sábado, 26 de julho de 2014

CONSAGRAÇÃO A NOSSA SENHORA E AS PROMESSAS DO BATISMO

   
    Saiba a relação entre a consagração a Virgem Maria e as promessas batismais
    A consagração a Maria e a renovação das promessas do Batismo segundo São Luís Maria Grignion de Montfort, em seu livro “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, a perfeita consagração a Jesus Cristo é uma perfeita e inteira consagração da alma a Nossa Senhora. Esta devoção consiste numa “perfeita renovação dos votos e promessas do Santo Batismo” (TVD 120). A importância da consagração a Virgem Maria está justamente no fato desta ser uma renovação das promessas batismais, que segundo Santo Agostinho é “o maior e mais indispensável dos votos” (TVD 127), no qual prometemos permanecer em Cristo.
   Todo cristão, ao receber o sacramento do batismo, renuncia a Satanás, às suas pompas, às suas obras e assume Jesus Cristo como Senhor de sua vida. Nisto consiste também esta devoção: renuncia-se ao “demônio, ao mundo, ao pecado e a si mesmo (como está expresso na fórmula da consagração), dando-se inteiramente a Jesus Cristo pelas mãos de Maria” (TVD 126).
   Nesta consagração se faz ainda mais, porque no batismo a entrega a Jesus Cristo é feita por intermediários, que são os pais e padrinhos. Mas, nesta escravidão de amor nos entregamos voluntariamente, com plena consciência daquilo que fazemos. Outra diferença é que no batismo não nos entregamos a Jesus Cristo pelas mãos de Maria, como acontece nesta Devoção. Além disso, no Batismo não damos a Jesus Cristo o valor das nossas boas obras, enquanto na consagração segundo São Luís entregamos tudo a Nosso Senhor pelas mãos de Maria, inclusive o valor de todas as nossas boas ações.
   São Luís questiona: “Não é verdade que quase todos os cristãos quebram a fidelidade prometida a Jesus Cristo no seu batismo?” O ser humano se esquece  facilmente, por isso, não é fiel às promessas e compromissos feitos no batismo. O concílio de Sens aconteceu em 1140 a fim de remediar as grandes desordens dos cristãos da época. Neste, percebe-se que: “a principal causa dessa corrupção de costumes provinha do esquecimento e da ignorância em que se vivia das promessas do Batismo” (TVD 128). Ao final, chegaram à conclusão de que o melhor meio para remediar este grande mal era levar os cristãos a renovar os votos e promessas do batismo.
    São Luís Maria afirma que os concílios, os Padres da Igreja e a experiência mostram que a melhor maneira de levar os cristãos à fidelidade é lembrar a estes as obrigações do seu batismo e levá-los a renovar as promessas batismais. O Santo diz que a devoção e a consagração a Nosso Senhor por meio de sua Mãe Santíssima é a maneira mais perfeita de renovar as promessas e votos feitos no batismo.
   Assim, a devoção e a consagração a Santíssima Virgem Maria, segundo o método do Tratado de São Luís, é a perfeita renovação das promessas batismais. Pois, não fazemos esta renovação confiando em nossas forças, mas nos entregando confiantes nas mãos de Nossa Senhora, para que ela nos leve a fidelidade a Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela, que foi fiel até o fim, nos ensinará a renunciar ao pecado, ao mal, a Satanás e suas seduções e sermos também fiéis à vocação que o Senhor nos confiou.




sábado, 19 de julho de 2014

NECESSIDADE DE CONSAGRAR-SE A NOSSA SENHORA


    Síntese do Capítulo I do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem
  Qual a necessidade da consagração a Maria? São Luís Maria Grignion de Montfort, no “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem“, afirma que a Virgem Maria é menor que um átomo em comparação com Deus e que Ele não teve nem tem necessidade dela para o cumprimento de Seus desígnios (cf. TVD 14). Porém, o Santo também diz que o Senhor quis começar e terminar suas maiores obras através de Nossa Senhora e, sendo Deus, não muda seus sentimentos e sua conduta (cf. TVD 15).
   Deus Pai enviou ao mundo o Seu Filho Jesus Cristo, que foi gerado na Virgem Maria, pelo Espírito Santo. O Espírito serviu-se de Maria para gerar, n’Ela e por Ela, Jesus Cristo, cabeça da Igreja e nós, os Seus membros (cf. TVD 21). Por sua vez, o “Filho comunicou à sua Mãe tudo o que adquiriu pela sua vida e morte, os Seus méritos infinitos e as suas admiráveis virtudes” (TVD 24). Por Maria, recebemos os dons e as graças alcançados por Cristo. Pois, essa é a vontade de Deus: que tudo recebamos pelas mãos de Maria (cf. TVD 25).
   Jesus Cristo, cabeça da Igreja foi gerado pela Virgem Santíssima, por isso, cada um de nós, Seus membros, devemos ser gerados por ela (cf. TVD 32). Mais ainda, somos guardados, alimentados, sustentados e criados por ela (cf. TVD 33). O Espírito quer que a Virgem Maria reproduza em nós as raízes da sua fé invencível, da sua humildade profunda, da sua mortificação universal, da sua oração sublime, da sua ardente caridade, da sua firme esperança e de todas as suas virtudes (cf. TVD 34).
    Quando o Espírito Santo encontra a Virgem Maria numa alma, Ele vai para ela e comunica-lhe mais abundantemente suas graças quanto maior for o lugar que esta alma dá à sua Esposa (cf. TVD 36). Nossa Senhora recebeu de Deus um grande poder sobre as almas dos eleitos, mas ela não pode unir-se ao Espírito na obra da graça em nós sem que lhe demos poder para isso (cf. TVD 37). Tal poder é concedido por nós através de nossa consagração total a Maria.
   A devoção a Santíssima Virgem, por vontade e disposição de Deus, é necessária aos homens para alcançar a salvação. Por isso, a devoção a Maria não deve ser confundida com a devoção aos outros santos (cf. TVD 39). A consagração a Nossa Senhora é ainda mais necessária a quem deseja atingir uma íntima união com Deus e uma perfeita fidelidade ao Espírito Santo (cf. TVD 43).
    São Luís Maria afirma que “a salvação do mundo começou por Maria, e é por Ela que se deve consumar” (TVD 49). Mais do que nunca, Deus quer que sua Mãe seja mais conhecida, amada e honrada. Isso acontecerá através dos escravos de amor da Virgem Maria. Eles serão “verdadeiros apóstolos dos últimos tempos, a quem o Senhor dará a palavra e a força para operar maravilhas e arrebatar gloriosos despojos ao inimigo” (TVD 58).



quarta-feira, 16 de julho de 2014

APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA DO CARMO


          HISTÓRICO.
            O Monte Carmelo, na Palestina, é o lugar sagrado do Antigo e Novo Testamento. É o Monte em que o Profeta Elias evidencia a existência e a presença do Deus verdadeiro,
          Vendo os 450 sacerdotes pagãos do Baal e os 400 profetas dos bosques, fazendo descer do céu o fogo devorador que lhes extinguiu a vida. (III Livro dos Reis, XVIII, 19 seg.).
          É ainda o Profeta Elias que implora do Senhor chuva benfazeja, depois de uma seca de três anos e três meses (III Livro dos Reis, XVIII, 45).
          É no Monte Carmelo que a tradição colocou a origem da Ordem Carmelitana. Ali viviam eremitas entregues à oração e à penitência.

Os Fatos:
A palavra Carmelo (em hebraico, "carmo" significa vinha; e "elo" significa senhor; portanto, "Vinha do Senhor"): este nome nos leva para esta famosa montanha da Palestina, donde o profeta Elias e o sucessor Elizeu fizeram história com Deus e com Nossa Senhora, que foi pré-figurada por uma nuvenzinha branca que, num período de grande seca, prenunciava a chuva redentora que cairia sobre a terra ressequida (cf I Rs 18,20-45).
Por uma intuição sobrenatural, soube que essa simples nuvem, com forma de uma pegada humana, simbolizava aquela mulher bendita, predita depois pelo Profeta Isaías (“Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho”), que seria a Mãe do Redentor. Do seu seio virginal sairia Aquele que, lavando com seu sangue a terra ressequida pelo pecado, abriria aos homens a vida da graça.
        Estes profetas foram "participantes" da obra Carmelita, que só vingou devido à intervenção de Maria, pois a parte dos monges do Carmelo que sobreviveram (século XII) da perseguição dos muçulmanos; fugiram para a Europa e radicaram-se em vários países entre eles a Inglaterra. Dos seguidores de Elias e seus continuadores, de acordo com a tradição, nasceu a Ordem do Carmo, da qual Maria Santíssima é a Mãe e esplendor, segundo as palavras também de Isaías “A glória do Líbano lhe será dada, o esplendor do Carmelo e de Saron” (Is 35, 2).
 São Luis IX, rei da França, sobe ao Monte Carmelo. Encontra-se com aqueles eremitas e fica encantado, quando lhe contam que sua origem remonta ao Profeta Elias, levando uma vida austera de oração e penitência, cultivando ardente devoção à Nossa Senhora. Trinta anos, antes de São Luis IX subir ao Monte Carmelo, dois cruzados ingleses levaram para a Inglaterra alguns monges.

  O Santo São Simão Stock
       Na Inglaterra, vivia um homem penitente, como o Profeta Elias, austero como João Batista. Chamava-se Simeão. Mas, diante de sua vida solitária na convexidade de uma árvore no seio da floresta, deram-lhe o apelido de Stock.
Simão nasceu no ano de 1165 no castelo de Harford, no condado de Kent, Inglaterra, em atenção às preces de seus piedosos pais, que uniam a mais alta nobreza à virtude. Alguns escritores julgam mesmo que tinham parentesco com a família real.
Sua mãe consagrou-o à Santíssima Virgem desde antes de nascer. Em reconhecimento a Ela pelo feliz parto, e para pedir sua especial proteção para o filhinho, a jovem mãe, antes de o amamentar, oferecia-o à Virgem, rezando de joelhos uma Ave-Maria. Bela atitude de uma senhora altamente nobre!
        O menino aprendeu a ler com pouquíssima idade. A exemplo de seus pais, começou a rezar o Pequeno Ofício da Santíssima Virgem, e logo também o Saltério. Esse verdadeiro pequeno gênio, aos sete anos de idade iniciou o estudo das Belas Artes no Colégio de Oxford, com tanto sucesso que surpreendeu os professores. Foi também nessa época admitido à Mesa Eucarística, e consagrou sua virgindade à Santíssima Virgem.
Perseguido pela inveja do irmão mais velho, e atendendo a uma voz interior que lhe inspirava o desejo de abandonar o mundo, deixou o lar paterno aos 12 anos, encontrando refúgio numa floresta onde viveu inteiramente isolado durante 20 anos, em oração e penitência.
        Nossa Senhora revelou-lhe então seu desejo de que ele se juntasse a certos monges que viriam do Monte Carmelo, na Palestina, à Inglaterra, “sobretudo porque aqueles religiosos estavam consagrados de um modo especial à Mãe de Deus”. Simão saiu de sua solidão e, obedecendo também a uma ordem do Céu, estudou teologia, recebendo as sagradas ordens. Dedicou-se à pregação, até que finalmente chegaram dois frades carmelitas no ano de 1213. Ele pôde então receber o hábito da Ordem, em Aylesford.
      Em 1215, tendo chegado aos ouvidos de São Brocardo, Geral latino do Carmo, a fama das virtudes de Simão, quis tê-lo como coadjutor na direção da Ordem; em 1226, nomeou-o Vigário-Geral de todas as províncias europeias.
     São Simão teve que enfrentar uma verdadeira tormenta contra os carmelitas na Europa, suscitada pelo demônio através de homens ditos zelosos pelas leis da Igreja, os quais queriam a todo custo suprimir a Ordem sob vários pretextos. Mas o Sumo Pontífice, mediante uma bula, declarou legítima e conforme aos decretos de Latrão a existência legal da Ordem dos Carmelitas, e a autorizou a continuar suas fundações na Europa.
São Simão participou do Capítulo Geral da Ordem na Terra Santa, em 1237. Em um novo Capítulo, em 1245, foi eleito 6° Prior-Geral dos Carmelitas.

A Aparição da Mãe de Deus a São Simão Stock.
       Após a algum tempo de calmaria, as perseguições reiniciaram com mais intensidade.
Na falta de auxílio humano, São Simão recorria à Virgem Santíssima com toda a tristeza de seu coração, pedindo-Lhe que fosse solícita à sua Ordem, tão provada, e que desse um sinal de sua aliança com ela.
      Na manhã do dia 16 de julho de 1251, suplicava com maior empenho à Mãe do Carmelo sua proteção, recitando a bela oração por ele composta: "Flor do Carmelo, Vinha florífera, Esplendor do céu, Virgem fecunda, singular. Ó Mãe benigna, sem conhecer varão, aos Carmelitas dá privilégio, Estrela do Mar!".
    Terminada esta prece, levanta os olhos marejados de lágrimas, vê a cela encher-se, subitamente, de luz. Rodeada de anjos, em grande cortejo, apareceu-lhe a Virgem Santíssima, revestida de esplendor, trazendo nas mãos o Escapulário dizendo a São Simão Stock, com inexprimível ternura maternal: “Recebe, diletíssimo filho, este Escapulário de tua Ordem como sinal distintivo e a marca do privilégio que eu obtive para ti e para todos os filhos do Carmelo; é um sinal de salvação, uma salvaguarda nos perigos, aliança de paz e de uma proteção sempiterna. Quem morrer revestido com ele será preservado do fogo eterno’’.
     Essa graça especialíssima foi imediatamente difundida nos lugares onde os carmelitas estavam estabelecidos, e autenticada por muitos milagres que, ocorrendo por toda parte, fizeram calar os adversários dos Irmãos da Santíssima Virgem do Monte Carmelo.
São Simão Stock atingiu extrema idade e altíssima santidade, operando inúmeros milagres, tendo também obtido o dom das línguas; foi chamado a pátria celeste por Deus em 16 de maio de 1265.
       Nossa Senhora voltou ao céu e o Escapulário permaneceu como sinal de Maria. Na última aparição de Lourdes e de Fátima, Nossa Senhora traz o Escapulário.
    São passados mais de 750 anos, desde o dia 16 de julho de 1251. Todos os que trouxeram o Escapulário, com verdadeira piedade, com sincero desejo de perfeição cristã, com sinais de conversão, sempre foram protegidos na alma e no corpo contra tantos perigos que ameaçam a vida espiritual e corporal. É só ler os anais carmelitanos para provar a proteção e a assistência de Maria Santíssima.
      O Escapulário é a devoção de papas e reis, de pobres e plebeus, de homens cultos e analfabetos. É a devoção de todos. Foi a devoção de São Luis IX, de Luis XIII, Luis XIV da França, Carlos VII, Filipe I e Filipe III da Espanha, Leopoldo I da Alemanha, Dom João I, de Portugal.
        E a devoção dos Papas: Bento XV o pontífice da paz, chamou o Escapulário a "arma dos cristãos" e aconselhava aos seminaristas que o usassem. Pio IX gravou em seu cálice a seguinte inscrição: "Pio IX, confrade Carmelita". Leão XVIII, pouco antes de morrer, disse aos que o cercavam: "Façamos agora a Novena da Virgem do Carmo e depois morreremos".
     Pio XI escrevia, em 1262, ao Geral dos Carmelitas: "Aprendi a conhecer e a amar a Virgem do Carmo nos braços de minha mãe, nos primeiros dias de minha infância".
       Pio XII afirmava: "É certamente o Sagrado Escapulário do Carmo, como veste Mariana, sinal e garantia da proteção e salvação ao Escapulário com que estavam revestidos. Quantos nos perigos do corpo e da alma sentiram a proteção Materna de Maria".
     Pio XII ainda chegou a escrever: "Devemos colocar em primeiro lugar a devoção do escapulário de Nossa Senhora do Carmo - e ainda - escapulário não é 'carta-branca' para pecar; é uma 'lembrança' para viver de maneira cristã, e assim, alcançar a graça duma boa morte".
        O Papa João XXIII assim se pronunciou: "Por meio do Escapulário do Carmo, pertenço à família Carmelitana e aprecio muito esta graça com a certeza de uma especialíssima proteção de Maria. A devoção a Nossa Senhora do Carmo torna-se uma necessidade e direi mais uma violência dulcíssima para os que trazem o Escapulário do Carmo" Paulo VI afirmava que entre os exercícios de piedade devem ser recordados o Rosário de Maria e o Escapulário do Carmo.
        O Papa João Paulo II era devotíssimo de Nossa Senhora e coloca a recitação do Rosário entre suas orações prediletas. Ele quis ser Carmelita. Defendeu sua tese sobre São João da Cruz, o grande Carmelita renovador da Ordem.
        John Mathias Haffert, autor do livro "Maria na sua Promessa do Escapulário", entrevistou a Irmã Carmelita Lúcia, a vidente de Fátima ainda viva e perguntou, por que na última aparição Nossa Senhora segurava o escapulário na mão?
     Irmã Lúcia respondeu simplesmente: "É que Nossa Senhora quer que todos usem o Escapulário".

As promessas específicas de Nossa Senhora do Carmo.
       Primeira: Quem morrer com o Escapulário não padecerá o fogo do inferno.
### Em primeiro lugar, ao fazer a sua promessa, Maria não quer dizer que uma pessoa que morra em pecado mortal se salvará. A morte em pecado mortal e a condenação são uma e a mesma coisa. A promessa de Maria traduz-se, sem dúvida, por estas outras palavras:
“Quem morrer revestido do Escapulário, não morrerá em pecado mortal”.
Para tornar isto claro, a Igreja insere, muitas vezes, a palavra “piamente” na promessa: “aquele que morrer piamente não padecerá do fogo do inferno”.
      Segunda: Nossa Senhora livrará do Purgatório quem portar seu Escapulário, no primeiro sábado após sua morte.
### Embora às vezes se interprete este privilégio ao pé da letra, isto é, que a pessoa será livre do Purgatório no primeiro sábado após sua morte, “tudo que a Igreja, tem para explicar estas palavras, tem dito oficialmente em várias ocasiões, é que aqueles que cumprem as condições do Privilégio Sabatino serão, por intercessão de Nossa Senhora, libertos do Purgatório pouco tempo depois da morte, e especialmente no sábado”. De qualquer modo, se formos fiéis em observar as palavras da Virgem Santíssima, Ela será muito mais fiel em observar as suas, como nos mostra o seguinte exemplo: Em umas missões, tocado pela graça divina, certo jovem deixou a má vida e recebeu o Escapulário. Tempos depois recaiu nos costumes desregrados, e de mal tornou-se pior. Mas, apesar disso, conservou o santo Escapulário.
    A Virgem Santíssima do Carmo, sempre Mãe, atingiu-o com grave enfermidade. Acometido pela doença, o jovem viu-se em sonhos diante do justíssimo tribunal de Deus, que devido às suas atitudes ruins e vida má, o condenou à eterna condenação.
     Em vão o infeliz alegou ao Supremo Juiz que portava o Escapulário de sua Mãe Santíssima.
        — E onde estão os costumes que correspondem a esse Escapulário? Perguntou-lhe.
Sem saber o que responder, o infeliz olhou então para a Virgem Santíssima.
— Eu não posso desfazer o que Meu Filho já fez. Respondeu-lhe Ela.
— Mas, Senhora! exclamou o jovem, Serei outro.
— Tu me prometes?
— Sim.
— Pois então vive.
     Nesse mesmo instante o doente despertou, apavorado com o que viu e ouviu durante o sonho, fez votos de levar adiante mais seriamente o Escapulário de Nossa Senhora do Carmo. Logo, sarou e entrou para a Ordem dos Premonstratenses. Depois de vida edificante, Deus chamou sua alma à pátria celeste. Assim narram às crônicas dessa Ordem.

A Aparição de Fátima e o Escapulário.
    Após a última aparição de Nossa Senhora de Fátima na Cova da Iria, surgiram aos olhos dos três videntes varias cenas.
   Na primeira, ao lado de São José e tendo o Menino Jesus ao colo, Ela apareceu como Nossa Senhora do Rosário. Em seguida, junto a Nosso Senhor acabrunhado de dores a caminho do Calvário, surgiu como Nossa Senhora das Dores. Finalmente, gloriosa, coroada como Rainha do Céu e da Terra, a Santíssima Virgem apareceu como Nossa Senhora do Carmo, tendo o Escapulário à mão.
     Por que Nossa Senhora apareceu com o Escapulário nesta última visão a 13 de Outubro em Fátima? Perguntaram a Lúcia em 1950.
     Lúcia respondeu: É que Nossa Senhora quer que todos usem o Escapulário respondeu ela.
    “E é por este motivo que o Rosário e o Escapulário, são dois sacramentais marianos mais privilegiados, universais, mais antigos e valiosos, adquirem hoje uma importância maior do que em nenhuma época passada da História”.
   Numa bula de 11 de fevereiro de 1.950, o Papa Pio XII convidava a "colocar em primeiro lugar, entre as devoções marianas, o escapulário que está ao alcance de todos"; entendido como veste mariana, esse é de fato um ótimo símbolo da proteção da Mãe celeste, enquanto sacramental extrai o seu valor das orações da Igreja e da confiança e amor daqueles que o usam.
Oração.
   Flos Carmeli  Vitis Florigera  Splendor coeli  Virgo puerpera Singularis y singular Mater mitis  Sed viri nescia Carmelitis  Sto. Propitia  Stella maris.
Flor do Carmelo vinha florífera  esplendor do Céu Virgem fecunda, e singular Ó mãe terna! intacta de homem aos carmelitas proteja teu nome (dá privilégios) Estrela do mar.

Sobre o Escapulário e O que significa.
   O escapulário do Carmo é um sinal externo de devoção mariana, que consiste na consagração à Santíssima Virgem Maria pela inscrição na Ordem Carmelita, na esperança de sua proteção maternal.
      O distintivo externo desta inscrição ou consagração é o pequeno escapulário marrom.
O escapulário do Carmo é um sacramental, quer dizer, segundo o Concílio Vaticano II, "um sinal sagrado segundo o modelo dos sacramentos, por meio do qual se significam efeitos, principalmente espirituais, obtidos pela intercessão da Igreja". (S.C.60).
     Quem veste o escapulário deve procurar ter sempre presente a Santíssima Virgem e tratar de copiar suas virtudes, sua vida e atuar como Ela, Maria, atuou, segundo suas palavras:  Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo tua palavra.
      O escapulário do Carmo é um MEMORIAL de todas as virtudes de Maria.
O Papa Pio XII, disse em 11.2.1950.
       Reconheçam neste memorial da Virgem um espelho de humildade e castidade.
    Vejam, na forma simples de sua feitura, um compêndio de modéstia e candor. Vejam, principalmente, nesta peça que vestem dia e noite, significada, com simbolismo eloquente, a oração com a qual o auxílio divino.
    Reconheçam, por fim, nela sua consagração ao  Sacratíssimo Coração da Virgem Imaculada,  recentemente recomendada".
     Cada escapulário tem seus privilégios ou graças particulares, mas todos podem ser substituído pela medalha-escapulário (cfr. Decreto de 16-XII-1910). Seria falta de fé na autoridade suprema do Vigário de Cristo que confere a esta medalha o privilégio, crer que vales menos, para ganhar as promessas, levar a medalha que os pedaços de pano (ainda que em determinados casos, por outras razões externas de maior visibilidade, etc, pode ser preferível o escapulário de pano).
      A medalha-escapulário deve ter de um lado a imagem de Jesus com o Coração, e do outro uma imagem da Virgem sob qualquer invocação. Do mesmo modo que os escapulários, devem ser abençoadas por um sacerdote.

Valor da promessa do Escapulário
       É doutrina católica, repetida pelo Concílio Vaticano II: "O conjunto dos fiéis, porque tem a unção do Espírito Santo (cfr. 1 Jo. 2, 20-27) não pode errar quando acredita, e esta peculiar propriedade sua é manifestada pelo sentido sobrenatural de fé de todo o povo quando, desde os Bispos até os fiéis, presta seu consentimento universal no que se refere à fé e os costumes. Com este sentido de fé... e sob a guia do sagrado Magistério... adere-se infalivelmente a ela, com certeiro juízo a penetra mais profundamente e a aplica mais plenamente à vida" (L.G. 12).
     Esta precisa e esplêndida formulação conciliar não pode ser mais explícita. E é que a mesma prerrogativa de infalibilidade concedida por Jesus a seu Vigário mediante a assistência do Espírito Santo, tem precisamente como finalidade que o conjunto do Povo de Deus, sua Igreja e Corpo místico, não se equivoque, por exemplo, com uma devoção aceita por todos.
        Livre do Purgatório no primeiro sábado após a morte. (O Privilégio sabatino.)

O Escapulário do Carmo além da promessa de salvação para quem morrer com ele, leva também consigo o chamado privilégio sabatino.
      Segundo a tradição, à morte de Clemente V (1314), no conclave que durou dois anos e três meses, a Santíssima Virgem apareceu ao Cardeal  Jaime Duesa, muito devoto a ela, e anunciou-lhe que seria Papa com o nome de João XXII, e acrescentou: "Quero que anuncie aos Carmelitas e a seus Confrades: os que usarem o Escapulário, guardarem a castidade conforme seu estado, e rezarem o ofício divino, - ou os que não saibam ler se abstenham de comer carnes nas quartas-feiras e sábados -, se forem ao purgatório Eu farei que o quanto antes, especialmente no sábado seguinte à sua morte tenham suas almas levadas para o céu".
      Pio XII em sua citada Carta Magna do Escapulário do Carmo de 1950, ensina: "à verdade, não deixará a piedosíssima Mãe que seus filhos que expiam suas culpas no purgatório, não consigam o quanto antes a vida eterna por sua intervenção diante de Deus, em conformidade com o privilégio sabatino".
     O privilégio sabatino consiste em que a Santíssima Virgem tirará do purgatório o quanto antes, especialmente no sábado depois de sua morte, a quem tenha morrido com o Escapulário e durante sua vida tenha guardado castidade segundo seu estado e rezado todos os dias o ofício (que pode ser substituído pela Liturgia das Horas ou pela abstinência de carne nas quartas-feiras e sábados, ou um sacerdote com faculdade para isso, o pode comutar por outra obra piedosa, v.gr. a oração diária do Terço). Se uma pessoa peca contra a castidade ou deixa um dia de fazer a obra prescrita, poderá recuperar o privilégio ao confessar-se e cumprir a penitência (de maneira semelhantes a como se recuperam os méritos perdidos pelo pecado mortal,  o que parece quase excessiva generosidade de Deus, mas é doutrina católica).
      A certeza deste privilégio mais que histórica, como dizíamos do Escapulário, está fundada na potestade da Igreja que assim o põe e recomenda. Seria temerário e ofensivo para a  Igreja, cuja Cabeça é Cristo e sua alma vivificante o Espírito Santo, crer que comete um erro secular e universal em algo que pertence à doutrina e vida cristã.
"Eu, sua Mãe de Graça, descerei no sábado depois de sua morte e a quantos  encontrarei no Purgatório os libertarei e os levarei ao monte santo de vida eterna".

A Proteção maternal
      Em seu profundo simbolismo mariano, pelos grandes privilégios e pelo grande amor e privilegiada assistência, manifestada através dos séculos a Santíssima Virgem do Carmo a quem vestem devotamente seu escapulário, é o que tão prodigiosamente estendeu-se a todas as pares esta devoção de vestir o escapulário.
     Por seu rico simbolismo: ser filho de Maria, ver nele todas as virtudes de Maria, ser símbolo de nossa consagração filial à Mãe Amável. Por Morrer na graça de Deus, que o vista piedosamente. Porque sairá do Purgatório o quanto antes quem morrer devotamente com ele. Por chegar sua proteção a todos os momentos da vida, da morte e mais além". Na vida protejo; na morte ajudo, depois da morte salvo, com suas credenciais.
Pelos inúmeros prodígios que tem realizado.
Pelas relações com suas aparições mais recentes em Lourdes e Fátima.
Pelas muitas indulgências que desfrutam os que vestem este escapulário.

As Indulgências
         Estas são as indulgências plenárias e parciais para os que vestirem o escapulário.

A). Indulgências plenárias.
1. O dia que se impõe o escapulário e o que é inscrito na terceira Ordem ou Confraria.
2. Nestas festas:
a) Virgem do Carmo (16 de Julho ou quando se celebre);
b) São Simão Stock (16 de maio);
c) Santo Elias Profeta (20 de Julho);
d) Santa Teresa de Jesus (15 de Outubro),
e) Santa Teresa do Menino Jesus (1 de outubro);
f) São João da Cruz (14 de Dezembro);
g) Todos os Santos Carmelitas (14 de Novembro).
B). Indulgências Plenária no dia do Carmo. O dia do Carmo, 16 de Julho, ou na data em que exatamente se celebre, tem concebida uma indulgência plenária.
C). Indulgência parcial. ganha-se a indulgência parcial por usar piedosamente o santo escapulário. Pode-se ganhar não só por beijá-lo, mas também por qualquer outro ato de efeito e devoção.  E  não só ao escapulário, mas também à medalha-escapulário.

Recomendação Pontifícia.
     Desde o século XVI, que é quando se estende por toda a cristandade o uso do escapulário do Carmo, quase todos os Papas o vestiram a propagaram.
O Papa João Paulo II, que é terciário carmelita, recordou em diversas ocasiões que veste com devoção, desde criança, o escapulário do Carmo.
A Igreja, como reconhecimento e estímulo  das  mais importantes verdades e práticas cristãs, institui as festas litúrgicas (missa e ofício próprio, etc.).
Esse é o valor que tem a festa da Virgem do Carmo, em 16 de julho, estendida por Benedito XIII a toda a Igreja universal. Além disso, a Virgem do Carmo é venerada como Padroeira dos pescadores, marinheiros e toda a gente do mar, também a república do Chile sob sua invocação de Nossa Senhora do Carmo de Maipú.

Bênção e imposição.
   A Sagrada Penitenciária Apostólica de quem depende esta legislação disse que se recomenda o uso tradicional do escapulário enquanto a tamanho, matéria, cor, etc., que podem ser usados também outros.
      Qualquer sacerdote pode abençoar e impor o escapulário do Carmo aos fiéis em geral.
Para ficar inscrito na confraria organizada pela Terceira Ordem do Carmo, este sacerdote deve estar facultado pelo superior Geral dos Carmelitas. Os simples fiéis não podem abençoá-los nem impor.

Esta é a fórmula para abençoá-lo i impor o Escapulário:
V: Mostrai-nos Senhor, tua misericórdia -
R: E dá-nos tua salvação.
V: Escuta, Senhor, minha oração.
R: E chegue a ti meu clamor.
V: O Senhor esteja convosco.
R: Ele está no meio de nós.

OREMOS.
    Nosso Senhor Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, abençoa com tua desta a este hábito que, por teu amor e o de tua Mãe a Virgem Maria do Monte Carmelo, irá levar com devoção teu servo (ou serva), a fim de que pela intercessão de tua própria Mãe e defendido(a) do espírito maligno, persevere em tua graça até a morte: Que vives e reinas pelos séculos dos séculos.-
R: Assim seja.
        A continuação asperge-se o escapulário com água benta e depois o impõe na pessoa ou pessoas (a cada um separadamente) Dizendo a cada uma.
Receba este hábito bendito, suplicando à Santíssima Virgem que, por seus méritos, o leves sem mancha,  defenda contra todas as adversidades e te conduza à vida  eterna.
R: Que assim seja.
       E acrescenta: Eu, usando da potestade que me foi concedida, te recebo à participação de todos os bens espirituais que, pela misericórdia de Jesus Cristo, praticam os religiosos Carmelitas. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.-
R: Que assim seja
     Que te abençoe o Criador do céu e da terra, o Deus todo-poderoso, que dignou-se incorporá-lo à Confraria da Santíssima Virgem do monte Carmelo, a quem imploramos que na hora de sua morte abata a cabeça da serpente infernal e finalmente, consigas as palmas e a coroa da herança sempiterna. Por Jesus Cristo nosso Senhor.
R: Que assim seja.
         E asperge-se o novo confrade com água benta.
Quando são mais de uma pessoa a receber o santo escapulário, se diz no plural. Não deixe de exortar-lhes a que vistam dignamente o escapulário, tratando de imitar as virtudes de Maria.
      Em caso de necessidade, basta para abençoar o escapulário o sinal da cruz do sacerdote e as palavras.
"Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, Amém".

Tipos de escapulários

1. Escapulário café (Carmelita)
    A Virgem Maria aparece a São Simão Stock, no convento da cidade de Cambridge (Inglaterra) em 16 de julho de 1251.
São Simão, já cansado por sua avançada idade, e debilitado pela penitência, pedia a Deus pelas angústias e tribulações que sua ordem padecia constantemente. Suplicava à Virgem, que o socorresse com uma Graça especial. Ela, diante do chamado suplicante desse seu  filho apareceu rodeada de anjos, com o Escapulário nas mãos. Disse-lhe: " Recebe, meu filho, amadíssimo, esta prenda de meu  amor para convosco, este será um privilégio, para ti e para todos quantos o usem ; Quem morrer com ele, não irá ao fogo do inferno".
Na volta da espada há uma inscrição em latim que diz: ZELO ZELATUS SUM PRO DOMINO DEO EXERCITUUM, me abraço, me consumo de zelo pelo Senhor Deus dos Exércitos.

2. Escapulário verde.
     Quando na família há algum familiar ou amigo que se encontra longe da fé queremos fazer algo a respeito, Maria Mãe Santíssima nos deu uma forma de convertê-los quando Ela apareceu à Irmã Justina Bisqueyburu em 1840, levando "a vestidura da conversão - O escapulário verde." Ela disse: " Esta insígnia santa de meu imaculado Coração há de ser uma grande meio para a conversão das almas..."
Por um período de mais de seis anos, A Virgem  apareceu à Irmã Justina e respondeu  muitas perguntas com relação ao escapulário e a seu uso.
A Virgem Maria disse que o Escapulário Verde não necessita de nenhuma bênção especial, e não necessita de qualquer inscrição como o Escapulário Café. Pode ser abençoado por qualquer sacerdote. Se a pessoa que nós queremos que se beneficie deste escapulário não convém em levá-lo consigo, este pode ser colocado em qualquer lugar de seu quarto.

### Todos os dias deve dizer a seguinte oração: "Imaculado coração de Maria, rogai por nós agora e na hora de nossa morte, Amém. "
    Se a pessoa por quem se tem intenção no escapulário não vai dizer a oração, então aquele que o presenteia deve rezar no seu lugar, todos os dias.

A Virgem Maria disse: "As maiores graças são obtidas pelo uso do escapulário, mas estas graças vêm em proporção direta com o grau de confiança que o usuário tenha em mim".
Santa Brígida tinha tal confiança na Virgem Maria.
Por isto a Virgem lhe revelou: "Não há pecador no mundo, que embora se encontre em inimizade com Deus, não possa voltar a Deus e recuperar sua Graças se ele ou ela vem a mim pedir assistência."

Consagração à Santíssima Virgem do Carmo.
     O devoto da Virgem do Carmo procurará a cada dia, quando melhor conseguir, fazer esta consagração a sua Mãe:
"Ó, Maria, Rainha e Mãe do Carmelo! Venho hoje me consagrar a Ti, pois toda minha vida é como um pequeno tributo por tantas graças e benefícios como recebi de Deus através de tuas mãos.
      E porque Tu olhas com olhos de particular benevolência aos que vestem teu escapulário,  rogo-te que sustentes com tua fortaleza minha fragilidade, ilumines com tua sabedoria as trevas de minha parte e aumente em minha fé, a esperança e a caridade, para que cada dia possa prestar-lhe o tributo de minha humilde homenagem.
    Que o santo escapulário atraia sobre mim teus olhares misericordiosos, seja para mim prenda de tua particular proteção em lutas de cada dia e constantemente me lembre o dever de pensar em Ti e revestir-me de tuas virtudes.
De hoje em diante me esforçarei por viver em suave união com teu espírito, oferecer tudo a Jesus por tua intercessão e converter minha vida em imagem de tua humildade, caridade, paciência, mansidão e espírito de oração.
      Ó Mãe amabilíssima! Sustenta-me com teu amor indefectível, a fim de que a mim, pecador indigno e com os santos do Carmelo no reino de teu Filho".
Amém.




sábado, 12 de julho de 2014

A VERDADEIRA DEVOÇÃO A VIRGEM MARIA


   A verdadeira devoção a Virgem Maria, segundo São Luís Maria, tem práticas interiores e exteriores.
   São Luís Maria ensina que a devoção a Maria é feita de práticas interiores e exteriores no terceiro capítulo do “Tratado da Verdadeira Devoção à Virgem Maria”, São Luís Maria Grignion de Montfort fala, entre outras coisas, das práticas que fazem parte da consagração total a Nossa Senhora. Ele divide essas práticas em duas, que são as práticas interiores e as exteriores. Para compreendermos melhor essas práticas, trataremos delas separadamente, mas elas estão sempre intimamente ligadas.

    O que são essas práticas interiores e exteriores da devoção a Virgem Maria?
   Em primeiro lugar, falaremos das práticas interiores, que são as mais importantes. São Luís Maria as resume em oito práticas principais: 1) Honrar e amar a Virgem Maria, Mãe de Deus, acima de todos os outros santos, como obra-prima da graça e a primeira depois de Jesus Cristo; 2) Meditar as virtudes, privilégios e ações de Nossa Senhora; 3) Contemplar as suas grandezas; 4) Dirigir a ela, atos de amor, de louvor e de reconhecimento; 5) Invocá-la com todo o coração; 6) Oferecer-se e unir-se a ela; 7) Fazer tudo com o fim de lhe agradar; 8) “Começar, continuar e terminar todas as ações por Ela, n’Ela, com Ela e para Ela, a fim de as fazer por Jesus Cristo, em Jesus Cristo, com e para Jesus Cristo, nosso último fim” (TVD 115).
   Quanto às práticas exteriores, São Luís nos apresenta as principais: 1) Fazer parte das confrarias de Nossa Senhora e entrar nas suas congregações; 2) Entrar nas ordens religiosas instituídas em sua honra; 3) Publicar os louvores da Virgem Maria; 4) Dar esmolas, jejuar e fazer mortificações espirituais ou corporais em sua honra; 5) Trazer as suas insígnias como o Rosário, o Terço, o escapulário, a medalha milagrosa ou a cadeiazinha; 6) Rezar com modéstia, atenção e devoção o Rosário completo, o Terço, ou outras oração em honra de Maria; 7) Cantar e incentivar os cânticos espirituais em sua honra; 8) Dirigir a ela genuflexões ou inclinações, dizendo-lhe, por exemplo, sessenta ou cem vezes cada manhã: “Ave, Maria, Virgem Fiel!”, a fim de obter de Deus por meio d’Ela a fidelidade às graças de Deus durante o dia. Da mesma forma, pode-se dizer à noite: “Ave, Maria, Mãe de misericórdia!”, para pedir por Ela, perdão a Deus pelos pecados cometidos durante o dia; 9) Cuidar das suas confrarias, enfeitar os seus altares, coroar e embelezar as suas imagens; 10) Levar e incentivar as procissões com suas imagens, e trazer uma consigo, como arma poderosa contra o espírito maligno; 11) Mandar fazer e colocar imagens suas, ou o seu nome, nas igrejas, nas casas, nas portas e entradas das cidades, igrejas e residências; 12) “Consagrar-se a Ela duma maneira especial e solene” (TVD 116).
   Estas práticas exteriores, que não são obrigatórias, devem ser feitas com a boa e reta intenção de só agradar a Deus, de se unir a Jesus Cristo como a seu fim último, e de edificar o próximo. Além disso, São Luís Maria recomenda que essas práticas sejam feitas: “com atenção, sem distrações voluntárias; com devoção, sem precipitação nem negligência; com modéstia e compostura respeitosa e edificante do corpo” (TVD 117).
   São Luís Maria nos ensina que a verdadeira devoção a Santíssima Virgem exige da alma mais sacrifícios por Deus e a esvazia de si mesma e do seu amor próprio. Esta conserva a alma ainda mais fiel na graça e a graça nela. Ela também a une mais perfeitamente a Jesus Cristo, e é mais gloriosa para Deus, mais santificante para a alma e mais útil ao próximo (cf. TVD 118).




quinta-feira, 10 de julho de 2014

AS VERDADES FUNDAMENTAIS DA CONSAGRAÇÃO A MARIA


   São Luís Maria Grignion de Montfort, no segundo capítulo do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, nos fala das cinco verdades fundamentais da consagração total a Virgem Maria.
   Quais são as verdades fundamentais da consagração a Maria? A primeira verdade fundamental da verdadeira devoção a Virgem Maria é que Jesus Cristo é o fim último desta consagração total. Esta devoção nos une mais perfeitamente a Jesus. São Luís Maria chega a dizer que a consagração é “indispensável para encontrar perfeitamente Jesus Cristo, para amá-lo ternamente e servir com fidelidade” (TVD 62). O Santo de Montfort afirma que Maria está de tal modo transformada em Cristo, pela graça, que já não vive nem existe. Jesus é que vive e reina n’Ela, mais perfeitamente que em todos os anjos e bem-aventurados. Ela ama o Senhor, mais ardentemente e O glorifica mais perfeitamente que todas as outras criaturas juntas (cf. TVD 63).
   A segunda verdade fundamental desta devoção é que, pela consagração total a Virgem Maria, pertencemos inteiramente a Jesus Cristo, como Seus membros e escravos (cf. TVD 68), comprados pelo preço do Seu sangue (cf. 1 Cor 6, 19-20). Antes do Batismo, pertencíamos ao diabo como seus escravos, mas, ao receber este sacramento, tornamo-nos verdadeiros escravos de Jesus Cristo. Nossa vida pertence inteiramente a Ele (cf. Rm 7, 4), por isso, devemos glorifica-lo em nosso corpo (cf. Rm 12, 1) e Ele deve reinar em nossa alma. Na qualidade de escravos, pertencemos a Jesus por toda a vida (cf. TVD 69). Ele se fez escravo por nosso amor (Fl 2, 7), e da mesma forma, a Santíssima Virgem se fez serva e escrava do Senhor (cf. Lc 1, 38). Como cristãos, pertencemos mais perfeitamente a Jesus Cristo e à sua Santa Mãe através da escravidão voluntária.
   Segundo São Luís, a terceira verdade fundamental da consagração a Maria é que “as nossas melhores ações são ordinariamente manchadas e corrompidas pelo mau fundo que há em nós” (TVD 78). Por isso, devemos esvaziar-nos do que há de mal em nós. Mas, para isso, precisamos conhecer bem, pela luz do Espírito Santo, o nosso fundo mau, a nossa fraqueza, a nossa permanente inconstância, a nossa indignidade de toda a graça, a nossa iniquidade (cf. TVD 79). Tudo isso é consequência do pecado original. Além disso, os pecados que cometemos, mortais ou veniais, mesmo que tenham sido perdoados em confissão, aumentam em nós a concupiscência, a fraqueza, a inconstância e a corrupção, deixando maus vestígios na nossa alma (cf. TVD 79). Em vista disso, devemos morrer para nós mesmos e escolher a devoção que mais nos ajude. (cf. TVD 81-82).
    A quarta verdade fundamental é que precisamos de um mediador diante do único Mediador entre nós e Deus, que é Jesus Cristo. “Ele viu-nos indignos e incapazes, teve piedade de nós, e, para nos dar acesso às suas misericórdias, proporcionou-nos intercessores poderosos junto da sua grandeza” (TVD 83). Dentre esses intercessores, dizia São Bernardo que “Maria Santíssima é a pessoa mais capaz de desempenhar esta função caridosa” (TVD 86). Pois em questão de súplica, Maria é a onipotência suplicante.
     A quinta verdade fundamental desta devoção é que para nós é muito difícil conservar a Graça e os tesouros recebidos de Deus. Tal dificuldade está ligada às fraquezas e inconstâncias de nossa alma. Além disso, “os demônios, que são ladrões muito finos, querem apanhar-nos de improviso, para nos roubar e despojar” (TVD 88).
   Depois de conhecer as verdades fundamentais da consagração total a Virgem Maria, reconhecemos que esta devoção tem Jesus Cristo como fim último e que por esta nos fazemos escravos Dele e de sua Mãe. Precisamos dessa consagração por causa de nossas fraquezas e porque necessitamos de Maria como mediadora entre nós e Jesus Cristo. Esta devoção também nos ajuda a conservar os tesouros da graça que recebemos, mas facilmente perdemos por causa de nossas fraquezas ou porque são roubados pelo Inimigo.