sexta-feira, 5 de outubro de 2012

NOSSA SENHORA DO ROCIO



   A devoção a Nossa Senhora do Rocio começou depois da elevação de Paranaguá à Vila, em 1648. Segundo o historiador Vieira dos Santos, “em 1686 os habitantes recorreram aos favores da Virgem do Rocio para que os livrasse da terrível peste que assolava o litoral”. Conta a lenda que pouco antes dessa data, um pescador chamado Pai Berê achou a imagem da Santa, em estilo barroco, enquanto pescava na baía. Alguns relatos históricos dão conta de que quando ele tirou a imagem das águas, ela foi envolvida por milagrosas gotas de sereno. Emocionado, o pescador a chamou NOSSA SENHORA DO ROCIO, que significa orvalho.

   O historiador José Carlos Veiga Lopes afirma que existem dúvidas na forma como se escreve Rocio, levantando a hipótese de que poderia ser Rossio, termo que no dicionário Houaiss é definido como terreno roçado e usufruído em comum. Segundo ele, o escritor Herbert Munhoz Van Erven publicou em 1946, pela editora Guaíra, o livro “Rossio – A fantasia e a realidade em torno da imagem miraculosa”, afirmando que a imagem foi encontrada no rossio da vila de Paranaguá. “Mas o historiador Aníbal Ribeiro Filho usa de fundamentação teológica no livro História de Nossa senhora do Rocio e justifica a denominação de Rocio”, - explica.

   Veiga Lopes recorda que a imagem original foi roubada na segunda metade dos anos quarenta do século XX; a que se encontra na igreja é uma réplica. Dois antigos moradores de Paranaguá contaram a Lopes que muitos anos depois do roubo foram encontrados pedaços de uma imagem, que supostamente seriam de Nossa Senhora do Rocio. Disseram que esses pedaços foram colocados e fazem parte da imagem que está na igreja. Padre Joaquim Parron diz que foi um ato de vandalismo, porque só levaram o corpo da santa. E, segundo o Padre, foram deixados no próprio local a coroa, o manto e algumas partes que foram preservadas e estão na imagem.

   O culto a Nossa Senhora do Rocio se difundiu devido aos inúmeros milagres a ela creditados, o que começou a atrair devotos de todas as regiões. Nos relatos verificam-se curas individuais e coletivas, como nos casos da peste bubônica, em 1901, e da gripe espanhola, em 1918. Há ainda registros do socorro da Virgem do Rocio prestado aos marinheiros durante violentas tempestades e tragédias no mar.

   Diante dos milhares de milagres a ela atribuídos, em 1939, os bispos declararam Nossa Senhora do Rocio como Padroeira do Paraná. Esforços civis e eclesiásticos levaram a Santa Sé também a declarar, em 1977, a santa como Padroeira do Paraná, indicando a Igreja do Rocio em Paranaguá como seu Santuário Estadual. Em 20 de julho, desse mesmo ano, o então governador Jaime Canet confirmou a declaração, passando o Paraná a ser o único Estado brasileiro que tem uma Padroeira oficializada pelo Vaticano.

   Em 21 de dezembro de 1999, o governador Jaime Lerner sancionou lei, decretada pela Assembleia Legislativa, instituindo o município de Paranaguá como Pólo Turístico Religioso... O movimento de turista tende a aumentar porque a devoção à Santa tem crescido muito nos últimos anos, especialmente depois da peregrinação da imagem de Nossa Senhora do Rocio às paróquias dos 399 municípios do Paraná realizada entre 2000 e 2003. Em 2007 essa peregrinação foi retomada e percorreu todo Estado até o final de 2008.


Fonte: Domus Dei – Jornal informativo da Paróquia São Francisco de Paula – Nov/Dez 2007.

 

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