sábado, 26 de abril de 2014

NOSSA SENHORA DO BOM CONSELHO


   Na igreja da Madonna del Buon Consiglio, na pequena e bela cidade de Genazzano, encontra-se um afresco de mais de sete séculos de existência. Até hoje se desconhece onde e por quem foi pintado. Terá sido seu autor um anjo? Será originário do Paraíso? São perguntas ousadas. Compreende-se que elas surjam, quando se conhece a história dos efeitos produzidos por essa piedosíssima imagem, ao longo dos tempos.
    O afresco causa a impressão de ter sido pintado há poucos dias, mesmo se observado de perto. Porém, está há 535 anos junto à parede de uma capela lateral da igreja. Mais ainda: segundo atestam os documentos, tem-se mantido suspenso no ar durante todo esse tempo! Foi ele transladado de Scútari, Albânia, a Genazzano por ação angélica.
   Assim descreve esses sobrenaturais acontecimentos um dos maiores entendidos na matéria: "Trazida por mãos angélicas, encontrou-se (a imagem) suspensa ali na rústica parede da nova igreja, e com três novos singularíssimos prodígios então acontecidos. (...) A celeste pintura estava sustentada por virtude divina a um dedo da parece, suspensa sem nala fixar-se; e este é um milagre tanto mais estupendo se considerarmos que a referida imagem está pintada com cores vivas em fina camada de reboco, com a qual se destacou por si mesma da igreja de Scútari, na Albânia; como ainda pelo fato, comprovado mediante experiência e observações feitas, de que, ao tocar-se na Santa Imagem, esta cede" (Frei Angelo Maria De Orgio, Istoriche de Maria Santissima del Buon Consiglio, nela Chiesa de'Padri Agostoniani di Genazzano, 1748, Roma, p. 20).
   No séc. XIX, renomado estudioso desse celestial fenômeno observou: "Todas essas maravilhas (da Santa Imagem) se resumem, enfim, no prodígio contínuo que consiste em encontrarmos hoje esta imagem no mesmo lugar e do mesmo modo como ela aí foi deixada pela nuvem no dia de sua aparição, na presença de todo um povo que teve então a felicidade de vê-la pela primeira vez. Ela pousou a uma pequena altura do chão, a uma distância de aproximadamente um dedo da parede nova e rústica da capela de São Brás, e ali ficou, suspensa sem nenhum suporte" (Raffaele Buonanno, Memorie Storiche della Immagine de Maria, SS. Del Buon Consiglio Che si venera in Genezzano, Tipografia dell'Immacolata, Napoles, 20 ed., 1880, p. 44).
    Na festa do batismo de Santo Agostinho e de São Marcos, padroeiro de Genazzano, em 25 de abril de 1467, por volta das quatro horas da tarde, uma celestial melodia começa a se fazer ouvir pelos mais variados recantos da cidade. Um grande número de pessoas, reunidas na praça do mercado, se põem a indagar maravilhadas de onde vem os sublimes e arrebatadores acordes. Eis que uma divina surpresa se passa ante os olhos de todos: em meio a raios de luz, uma pequena nuvem branca desce até uma parede da já mencionada igreja, cujos sinos começam a bimbalhar fortemente e por si só. Prodígio ainda maior: em uníssono, a totalidade dos sinos da cidade tocam com energia.
    Ao desfazerem-se lentamente os raios de luz e a nuvem, o belíssimo afresco que até hoje ali se encontra pôde ser contemplado pelo povo, e desde esse dia não cessou de derramar copiosas graças sensíveis, fazendo jus à preciosa invocação de Mãe do Bom Conselho.
   A notícia de tão extraordinário acontecimento se espalhou por toda a Itália, como um corisco. Dois dias mais tarde, inicia-se uma verdadeira avalanche de milagres: um possesso se livra dos demônios, um paralítico caminha com naturalidade, uma cega recupera as vistas, um jovem empregado recém-falecido ressuscita... Nos cento e dez primeiros dias, Maria do Bom Conselho distribui cento e sessenta e um milagres aos seus fiéis devotos. Peregrinos de todo o país se movem para receber os benefícios da Mãe de Deus.
    Diante do santo afresco, uma constante se verifica: a nenhum dos pedidos que lhe são dirigidos deixa Ela de atender de alguma forma. Nas dúvidas, nas perplexidades ou mesmo nas provações, depois de um certo tempo de oração - maior ou menor, dependendo de cada caso - Maria Santíssima faz sentir no fundo da alma em dificuldade seu sapiencial e maternal conselho, acompanhado de mudanças de fisionomia e de coloração da pintura. É indescritível esse especialíssimo fenômeno.
    Detenhamo-nos um pouco na contemplação desta maravilhosa pintura.
Ela representa a Santíssima Virgem com inefável afeto materno, amparando em seus braços o Menino Jesus, ambos encimados por um singelo arco-íris. As cores são suaves, e finos os traços dos admiráveis semblantes.
    O Menino Jesus transmite a candura de uma criança e a sabedoria de quem analisa toda a obra da criação e é o Senhor do passado, do presente e do futuro. Com indizível carinho, o Divino Infante pressiona levemente sua face contra a de sua Mãe. Há entre eles uma atraente intimidade, e a união de almas bem se vê refletida na troca de olhares. Nossa Senhora, em altíssimo ato de adoração, parece estar procurando adivinhar o que se passa no interior do Filho. Ao mesmo tempo, Ela considera o fiel aflito ajoelhado a seus pés, e de algum modo o faz partícipe do celestial convívio que contemplamos neste quadro. Não será preciso dizer, basta o devoto necessitado acercar-se d'Ela para sentir operar-se em sua alma uma ação balsâmica.

Milagres de Nossa Senhora do Bom Conselho
   Virgem do afresco aparece em sonhos a dois dos valentes soldados de Scanderbeg, chamados Georgis e De Sclavis, ordenando-lhes que A seguissem em uma longa viagem. Ela lhes inspirava uma grande confiança, e estar ajoelhados a seus pés era para eles motivo de grande consolação.
    Certa manhã, lá estando ambos em fervorosa oração, vêem o maior milagre de suas vidas: o maravilhoso afresco se desprende da parede e, conduzido por anjos, envolto em alva e luminosa nuvem, suavemente vai se retirando do recinto. Bem podemos imaginar a reação dos bons homens! Atônitos, acompanham Nossa Senhora que avança pelos céus de Scútari. Quando se dão conta, estão às margens do Mar Adriático. Haviam percorrido trinta quilômetros sem senti sobre o Mar Adriatico. Georgis e De Sclavis caminham sobre o Mar Adriático, guiados pela própria "Estrela do Mar" cansaço! Sempre envolta na alva nuvem, a milagrosa imagem avança mar adentro.
  Perplexos, Georgis e De Sclavis não querem deixá-la por nada. Verificam, então, estupefatos e eufóricos, que sob seus pés as águas se transformam em sólidos diamantes, voltando ao estado líquido após sua passagem. Que milagre! Tal como São Pedr o sobre o lago de Genezaré, estes dois homens caminham sobre o Mar Adriático, guiados pela própria "Estrela do Mar".
   Sem saber dizer durante quanto tempo andaram, nem quantos quilômetros deixaram para trás, os bons devotos vêem novas praias. Estavam na Península Itálica! E por sinal... onde está a Santa Maria de Scútari? Olham para um lado... olham para outro. Escutam falar outro idioma, sentem um ambiente tão diferente da sua Albânia... Mas já não veem a Senhora da luminosa nuvem. Desaparecera... Que provação! Começam então, uma busca infatigável. Onde estará Ela?
   Nessa mesma época, na pequena cidade de Genazzano, não longe de Roma, vivia uma piedosa viúva chamada Petruccia de Nocera, já octogenária. Senhora de muita retidão e sólida vida interior, digna terciária da ordem agostiniana, sua herança lhe bastava apenas para viver modicamente.
   Era Petruccia muito devota da Mãe do Bom Conselho, venerada numa velha igreja de Genazzano. Esta piedosa senhora recebeu do Espírito Santo a seguinte revelação: "Maria Santíssima, em sua imagem de Scútari, deseja sair da Albânia". Muito surpresa com essa comunicação sobrenatural, Petruccia assombrou-se mais ainda ao receber da própria Santíssima Virgem expressa ordem de edificar o templo que deveria acolher o seu afresco, bem como a promessa de ser socorrida em tempo oportuno.
   Começou, então, Petruccia, a reconstrução da pequena igreja. Empregou todos os seus recursos... os quais acabaram quando as paredes tinham apenas um metro de altura. E ela tornou-se alvo das zombarias e sarcasmos dos céticos habitantes da pequena cidade, que chamavam -na de louca, visionária, imprudente e antiquada. Passou confiante por esta provação, tal como Noé, de quem todos mofavam enquanto ele construía a arca.
   Era o dia 25 de abril de 1467, festa de São Marcos, padroeiro de Genazzano, às duas horas da tarde, Petruccia se dirige à igreja, passando pela movimentada feira na qual os vendedores ofereciam desde tecidos trazidos de Gênova e Veneza até um elixir da eterna juventude ou um "poderosíssimo" licor contra qualquer tipo de febre.
   Em meio a este burburinho, o povo ouve uma melodia de rara beleza, vinda do céu. Faz-se silêncio e todos notam que aquela música provinha de uma nuvenzinha branca, tão luminosa que ofuscava os raios do próprio sol. Ela desce gradativamente e se dirige para a parede inacabada de uma capela lateral. A multidão acorre estupefata, enche o pequeno recinto e vê a nuvem desfazer-se.
   O afresco de Nossa Senhora do Bom Conselho é trazida por anjos, ali estava - suspenso no ar, sem nenhum suporte visível - o sagrado afresco, a Senhora do Bom Conselho! "Um milagre! Um milagre!" - gritam todos. Que alegria para Petruccia, quanto consolo para Georgis e De Sclavis quando lá puderam chegar!... Estava confirmado o superior desígnio da construção iniciada. Teve início, assim, em Genazzano um longo e ininterrupto desfilar de milagres e graças que Nossa Senhora ali dispensa.
   O Papa Paulo II, tão logo soube do que havia sucedido, enviou dois prelados de confiança para averiguar o que se passara. Estes constataram a veracidade do que se dizia e testemunharam, diariamente, inúmeras curas, conversões, e prodígios realizados pela Mãe do Bom Conselho. Nos primeiros 110 dias após a chegada de Nossa Senhora, registraram-se 161 milagres.

Fonte: Revista Arautos do Evangelho, Abril/2002, n. 4, p. 24-25 e Abril/2004, n. 28, p. 16 a 18)
http://www.arautos.org/especial/14783/A-maravilhosa-historia-da-Mae-do-Bom-Conselho.html



quarta-feira, 23 de abril de 2014

SÉTIMA DOR DE MARIA – O SEPULTAMENTO DE JESUS.


   *Nessa dor de Maria se realiza a consumação de todas as violências abomináveis contra Jesus, as quais Nossa Senhora experimentou em sua alma, sem poder aliviar ou evitar todo esse sofrimento no caminho do calvário e na pregação da cruz, tão pouco não pode evitar em si mesma tais sofrimento. Mais o sepultamento parece ser uma das dores mais terrível, pois esta, Maria já não sofre em comunhão com Jesus, pois neste momento Ele está morto, ela sofre sozinha, na solidão e no desconsolo de uma perda que, aos olhos humanos parece uma perda definitiva para a morte. Todavia sabemos que Maria, assim como os discípulos deve ter ouvido de Jesus a cerca da ressurreição, mas mesmo sabendo dessa realidade possível, isso não evitava o sofrimento que ela suportou com valentia e fé. Mesmo a Cruz de Nosso Senhor, nos dias de hoje, ser para nós cristãos um  consolo, um caminho de fé, para Maria, naquele momento, ao invés de ser um lenitivo para ela, era a causa de Sua dor. Deus deu a Maria, Sua filha diletíssima, tudo o que havia de melhor!
    No entanto, em determinadas etapas de sua vida, Deus permitiu a Ela receber sofrimentos. Como ocorreu na Paixão, quando passou por um tremendo tormento. Sofreu muito mais do que se fosse Ela própria crucificada, pois a dor que sentiria na sua crucifixão não seria nada perto do que Ela sentiu vendo o seu próprio Filho sendo torturado até a crucificação.
   **A piedade católica celebra as dores de Nossa Senhora com os mais diversos nomes: Nossa Senhora das Dores (também chamada Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora da Soledade, Nossa Senhora das Angústias, Nossa Senhora das Lágrimas, Nossa Senhora das Sete Dores, Nossa Senhora do Calvário, Nossa Senhora do Monte Calvário ou ainda Nossa Senhora do Pranto, e invocada em latim como Beata Maria Virgo Perdolens, ou Mater Dolorosa), sendo sob essa designação particularmente cultuada em Portugal.

   E por que sete dores? De muitas formas sofreu Maria Santíssima durante a sua vida terrena, porém sete delas são especialmente objeto da devoção dos fiéis. São episódios tirados dos Santos Evangelhos e que formam o caminho de dores da Filha amorosa de Deus Pai, sofrendo em sua alma padecimentos semelhantes aos da Paixão de seu Divino Filho.
   O culto à Mater Dolorosa iniciou-se em 1221, no Mosteiro de Schönau, na Germânia. Em 1239, a sua veneração no dia 15 de Setembro teve início em Florença, na Itália, pela Ordem dos Servos de Maria (Ordem Servita). Deve o seu nome às Sete Dores da Virgem Maria:
1-A profecia de Simeão sobre Jesus (Lucas, 2, 34-35)
2-A fuga da Sagrada Família para o Egito (Mateus, 2, 13-21);
3-O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lucas, 2, 41-51);
4-O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário (Lucas, 23, 27-31);
5-Maria observando o sofrimento e morte de Jesus na Cruz - Stabat Mater (João, 19, 25-27);
6-Maria recebe o corpo do filho tirado da Cruz (Mateus, 27, 55-61);
7-Maria observa o corpo do filho a ser depositado no Santo Sepulcro (Lucas, 23, 55-56).
   ***Nossa Senhora das Dores surge representada sendo ferida por sete espadas no seu coração imaculado (algumas vezes uma só espada), dado ter sido trespassada por uma espada de dor, quando da Paixão e Morte de seu Filho, unindo-se ao seu sacrifício enquanto redentor e sendo por isso chamada pelos teólogos de Corredentora do Gênero Humano. É também seu símbolo o Rosário das Lágrimas (ou Terço das Lágrimas), com 49 contas brancas divididas em sete partes de sete contas cada. Aparece também frequentemente representada com uma expressão dolorida diante da Cruz, contemplando o filho morto (donde nasceu o hino medieval Stabat Mater), ou então segurando Jesus morto nos braços, após o seu descimento da Cruz (dando assim origem à temática das Pietà).
    Nossa Senhora foi concebida sem pecado original, portanto seria lógico que Ela não sofresse. Tanto é assim que Adão e Eva, antes do pecado original, não sofriam. Então como explicar as dores de Maria? Depois de muitas discussões teológicas, os teólogos chegaram à conclusão de que Ela não foi concebida em função da graça da Criação, mas em função da graça da Redenção, por isso foi possível a Ela sofrer.
    Sabendo que Ela seria Mãe de um Deus-Homem que iria sofrer na Cruz, no momento que Ela respondeu ao Anjo Gabriel: “Faça-se em mim segundo a vossa palavra!” Ela estava se dispondo a sofrer toda a Paixão que o Filho sofreria. Nesse momento Ela assumiu as dores do próprio Filho.
    Quando o profeta Simeão declarou que Ela teria seu coração atravessado por uma espada de dor, quando houve necessidade de fugir para o Egito – com todos os incômodos da viagem; e no momento em que Ela se deparou com a perda do Menino Jesus Ela sofre verdadeiramente uma enormidade.
    Mais ainda, ela sofre na vida pública de Nosso Senhor, com todas as calúnias, com todas as discussões com os fariseus e com todos os ódios que Ela percebia que ia se levantando contra o seu Filho. Como Mãe, ela sabia e intuía perfeitamente o momento da Paixão. E Ela sofreu a Paixão inteira de Nosso Senhor de uma forma mística. De que forma isso se deu? Nós não sabemos, porque não tivemos esta experiência. Qualquer ideia que façamos do sofrimento de Nossa Senhora na Paixão ficará muito aquém da realidade. Um sofrimento que em nada se assemelha ao nosso, Piedade – Catedral de Salamanca. Julgue, pois foi algo muito elevado, sublime e sobrenatural, portanto de altíssimo grau. Como já foi dito, Maria é Corredentora do gênero humano. Assim como na origem da nossa decadência está um homem e uma mulher, na origem da nossa Salvação está um Homem-Deus e uma Mulher.        Deus quis unir os sofrimentos d’Ela aos de Nosso Senhor para que esta Redenção se tornasse, simbolicamente, mais harmônica e mais completa. De maneira que temos na festa da Exaltação da Cruz e na memória da Virgem Dolorosa a união do sofrimento divino de Nosso Senhor com os sofrimentos indizíveis de Maria.
   Então, qual a amplitude da compreensão mística de Nossa Senhora diante dos padecimentos de Seu Divino Filho? Só para dar um exemplo, quando Ela ouve aquele misterioso clamor:
- Senhor, Senhor! Por que me abandonastes?

*Reflexão feita por Maria Marta.




terça-feira, 22 de abril de 2014

SEXTA DOR DE MARIA – A LANÇA ABRE O LADO DE JESUS E ELE É DESCIDO DA CRUZ.


   *Essa dor de Maria é um prolongamento das duas dores anteriores: a de ver o seu Filho sendo flagelado, julgado, condenado injustamente e posteriormente, morto na cruz. Depois de tudo isso, ela ver o corpo de Jesus sendo violado por uma lança. Na morte não lhe prestaram nenhum respeito, não tiveram consideração pela dor de seus familiares e amigos, nem tão pouco se sensibilizaram com a dor da mãe, que estava ali sendo testemunha, de quanta maldade são capazes os algozes de Jesus. Podemos dizer que se realizou em Maria além do prolongamento de dores, houve um acumulo eficaz de sofrimentos em sua alma.
São João nos diz em seu evangelho, no capítulo 19, versículo 31 seguintes, que ao desferir o golpe de lança em Jesus, saiu sangue e água. Isso foi realizado pelo soldado romano ao perceber que Jesus estava morto e que não era necessário quebrar-lhes as pernas como era o costume deles para os condenados a morte, para que esta fosse acelerada, e porque não dizer – abreviar a tortura? Isto era realizado para que, faltando o apoio das pernas sobrevinha à asfixia, outro sofrimento antes de morrer. Então o soldado ao desferir o golpe, queria certificar-se que não houvesse chance para Jesus sobreviver.
   **E Maria presenciando tudo isso? Como mensurar tanto sofrimento? Não há como! De muitas formas sofreu Maria Santíssima durante a sua vida terrena, porém sete dores são especialmente objeto da devoção dos fiéis. São episódios tirados dos Santos Evangelhos e que formam o caminho de dores da Filha amorosa de Deus Pai, sofrendo em sua alma padecimentos semelhantes aos da Paixão de seu Divino Filho. Os episódios narrados no Evangelho são:
1) A Apresentação de Jesus no Templo e a profecia de Simeão;
2) A fuga para o Egito;
3) A perda do Menino Jesus no Templo;
4) O encontro com Jesus no caminho do Calvário;
5) O momento em que se encontrou de pé junto à Cruz de Jesus;
6) Quando teve o corpo de Jesus morto em seus braços;
7) O sepultamento de Jesus.
   A Cruz de Nosso Senhor, ao invés de ser um lenitivo para Nossa Senhora, era a causa de Sua dor. Deus deu a Maria, Sua filha diletíssima, tudo o que havia de melhor! No entanto, em determinadas etapas de sua vida, para Ela o melhor era sofrer. Como ocorreu na Paixão, quando passou por um tremendo tormento. Sofreu muito mais do que se fosse Ela própria crucificada, pois a dor que sentiria na sua crucifixão não seria nada perto do que Ela sentiu vendo o seu próprio Filho crucificado.
   A propósito, Santo Afonso Maria de Ligório afirma que todos aqueles que passam por tormentos, recebem alguma forma de consolo. Porém nenhum consolo foi dado a Nossa Senhora.
   Nossa Senhora não podia pensar em mitigar suas dores, porque a sua dor consistia na dor de Nosso Senhor. Aquilo que é para toda e qualquer pessoa um lenitivo, para Ela não o era, porque pensando nas dores de Nosso Senhor, Ela ainda sofria mais. A causa do sofrimento de Nossa Senhora era, justamente, as dores de Nosso Senhor. Ela sofreu em Si as dores que estavam sendo atribuídas a Nosso Senhor na flagelação, coração de espinhos, carregamento da Cruz, Crucifixão e tudo o mais.

Oração
   Deus vos salve Virgem Dolorosa, que junto à Cruz compartilhastes o sofrimento de vosso Divino Filho! Ali Jesus nos entregou como vossos verdadeiros filhos. Queremos sentir que sois Nossa Mãe em todos os momentos, mas especialmente quando nos visita o sofrimento. Temos certeza que ao vosso lado tudo será mais fácil e suportável. Santíssima Virgem das Dores, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.

*Reflexão feita por Maria Marta, tendo com guia a Bíblia de Jerusalém.




segunda-feira, 21 de abril de 2014

QUINTA DOR DE MARIA – JESUS MORRE NA CRUZ


   *Essa dor de Maria é o ápice das suas dores e a consequência do julgamento injusto sofrido por Jesus. Antes Maria sofreu muito vendo seu Filho sendo torturado, humilhado e desprezado. Mas a coroação de um grau maior de dores, se é que poderemos dizer tal coisa. De qualquer jeito, a dor de ver que Jesus morre na cruz deve ter sido para Maria uma dor terrível, que ação alguma naquele momento poderia aliviar.
   O que Jesus sofreu antes da morte, tornou-se o sofrimento de sua Mãe, mas a morte tornou-se, por assim dizer um alívio de tanta tortura e humilhações, mas para Maria tornou-se a sua mais aguda dor. Pois ela experimentava a dor de perder seu Filho para a morte.
   Estava a Mãe dolorosa junto à Cruz, lacrimosa, da qual pendia o seu Filho. Banhada em pranto amoroso, e neste transe doloroso, a dor lhe rasgava o peito. Estava triste e sofria porque ela mesma via as dores do Filho amado. O que pode mensurar tão grande sofrimento? Nada desse mundo serve de comparação às dores que Maria sofreu junto a Jesus. Por essa razão é que nós cristãos católicos chamamos Maria de Nossa Senhora das Dores.
   **Por isso nos parece importante salientar que, no século XIV, na Igreja de Santa Maria Maggiore, Santa Brígida da Suécia teve uma revelação particular no sentido de que Jesus carrega a Cruz às costas – Igreja de San Ginés, Madri, e falou que todos aqueles que tivessem devoção às dores de Nossa Senhora teriam, na hora da morte, uma contrição perfeita de seus pecados e uma proteção especial no passamento desta vida para a eternidade.
   Em 1814, o Papa Pio VII introduziu a festa de Nossa Senhora das Dores oficialmente na liturgia e no calendário romano. Mais tarde a Igreja passou a celebrá-la como memória da Virgem Maria Dolorosa.
   A Cruz de Nosso Senhor, ao invés de ser um lenitivo para Nossa Senhora, era a causa de Sua dor. Deus deu a Maria, Sua filha diletíssima, tudo o que havia de melhor! No entanto, em determinadas etapas de sua vida, para Ela o melhor era sofrer. Como ocorreu na Paixão, quando passou por um tremendo tormento. Sofreu muito mais do se fosse Ela própria crucificada, pois a dor que sentiria na sua crucifixão não seria nada perto do que Ela sentiu vendo o seu próprio Filho crucificado.
   A propósito, Santo Afonso Maria de Ligório afirma que todos aqueles que passam por tormentos, recebem alguma forma de consolo. Porém nenhum consolo foi dado a Nossa Senhora.
   Nossa Senhora não podia pensar em mitigar suas dores, porque a sua dor consistia na dor de Nosso Senhor. Aquilo que é para toda e qualquer pessoa um lenitivo, para Ela não o era, porque pensando nas dores de Nosso Senhor, Ela ainda sofria mais. A causa do sofrimento de Nossa Senhora era, justamente, as dores de Nosso Senhor. Ela sofreu em Si as dores que estavam sendo atribuídas a Nosso Senhor na flagelação, coração de espinhos, carregamento da Cruz, Crucifixão e tudo o mais.
   Digníssima Mãe de Deus, que estando em pé junto à Cruz de Jesus, Vosso Filho Unigênito, o vistes sofrer, agonizar e morrer, ficando só e desamparada, sem mais alívio que amarguras, e sem outra companhia que os tormentos.
    Minha alma deseja participar, ó dolorosa Virgem, das vossas dores e aflições, para que me as acompanhe toda vida no justo sentimento da morte de Vosso querido Filho.
Permiti-me, ó solitária Senhora, que a assista em tão amarga solidão, sentindo o que sentis e chorando o que chorais.
    Infundi em meu peito, ó mãe do verdadeiro Amor, uma ardente caridade para amar a vosso Divino Filho, que por amor de mim morreu crucificado; e concede-me o favor que lhe peço nesta oração, para a glória de Deus, honra Vossa e proveito de minha alma. Amém.

* Reflexão feita por Maria Marta.


domingo, 20 de abril de 2014

QUARTA DOR DE MARIA


   *A quarta dor de Nossa Senhora é extremamente dolorosa, pois é o encontro de Maria com o seu Filho no caminho do Calvário. É o encontro de dores imensas – as de Jesus que vem sendo torturado, zombado, desprezado, sendo vítima da maldade, do julgamento e da inveja dos poderosos do Templo, do povo que se deixava manipular e principalmente do poder romano. E a dor de Maria que via seu Filho sofrendo todas essas injustiças porque só havia praticado o bem, e a dor de não poder aliviar tal sofrimento, nem tão pouco podia evitar a morte cruenta de cruz, a qual Ele estava sendo conduzido pelos seus carrascos. Era uma dor sem consolo e aos olhos humanos, faltam todos os motivos para a esperança! Todavia, existe no coração dessa mulher a reserva de uma fé inabalável no poder e na pessoa de Deus, pois ela sabia que Jesus Cristo, o Seu Filho era Filho de Deus. Entretanto, mesmo com essa fé inabalável, nada desse mundo serve para aliviar seu sofrimento, nem tão pouco serve de comparação às dores que Maria sofreu junto a Jesus. Portanto, é apropriado chama-la de Nossa Senhora das Dores, pois na sua missão de Mãe de Jesus ela sofreu muitas dores.
   Não se sabe ao certo quando a devoção a Nossa Senhora das Dores surgiu. Alguns historiados remontam ao século XIII, na Alemanha, outros acreditam que seja bem mais antiga. Seja como for, sabe-se que ela está ligada ao encontro de Nossa Senhora com Nosso Senhor no caminho do Calvário.
   **Nossa Senhora das Dores (também é chamada de Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora da Soledade, Nossa Senhora das Angústias, Nossa Senhora das Lágrimas, Nossa Senhora das Sete Dores, Nossa Senhora do Calvário, Nossa Senhora do Monte Calvário ou ainda Nossa Senhora do Pranto, e invocada em latim como Beata Maria Virgo Perdolens, ou Mater Dolorosa), sendo sob essa designação particularmente cultuada em Portugal.
   O culto à Mater Dolorosa iniciou-se em 1221, no Mosteiro de Schönau, na Germânia. Em 1239, a sua veneração no dia 15 de Setembro teve início em Florença, na Itália, pela Ordem dos Servos de Maria (Ordem Servita). Deve-se o seu nome às Sete Dores da Virgem Maria:
1-A profecia de Simeão sobre Jesus (Lucas, 2, 34-35);
2-A fuga da Sagrada Família para o Egito (Mateus, 2, 13-21);
3-O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lucas, 2, 41-51);
4-O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário (Lucas, 23, 27-31);
5-Maria observando o sofrimento e morte de Jesus na Cruz - Stabat Mater (João, 19, 25-27);
6-Maria recebe o corpo do filho tirado da Cruz (Mateus, 27, 55-61);
7-Maria observa o corpo do filho a ser depositado no Santo Sepulcro (Lucas, 23, 55-56).
   Nossa Senhora das Dores surge representada sendo ferida por sete espadas no seu coração imaculado (algumas vezes uma só espada), dado ter sido trespassada por uma espada de dor, quando da Paixão e Morte de seu Filho, unindo-se ao seu sacrifício enquanto redentor e sendo por isso chamada pelos teólogos de Corredentora do Gênero Humano. É também seu símbolo o Rosário das Lágrimas (ou Terço das Lágrimas), com 49 contas brancas divididas em sete partes de sete contas cada. Aparece também frequentemente representada com uma expressão dolorida diante da Cruz, contemplando o filho morto (donde nasceu o hino medieval Stabat Mater), ou então segurando Jesus morto nos braços, após o seu descimento da Cruz (dando assim origem à temática das Pietà).

*Meditação feita por Maria Marta tendo como guia a Bíblia de Jerusalém


sábado, 19 de abril de 2014

A TERCEIRA DOR DE MARIA


   *O episódio que narra à perda do menino Jesus se constitui para Maria como a terceira dor que ela sofreu. O Evangelho de São Lucas no capítulo 2, do versículo 41 em diante nos revela que José e Maria iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Numa dessas viagens, quando Jesus estava com doze anos, após as festividades, eles voltavam para casa e Jesus ficou em Jerusalém sem que José e Maria percebessem, pois acreditavam que Ele estivesse na caravana com os parentes e conhecidos. Não estava! Por essa razão, foi preciso voltar a Jerusalém, e só foi encontrado três dias depois no Templo, onde Ele escutava, e interrogava sobre Pai.
   A dor, aflição e a preocupação de Maria se evidenciam para nós nestas palavras: “meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos”.
    Qual terão sido os pensamentos e os sentimentos de Maria em relação à perda de seu filho? Qual o grau de sofrimento terá suportado, sabendo que sob a sua responsabilidade estava o Filho de Deus que ela não conseguia encontrar no espaço de três dias? Foi uma terrível prova que teve alívio, nem consolo durante este período. Deve ter parecido um tempo sem fim de profunda angústia, medo e aflição de não o encontrar jamais.
    **Nada desse mundo serve de comparação às dores que Maria sofreu junto a Jesus. Nenhuma criatura viveu com tanto amor essas dores. Em razão desses sofrimentos é que Maria é venerada com o título de Nossa Senhora das Dores. Não se sabe ao certo quando a devoção a Nossa Senhora das Dores surgiu. Alguns historiados remontam ao século XIII, na Alemanha, outros acreditam que seja bem mais antiga. Seja como for, sabe-se que ela está ligada ao encontro de Nossa Senhora com Nosso Senhor no caminho do Calvário.
   A piedade católica celebra as dores de Nossa Senhora com os mais diversos nomes: Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora das Angústias, Nossa Senhora da Soledade, Nossa Senhora das Lágrimas… A festa também está ligada a uma tradição que vem do século XV. Foi instituída, em Colônia, pelo Arcebispo, Thierry de Meaux, que quis reparar os ultrajes feitos pelos hereges hussitas contra as imagens de Nossa Senhora. Mais tarde, no século XVIII, o Papa Bento XIII decretou que fosse inscrita no catálogo das festas litúrgicas, com o título de Festa das Sete Dores de Nossa Senhora. Foi em função desta devoção que a Ordem dos Servos de Maria começou a propagar a meditação das sete dores de Maria Santíssima.
Por que sete dores?  De muitas formas sofreu Maria Santíssima durante a sua vida terrena, porém sete delas são especialmente objeto da devoção dos fiéis. São episódios tirados dos Santos Evangelhos e que formam o caminho de dores da Filha amorosa de Deus Pai, sofrendo em sua alma padecimentos semelhantes aos da Paixão de seu Divino Filho. Os episódios narrados no Evangelho são:
1) A Apresentação de Jesus no Templo e a profecia de Simeão;
2) A fuga para o Egito;
3) A perda do Menino Jesus no Templo;
4) O encontro com Jesus no caminho do Calvário;
5) O momento em que se encontrou de pé junto à Cruz de Jesus;
6) Quando teve o corpo de Jesus morto em seus braços;
7) O sepultamento de Jesus.
   Na próxima postagem meditaremos sobre a quarta dor de Maria: o encontro com Jesus no caminho do calvário.

*Essa meditação foi feita por Maria Marta, tendo como guia a Bíblia de Jerusalém.






quinta-feira, 17 de abril de 2014

A SEGUNDA DOR DE MARIA – A FUGA PARA O EGITO


   Nossa Senhora está intimamente ligada à Redenção. Nós, fiéis católicos, a consideramos Corredentora do gênero humano especialmente porque, em primeiro lugar, Ela consentiu no mistério da Encarnação, em segundo por ter dado à luz ao Redentor e em terceiro lugar porque sua dor foi extrema durante a paixão de seu Divino Filho. Significa que Maria teve especial cooperação na redenção universal.
   Cristo sofreu por nossos pecados, foi por nossa causa que ele se encarnou e morreu crucificado. De maneira que todos nós, pecadores, temos participação indireta na Crucifixão de Nosso Senhor. Tomando isso em consideração, peçamos perdão das nossas faltas; peçamos também por todas as graças e milagres que necessitamos.
   A piedade católica celebra as dores de Nossa Senhora com os mais diversos nomes: Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora das Angústias, Nossa Senhora da Soledade, Nossa Senhora das Lágrimas… A festa também está ligada a uma tradição que vem do século XV. Foi instituída, em Colônia, pelo Arcebispo, Thierry de Meaux, que quis reparar os ultrajes feitos pelos hereges hussitas contra as imagens de Nossa Senhora. Mais tarde, no século XVIII, o Papa Bento XIII decretou que fosse inscrita no catálogo das festas litúrgicas, com o título de Festa das Sete Dores de Nossa Senhora. Foi em função desta devoção que a Ordem dos Servos de Maria começou a propagar a meditação das sete dores de Maria Santíssima.
Por que sete dores?
    De muitas formas sofreu Maria Santíssima durante a sua vida terrena, porém sete delas são especialmente objeto da devoção dos fiéis. São episódios tirados dos Santos Evangelhos e que formam o caminho de dores da Filha amorosa de Deus Pai, sofrendo em sua alma padecimentos semelhantes aos da Paixão de seu Divino Filho. Os episódios narrados no Evangelho são:
1) A Apresentação de Jesus no Templo e a profecia de Simeão;
2) A fuga para o Egito;
3) A perda do Menino Jesus no Templo;
4) O encontro com Jesus no caminho do Calvário;
5) O momento em que se encontrou de pé junto à Cruz de Jesus;
6) Quando teve o corpo de Jesus morto em seus braços;
7) O sepultamento de Jesus.
   *Nossa reflexão será sobre a segunda dor de Maria: A fuga para o Egito. Mas, por que essa fuga para o Egito se constitui uma dor para Maria? É uma dor porque ela sai fugindo no meio da noite para salvar seu Filho da morte – morte essa que foi decretada pelo poder romano na pessoa do então governador: Herodes.
    Maria deve ter sofrido em sua alma a angústia de fugir e ao mesmo tempo proteger o bebê Jesus. Não era uma proteção contra doenças ou falta de alimento, mas era uma proteção que precisava ser eficaz contra a maldade de uma pessoa poderosa que não teve escrúpulo de mandar matar muitas crianças de dois anos para baixo, com o intuito de no meio destes morrer aquele que para ele seria a grande ameaça a seu poder dominador e opressor.
   O Evangelho de São Lucas no capítulo 2, a partir do versículo 13, narra esse dramático acontecimento: “Depois que os Magos que vieram adorar Jesus, partiram, um anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: levanta-te, pega o menino e a sua mãe, foge para o Egito e fica aí até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para mata-lo”. A morte estava decretada e só foi possível adiá-la por muitos anos, por intervenção divina. A fúria de Herodes ao ver-se enganado pelos magos só encontrou descanso com morte de muitas crianças. Qual o grau de sofrimento de Maria ao escutar que muitas crianças morreram no lugar de seu Filho? Que impotência ela deve ter sofrido por não poder fazer nada em favor de todas aquelas crianças inocentes? E com que amor e responsabilidade no meio de tanta aflição, junto com José ela guardava o menino Jesus?
   Nossa Senhora foi concebida sem pecado original, portanto seria lógico que Ela não sofresse. Tanto é assim que Adão e Eva, antes do pecado original, não sofriam. Então como explicar as dores de Maria? Depois de muitas discussões teológicas, os teólogos chegaram à conclusão de que Ela não foi concebida em função da graça da Criação, mas em função da graça da Redenção, por isso foi possível a Ela sofrer.
    Sabendo que Ela seria Mãe de um Deus-Homem que iria sofrer na Cruz, no momento que Ela respondeu ao Anjo Gabriel: “Faça-se em mim segundo a vossa palavra!” Ela estava se dispondo a sofrer toda a Paixão que o Filho sofreria. Nesse momento Ela assumiu as dores do próprio Filho.
    Quando o profeta Simeão declarou que Ela teria seu coração atravessado por uma espada de dor, quando houve necessidade de fugir para o Egito – com todos os incômodos da viagem;  Ela sofre verdadeiramente uma enormidade.

Oração
Deus vos salve Virgem Dolorosa, que junto à Cruz compartilhastes o sofrimento de vosso Divino Filho! Ali Jesus nos entregou como vossos verdadeiros filhos. Queremos sentir que sois Nossa Mãe em todos os momentos, mas especialmente quando nos visita o sofrimento. Temos certeza que ao vosso lado tudo será mais fácil e suportável. Santíssima Virgem das Dores rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.

*Essa reflexão teve como guia a Bíblia de Jerusalém – por Maria Marta.



quarta-feira, 16 de abril de 2014

AS SETE DORES DE MARIA


   Nada desse mundo serve de comparação às dores que Maria sofreu junto a Jesus. Nenhuma criatura viveu com tanto amor essas dores.
   Não se sabe ao certo quando a devoção a Nossa Senhora das Dores surgiu. Alguns historiados remontam ao século XIII, na Alemanha, outros acreditam que seja bem mais antiga. Seja como for, sabe-se que ela está ligada ao encontro de Nossa Senhora com Nosso Senhor no caminho do Calvário.
   A piedade católica celebra as dores de Nossa Senhora com os mais diversos nomes: Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora das Angústias, Nossa Senhora da Soledade, Nossa Senhora das Lágrimas… A festa também está ligada a uma tradição que vem do século XV. Foi instituída, em Colônia, pelo Arcebispo, Thierry de Meaux, que quis reparar os ultrajes feitos pelos hereges hussitas contra as imagens de Nossa Senhora. Mais tarde, no século XVIII, o Papa Bento XIII decretou que fosse inscrita no catálogo das festas litúrgicas, com o título de Festa das Sete Dores de Nossa Senhora. Foi em função desta devoção que a Ordem dos Servos de Maria começou a propagar a meditação das sete dores de Maria Santíssima. Por essa razão, a piedade popular adotaram o título de NOSSA SENHORA DAS DORES COMO AQUELE QUE MAIS EVIDENCIA AS DORES DE MARIA.
    Nossa Senhora das Dores então, surge representada sendo ferida por sete espadas no seu coração imaculado (algumas vezes uma só espada), dado ter sido trespassada por uma espada de dor, quando da Paixão e Morte de seu Filho, unindo-se ao seu sacrifício enquanto redentor e sendo por isso chamada pelos teólogos de Corredentora do Gênero Humano. É também seu símbolo o Rosário das Lágrimas (ou Terço das Lágrimas), com 49 contas brancas divididas em sete partes de sete contas cada. Aparece também frequentemente representada com uma expressão dolorida diante da Cruz, contemplando o filho morto (donde nasceu o hino medieval Stabat Mater), ou então segurando Jesus morto nos braços, após o seu descimento da Cruz (dando assim origem à temática das Pietà).

POR QUE SETE DORES?
   De muitas formas sofreu Maria Santíssima durante a sua vida terrena, porém sete delas é especialmente objeto da devoção dos fiéis. São episódios tirados dos Santos Evangelhos e que formam o caminho de dores da Filha amorosa de Deus Pai, sofrendo em sua alma padecimentos semelhantes aos da Paixão de seu Divino Filho. Os episódios narrados no Evangelho são:
1) A Apresentação de Jesus no Templo e a profecia de Simeão;
2) A fuga para o Egito;
3) A perda do Menino Jesus no Templo;
4) O encontro com Jesus no caminho do Calvário;
5) O momento em que se encontrou de pé junto à Cruz de Jesus;
6) Quando teve o corpo de Jesus morto em seus braços;
7) O sepultamento de Jesus.
   No século XIV, na Igreja de Santa Maria Maggiore, Santa Brígida da Suécia teve uma revelação particular no sentido de que Jesus carrega a Cruz às costas – Igreja de San Ginés, Madri.jpg todos aqueles que tivessem devoção às dores de Nossa Senhora teriam, na hora da morte, uma contrição perfeita de seus pecados e uma proteção especial no passamento desta vida para a eternidade.
   Em 1814, o Papa Pio VII introduziu a festa de Nossa Senhora das Dores oficialmente na liturgia e no calendário romano. Mais tarde a Igreja passou a celebrá-la como memória da Virgem Maria Dolorosa. A Cruz de Nosso Senhor, ao invés de ser um lenitivo para Nossa Senhora, era a causa de Sua dor.
   Deus deu a Maria, Sua filha diletíssima, tudo o que havia de melhor! No entanto, em determinadas etapas de sua vida, para Ela o melhor era sofrer. Como ocorreu na Paixão, quando passou por um tremendo tormento. Sofreu muito mais do  que se fosse Ela própria crucificada, pois a dor que sentiria na sua crucifixão não seria nada perto do que Ela sentiu vendo o seu próprio Filho crucificado. A propósito, Santo Afonso Maria de Ligório afirma que todos aqueles que passam por tormentos, recebem alguma forma de consolo. Porém nenhum consolo foi dado a Nossa Senhora.
   Nossa Senhora não podia pensar em mitigar suas dores, porque a sua dor consistia na dor de Nosso Senhor. Aquilo que é para toda e qualquer pessoa um lenitivo, para Ela não o era, porque pensando nas dores de Nosso Senhor, Ela ainda sofria mais. A causa do sofrimento de Nossa Senhora era, justamente, as dores de Nosso Senhor. Ela sofreu em Si as dores que estavam sendo atribuídas a Nosso Senhor na flagelação, coração de espinhos, carregamento da Cruz, Crucifixão e tudo o mais. Meditemos pois, agora a primeira dor de Maria!

*APRIMEIRA DOR DE MARIA – A PROFECIA DO VELHO SIMEÃO
   A primeira dor de Maria vai se realizar em profunda comunhão com a dor de seu Filho Jesus Cristo!  O velho Simeão profetiza no Templo de Jerusalém por ocasião da apresentação do menino Jesus a Deus, como manda a Lei do Senhor: “todo macho que abre o útero será consagrado ao Senhor” (Lc 2, 23); e da purificação de sua mãe segundo a Lei de Moisés.
  O profeta diz a Maria: “Eis que este menino foi colocado para a queda e para o soerguimento de muitos em Israel, e como um sinal de contradição – e a Ti, uma espada transpassará tua alma! – Para que se revelem os pensamentos íntimos de muitos corações” (Lc 2, 34-35). Essa dor que Maria sofrerá em sua alma por ocasião do sofrimento de Jesus começa a se realizar em sua vida a partir do momento em que ela recebe esta notícia. Pois a profecia, ao mesmo tempo em que falava da queda de muitos, também revelava o soerguimento e a contradição que a missão de Jesus, de ser Luz no mundo será acompanhada de hostilidade e perseguição. Essa realidade será a espada que transpassará a alma de Maria: ver seu Filho ser perseguido e hostilizado por fazer o bem, e mesmo Ele sendo o Filho de Deus, e ter o poder de evitar tal destino, Ele não foi poupado.
   Todavia, essa dor que Maria sofrerá, tem uma finalidade: “para que se revelem os pensamentos íntimos de muitos corações”. Mas que pensamentos íntimos são estes que precisam ser revelados? Estes pensamentos influenciará a história da nossa reconciliação com Deus? Sim, os pensamentos precisam ser conhecidos, e sim, eles têm influência no nosso relacionamento de fé em Deus. Isso quer dizer que a espada que transpassará a alma de Maria traz consigo a dor que é especificamente destinada a Virgem, pois ela é verdadeiramente a Filha de Sião, e suportará em sua própria vida o destino doloroso de seu povo. Associada a seu Filho Jesus, Maria estará no âmago dessa contradição pela qual os corações deverão revelar-se pró ou contra Jesus.

Fonte: http://virgemimaculada.wordpress.com
E Arautos do Evangelho
*Meditação feita por Maria Marta, tendo como guia a Bíblia de Jerusalém.





sábado, 12 de abril de 2014

MARIA NÃO TEVE PECADO


   SANTO AGOSTINHO, BISPO DO SÉC V, DEFENDIA A IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA
   Já no século V, Santo Agostinho afirmava que “a piedade impõe reconhecer Maria como não tendo pecado”,

   "Nem se deve tocar na palavra 'pecado' em se tratando de Maria; e isto em respeito Àquele de quem mereceu ser a Mãe, que a preservou de todo pecado por sua graça" (Santo Agostinho, Sermão 215,3. 325 DC).
   "Não entregamos Maria ao diabo por condição original pois afirmamos que sua própria condição original se anula pela graça da redenção." (Santo Agostinho, Contra Juliano 4. 325 DC)."

   "Exceto a Santa Virgem Maria, da qual não quero, por honra do que é devido ao Senhor, suscitar qualquer questão ao se tratar de pecados, pois sabemos que lhe foi concedida a graça para vencer por todos os flancos o pecado, porque mereceu ela conceber e dar à luz a quem não teve pecado algum. Exceto, digo a esta Virgem, se tivéssemos podido congregar todos os santos e santas que aqui viviam e perguntássemos se jamais tinham pecado, o que teriam respondido? (...) Não é verdade que teriam unanimemente exclamado: 'Se dissermos que não pecamos, enganamo-nos, e a verdade não está em nós'?


                                  (Santo Agostinho, De Natura et Gratia 36,42. 325 DC).





sábado, 5 de abril de 2014

MARIA É CHAMADA DE NOSSA SENHORA POR QUÊ?


   Maria é chamada por nós, católicos, de Nossa Senhora, pois é a Mãe de Nosso Senhor e Rei, Jesus Cristo, pois "há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual existem todas as coisas, e por ele nós também" (I Cor 8,6). Jesus é Nosso Senhor, Filho de Deus, e o próprio Deus com o Pai e o Espírito Santo. Jesus é o Rei dos céus. Maria, como sua mãe, partilha da realeza de seu Filho, pois um rei,  nasce de uma rainha e é assim que Maria é retratada por São João no Apocalipse (12,1-2.5): "1 E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. 2 E estando grávida, gritava com as dores do parto, sofrendo tormentos para dar à luz. 5 E deu à luz um filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono." A realeza de Maria deriva da realeza de seu Filho e sua realeza não significa adoração, significa que Maria é a nossa Mãe na ordem da graça, a serva mais humilde, e um exemplo para os que amam o Cristo.

    Assim, o anjo ao anunciar o nascimento de Jesus, diz que ele receberá o trono de seu pai Davi, mostrando assim, que Maria, a virgem que daria à luz ao Senhor, era também de descendência real: "32 Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi seu pai; 33 e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim. "(Lc 1, 32-33). A presença de Maria deve ser motivo de alegria e veneração para todo seguidor de Cristo, pois ela nos traz o próprio Jesus consigo, por isso deve ser honrada, como Mãe de Nosso Senhor e Deus:"41 Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, saltou a criancinha no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo, 42 e exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre! 43 E donde me provém isto, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor”? (Lc 1, 41-43). Invocada como Nossa Senhora, Maria é Mãe de Deus, pois Jesus é Nosso Senhor e Deus, como diz a Bíblia: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus." (Jo 1,1) .
   "Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e Deus meu! " (Jo 20,28)."Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus." (Jo 5,18) "Eu e o Pai somos um. "(Jo10,30) Isso significa que Maria é Mãe de Deus, a partir do momento em que o gerou no mundo (Lc 1,35) e não no sentido de que veio antes de Deus, pois ela é criatura, filha de Deus e o ser humano mais especial aos olhos do Senhor (Lc1,28), predestinada desde o início dos tempos (Gn 3,15). O nome de Maria, também nos dá uma informação importante: Maria pode ter duas origens: do hebraico Miriam, formado pormar (mestre) e ram (poderoso); ou também do hebraico myriam ("vidente", "senhora soberana" ou mesmo "amarga" "mar de amargura, tristeza", ou do caldeu, "senhora do mar" são algumas das interpretações possíveis), que originou a forma latinizado "Maria". Assim, o próprio nome da Mãe do Senhor nos mostra que ela é a Senhora Soberana, Senhora da amargura, Senhora das dores, como vemos nos Evangelhos, sofrendo com seu Filho, homem das dores: "25 Estavam em pé, junto à cruz de Jesus, sua mãe, e a irmã de sua mãe, e Maria, mulher de Cleôpas, e Maria Madalena. 26 Ora, Jesus, vendo ali sua mãe, e ao lado dela o discípulo a quem ele amava, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. 27 Então disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa."(Jo 19,25-27). Nesse trecho do evangelho, temos muitos elementos importantes: Maria foi e é a sempre virgem, pois Jesus foi seu filho único, como constatamos nessa passagem, que nos mostra a preocupação de seu Filho com sua Mãe, sozinha no mundo, daí entregar ela aos cuidados de seu discípulo amado.
   Por outro lado, o discípulo amado é entregue por Jesus aos cuidados da Mãe, mostrando dessa forma que todos somos filhos dela. Outro aspecto importante é o fato de Jesus chamá-la de mulher, mostrando assim seu aspecto profético, desde o Gênesis até o Apocalipse, ela é a mulher profetizada desde o início para ser a colaboradora na História da salvação: "Porei inimizade entre ti e a mulher" (Gn 3,15); "Mulher, eis aí o teu filho" (Jo 19,26); "uma mulher vestida do sol" (Apo 12,1), No dicionário encontramos que o termo senhora é um "tratamento cortês, dispensado a uma mulher casada e, em geral, a qualquer mulher de certa condição social. / Esposa. / Dona de casa. / Proprietária. /".
  Ao chamar Maria de Senhora, mostramos respeito à Mãe de Jesus, honramos e louvamos Nosso Senhor, pois reconhecemos que ela é a Senhora por causa dele, único Senhor, o seu Filho. E como nos Cânticos dos cânticos, dizemos: "Quem é esta que avança como a aurora, bela como a lua, brilhante como o sol, temível como exército em ordem de batalha?"(Cant 6,10).
  Ao chamar Maria de Senhora, mostramos que somos "filhos dela, os que guardam os mandamentos de Deus, e mantêm o testemunho de Jesus" (Apo 12,17).  Ao chamar Maria de Senhora, nos colocamos contra o Demônio, pois "o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra aos demais filhos dela "(Apo 12,17). O demônio é o adversário de Maria, assim profetizado desde o Gênesis: "Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar." (Gn 3,15).
  Ao chamar Maria de Nossa Senhora, nos colocamos como seus servos, procurando obedecer a seu único mandamento, que é "Fazei o que Ele vos disser" (Jo 2,5). Buscando obedecer a esse mandamento, honramos Maria invocando-a (Lc 1,28), olhando para seus exemplos (I Pe 3,6), tendo-a como modelo de vida e de oração(Hb 6,12). Podemos ter como ordem as palavras do anjo para Agar no Gênesis: "Disse-lhe o anjo do Senhor: Torna-te para tua senhora, e humilha-te debaixo das suas mãos. "(Gen 16,9)Humilhar-se debaixo das mãos de Maria, é colocar-se  diante da Mãe de Misericórdia, recorrendo a sua valiosa intercessão (Jo 2, 3). A oração a Maria, nos conduz ao Senhor, como nos diz o salmo 132,2, nossos olhos se fitam nas mãos de Maria, em suas mãos em prece, para que ela nos alcance a piedade de seu Filho como nas Bodas de Caná (Jo 2, 1-12), pois ela nada pode por si, como ser humano puro, a não ser orar por nós. 
   Eis o trecho do salmo 132,2: "Assim como os olhos dos escravos estão fitos nas mãos do seu senhor, assim como os olhos das escravas estão fitos nas mãos de sua senhora, assim os nossos olhos no Senhor, até de nós ter piedade. " A mediação de Maria em favor dos homens não obscurece nem diminui a mediação única de Cristo; pelo contrário, até ostenta sua potência, pois todo o salutar influxo da bem-aventurada Virgem deriva dos superabundantes méritos de Cristo, estriba-se em sua mediação, dela (mediação de Cristo) depende inteiramente e dela aufere toda a sua força. Pois nenhuma criatura jamais pode ser equiparada ao Verbo encarnado e Redentor. Mas, da mesma forma que o sacerdócio de Cristo é participado de vários modos, seja pelos ministros, seja pelo povo fiel, e da mesma forma que a indivisa bondade de Deus é realmente difundida nas criaturas de modos diversos, assim também a  única mediação do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas uma variegada cooperação que participa de uma única fonte, pois como diz São Paulo, os santos são "operários e administradores dos mistérios de Deus" (1 Co 4,1).
   O título Nossa Senhora vem da realeza de Maria que é uma verdade fundamentada ao longo do tempo, e consta dos documentos mais antigos da Igreja e dos livros da sagrada Liturgia.
   O Papa Pio XII escreveu no encerramento do ano mariano de 1954, uma bela encíclica intitulada "Ad Coeli Reginam", em português, "Sobre a realeza de Maria". O Papa Pio XII cita na referida Encíclica "Ad Coeli Reginam" uma série de escritores sacros, como Santo Efrém, São Gregório Nazianzeno, Prudêncio, Orígenes, São Jerônimo, Santo Epifânio, Santo André Cretense, São Germano, São João Damasceno, Santo Ildefonso de Toledo... Todos estes importantes homens da Igreja chamando e invocando Maria como "Rainha" e "Senhora"; sem qualquer usurpação dos atributos divinos,porque os méritos e as virtudes santas de Maria ,e o atendimento das nossas preces vem sempre dos méritos infinitos do Cristo.
   A noção de Maria como Nossa senhora também se deve a uma evolução doutrinal: à definição do concílio de Nicéia (325) sobre a divindade de Jesus Cristo está unida a definição do concílio de Éfeso (431) sobre Maria ser a Mãe de Deus (Theotokos), pela união indissolúvel da natureza divina e humana no filho. A essas definições junta-se a verdade de Maria sempre Virgem proclamada em Constantinopla (553) e em Roma (649).
   A fonte para o conhecimento da Virgem Maria é o Novo Testamento (Evangelhos, Atos e carta aos Gálatas), onde o nome aparece na forma grega, Marían, correspondente ao hebraico Miryam. O significado semítico parece ser o de «excelsa», «augusta».
   São Lucas e São Mateus são os evangelistas que dedicam mais espaço à infância de Jesus. Os dados biográficos desses textos da Escritura dão conta, de fato, de Maria ser uma mulher jovem, pertencente à tribo de Judá e à descendência de Davi.
   Desde o século V, afirmou-se uma festa própria que celebrava a Mãe de Deus em união com o mistério da Encarnação do Verbo (por isso, a data da festa cai geralmente em dezembro, pouco antes do Natal).
   São Bernardo de Claraval, foi o primeiro a invocá-la com o título de Nossa Senhora, no século XII, e foi o autor de lindos escritos sobre Maria e da oração mariana "Lembrai-vos". 
 No Oriente, os aspectos naturais de Nossa Senhora levaram a celebrar a festa da Natividade (8 de setembro), da Anunciação (25 de março), da Purificação (2 de fevereiro), da Assunção (15 de agosto).
   Depois da escolástica, devido ao desenvolvimento da Mariologia, foram celebradas as festas da Visitação (2 de julho), da Imaculada conceição (8 de dezembro), da apresentação no Templo (21 de novembro).
   As revelações particulares não fazem parte do depósito da fé, mas sendo reconhecidas como autênticas pela Igreja devem ser reverenciadas, tais como as manifestações: Carmo ,  Laburé, La Sallete (França - 1846), Lourdes (França - 1854) e Fátima (Portugal - 1917), Guadalupe (México - 1531) , Rue du Bac (França).
   Fatos particulares da cristandade pós-tridentina deram origem às festas do Rosário (7 de outubro) e do Nome de Maria (12 de outubro). Tornaram-se universais as festas que eram próprias de ordens religiosas, como a do Carmelo (16 de julho), de N. Sra. das Dores (15 de setembro), do Coração de Maria (22 de agosto) e várias outras que se originaram de devoções particulares, entre as quais a de Maria Rainha (31 de maio).