São Luís Maria Grignion de Montfort, no segundo capítulo do
Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, nos fala das cinco verdades
fundamentais da consagração total a Virgem Maria.
Quais são as verdades fundamentais da consagração a Maria? A
primeira verdade fundamental da verdadeira devoção a Virgem Maria é que Jesus
Cristo é o fim último desta consagração total. Esta devoção nos une mais
perfeitamente a Jesus. São Luís Maria chega a dizer que a consagração é
“indispensável para encontrar perfeitamente Jesus Cristo, para amá-lo
ternamente e servir com fidelidade” (TVD 62). O Santo de Montfort afirma que
Maria está de tal modo transformada em Cristo, pela graça, que já não vive nem
existe. Jesus é que vive e reina n’Ela, mais perfeitamente que em todos os
anjos e bem-aventurados. Ela ama o Senhor, mais ardentemente e O glorifica mais
perfeitamente que todas as outras criaturas juntas (cf. TVD 63).
A segunda verdade fundamental desta devoção é que, pela
consagração total a Virgem Maria, pertencemos inteiramente a Jesus Cristo, como
Seus membros e escravos (cf. TVD 68), comprados pelo preço do Seu sangue (cf. 1
Cor 6, 19-20). Antes do Batismo, pertencíamos ao diabo como seus escravos, mas,
ao receber este sacramento, tornamo-nos verdadeiros escravos de Jesus Cristo.
Nossa vida pertence inteiramente a Ele (cf. Rm 7, 4), por isso, devemos
glorifica-lo em nosso corpo (cf. Rm 12, 1) e Ele deve reinar em nossa alma. Na
qualidade de escravos, pertencemos a Jesus por toda a vida (cf. TVD 69). Ele se
fez escravo por nosso amor (Fl 2, 7), e da mesma forma, a Santíssima Virgem se
fez serva e escrava do Senhor (cf. Lc 1, 38). Como cristãos, pertencemos mais
perfeitamente a Jesus Cristo e à sua Santa Mãe através da escravidão
voluntária.
Segundo São Luís, a terceira verdade fundamental da
consagração a Maria é que “as nossas melhores ações são ordinariamente
manchadas e corrompidas pelo mau fundo que há em nós” (TVD 78). Por isso,
devemos esvaziar-nos do que há de mal em nós. Mas, para isso, precisamos
conhecer bem, pela luz do Espírito Santo, o nosso fundo mau, a nossa fraqueza,
a nossa permanente inconstância, a nossa indignidade de toda a graça, a nossa
iniquidade (cf. TVD 79). Tudo isso é consequência do pecado original. Além
disso, os pecados que cometemos, mortais ou veniais, mesmo que tenham sido
perdoados em confissão, aumentam em nós a concupiscência, a fraqueza, a
inconstância e a corrupção, deixando maus vestígios na nossa alma (cf. TVD 79).
Em vista disso, devemos morrer para nós mesmos e escolher a devoção que mais
nos ajude. (cf. TVD 81-82).
A quarta verdade fundamental é que precisamos de um mediador
diante do único Mediador entre nós e Deus, que é Jesus Cristo. “Ele viu-nos
indignos e incapazes, teve piedade de nós, e, para nos dar acesso às suas
misericórdias, proporcionou-nos intercessores poderosos junto da sua grandeza”
(TVD 83). Dentre esses intercessores, dizia São Bernardo que “Maria Santíssima
é a pessoa mais capaz de desempenhar esta função caridosa” (TVD 86). Pois em
questão de súplica, Maria é a onipotência suplicante.
A quinta verdade fundamental desta devoção é que para nós é
muito difícil conservar a Graça e os tesouros recebidos de Deus. Tal
dificuldade está ligada às fraquezas e inconstâncias de nossa alma. Além disso,
“os demônios, que são ladrões muito finos, querem apanhar-nos de improviso,
para nos roubar e despojar” (TVD 88).
Depois de conhecer as verdades fundamentais da consagração
total a Virgem Maria, reconhecemos que esta devoção tem Jesus Cristo como fim
último e que por esta nos fazemos escravos Dele e de sua Mãe. Precisamos dessa
consagração por causa de nossas fraquezas e porque necessitamos de Maria como
mediadora entre nós e Jesus Cristo. Esta devoção também nos ajuda a conservar
os tesouros da graça que recebemos, mas facilmente perdemos por causa de nossas
fraquezas ou porque são roubados pelo Inimigo.
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