutamos da presença ativa de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo! Ele moldava-nos, preparava-nos para o momento em que perceberíamos que algo grandioso ocorreu. Ocorreu e ainda ocorre hoje, quando temos idade para refletir, agradecer, tirar conclusões e propósitos. O que Deus não estará tramando em você e para você? Que não fará quando nos dispusermos a corresponder com plena fidelidade aos impulsos da sua graça? Coisas surpreendentes, sem dúvida, porque Deus é assombroso. Não duvide: Deus quer fazer algo grande em você e de você. Quer conduzi-lo aos cumes mais altos do Amor, onde tudo é paz, ar puro, serenidade, sossego, ainda que suponha sacrifícios, trabalhos, e dor. Mas nos cumes altos onde Deus atua intensamente prestamos mais atenção ao Amor do que à dor. Como na gruta de Belém, onde ninguém se queixava do frio, da umidade, dos mosquitos ou outros bichos dolugar. Todas as atenções se voltavam para Deus-Menino. A gruta de Belém foi um dos discretíssimos cumes do Amor.
CORRESPONDER À GRAÇA
E o que Deus faz em você? O que espera de você? Pergunte-o a Ele mesmo! Melhor: pergunte-o à Mãe de Deus. E aproveite para deter-se nEla. Que conclusões você tira ao saber que nEla a graça de Deus atua de modo pleno? Fiat! Faça-se em mim segundo a tua palavra. É uma disponibilidade absoluta, incondicional, sem reservas. “Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu!”
Por que essa resistência a desejar que se faça em tudo a Vontade de Deus? Por que, se ela é benfazeja, se apenas quer o bem, por ser a Suma Bondade, o Amor que faz tudo por Amor? O papa João Paulo II clamava com seu coração vibrante, sempre jovem, ao começar seu pontificado: “Irmãos e Irmãs: não tenhais medo de acolher Cristo e de aceitar o Seu poder! E ajudai o Papa e todos aqueles que querem servir a Cristo e, com o poder de Cristo, servir o homem e a humanidade inteira! Não, não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo! Ao Seu poder salvador abri os confins dos Estados, os sistemas econômicos assim como os políticos, os vastos campos da cultura, da civilização e do progresso! Não tenhais medo! Cristo sabe bem «o que é que está dentro do homem». Somente Ele o sabe!” (João Paulo II, Hom., 22-X-78.) Ecoam novamente, com um frescor maravilhoso, as palavras do Senhor: Sou eu, não temais. Por que este medo, gente de pouca fé? (cf. Mt 14, 27; Mc 6, 50; Lc 24, 36; Jo 6, 20, Mt 8, 26) Por que temer um Deus que nos deu tudo: a existência, a vida, o pensamento, os bens materiais, a fé, a graça, e ainda por cima, nos deu a Si próprio? O que temer? Há algo realmente valioso que possamos perderabrindo de par em par as portas a Cristo e à sua graça?
O que nos acontecerá se abrirmos as portas a Cristo, se nos decidirmos a corresponder à graça de Deus? Uma coisa excelente: Cristo entrará, limpar-nos-á, renovará a nossa vida; o Espírito Santo, o Amor em Pessoa, encherá o nosso coração. O único risco é passarmos a estar verdadeiramente alegres sempre. “Precisamos deixar que o Senhor intervenha em nossas vidas e que intervenha confiadamente, sem encontrar obstáculos nem recantos obscuros. Nós, os homens, tendemos a defender-nos, a apegar-nos ao nosso egoísmo. Sempre tentamos ser reis, nem que seja do reino da nossa miséria. Devemos compreender, através desta consideração, o motivo pelo qual temos necessidade de recorrer a Jesus: é para que Ele nos torne verdadeiramente livres, e desta forma possamos servir a Deus e a todos os homens” (São Josemaria Escrivá, É Cristo que passa, n. 17).
E o que acontece quando você se confessa? Quando passamos a conversar com Deus sobre as nossas coisas? Quando nos esforçamos por ser absolutamente sincero? O que acontecerá! Uma grande luz vai brotar do nosso coração! Um sorriso com que nunca sonhamos aparecerá nos nossos lábios: um sorriso eterno, sereno, maravilhoso, que trará a paz para à vida interior e ao ambiente que nos cerca.
E se você ainda tiver medo, recorra a Maria. Ela é o caminho mais curto, mais amável, o mais grato para conseguir amar verdadeiramente a amabilíssima Vontade de Deus. E você não me vá ter medo da sua Mãe! Ela sabe como às vezes custa ser dócil aos toques do Paráclito. Custou-lhe passar umas horas eternas e terríveis no Calvário, precedidas de uma longa vida de sacrifício, de pensar nos outros e nunca em si mesma. Uma espada de sete gumes atravessou a sua alma. Ela tinha consciência disso quando ouviu do Anjo que ia ser a Mãe do Messias. Mas não pensou duas vezes. Alegre-se você também, pois Deus lhe deu muitas graças. O Senhor é com você, diria a Virgem, com você!
– Como é possível que seja comigo, dessa maneira tão íntima? Quem sou eu? O que fiz para que o Senhor seja comigo, para que repare em mim, para que espere algo de mim?
A alma estremece e o corpo treme diante da grandeza do divino. Mas depois vem a paz: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Maria sabia o que dizia. “Como será isso…?” Qual é o meu papel? Uma espada transpassará a minha alma? Mas quem pensa nisso agora? Agora é momento para pensar na generosidade de Deus, na chamada eterna, no poder que me outorga, na dignidade que me confere, no horizonte maravilhoso que se abre para mim por toda a eternidade. Eu, filho de Deus, templo de Deus, chamado à santidade?
Se tivesse sido mesquinha, talvez Maria dissesse: “Isso é pesado demais”. Não passo de uma escrava do Senhor. Escrava, sim. Mas, Mãe? Isso é inaudito. Isso é biologicamente impossível. Quem vai acreditar? Não, não; sou uma humilde criatura; prefiro ser a escrava do Senhor. Não me venham complicar a vida. Não aguento mais. (Sem palavras:) Que não se faça a vontade de Deus!… Essa seria a humildade hipócrita, falsa; a preguiça rematada, o egoísmo hermético.
A autêntica humildade responde: “Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”. A nossa Mãe tem humildade, valentia e fé: Faça-se a vontade de Deus! A mais humilde das criaturas é agora a Rainha de toda a criação. Porque não rejeitou a graça; porque correspondeu com uma fidelidade assombrosa. Não perca Maria de vista, repare bem na qualidade da sua resposta. Esteja com Maria. Ate-se a Maria. Deus atou-se a Ela numa amorosa aliança. Deus é com Ela. Deus é com você. E você com Ela e com o seu Filho. E com o Pai e o Espírito Santo. Amém.

                               Autor: Pe. Antonio Orozco Delclos



sábado, 21 de março de 2015

O SINAL DA VIRGEM.


    Excerto do Adversus haereses, III Livro."Contra as Heresias" - Santo Ireneu, bispo de Lião (115 - 202). Seu nascimento está entre os anos 115 e 125, ou entre 130 e 142 segundo outros autores.

      Tradução de Lourenço Costa.

    21,1. Foi, portanto, Deus que se fez homem, o próprio Senhor que nos salvou, ele próprio que nos deu o sinal da Virgem. Por isso não é verdadeira a interpretação de alguns que ousam traduzir assim a Escritura: “Eis que uma moça conceberá e dará à luz um filho” (Is 7,14), como fizeram Teodocião de Éfeso e Áquila do Ponto, ambos os prosélitos judeus; seguidos pelos ebionitas, que dizem que Jesus nasceu de José, destruindo assim, por aquilo que está em seu poder, esta grande economia de Deus e reduzindo a nada o testemunho dos profetas, que é o de Deus. Trata-se de profecia feita antes da deportação do povo para a Babilônia, isto é, antes que os medos e os persas tomassem o poder e foi traduzida para o grego pelos próprios judeus muito tempo antes da vinda de nosso Senhor, para que não fique nenhuma suspeita de que traduziram assim para nos agradar. Com efeito, se tivessem sabido da nossa existência e que nos serviríamos do testemunho das Escrituras, não teriam hesitado em queimar com as suas próprias mãos as suas Escrituras que declaram abertamente que todas as outras nações participariam da vida, ao passo que os que se gloriam de pertencer à casa de Jacó e de ser o povo de Israel seriam deserdados da graça de Deus.
    21,2. Antes que os romanos estabelecessem o seu império, quando os macedônios mantinham ainda a Ásia em seu poder, Ptolomeu, filho de Lago, que tinha fundado em Alexandria uma biblioteca, desejava enriquecê-la com os escritos de todos os homens, pediu aos judeus de Jerusalém uma tradução, em grego, das suas Escrituras. Eles, então, que ainda estavam submetidos aos macedônios, enviaram a Ptolomeu setenta anciãos, os mais competentes nas Escrituras e no conhecimento das duas línguas, para executar o trabalho que desejava. Ele, para pô-los à prova e mais, por medo de que concordassem entre si em falsear a verdade das Escrituras, na sua tradução, fê-los separar uns dos outros e mandou que todos traduzissem toda a Escritura; e fez assim com todos os livros.
      Quando se reuniram com Ptolomeu e confrontaram entre si as suas traduções, Deus foi glorificado e as Escrituras foram reconhecidas verdadeiramente divinas, porque todos, do início ao fim, exprimiram as mesmas coisas com as mesmas palavras, de forma que também os pagãos presentes reconheceram que as Escrituras foram traduzidas sob a inspiração de Deus. Aliás, não há que admirar por ter Deus agido desta forma, se se lembrar que, destruídas as Escrituras durante a escravidão do povo sob Nabucodonosor, quando, depois de setenta anos, no tempo de Artaxerxes, rei dos persas, os judeus voltaram à sua terra, Deus inspirou Esdras, sacerdote da tribo de Levi, a reconstruir de memória todas as palavras dos profetas anteriores e restituir ao povo a Lei dada por Moisés.
      21,3. As Escrituras, pelas quais Deus preparou e fundou a nossa fé em seu Filho, foram, pois, traduzidas com tanta fidelidade, pela graça de Deus, e conservadas, em toda a sua pureza, no Egito, onde se tornou grande a família de Jacó, depois de ter fugido da fome, em Canaã, e onde também foi salvo nosso Senhor ao escapar à perseguição de Herodes; e como esta tradução foi feita antes do advento de nosso Senhor à terra e antes do aparecimento dos cristãos — pois nosso Senhor nasceu por volta do quadragésimo primeiro ano do império de Augusto, e Ptolomeu, no tempo do qual foram traduzidas as Escrituras, é muito mais antigo — revelam-se verdadeiramente impudentes e temerários os que agora pretendem fazer outra tradução, quando nós os refutamos com estas mesmas Escrituras e os obrigamos a crer na vinda do Filho de Deus.
     É, portanto, sólida, não forçada, única verdadeira, a nossa fé que tem sua prova evidente nas Escrituras, traduzidas da forma que dissemos, e é isenta de toda interpolação a pregação da Igreja. Ora, os apóstolos, que são bastante anteriores a esta gente, estão de acordo com a tradução mencionada acima e a nossa versão concorda com a dos apóstolos. Pedro, João, Mateus, Paulo, todos os outros apóstolos e seus discípulos anunciaram as coisas profetizadas na forma em que estão contidas na tradução dos anciãos.
      21,4. Único e idêntico é, pois, o Espírito de Deus que nos profetas anunciou as características da vinda do Senhor e que nos anciãos traduziu bem as coisas profetizadas. Foi ainda ele que, pelos apóstolos, anunciou ter chegado a plenitude dos tempos da adoção filial, que o Reino dos céus estava próximo e que se encontrava dentro dos homens que criam no Emanuel nascido da Virgem. Assim eles testemunharam que antes que José morasse com Maria, enquanto era virgem, achou-se grávida pelo Espírito Santo, e que o anjo Gabriel lhe disse: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra, por isso o Santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus” (Lc, 1,35); e que o anjo disse a José, em sonho: “Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta: Eis que a Virgem conceberá” (Mt 1,22-23).
      Eis como os anciãos traduziram as palavras de Isaías: “O Senhor continuou a falar com Acaz, dizendo: Pede para ti ao Senhor teu Deus um sinal, quer no fundo da terra, quer no mais alto do céu”. Acaz disse: Não pedirei tal, nem tentarei ao Senhor. Isaías disse: Ouvi, pois, casa de Davi, porventura não vos basta ser molestos aos homens se não que também ousais sê-lo ao meu Deus? Pois, por isso o próprio Senhor vos dará este sinal: Uma Virgem conceberá e dará à luz um filho e o seu nome será Emanuel. Ele comerá manteiga e mel; antes de conhecer ou escolher o mal, escolherá o bem; porque antes que o menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem ele rechaçará o mal para escolher o bem.” Com estas palavras o Espírito Santo indicou exatamente a sua geração virginal e a sua natureza divina: Deus — é isto que significa o nome de Emanuel — e homem — o que é indicado pela frase: “comerá manteiga e mel”, em chamá-lo de “menino”, e as palavras “antes de conhecer o bem e o mal” (Is 7,10-16): sinais todos que caracterizam o homem e a criança. — E com as palavras: “rechaçará o mal para escolher o bem” exprime algo próprio de Deus. Isso para que as palavras “comerá manteiga e mel” não nos levem a ver nele somente um homem, e ao contrário, o nome de “Emanuel” não nos leve a supor um Deus não revestido de carne.
       21,5. Além disso, as palavras: “escutai, casa de Davi” significam que o Rei eterno que Deus prometeu suscitar a Davi do fruto de seu seio é aquele mesmo que nasceu da Virgem, descendente de Davi. Por isso prometeu um Rei que seria o fruto do seu seio, expressão que indica uma virgem grávida, e não o fruto de seus lombos, nem o fruto de sua virilidade, expressão que caracterizaria um homem que gera e uma mulher que concebe por obra deste homem. Assim, nesta promessa, a Escritura exclui o poder gerador do homem, mais ainda, sequer o lembra, porque não devia ser efeito da vontade do homem, aquele que estava para nascer. Porém afirma vigorosamente que era fruto do seio para sublinhar a concepção daquele que devia nascer de Virgem. E o que afirma Isabel, repleta de Espírito Santo, dizendo a Maria: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu seio” (Lc 1,42); querendo o Espírito Santo indicar, para quem quiser entender, que a promessa feita por Deus a Davi, de suscitar um Rei, fruto de seu seio, foi cumprida quando a Virgem, isto é, Maria, deu à luz. Aqueles que mudam o texto de Isaías “eis que uma moça conceberá em seu seio” para dizer que é filho de José, que mudem também o texto da promessa feita a Davi a quem Deus prometeu suscitar, do fruto de seu seio, um poder, isto é, o reino de Cristo. Mas não entenderam, do contrário teriam mudado também este.
     21,6. Quanto à expressão de Isaías: “no fundo da terra ou no mais alto do céu”, ela significa que aquele que desceu é o mesmo que subiu; e com as palavras: “o próprio Senhor vos dará um sinal” sublinha o caráter inesperado de sua geração que nunca teria acontecido se o Senhor, o Deus de todas as coisas não a tivesse dado como sinal para a casa de Davi. O que haveria de especial e como poderia ser um sinal o fato de uma moça conceber de um homem e dar à luz? É coisa comum a todas as mulheres que se tornam mães. Mas como o inesperado era a salvação que se devia realizar para os homens, pelo socorro de Deus, inesperado também devia ser uma Virgem dar à luz um filho, como sinal de Deus e não por obra de homem.
     21,7. Por isso, também Daniel, ao prever a sua vinda, falava de uma pedra que se desprendeu sem a intervenção de mão de homem e que veio a este mundo. Com efeito, é isto que significa “sem a intervenção de mão de homem”; a sua vinda ao mundo se deu sem o trabalho de mãos humanas, como o destes canteiros que lavram as pedras, isto é, sem a ação de José, visto que somente Maria haveria de cooperar à economia; esta pedra se desprende da terra, mas pelo poder e pela arte de Deus. Por isso Isaías diz: “Assim fala o Senhor: eis que porei como fundamento em Sião uma pedra preciosa, escolhida, angular, ilustre, para que entendamos que a sua vinda não se deve à vontade do homem, e sim à de Deus” (Is 28,16).
      21,8. Por isso Moisés, com gesto simbólico e profético, lançou ao chão a verga, para que, encarnando-se, vencesse e engolisse toda a prevaricação dos egípcios que se levantava contra a economia de Deus e para que os próprios egípcios testemunhassem que é o dedo de Deus que opera a salvação do povo e não um filho de José. Porque se fosse filho de José como poderia ser superior a Salomão ou a Jonas ou a Davi, sendo da linhagem e filho deles? E por que teria chamado bem-aventurado a Pedro que o reconhecia como o Filho do Deus vivo?
       21,9. Além do mais, se era filho de José, não poderia ser nem o rei, nem o herdeiro de quem fala Jeremias. De fato, José aparece como filho de Joaquim e de Jeconias, segundo aparece na genealogia apresentada por Mateus. Ora, Jeconias e todos os seus descendentes foram excluídos do reino, como diz Jeremias: “Pela minha vida, diz o Senhor, ainda que Jeconias, filho de Joaquim, fosse um anel na minha mão direita, eu o arrancaria dela e o entregaria na mão dos que procuram a sua vida”. E mais: Jeconias foi desonrado como um vaso de que não se necessita, porque foi expulsado para uma terra que não conhecia. Terra, escuta a palavra do Senhor: Inscreve este homem como um rejeitado, porque nenhum da sua descendência engrandecerá tanto que possa sentar-se sobre o trono de Davi e tornar-se príncipe em Judá. Deus diz ainda acerca de Joaquim, seu pai:            “Portanto isto diz o Senhor contra Joaquim, rei de Judá: Não sairá dele quem se sente no trono de Davi; o seu cadáver será exposto ao ardor do dia e à geada da noite. Castigá-lo-ei a ele, à sua linhagem, e farei cair sobre eles, sobre os habitantes de Jerusalém e sobre a terra de Judá, todo o mal com que os tenho ameaçado” (Jr 22,24-25.28-30; 36,30-31).
      Portanto, os que dizem ser gerado por José e põem nele a sua esperança, excluem-se a si mesmos do reino, caindo sob a maldição e o castigo que atingiram Jeconias e a sua descendência. Com efeito, estas coisas foram ditas a Jeconias porque o Espírito já sabia o que um dia teriam dito estes falsos doutores, para que entendessem que não teria nascido do seio dele, isto é, de José, mas, segundo a promessa de Deus, o Rei eterno teria nascido do seio de Davi e recapitulado em si todas as coisas. Cristo, segundo Adão, recapitula todas as gerações Ele recapitulou também em si a obra modelada no princípio.
     21,10. Como pela desobediência de um só homem o pecado entrou no mundo e pelo pecado a morte, assim pela obediência de um só homem foi introduzida a justiça que traz como fruto a vida ao homem morto. E como a substância de Adão, o primeiro homem plasmado, foi tirada da terra simples e ainda virgem — “Deus ainda não havia feito chover e o homem ainda não a tinha trabalhado” (Gn 2,5) — e foi modelado pela mão de Deus, isto é, pelo Verbo de Deus — com efeito, “todas as coisas foram feitas por ele”, e o “Senhor tomou do lodo da terra e modelou o homem”(Gen 2,7) -, assim o Verbo que recapitula em si Adão, recebeu de Maria, ainda virgem, a geração da recapitulação de Adão. Se o primeiro Adão tivesse um homem por pai e tivesse nascido de sêmen viril teriam razão em dizer que também o segundo Adão foi gerado por José. Mas se o primeiro Adão foi tirado da terra e modelado pelo Verbo de Deus, era necessário que este mesmo Verbo, efetuando em si a recapitulação de Adão, tivesse geração semelhante à dele. E, então, por que Deus não tomou outra vez do limo da terra, mas quis que esta modelagem fosse feita por Maria? Para que não houvesse segunda obra modelada e para que não fosse obra modelada diferente da que era salvada, mas, conservando a semelhança, fosse aquela primeira a ser recapitulada.
      22,1. Erram, portanto, os que sustentam que o Cristo nada recebeu da Virgem, para poder rejeitar a herança da carne; mas rejeitam assim, ao mesmo tempo, a semelhança. Com efeito, se aquele primeiro recebeu a sua modelagem e substância da terra pela mão e arte de Deus e este não, então não conservou a semelhança com o homem que foi feito à imagem e semelhança de Deus, e o Artífice pareceria inconstante e sem nada que demonstre a sua sabedoria. Isto quer dizer que ele apareceu como homem sem sê-lo realmente e que se fez homem sem tomar nada do homem! Mas se não recebeu de nenhum ser humano a substância da sua carne, ele não se fez nem homem, nem Filho do homem. E se não se fez o que nós éramos, não tinha importância nem valor o que ele sofreu e padeceu. Ora, não há quem não admita que nós somos feitos de um corpo tirado da terra e de um alma que recebe de Deus o Espírito. E é isso que se tornou o Verbo de Deus ao recapitular em si mesmo a obra por ele plasmada, e é este o motivo pelo qual se declara Filho do homem e declara bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Por seu lado, o apóstolo Paulo, na epístola aos Gálatas, disse abertamente: “Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher”; e na epístola aos romanos diz: ...acerca do seu Filho, que nasceu da posteridade de Davi, segundo a carne, declarado Filho de Deus, com poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dentre os mortos, Jesus Cristo Senhor nosso. (Gl 4,4;Rm 1,3-4)
       22,2. De outra forma, a sua descida em Maria seria supérflua; pois para que desceria nela se não devia receber nada dela? Se não tivesse recebido nada de Maria então nunca teria tomado alimentos terrenos com os quais se alimenta um corpo tirado da terra; após o jejum de quarenta dias, como Moisés e Elias, seu corpo não teria experimentado a fome e não teria procurado alimento; João, seu discípulo, não teria escrito: “Jesus, cansado pela caminhada, estava sentado”; nem Davi teria dito dele: “E acrescentaram sofrimento à dor das minhas feridas”; não teria chorado sobre o túmulo de Lázaro; não suaria gotas de sangue, nem teria dito: “A minha alma está triste” (Jo 4,6; Sl 69,27; Mt 26,38; Jo 19,24); e de seu lado transpassado não teriam saído sangue e água. Tudo isso são sinais da carne tirada da terra, que recapitulou em si, salvando a obra de suas mãos.
       22,3. Por isso Lucas apresenta uma genealogia de setenta e duas gerações, que vai do nascimento do Senhor até Adão, unindo o fim ao princípio, para fazer entender que o Senhor é aquele que recapitulou em si mesmo todas as nações dispersas desde Adão, todas as línguas e gerações dos homens, inclusive Adão. Por isso Paulo chama Adão de figura daquele que devia vir, porque o Verbo, Criador de todas as coisas, prefigurara nele a futura economia da humanidade de que se revestiria o Filho de Deus, pelo fato de que Deus, formando o homem psíquico, dera a entender que seria salvo pelo homem espiritual. Por isso, visto que já existia como salvador, devia tornar-se quem devia ser salvo, para não ser o Salvador de nada.
       22,4. Da mesma forma, encontramos Maria, a Virgem obediente, que diz: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”, e, em contraste, Eva, que desobedeceu quando ainda era virgem. Como esta, ainda virgem se bem que casada — no paraíso estavam nus e não se envergonhavam, porque, criados há pouco tempo ainda não pensavam em gerar filhos, sendo necessário que, primeiro, se tornassem adultos antes de se multiplicar — pela sua desobediência se tornou para si e para todo o gênero humano causa da morte, assim Maria, tendo por esposo aquele que lhe fora predestinado e sendo virgem, pela sua obediência se tornou para si e para todo o gênero humano causa da salvação. E por isso que a Lei chama aquela que é noiva, se ainda virgem, de esposa daquele que a tomou por noiva, para indicar o influxo que se opera de Maria sobre Eva. Com efeito, o que está amarrado não pode ser desamarrado se não se desatam os nós em sentido contrário ao que foram dados, e os primeiros são desfeitos depois dos segundos e estes, por sua vez, permitem que se desfaçam os primeiros: acontece que o primeiro é desfeito pelo segundo e o segundo é desfeito em primeiro lugar.
       Eis porque o Senhor dizia que os primeiros serão os últimos e os últimos os primeiros. E o profeta diz a mesma coisa: Em lugar dos pais nasceram filhos para ti. Com efeito, o Senhor, o primogênito dos mortos, reuniu no seu seio os patriarcas antigos e os regenerou para a vida de Deus, tornando-se ele próprio o primeiro dos viventes, ao passo que Adão fora o primeiro dos que morrem. Eis por que Lucas, iniciando a genealogia a partir do Senhor subiu até Adão, porque não foram aqueles antepassados que lhe deram a vida, e sim foi ele que os fez renascer no evangelho da vida. Da mesma forma, o nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria, e o que Eva tinha amarrado pela sua incredulidade Maria soltou pela sua fé.

Fonte: Coleção Patrística. Ireneu de Lião. I, II, III, IV, V Livros. Tradução de Lourenço Costa. São      Paulo: Paulus, 1995.

EXTRAÍDO DO BLOG: http://patristicabrasil.blogspot.com.br



sábado, 14 de março de 2015

RAINHA DO CÉU


Era o ano 590, em Roma. Já devastada por um transbordamento do Tibre, que havia alagado a cidade reduzindo-a a fome, irrompeu uma terrível peste.
Para aplacar a cólera divina, o Papa S. Gregório Magno ordenou  uma procissão geral do clero e da população romana, formada por sete cortejos que confluíram para a Basílica Vaticana.
Enquanto a grande multidão caminhava pela cidade, a pestilência chegou a tal furor, que no breve espaço de uma hora oitenta pessoas caíram mortas ao chão.
Mas S. Gregório não cessou um instante de exortar o povo para que continuasse a rezar, e que diante do cortejo fosse levado o quadro da santa-maria-in-ara-coeli
Quadro dell’Aracoeli, autoria atribuída ao Evangelista São Lucas Virgem que chora, do Ara Coeli, pintado pelo evangelista S. Lucas.
 À medida que a imagem avançava, a área se tornava mais sã e limpa à sua passagem, e os miasmas da peste se dissolviam.
Junto da ponte que une a cidade ao castelo, inesperadamente ouviu-se um coro que cantava por cima da sagrada imagem: “Regina Coeli, laetare, Alleluia!”, ao qual S. Gregório respondeu: “Ora pro nobis Deum, Alleluia!”. Assim nasceu o Regina Coeli.
Após o canto, os anjos se colocaram em círculo em torno do quadro. São Gregório Magno, erguendo os olhos, viu sobre o alto do castelo um anjo exterminador que, após enxugar a espada, da qual escorria sangue, colocou-a na bainha, como sinal do cessamento do castigo.
Como recordação, o castelo ficou conhecido com o nome de Sant’Angelo. Em sua mais alta torre foi posta a célebre imagem de São Miguel, o anjo exterminador.
Desde o meio dia do Sábado Santo até o meio dia do Sábado que precede a festa da SS. Trindade, em vez do Angelus, reza-se, de pé, o Regina Caeli:

(Português Brasil)
V. Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia.
R. Porque quem merecestes trazer em vosso puríssimo seio, aleluia.
V. Ressuscitou, como disse, Aleluia
R. Rogai a Deus por nós, aleluia.
V. Exultai-vos e alegrai-vos, ó Virgem Maria, aleluia.
R. Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia.

Oremos. Ó Deus, que vos dignastes alegrar o mundo com a ressurreição do vosso Filho Jesus Cristo, Senhor Nosso; concedei-nos, nós vos suplicamos, que, por sua Mãe, a Virgem Maria, alcancemos os prazeres da vida eterna. Pelo mesmo Cristo senhor nosso. Amém.

(Latim)
 V. Regina Caeli, laetáre,alleluia.
R. Quia, quem meruisti portáre, alleluia.
V. Resurréxit, sicut dixit, alleluia.
R. Ora pro nobis Deum, alleluia.
V. Gáude et laetáre, Virgo Maria, alleluia.
R. Quia surréxit Dominus vere, alleluia.

Oremus. Deus qui per resurrectiónem Filii tui Dómini nostri Jesu Cristi, mundum laetificáre dignatus es; praesta, quaesumus, ut per ejus Genitricem Virginem Mariam perpétue capiámus gáudia vitae. Per eumdem Christum Dóminum nostrum. Amen.