sábado, 31 de janeiro de 2015

MARIA EXEMPLO DE INTERCESSÃO


    Ainda que todos os cristãos tenham o poder de interceder uns pelos outros, a pureza e santidade do intercessor aumentam o poder da súplica. A Bíblia está repleta de exemplos do Senhor “escutando” as preces dos justos. Eis alguns casos: Provérbios 15,8: “O sacrifício dos ímpios é abominável ao Senhor, mas a oração dos retos é o seu contentamento”.
    Provérbios 15,29: “O Senhor está longe dos ímpios, mas escuta a oração dos justos”. Tiago 5,16-18: “A oração de um justo é poderosa e eficaz. Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós, e orou com fervor para que não chovesse, e durante três anos e seis meses não choveu sobre a terra”. Provérbios 28,9: “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominada” 1 Pedro 3,12: “Pois os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos à sua súplica, mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal”
     Salmo 32,6: “Pelo que todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas a ele não chegarão”.
Daniel 9,21-23: “Estando eu, digo, ainda falando na oração, o homem Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando rapidamente, e tocou-me à hora do sacrifício da tarde. Ele me instruiu, e me disse: ‘Daniel, agora vim para fazer-te entender o sentido. No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para declará-la a ti, porque és muito amado…’”.
    2 Crônicas 6,29-30: “Toda oração e súplica que qualquer homem ou todo o teu povo Israel fizer, conhecendo cada um a sua praga e a sua dor, e estendendo as mãos para esta casa, ouve tu dos céus, do assento da tua habitação. Perdoa, e dá a cada um conforme a todos os seus caminhos, segundo vires o seu coração (pois só tu conheces o coração dos filhos dos homens)”.
     Agora, uma vez que a Bíblia demonstra tão claramente que aqueles que são justos ou corretos são ouvidos pelo Senhor, e já que também sabemos que aqueles que se encontram no céu não são impuros nem injustos (caso contrário não teriam como resistir à presença de Deus), então nós podemos afirmar que as preces dos santos têm um poder e eficácia muito maiores do que às daqueles que ainda se encontram sobre esta terra, que ainda caminham na imperfeição. De acordo com isto, percebemos que as orações intercessoras de Maria, que é a Mãe de Deus e mais pura que qualquer outra pessoa humana, têm um poder ainda mais especial.


Fonte: COMUNIDADE SHALOM

sábado, 24 de janeiro de 2015

THEOTOKOS - MÃE DE DEUS


    Deus Uno e Trino exigiu uma grande fé de Maria Imaculada, no decorrer de sua vida. Teremos pensado bastante naquilo que Deus pediu à humilde mocinha judia que todas as gerações chamaram e chamarão de bem aventurada? Apareceu-lhe um Anjo e lhe disse que Ela, uma virgem, conceberia, permanecendo virgem, e que se tornaria mãe, conservando sua preciosa virgindade; que ela não conheceria homem, mas seria “encoberta pela sombra do Espírito Santo”. E continuou dizendo à humilde moça, de pais muito pobres, que o Filho a que daria à luz “seria Grande e seria chamado Filho do Altíssimo”. Haverá no mundo outra sucessão de tão altas improbabilidade e semelhantes impossibilidades? Então, como se lesse a exclamação que aflorasse aos lábios humanos: “Impossível”‘, o mesmo Anjo continuou dizendo: “Na verdade, nada é impossível a Deus”‘.
Maria acreditou, entregou-se e silenciou. Após a anunciação, a primeira palavra que ouviu sobre este assunto viria a testemunhar que, à sua condição de “Elousa”, Virgem cheia de ternura, fora acrescentada a de “Theótokos”, a Mãe de Deus: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?” (Lc 1,42).
   Mãe de Deus! Pela segunda vez, Maria ouvia esta expressão revelada de forma extraordinária. Ela expressava a um tempo sua vocação, o sentido de toda a sua vida e o mistério insondável que a cercava. Nove meses separavam Maria do encontro face a face com o Filho. No seu interior, entretanto, o Encontro há muito se dera. É este Encontro o sustentáculo permanente no suceder de luz e sombra que prova a fé da Mãe de Deus. Ao encontro glorioso com Isabel e a exultação do Magnificat, seguem-se as portas fechadas na Cidade de Davi. A fé mais uma vez provada e vitoriosa de Maria é recompensada por Deus com a visita dos Reis Sábios, a adoração dos anjos e pastores e, sobretudo, o Filho que acaricia, contempla, amamenta, beija, acalenta. A prova surpreende-a e a José mais uma vez: Herodes busca o menino: é preciso fugir. Maria e José temem em sua humanidade. O coração, porém, está firme: “Nada é impossível a Deus”.
   À medida que o Menino crescia, o Mistério ora revelava-se ora ocultava-se diante do olhar atento da Mãe, entre os risos e brincadeiras mais corriqueiras do Filho do Altíssimo. Sentia-se “um prolongamento d’Ele, (via-se) delineada nos traços do seu rosto” e meditava no mistério insondável de serem seus aquela carne e aquele sangue (RM,20). Nos Seus afagos de criança, nos olhares de admiração de Filho para Mãe, reconhecia-se, como toda mãe, indelevelmente “delineada no âmago de sua alma”, como Ele, há muito estava na dela.
    O Mistério aprofunda-se na “segunda anunciação”: “Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições – e uma espada transpassará a tua alma” (Lc 2,34). E novamente esconde-se na aflição e reencontro: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?” (Lc 2,49). A Mãe não entende, apenas acolhe e guarda estas coisas em seu coração.
    Maria acolhe e ama Jesus, o Filho de Deus, pois o Pai não a chamou para “simplesmente exercer as sublimes funções de mãe de Jesus segundo a carne, mas para ser aquela mulher que, representando o povo de Israel e toda a humanidade, acolhesse o grande dom de Deus, a misteriosa auto comunicação de Deus ao mundo na pessoa de Jesus; e para que, mediante esta acolhida, criasse em torno de Jesus um ambiente educativo, de amadurecimento humano, de profundas experiências religiosas. E assim foi feito. Nela, Israel aceitou amorosamente e com fé inquebrantável o dom de Deus e esperou sua manifestação”. “Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram!” (Lc 11,27). Maria não ouviu esta exaltação da mulher que, profundamente tocada por Jesus, a abençoava e exaltava. Somente depois, ela acompanharia Jesus em sua atividade messiânica. Diz García Paredes: “Dir-se-ia que as palavras daquela mulher desconhecida fizeram com que Maria saísse de seu esconderijo. Através delas, passou rapidamente pela mente da multidão, pelo menos por um instante, o Evangelho da infância de Jesus (…) no qual Maria está presente como a mãe que concebe Jesus em seu seio, lhe dá a luz e o amamenta maternalmente: a mãe a que se refere aquela mulher do povo”. A este grito, porém, em um novo momento de revelação do Mistério, Jesus responde: “Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a guardam” (Lc 2, 28), como o faria desta vez em presença de Maria, que aguardava uma ocasião para falar com ele: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?” E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: “Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão e minha irmã e minha mãe” (Mt 12,48ss). Terá esta afirmativa de Jesus despertado no coração de Maria as palavras que desde os Seus 12 anos ela guardava em seu coração: “Devo cuidar das coisas de meu Pai?” Nunca se poderá dizer com certeza. O fato é, que estes três momentos apontam em uma mesma direção: o Reino de Deus que dá “uma dimensão nova e um novo sentido” a tudo aquilo que é humano; e, por conseguinte, a todos os laços humanos” (RM,20). A maternidade, vista na dimensão do Reino de Deus e na irradiação da paternidade do próprio Deus, adquire uma nova dimensão. Maria compreende e assume esta nova dimensão em sua vida, na qual Deus se auto revela de maneira contínua e de forma cada vez mais transparente. Pela fé na Palavra que ela provara de modo crucial na Anunciação, Maria se torna Mãe e irmã de Jesus. Mergulha, assim, naquele “misterioso vínculo espiritual que se estabelece entre Ele e aqueles que ouvem a Palavra, tomando-a uma realidade em suas vidas”.
    Ao acolher estas palavras de Jesus, Maria, a “discípula” por excelência, assume mais uma característica da missão de seu Filho, que lhe prepara o coração para assumir a maternidade da Igreja e n’Ela e com Ela mais uma vez acolhê-la, amá-la e gerá-la no coração de seus irmãos e filhos. Mais uma vez o mistério se revela. Uma vez mais, Maria diz “sim”, mesmo sem compreender todas as consequências, em amor inabalável Àquele que lhe pede ainda um passo adiante.

FONTE: COMUNIDADE SHALOM
(1) ALV AREZ DE MIRANDA, Pe. Femando Maria, S.L De Maria Nunca Basta. Ed. Loyola, S. Paulo, 1988, p.23.
(2) PAREDES, José C. R. Garcia, A Verdadeira História de Maria. Ed. Ave Maria, S. Paulo, 1988, p.29.
(3) João Paulo lI. Redemptoris Ma
ter. Ed. Paulinas, 1988.
(4) Ibid, idem.
(5) Ibid, p. 32.

(6)e (7) Ibid, p. 30.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

NOSSA SENHORA DO MILAGRE



Festa 20 litúrgica dia 20 de Janeiro

       No livro Atos dos Apóstolos, no capítulo 9, São Lucas narra à conversão de Paulo de Tarso que, de perseguidor da Igreja, se tornou o apóstolo de Jesus, depois que teve a visão no caminho de Damasco. Sua conversão encheu de pasmo os primeiros cristãos! Caso semelhante se deu em Roma no dia 20 de janeiro de 1842. Um jovem de 27 anos, chamado Afonso Ratisbonne, judeu de raça e religião, banqueiro1, aparentado com a riquíssima família Rotschild, nutria manifesta antipatia pela fé católica, converteu-se a esta fé de repente. Parando em Roma, a caminho do Oriente Médio, acompanhara um amigo a Igreja de Santo André Delle Frate, unicamente para esperar seu amigo Teodoro de Bussière, que era católico. Este conseguiu quatro dias antes desta feliz experiência, que o jovem israelita levasse no peito, a Medalha Milagrosa de Nossa Senhora, apenas como enfeite, argumentou o amigo, já que você não acredita. Afonso Ratisbonne cedeu com relutância e meio jocosamente. Aceitara também, uma copia do Lembrai-vos (conhecida oração composta por São Bernardo), que prometera rezar todo dia. Ali na Igreja de Santo André delle Fratte a Santíssima Virgem lhe apareceu tal como está representada na Medalha Milagrosa.
     É Ratisbonne mesmo quem relata: “Estava eu na Igreja de Santo André Delle Frate, fazia pouco tempo, quando, de repente, senti algo inexplicável; levantei os olhos e tudo estava turvo. Toda luz havia se concentrado numa única capela e do centro desta irradiação apareceu, de pé, sobre o altar, brilhante, cheia de majestade e meiguice, a Virgem Maria. Raios luminosos jorravam de suas mãos, exatamente como representado na Medalha Milagrosa. Ela fez sinal com a mão para que eu ajoelhasse.
   Uma força irresistível me empurrou em sua direção. Ela parecia dizer: ‘muito bem’, mas não precisou falar, porque eu compreendi tudo”. Chorando, Ratisbonne estava transtornado, levado por uma forte emoção. Incapaz de se expressar exclamava:”...Eu vi Maria, eu a vi, eu a vi  e suplicava:”leve-me a um padre”. Ratisbonne, iluminado por luzes extraordinárias, abriu-se ao mistério da Fé. Fez um breve retiro espiritual, rezou bastante, meditou muito na sua dureza de espírito até então e pela bondade divina sobre ele e sua gente, nunca agradecida por ter sido o povo eleito para levar o nome de Deus aos confins da terra. Depois de receber instrução religiosa suficiente, foi batizado no dia 31 de janeiro do ano de 1842. Comungou pela primeira vez e, no mesmo dia, foi crismado. Continuou depois recebendo instrução religiosa, estudou teologia e foi ordenado sacerdote em 1848. Nessa data acrescentou “Maria” a seu nome em sinal de agradecimento pela graça recebida. Ao considerar tal acontecimento, todos passaram a dizer: “É obra de Nossa Senhora do Milagre!”.
   Ratisbonne, iluminado por luzes extraordinárias, abriu-se ao mistério da Fé e fixou residência na Palestina, dedicando-se aos catecúmenos judeus convertidos ao cristianismo. Ajudou seu irmão Teodoro, também sacerdote e fundador da Congregação Nossa Senhora de Sion.

                                                          Por Pe. Roque Vicente Beraldi, Cmf

 Livro a Medalha Milagrosa – histórias e celestiais promessas, 8ª edição de julho de 2002 - de João S. Clá Dias – Takano Editora Gráfica Ltda.

sábado, 17 de janeiro de 2015

NOSSA SENHORA E A EUCARISTIA


      O Papa João Paulo II escreveu o documento Ecclesia de Eucharistia falando da extrema ligação de Nossa Senhora com a Eucaristia. Há um nexo profundo entre Maria Santíssima e a Eucaristia; ele afirma que Ela foi o primeiro sacrário do mundo, por essa razão, Ela em tudo tem a ver com Jesus Eucarístico. A primeira coisa que o saudoso Pontífice nos recorda é que Maria não estava presente no momento da instituição da Eucaristia, na Santa Ceia, pois não era o papel dela estar lá, mas através de sua intercessão, realizou-se o milagre da transubstanciação pelo poder do Espírito Santo. O que faz um homem ser homem? É a beleza física? A cor dos seus cabelos? O formato de sua orelha? Nada disso. O que o faz ser homem é algo que não se vê, é a alma! É a essência de alguém que o faz ser quem é. Assim, quando vemos a hóstia branca, redonda, de diversos tamanhos, não fazemos conta da essência, da substância e é isso que acontece no momento da transubstanciação, ou seja, a transformação da substância vinho e pão para Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Jesus se torna acessível às pessoas na comunhão. Todos podem receber a Eucaristia, independentemente de sua condição física ou psicológica. Deus quis que você recebesse o Corpo, a Alma e a Divindade de Cristo. É Jesus, que se esconde e se aniquila através da Eucaristia. Só há um caso em que o Senhor não está na hóstia: é quando o trigo ou o vinho se estragam, deixando de ser pão e vinho, não tem como ser Jesus. Jesus não “está” no pão, Jesus é o Pão Consagrado. Quantas vezes, Ele entra na boca de um bêbado e até de alguém que não está preparado para recebê-Lo na comunhão. 
       Quando compreendermos o amor de Jesus por nós, nosso desejo pela Eucaristia será maior. Hóstia significa “vítima oferecida em sacrifício”. Cristo deu o poder aos sacerdotes para consagrarem a substância do pão e do vinho em Corpo e Sangue d’Ele por inteiro, é a palavra de Cristo pelo sacerdote. O sacramental é aquilo que depende de nossa fé; mas, o sacramento é diferente, pois, por exemplo, no sacramento do batismo a criança não precisa ter fé para acontecer a graça, pois é Deus quem opera. Todos nós conhecemos a passagem bíblica que narra as Bodas de Caná (cf. Jo 2,1-12). Naquele momento, o Senhor mudou tanto a aparência como a substância do líquido, diferentemente do que acontece durante a consagração, na celebração da Santa Missa. A essência do trigo é o próprio Corpo de Cristo; a essência do vinho é Seu próprio Sangue. Assim como Jesus se fez presente no seio da Santíssima Virgem Maria durante a gestação, quando O recebemos na Hóstia Consagrada, Ele está presente dentro em nós. Então, como Maria, podemos cantar o “Magnificat”. Nosso Senhor Jesus Cristo se encarna no corpo de cada um de nós, também com o desígnio de nos salvar. Ele tem uma paixão enorme pela nossa essência, a nossa alma, por isso, tenta de todas as maneiras salvá-la. Diante disso, cabe a nós olharmos para Cristo, na Eucaristia, com a mesma adoração que Isabel recebeu Maria, quando grávida, ao visitá-la (cf. Lucas 1,39-56). Assim como a Igreja e a Eucaristia não se separam; a Virgem  Maria e a Eucaristia também não se separam. Quem entra na comunhão com Cristo, entra na escola de Maria, pois Ela tem muito a nos ensinar!
                                                                                                                                                                                               Por Prof. Felipe Aquino.


Fonte: Sou todo teu Maria tu és toda minha

sábado, 10 de janeiro de 2015

A PREDILEÇÃO DO PAI POR MARIA


    §16. Deus Pai não deu ao mundo o seu Unigênito senão por Maria. Por mais ardentes que fossem os suspiros dos Patriarcas e as súplicas que durante quatro mil anos lhe fizeram os Profetas e os Santos da Antiga Lei para obterem esse tesouro, só Maria o mereceu. Só Ela encontrou graça diante de Deus pela força das suas orações e pela grandeza das suas virtudes. Diz Santo Agostinho que, não sendo o mundo digno de receber o Filho de Deus diretamente das mãos do Pai, este O deu a Maria, para que os homens O recebessem por Ela. O Filho de Deus fez-Se homem para nos salvar, mas foi em Maria e por Maria. Deus Espírito Santo formou Jesus Cristo em Maria, mas só depois de lhe ter pedido o consentimento por um dos primeiros ministros da sua corte.
    §17. Deus Pai, para dar a Maria o poder de produzir o seu Filho e todos os membros do seu Corpo Místico, comunicou-lhe a sua fecundidade, na medida em que uma simples criatura a podia receber.

Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria - São Luis Maria Grignion de Monfort



quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

MÃE DE DEUS



       Nossa Senhora, Mãe de Deus Resumidamente, podemos dizer que Nossa Senhora é Mãe de Deus e não da divindade. Ou seja, Ela é Mãe de Deus por ser Mãe de Nosso Senhor, pois as duas naturezas (a divina e a humana) estão unidas em Nosso Senhor Jesus Cristo. A heresia de negar a maternidade divina de Nossa Senhora é muito anterior aos protestantes. Ela nasceu com Nestório, então bispo de Constantinopla. Os protestantes retomaram a heresia que havia sido sepultada pela Igreja de Cristo. Mas, afinal, por que Nossa Senhora é Mãe de Deus? Vamos provar pela razão, pela Sagrada Escritura e pela Tradição que Nossa Senhora é Mãe de Deus. 
                                           
A pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo
      Se perguntarmos a alguém se ele é filho de sua mãe, se esta verdadeiramente for a mãe dele, de certo nos lançará um olhar de espanto. E teria razão. O homem, como sabemos, é composto de corpo e alma, sendo esta a parte principal do seu ser, pois comunica ao corpo a vida e o movimento. A nossa mãe terrena, todavia, não nos comunica a alma, mas apenas o nosso corpo. A alma é criada diretamente por Deus. A mãe gera apenas a parte material deste composto, que é o seu ser. E como é que alguém pode, então, afirmar que a pessoa que nos dá à luz é nossa mãe? Se fizéssemos essa pergunta a um protestante sincero e instruído, ele mesmo responderia com tranqüilidade: "é certo, a minha mãe gera apenas o meu corpo e não a minha alma, mas a união da alma e do corpo forma este todo que é a minha pessoa; e a minha mãe é mãe de minha pessoa. Sendo ela mãe de minha pessoa, composta de corpo e alma, é realmente a minha mãe." Apliquemos, agora, estas noções de bom senso ao caso da Maternidade divina de Maria Santíssima. Há em Jesus Cristo "duas naturezas": a natureza divina e a natureza humana. Reunida, constituem elas uma única pessoa, a pessoa de Jesus Cristo. Nossa Senhora é Mãe deste única pessoa que possui ao mesmo tempo a natureza divina e a natureza humana, como a nossa mãe é a mãe de nossa pessoa. Ela deu a Jesus Cristo a natureza humana; não lhe deu, porém, a natureza divina, que vem unicamente do Padre Eterno. Maria deu, pois, à Pessoa de Jesus Cristo a parte inferior - a natureza humana, como a nossa mãe nos deu a parte inferior de nossa pessoa, o corpo. Apesar disso, nossa mãe é, certamente, a mãe da nossa pessoa, e Maria é a Mãe da pessoa de Jesus Cristo. Notemos que em Jesus Cristo há uma só pessoa, a pessoa divina, infinita, eterna, a pessoa do Verbo, do Filho de Deus, em tudo igual ao Padre Eterno e ao Espírito Santo. E Maria Santíssima é a Mãe desta pessoa divina. Logo, ela é a Mãe de Jesus, a Mãe do Verbo Eterno, a Mãe do Filho de Deus, a Mãe da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, a Mãe de Deus, pois tudo é a mesma e única pessoa, nascida do seu seio virginal. A alma de Jesus Cristo, criada por Deus, é realmente a alma da pessoa do Filho de Deus. A humanidade de Jesus Cristo, composta de corpo e alma, é realmente a humanidade do Filho de Deus. E a Virgem Maria é verdadeiramente a Mãe deste Deus, revestido desta humanidade; é a Mãe de Deus feito homem. Ela é a Mãe de Deus - "Maria de qua natus est Jesus": "Maria de quem nasceu Jesus" (Mt 1, 16). Note-se que Ela não é a Mãe da divindade, como nossa mãe não é mãe de nossa alma; mas é a Mãe da pessoa de Jesus Cristo, como a nossa mãe é mãe de nossa pessoa. A pessoa de Nosso Senhor é divina, é a pessoa do Filho de Deus. Logo, por uma lógica irretorquível, Ela é a Mãe de Deus.     
                                                                                                                     
A consequência da negação da maternidade divina é a negação da Redenção
        Agora, qual é o fundo do problema dessa heresia? Analisemos alguns pormenores e algumas consequências de se negar a maternidade divina de Nossa Senhora. Não foram os protestantes os primeiros a rejeitar o título de "Mãe de Deus" à Nossa Senhora. Foi Nestório, o indigno sucessor de S. João Crisóstomo, na sede de Constantinopla, o inventor da absurda negação. A subtilidade grega havia suscitado vários erros a respeito da pessoa de Jesus Cristo! Sabélio pretendeu aniquilar a personalidade do Verbo. Ario procurou arrebatar a esta personalidade a áureola divinal; negaram os docetas a realidade do corpo de Jesus Cristo e os Apolinaristas, a alma humana de Cristo. Tudo fora atacado pela heresia, na pessoa de Nosso Senhor; mas a cada heresia que surgia a Igreja infalível, sob a direção do Papa de Roma, saia em defesa da única e imperecível verdade: da pessoa do Verbo divino contra Sabélio; da divindade desta pessoa, contra Ário; da realidade do corpo humano de Jesus, contra os apolinaristas.
      Bastava apenas um ponto central para suportar o ataque da parte dos hereges: era a união das duas naturezas, divina e humana, em Jesus Cristo. Caberia a Nestório levantar esta heresia, e aos filhos de Lutero continuarem a defender este erro grotesco. Foi em 428 que o indigno Patriarca Nestório começou a pregar que havia em Jesus Cristo duas pessoas: uma divina, como filho de Deus; outra humana, como filho de Maria. Por isso conclui o heresiarca, Maria não pode ser chamada Mãe de Deus, mas simplesmente Mãe de Cristo ou do homem. Concebe-se o alcance de uma tal negação. Se as duas naturezas, a divina e a humana, não são hipostaticamente unidas em Nosso Senhor Jesus Cristo, de modo a formar uma única pessoa, desaparece a Encarnação e a Redenção, porquanto o Filho de Deus, não se tendo revestido de nossa natureza, não pode ser o nosso Redentor. Somente o homem Jesus sofreu. Ora, o homem, como ser finito, só pode fazer obras finitas. Logo, a Redenção não é mais de um valor infinito; Jesus Cristo não pode mais ser adorado, pois é apenas um homem; o Salvador não é mais o Homem-Deus. Tal é o erro grotesco que Nestório, predecessor de Lutero, não temeu lançar ao mundo. Ora, os protestantes não querem levar às últimas consequências a negação da maternidade divina de Nossa Senhora. Admitem em Jesus Cristo duas naturezas e uma pessoa, mas lhes repugna a união pessoal (hipostática) das duas naturezas na única pessoa de Jesus Cristo. Basta um pequeno raciocínio para reconhecer como necessária a maternidade Divina da Santíssima Virgem: Nosso Senhor morreu como homem na Cruz (pois Deus não morre), mas nos redimiu como Deus, pelos seus méritos infinitos. Ora, a natureza humana de Nosso Senhor e a natureza divina não podem ser separadas, pois a Redenção não existiria se Nosso Senhor tivesse morrido apenas como homem. Logo, Nossa Senhora, Mãe de Nosso Senhor, mesmo não sendo mãe da divindade, é Mãe de Deus, pois Nosso Senhor é Deus.
     Se negarmos a maternidade de Nossa Senhora, negaremos a redenção do gênero humano ou cairíamos no absurdo de dizer que Deus é mortal! Os protestantes, admitindo que Jesus Cristo nasceu de Maria - e não podem negá-lo, pois está no Evangelho (Mt 1, 16) -, devem admitir: que a pessoa deste Jesus é divina; que Nossa Senhora é a Mãe desta pessoa; que ela é, portanto, Mãe de Deus! É um dilema sem saída do ponto de vista racional. 
                                          
O Concílio de Éfeso:                                                                                                          
      Quando o heresiarca Ário divulgou o seu erro, negando a divindade da pessoa de Jesus Cristo, a Providência Divina fez aparecer o intrépido Santo Atanásio para confundi-lo, assim como fez surgir Santo Agostinho a suplantar o herege Pelágio, e S. Cirilo de Alexandria para refutar os erros de Nestório, que haviam semeado a perturbação e a indignação no Oriente. Em 430, o Papa São Celestino I, num concílio de Roma, examinou a doutrina de Nestório que lhe fora apresentada por S. Cirílo e condenou-a como errônea, anti-católica, herética. S. Cirilo formulou a condenação em doze proposições, chamadas os doze anátemas, em que resumia toda a doutrina católica a este respeito. Pode-se resumi-las em três pontos: 1) Em Jesus Cristo, o Filho do homem não é pessoalmente distinto do Filho de Deus; 2) A Virgem Santíssima é verdadeiramente a Mãe de Deus, por ser a Mãe de Jesus Cristo, que é Deus; 3) Em virtude da união hipostática, há comunicações de idiomas, isto é: denominações, propriedades e ações das duas naturezas em Jesus Cristo, que podem ser atribuídas à sua pessoa, de modo que se pode dizer: Deus morreu por nós, Deus salvou o mundo, Deus ressuscitou. Para exterminar completamente o erro, e restringir a unidade de doutrina ao mundo, o Papa resolveu reunir o concílio de Éfeso (na Ásia Menor), em 431, convidando todos os bispos do mundo. Perto de 200 bispos, vindos de todas as partes do orbe, reuniram-se em Éfeso. S. Cirilo presidiu a assembleia em nome do Papa. Nestório recusou comparecer perante os bispos reunidos. Desde a primeira sessão a heresia foi condenada. Sobre um trono, no centro da assembleia, os bispos colocaram o santo Evangelho, para representar a assistência de Jesus Cristo, que prometera estar com a sua Igreja até a consumação dos séculos, espetáculo santo e imponente que desde então foi adotado em todos os concílios.

       Os bispos cercando o Evangelho e o representante do Papa pronunciaram unânime e simultaneamente a definição proclamando que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus. Nestório deixou de ser, desde então, bispo de Constantinopla. Quando a multidão ansiosa que rodeava a Igreja de Santa Maria Maior, onde se reunia o concílio, soube da definição que proclamava Maria "Mãe de Deus", num imenso brado ecoou a exclamação: "Viva Maria, Mãe de Deus! Foi vencido o inimigo da Virgem! Viva a grande, a augusta, a gloriosa Mãe de Deus!" Em memória desta solene definição, o concílio juntou à saudação angélica estas palavras simples e expressivas: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte".

Fonte: Catecismo de Nossa Senhora