Comemoração litúrgica – 02 de
fevereiro
Consta que o início
da devoção à Nossa Senhora dos Navegantes originou-se na Idade Média por
ocasião das Cruzadas, quando os cristãos invocavam a proteção de Maria
Santíssima. Sob o título de "Estrela do Mar", rogavam sua proteção os
cruzados que faziam a travessia pelo Mar Mediterrâneo em direção à Palestina. É
a padroeira não só dos navegantes, mas também de todos os viajantes. Tal
tradição foi mantida entre os marítimos e foi difundida pelos navegadores
portugueses e espanhóis, disseminando-se entre os pescadores litorâneos
principalmente nas terras colonizadas pela Espanha e Portugal. As conseqüências
foram a multiplicação de capelas, igrejas e santuários nas regiões pesqueiras,
particularmente no Sul do Brasil, onde a concentração de cidades que a veneram
como padroeira é significativamente expressiva.
Nas cidades de
Balneário Arroio do Silva, Laguna, Balneário Barra do Sul, Ouro, Mondaí,
Bombinhas e Navegantes, a devoção à Senhora dos Navegantes é tão expressiva
que, por decreto, foram instituídos feriados nestes municípios catarinenses.
Destacando-se a cidade de
Navegantes que, primitivamente, pertencia à Itajaí, então habitada por índios
carijós. A demarcação de uma sesmaria na praia de Itajaí deu-se por ordem do
Conde Resende, Vice-Rei. Foi em 1795 que José Ferreira de Mendonça efetuou a
demarcação da Real Fazenda. A comunidade de Navegantes, canonicamente,
pertencia à Paróquia do Santíssimo Sacramento de Itajaí. Em 23 de janeiro de
1896 a "Câmara Episcopal de Corytiba" concedia "licença para que
no lado esquerdo do Rio grande de Itajahy se possa erigir uma capela sob a
invocação de Nª Sª dos Navegantes, de S. Sebastião e de S. Amaro". O Padre
Antônio Eising, então Vigário da Paróquia de Itajaí foi quem fez a solicitação.
Recebendo a promulgação oficial, iniciou a construção da Capela, que ficou
pronta em 1907 sendo sua inauguração comemorada com três dias de festas: 7, 8 e
9 de setembro daquele ano. Navegantes só foi elevado à categoria de município
em 30 de maio de 1962 e, consequentemente a Igreja de Nossa Senhora dos
Navegantes foi elevada a Paróquia. Por ocasião dos festejos comemorativos aos
25 anos da Paróquia criada, a 19 de julho de 1987, o então Bispo Auxiliar (hoje
Arcebispo Metropolitano) da Arquidiocese de Florianópolis, Dom Murilo Sebastião
Ramos Krieger, fez a dedicação do Altar e da igreja Matriz. Em 1996, por
Decreto da Cúria Metropolitana, a igreja Matriz foi elevada a Santuário
Arquidiocesano, sob a invocação de Santuário de Nossa Senhora dos
Navegantes.
REFLEXÕES
A festa presente, qual ramalhete de flores, apresenta-nos
virtudes de quantidade, cada qual mais bela e encantadora. É lamentável a
ocorrência simultânea, especialmente no Brasil, de festividade pagã comemorada
também no Ano Novo, mediante oferendas, tributos e homenagens à
"Iemanjá", cognominada por umbandistas e macumbeiros como
"rainha do mar", esteja tão arraigada no País como variação da
devoção afro-brasileira. Prática terrível e blasfematória é a comparação dessa
figura a Nossa Senhora, Mãe de Deus e Mãe dos homens. Especialmente quando a
devoção foge às raias da cultura do povo humilde e ignorante, sendo incorporada
ao discurso das classes intelectuais mais elevadas, por motivos meramente
políticos e pessoais. Aí sim, a feição torna-se muito mais perigosa, pois que
propalada por pessoas, em tese, com discernimento religioso mais acentuado. É o
que podemos chamar de exploração intelectual do povo para promoção pessoal.
Tanto a estes, quanto aqueles, o Senhor Adverte nas Escrituras:
"O servo que, havendo conhecido
a vontade do amo, não se preparou, nem agiu conforme essa vontade receberá
grande número de açoites. Mas, aquele que a desconhece e tiver feito algo que
mereça castigo, levará poucos açoites. Porque, a quem muito se tiver dado,
muito lhe será exigido; quanto mais se confia a alguém, mais dele se exigirá. (Lc 12, 47-48)
Ainda neste propósito, lembremos que as Escrituras revelam o
sério papel de Maria, tanto no primeiro livro (Gênesis), quanto no último
(Apocalipse):
1. No Gênesis:
"Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua
descendência e a descendência dela. Ela (própria) te esmagará a cabeça e
tu lhe ferirás o calcanhar." (Gen. 3,15 - diálogo de Deus com a Serpente,
a quem Maria foi incumbida de esmagar a cabeça).
2. No Apocalipse:
E o dragão, depois que se viu
precitado na terra, começou a perseguir a Mulher que havia dado à luz o
filho varão; E foram dadas, à mulher, duas asas de uma grande águia, para
voar para o deserto, ao lugar do seu retiro, onde é sustentada por um tempo,
dois tempos e metade de um tempo, longe da presença da serpente. Esta lançou da
sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que fosse arrebatada pela
correnteza. Porém, a terra ajudou a mulher, abrindo a sua boca e engoliu o rio
que o dragão tinha vomitado da sua goela. O dragão irou-se contra a mulher e
foi fazer guerra aos outros seus filhos, que guardam os mandamentos de Deus e
têm o testemunho de Jesus Cristo. E ele (o Demônio) deixou-se estar sobre a
areia do mar. (Apoc 12, 13 - 18)
Para nós cristãos, não seria tempo de refletir no papel
importantíssimo desempenhado por Maria, no plano da Salvação? Seríamos capazes
de nos entregar a divertimentos profanos à beira da praia, nesta época do ano?
Não é verdade que urge aqui um grande ponto de reflexão para nós? Confundir
"Iemanjá" com Nossa Senhora é sedução, é confusão semeada pelo
Maligno! Tudo na mais astuta sutileza, simplicidade; o convite para
"brincar na praia", seja por superstição, devoção ou somente por farra,
como também deixar de ensinar a verdade aos nossos irmãos, por simples questão
de respeito humano, pode acarretar em conseqüência irremediável: A perdição
eterna!
Quem é católico praticante ou procura encontrar a verdade,
ouve os ensinamentos da Igreja e não se deixa seduzir por cultos ou crendices
que podem comprometer a salvação da alma. Renovemos hoje o nosso amor e devoção
a Maria Santíssima. Reparemos, porém, uma coisa: A devoção à Santíssima Virgem
requer antes de tudo a imitação das virtudes da Mãe de Deus. Pouco adianta
dizer-se devoto de Maria Santíssima quando no coração reina o espírito mundano,
a vaidade, o orgulho, a impureza. O verdadeiro devoto de Maria Santíssima ama o
que Ela ama: Deus e a virtude; e odeia o que Ela odeia: O pecado e tudo o que a
ele conduz.
“Ó
Maria concebida, sem pecado. Rogai por nós, que recorremos a vós.”
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