domingo, 24 de fevereiro de 2013

NOSSA SENHORA DO LOUREIRO

   Mais uma vez encontramos em Portugal outra devoção a Maria Mãe de Deus. Aos moradores de Pombeiro, na freguesia do Concelho de Arganil, no distrito e Diocese de Coimbra, havia uma grande árvore de nome Loureiro. Ela facilitou dar esse nome à imagem de Nossa Senhora. Numa outra capela, dedicada à Santíssima Virgem, sob a invocação de Nossa Senhora do Loureiro, no Concelho de Baião no distrito e Diocese do Porto, igualmente os fiéis se reuniam para louvar e agradecer à Imaculada sua proteção contínua. O Conde de Samodães na sua obra O Culto de Maria Santíssima na Diocese do Porto, publicada em 1904, confirma que existe uma capela dedicada à Senhora do Loureiro, referindo-se à região do Gove. Assim nos transmitiu o Pe. Jacinto dos Reis.
   É de se notar que nessa região os populares adoeciam de malária. Confiando mais em Maria, do que na medicina, ou por falta de médicos, o povo a chamou também de Nossa Senhora da Maleita. Por ingenuidade e simplicidade, as pessoas confiavam mais em Deus por intercessão de Maria, do que nos próprios meios sanitários e medicinais.
   O que mais interessa é que Deus quer de nós é o amor. Bem que na sua catequese Jesus esclareceu ao povo: dizendo destes dois mandamentos — amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo — depende toda lei e profetas (Mateus, 22, 40). Quem ama verdadeiramente, não se deixa vencer pela soberba, avareza, luxúria, ira, gula, preguiça e inveja. Está atento por revestir-se de sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, piedade, ciência e temor de Deus. Essas virtudes infundidas por Deus revestem as almas simples, fazendo-nos lembrar da oração de Cristo: ...Graças te dou ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos prudentes e as revelaste aos pequeninos (Mateus, 11,25).


                                             Por Pe.Roque Vicente  Beraldi, Cmf.




NOSSA SENHORA DE MONTSERRAT



   Narra à história que os mouros, com toda sua fúria, invadiram a Espanha. Como os mouros eram conhecidos por destruírem imagens religiosas, os cristãos locais procuraram algum lugar para esconder sua preciosa imagem de Maria Santíssima, entre outras. Chegaram a um maciço monte, numa região próxima a Barcelona, que, por lembrar a forma de um serrote, foi denominado Montserrat. O monte continha grutas e cavernas de difícil acesso. Numa delas os fiéis esconderam a venerada imagem de Maria Mãe de Jesus, cientes de que dificilmente os bárbaros lá entrariam.
   Cerca de duzentos anos depois, já expulsos os invasores, o esconderijo da imagem se perdeu. A própria Virgem então, de um modo extraordinário, revelou seu local a um grupo de pastorinhos que por ali passavam. Viram estrelas mais reluzentes que o sol e ouviram vozes angelicais vindas da gruta. O fato se repetiu por várias semanas. Sem entender o que estava acontecendo, relataram o ocorrido aos seus patrões. Eles, por sua vez, procuraram o pároco, que chamou o bispo. Este e o prefeito de Barcelona foram verificar o que estava acontecendo. Com dificuldade, chegaram à gruta e encontraram a linda imagem, enegrecida pelo tempo e depositada num recanto. Na imagem, Maria estava sentada com o menino Jesus no colo. A mão direita de Jesus estava erguida, num gesto de bênção.
    Felizes com o achado organizaram uma romaria para levar a imagem até Manresa (cidade próxima a Barcelona). Chegando ao local onde hoje está o célebre Santuário, o carro que transportava a imagem estancou e não houve quem pudesse removê-lo. O prelado entendeu que era ali o local em que Nossa Senhora queria estabelecer seu trono.
   A fama de Nossa Senhora de Montserrat se espalhou por todo o mundo. Muitos milagres, como a cura de cegos e a conversão de pecadores, ocorreram. No Brasil, na cidade de Santos (São Paulo), foi construído um Santuário em seu nome (1610). Contam-se, atualmente, inúmeros favores operados por intercessão de Nossa Senhora de Montserrat.

                                Por Pe. Roque Vicenti Beraldi, Cmf.

Fonte: http://www.avemaria.com.br/revista

sábado, 16 de fevereiro de 2013

NOSSA SENHORA DE POMPÉIA



   No ano de 79 ocorreu à famosa erupção do Vulcão Vesúvio, que sepultou a cidade pagã de Pompéia (Sul da Itália). Ali a aristocracia romana gostava de passar o tempo com entretenimentos e foi surpreendida pela súbita destruição.
   No início do Século IX instalaram-se nas proximidades famílias de campesinos que erigiram uma humilde capela. Em 1872 chegou o advogado Bartolo Longo (beatificado em 26 de outubro de 1980), que trabalhava para a Condessa de Fusco, dona dessas terras. Logo descobriu que, depois da morte do sacerdote, já não haviam missa na capela e poucos seguiam firmes na fé.
   Uma noite, o advogado Bartolo Longo viu em sonhos, um amigo morto anos atrás, que lhe disse: “Salva a esta gente Bartolo! Propaga o Rosário. Estimula-os para que o rezem. Maria prometeu a salvação para aqueles que fizerem”. Assim, Longo trouxe de Nápoles muitos Rosários para distribuir e encorajou também a vários vizinhos que o ajudassem a reformar a capela. A população começou a rezar o Rosário, cada vez em maior número.
   Em 1878, Longo obteve de um convento de Nápoles um quadro de Nossa Senhora entregando o Santo Rosário a São Domingos e Santa Rosa de Lima. Estava deteriorado, mas um pintor o restaurou. Este mudou a figura de Santa Rosa pela de Santa Catarina de Siena. Posta sobre o altar do Templo, ainda que inacabada, a Virgem Santíssima começou a operar milagres.
   Em 08 de maio de 1887, o cardeal Mônaco de Valleta, colocou na venerada imagem um diadema de brilhantes benta pelo Papa Leão XII e em 08 de maio de 1891, deu-se a solene consagração do novo Santuário de Pompéia, que existe atualmente.


CARTA DE JOÃO PAULO II
POR OCASIÃO DO 125° ANIVERSÁRIO
DA CHEGADA DO QUADRO DE
NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO A POMPÉIA

Ao Venerado Irmão Francesco Saverio TOPPI Arcebispo-Delegado Pontifício


1. A Igreja que está em Pompéia, no decurso do Grande Jubileu do Ano 2000, regozijar-se-á com um ulterior dom de Graça. No próximo dia 13 de Novembro celebra-se, com efeito, o 125° aniversário da chegada do Quadro de Nossa Senhora do Rosário. Esta "visita" de Maria mudou o rosto espiritual e civil de Pompéia, que desde 1975 se transformou cada vez mais em cidadezinha da oração, centro de irradiação do Evangelho, lugar de numerosas graças e conversões, ponto de referência de piedade mariana, para o qual olham de todas as partes do mundo.
   Ao unir-me espiritualmente à Comunidade eclesial de Pompéia nesta feliz circunstância, desejo agradecer ao Senhor os dons com que a enriqueceu, implorando, pela intercessão da Virgem Santa, especiais favores celestes sobre Vossa Excelência, Venerado Irmão, e sobre todos os que estão confiados aos seus cuidados pastorais.
2. O Grande Jubileu e esta vossa especial data evocam-se reciprocamente e oferecem particulares motivos de reflexão e de ação de graças. O Ano Santo coloca no centro da atenção dos crentes o mistério da encarnação do Verbo e convida-os a contemplar Aquele que "tinha a condição divina, mas não se apegou à Sua igualdade com Deus. Pelo contrário, esvaziou-Se a Si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-Se semelhante aos homens" (Fl 2, 5-7). Pompéia é a terra do Santo Rosário, onde o fervoroso brotar do coração dos fiéis da oração do Ave Maria leva a contemplar a disponibilidade interior com que a Virgem Santa recebeu na fé o anúncio do nascimento do Filho de Deus na condição humana.
   De igual modo o convite, que ecoa no acontecimento jubilar a pôr-se em amorosa escuta da Palavra de Deus e a conformar a própria vida com o Evangelho, encontra um eco feliz na prática dos Quinze Sábados, que Bartolo Longo difundiu entre os fiéis, com a intenção de estimulá-los à contemplação de Cristo. Como não ver depois uma sintonia eloqüente entre o nascimento humilde e pobre do Redentor na manjedoura de Belém e o contexto de igual modo simples e modesto no qual chegou a Pompéia o Quadro de Nossa Senhora?
   Também a "mística Coroa", que a todos os que a ela se dirigem a Virgem oferece como "Cadeia doce que reata a Deus", se revela instrumento precioso para compreender melhor e viver as grandes dimensões do Jubileu. O Rosário, que Bartolo Longo considera quase um baluarte contra os inimigos da alma, une aos Anjos, e é "porto seguro no naufrágio comum" (Súplica à Rainha do S. Rosário de Pompéia).
3. O Jubileu, na sua mensagem mais profunda, é chamamento à conversão e estímulo a uma autêntica renovação pessoal e social. Ao entrar no novo milênio a comunidade cristã é convidada a alargar o próprio olhar de fé até horizontes novos para o anúncio do Reino de Deus. A autoconsciência, que ela maturou com o Concílio Vaticano II do próprio mistério e da tarefa apostólica que lhe fora confiada pelo seu Senhor, empenha-a a viver no mundo sabendo que deve ser "o fermento e a alma da sociedade humana, a qual precisa renovar-se em Cristo e transformar-se em família de Deus" (cf. Incarnationis mysterium, 2).
   Os cristãos podem encontrar no Rosário uma ajuda eficaz no empenho de realizar na sua vida estes objetivos do Jubileu. Convidando a aceitar com a admiração de Maria, de José, dos Pastores, dos Reis Magos e de todos os pobres de Israel o anúncio do nascimento do Filho de Deus na condição humana, os Mistérios gozosos suscitam nos cristãos, como já acontecera com o Fundador do Santuário de Pompéia e com outros numerosos devotos da Virgem do Santo Rosário, o desejo de levar aos homens do nosso tempo com renovado fervor o jubiloso anúncio do Salvador.
   Através da contemplação dos Mistérios dolorosos, o Rosário faz sentir aos fiéis a dor dos pecados e, convidando a ter confiança na ajuda d'Aquela que reza "por nós pecadores agora e na ora da nossa morte", facilita o desejo de receber o Sacramento da Reconciliação a fim de corrigir as estruturas da própria vida. Por este caminho, o Beato Bartolo Longo encontrou a força para reorganizar a própria existência e tornou-se dócil à ação do Espírito Santo, o único que transforma os pecadores em santos.
   Através da contemplação de Cristo que ressuscitou e subiu ao céu, os Mistérios gloriosos introduzem no oceano da vida trinitária, comunicada pelo Espírito Paráclito a todos os crentes e, de maneira especial, a Maria nossa Mãe e irmã. Olhando para ela que subiu ao céu e está na glória dos Santos, os cristãos são encorajados a admirar e desejar as "coisas lá do alto", e aspirando pela meta eterna tomam consciência dos meios necessários para a obterem, isto é, a fidelidade aos mandamentos divinos, a freqüência aos Sacramentos da Igreja e a humilde adesão à vontade de Deus.
   Também o empenho pela unidade dos crentes em Cristo e pela fraterna concórdia entre as Nações, reproposto pelo Grande Jubileu, encontra motivo de especial sintonia com o aniversário que o Santuário de Pompéia celebra este ano. No Jubileu de Novecentos no início deste nosso século XX, o beato Bartolo Longo quis realizar como voto pela paz a fachada monumental do Santuário, recolhendo ofertas e subscrições dos fiéis de todas as partes do mundo. Também a paz é agora, no alvorecer do terceiro milênio, o desejo fervoroso da humanidade e é preciso rezar com confiança pela paz em todas as partes da terra.
4. Venerado Irmão no Episcopado, formulo profundos votos por que, seguindo o exemplo do beato Bartolo Longo, esta Comunidade diocesana saiba captar nestes acontecimentos de graça um premente estímulo para anunciar com renovado fervor Jesus Cristo, Redentor do homem. A este propósito, o plano pastoral elaborado para este ano jubilar demonstra-se como nunca oportuno.
   Ele inspira-se na trilogia "humildade, simplicidade, pobreza"; uma trilogia que caracterizou a vida terrena de Jesus, o estilo de Maria e também o programa ascético do beato Bartolo Longo. Como deixar de recordar que do nada e com meios pobres e humildes, ele, guiado pelo Espírito, erigiu em Pompéia um Santuário que hoje tem uma irradiação mundial? Os escritos do Beato, que já então alcançavam pessoas de todas as línguas e nações, continuam a oferecer úteis estímulos para a reflexão e a vida espiritual.
   Esta herança preciosa, que representa para vós um singular título de honra, seja por vós acolhida e reproposta à sociedade de hoje, para que no templo de Pompéia, onde a Mãe continua a mostrar o seu Filho divino como único Salvador do mundo, numerosos homens e mulheres em busca da paz possam fazer a experiência jubilosa da "visita" de Cristo, vivida por Isabel e por João Batista, por ocasião do encontro com a Virgem (cf. Lc 1, 39-56).
   Com estes votos, invoco por intercessão do Beato Bartolo Longo, sobre Vossa Excelência, Venerado Irmão, sobre os sacerdotes, os religiosos e as religiosas, sobre toda a Comunidade diocesana, e sobre os peregrinos e devotos, a materna proteção da Rainha do Santo Rosário e, de bom grado concedo a todos uma especial Bênção apostólica.
Vaticano, oito de Dezembro de 1999, solenidade da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria.

Referências bibliográficas:
- http://www.aciprensa.com/juanpabloii/viajes/pompeya/mensajepapa.htm (História - traduzida do espanhol p/ português)
- http://www.vatican.va. (Mensagem do Papa João Paulo II - adaptado para o português/Brasil e