terça-feira, 9 de outubro de 2012

NOSSA SENHORA DA PENHA


 

   Existia ao norte da Espanha uma serra muito alta e íngreme chamada Penha de França, na província de Salamanca, na qual o Rei Carlos Magno teria lutado contra os mouros.

    Por volta de 1434, segundo algumas fontes históricas no dia 19 de maio, certo monge francês chamado Simão Vela, sonhou com uma imagem de Nossa Senhora que estava enterrada no topo de escarpada montanha, em razão de uma guerra entre franceses e muçulmanos, na qual os católicos escondiam suas imagens para não serem destruídas, cercada de luz e acenando para que ele fosse procurá-la. Simão Vela, durante cinco anos andou procurando a mencionada serra, até que um dia teve indicação de sua localização e para lá se dirigiu. Após três dias de intensa caminhada, pela razão de segundo ele próprio, em seus êxtases ouvir sempre a advertência divina: "Simão, vela e não durma!" (pelo que passou a adotar o sobrenome de Vela, como ficou conhecido), escalando penhas íngremes, o monge parou para descansar, quando viu sentada perto dele uma formosa senhora com o filho ao colo que lhe indicou o lugar onde encontraria o que procurava. Auxiliado por alguns pastores da região, conseguiu achar a imagem que avistara em sonho.

Construiu Simão Vela uma tosca ermida nesse local, que logo se tornou célebre pelo grande número de milagres alcançados por intermédio da Senhora da Penha, e mais tarde ali foi construído um dos mais ricos e grandiosos santuários da cristantade.

   Conta-se que o primeiro milagre ocorreu no local onde foi encontrada a imagem, quando um grupo de fugitivos foi perseguido por bandoleiros. Depois de terem invocado Nossa Senhora da Penha, viram-se livres de seus inimigos. Esse fato tornou-se muito conhecido e espalhouse rapidamente. Seu eco atravessou fronteira chegando até Guimarães, cidade do Minho (Portugal), Dom Sebastião tendo alcançado a cura de uma grave doença por intercessão de Nossa Senhora da Penha, mandou erguer uma igreja em seu louvor, na cidade de Lisboa, em sinal de gratidão e devoção à Mãe de Deus e nossa. Hoje é uma das grandes paróquias da capital portuguesa. A devoção a Nossa Senhora da Penha em Portugal se firmou após a batalha de Alcácer-Quibir e entre os portugueses que conseguiram escapar da escravidão muçulmana encontava-se um escultor chamado Antônio Simões, o qual, no mais aceso da peleja, prometeu a Virgem Santíssima fazer-lhe sete imagens se Ela o conduzisse novamente à sua Pátria. Fiel ao seu voto iniciou logo o trabalho, esculpindo seis figuras com os respectivos títulos. Ao chegar a sétima e não sabendo que invocação dar-lhe, foi aconselhado por um padre jesuíta a fazer a imagem de Nossa Senhora da Penha, cujos milagres eram muito comentados em Castela.

   Aceitando a sugestão, o escultor luso executou a obra e colocou-a na ermida da vitória, mas algum tempo depois resolveu edificar-lhe uma igreja em local próximo a Lisboa e que mais tarde se tornou conhecido como Penha de França.

   Este templo passou a atrair milhares de peregrinos, e em certa ocasião um devoto, tendo subido ao alto da penedia, vencido pelo cansaço adormeceu. Uma grande cobra aproximou-se para picá-lo quando um enorme lagarto saltou sobre ele despertando-o a tempo de matar a serpente com seu bastão. Essa é a razão pela qual a imagem de Nossa Senhora da Penha tem aos pés um peregrino, a cobra e o lagarto.

Iconografia da imagem

   A imagem comum do título é a do viajante a cavalo, atacado por uma cobra e salvo por um jacaré (versão brasileira do lagarto). No alto vê-se Nossa Senhora da Penha com o Menino Jesus no braço esquerdo e a mão direita estendida segurando às vezes um cetro. Esta representação da Virgem Maria é geralmente em pinturas, pois as esculturas mostram somente Maria com o Menino ao colo.

Começo da veneração de Nossa Senhora da Penha no Brasil


   No Brasil, a devoção veio trazida pelos colonizadores portugueses. A primeira ermida em sua honra foi erguida em Vila Velha, na antiga Capitania do Espírito Santo, entre 1558 e 1570 pelo Frei Pedro Palácios, um espanhol fervoroso devoto de  Nossa Senhora.   Num belo dia de maio do ano de 1535, em terras goitacás no meio da mata, onde se podia ouvir o grito dos papagaios, e o farfalhar das folhas das árvores gigantescas, um ruído estranho ecoou pelos ares. Era um tiro de canhão, talvez o primeiro a ser ouvido em plagas capixabas. A caravela "Glória" acabava de fundear na enseada da futura Vila Velha, trazendo o donatário Vasco Fernandes Coutinho, fidalgo português que havia deixado sua abastada Quinta no Alenquer para tomar posse da capitania, à qual deu o nome de Espírito Santo.

   A esperança que o dominava ao desembarcar nas praias do Novo Mundo foi aos poucos se apagando devido às lutas entre colonos e naturais da terra e Vasco Coutinho mandou vir do Reino alguns padres a fim de pacificá-los. Entre os missionários que ali chegaram durante o governo do inditoso donatário, estava o Frei Pedro Palácios, franciscano espanhol, que trazia em sua bagagem um belíssimo painel de Nossa Senhora, o mesmo que ainda existe no convento da Penha de Vitória. Na azáfama do desembarque, não notaram os companheiros o desaparecimento do santo frade e somente após dois dias acharam-no numa gruta ao pé da montanha, onde havia exposto o painel da Virgem, convidando os fiéis à prece e à meditação.

   Certo dia os devotos não encontraram Frei Pedro e nem o painel. Pelo latido do cãozinho que sempre o acompanhava, descobriram-no na escarpa do morro que domina a bela baía de Vitória. Contou então que o painel havia desaparecido e ele estava a procurá-lo. Após ingentes esforços, um grupo de pessoas conseguiu atingir o cume do monte e ali, entre duas palmeiras, encontraram a pintura. Religiosamente foi a tela reconduzida à gruta, mas diante do ocorrido, Frei Pedro iniciou a construção da Igreja dedicada a São Francisco, na chapada, junto ao cume da montanha e para lá levou o painel de Maria.

   A imagem de São Francisco lá ficou, mas o quadro da Virgem novamente desapareceu sendo encontrado ainda uma vez no píncaro, entre as duas palmeiras. Resolveu então o frade construir uma ermida no cume de penhasco, e ele mesmo, velho e alquebrado, carregou os primeiros materiais até o lugar da capela. Realizado o seu grande sonho, a igreja foi solenemente inaugurada a 1º de maio de 1570, e, enquanto se elevavam os foguetes e as manifestações de alegria dos que ali se encontravam, subiu ao céu a alma de Frei Pedro Palácios ao som dos sinos da ermida da Penha.

   Após a morte de Frei Palácios, a ermida ficou a cargo de alguns devotos e amigos, que a conservaram. Esta situação perdurou até 1591, quando as autoridades de Vila Velha e de Vitória decidiram entregar a Capela da Penha aos Frades Franciscanos. Desde então, os filhos de São Francisco aumentaram a capela, e a transformaram no célebre Santuário. Em fins de 1651 teria sido lançada a pedra fundamental do Convento de Nossa Senhora da Penha. O Conventinho teve sua construção rematada em 1660 necessitando, a partir de então, de constantes melhorias e reparos.

   A Festa da Penha, com romarias e afluência de devotos de todo o Brasil, acontece na primeira segunda-feira após a Páscoa. Um grande incentivador da festa foi Frei João Nepomuceno Valadares, natural de Vitória, que se destacou como restaurador do Santuário do Convento, realizando obras de grande vulto nos anos de 1853 a 1862. Depois foi erguida a da Penha do Irajá (1635), no Rio de Janeiro (atual Satuário).

   No Rio tudo começou no inicio do século XVII, quando o Capitão Baltazar de Abreu Cardoso ia subindo o Penhasco (grande pedra) para ver as suas plantações, uma vez que era proprietário de toda área no entorno do atual Santuário. De repente foi atacado por uma enorme serpente. Baltazar, que era devoto de Nossa Senhora, quando se viu só e incapaz de se defender, pediu socorro a Nossa Senhora gritando: “Minha Nossa Senhora valei-me!”. Nesse preciso momento surgiu um lagarto inimigo das serpentes, e travou-se uma luta mortífera entre os dois animais. Baltazar por sua vez, não perdeu tempo e fugiu.

   Depois de se recuperar do susto, baltazar reconheceu que o lagarto apareceu precisamente no momento em que ele pediu a proteção da Virgem Maria. Agradecido, por tão importante gesto maternal, Baltazar construiu uma pequena capela onde pôs uma imagem de Nossa Senhora. Se antes o Capitão Baltazar subia o penhasco para ver as suas plantações, a partir daí passou a subir também para agradecer tão primoroso gesto de carinho que a Mãe do Céu teve para com ele. E assim tambem os seus parentes, amigos e vizinhos e até mesmo pessoas curiosas, que a distância viam a pequena capela, passaram a subir a grande pedra (daí  vem a palavra Penha) uns para pedir e outros para agradecer graças alcançadas por intercessão da Senhora do alto do Penhasco – Penha. De tanto as pessoas dizerem: vamos à Penha visitar Nossa Senhora, passaram a dizer: vamos visitar Nossa Senhora da Penha.

   A devoção a Nossa Senhora sob este título foi se espalhando e cada vez era maior o número de pessoas que visitavam este lugar sagrado e encantador.

   O Capitão Baltazar doou todas as suas propriedades a Nossa Senhora da Penha. Havia necessidade, porém, que alguém, com crédito, para que administrasse responsavelmente esse patrimônio. Foi criada, então, a Venerável Irmandade de Nossa Senhora da Penha no ano 1728, a qual com muito zelo e dedicação demoliu a primeira capela – muito pequena – e construiu outra, com uma torre onde foram colocados dois pequenos sinos.

   Mais tarde no ano de 1900 houve uma nova intervenção. O templo foi ampliado, ganhando duas novas torres, nas quais, mais tarde, foi instalado um carrilhão com 25 sinos de origem portuguesa, adquiridos na Exposição Nacional do 1º Centenário da Independência do Brasil. Este carrilhão foi inalgurado em 27 de Setembro de 1925 com a bênção do então Núncio Apostólico no Brasil, Cardeal Dom Henrique Gasparri.

A Escadaria

   No ano de 1817 subia  a pedra um piedoso casal quando a esposa, Srª Maria Barbosa, comentou com o marido que pediria a Nossa Senhora da Penha para interceder por eles a fim de que Deus lhes concedesse um filho, já que estavam casados há alguns anos e não tinham filhos.

   A Srª Maria Barbosa confiou, pediu e prometeu que se tivesse um filho mandaria esculpir no duro granito do penhasco uma escadaria para facilitar o acesso dos devotos de Nossa Senhora da Penha ao Santuário. No ano seguinte o casal era presenteado com um lindo filho e no ano de 1819 a escadaria estava pronta. São 382 degraus talhados na própria pedra, mais ainda do que o número de dias do ano.

O Santuário Hoje

   No dia 15 de junho de 1935, por decreto de Sua Santidade o Papa Pio XI, a Igreja de Nossa Senhora da Penha foi agregada à Sacrossanta e Patriarcal Basílica de Santa Maria Maior de Roma. E no dia 15 de Setembro de 1966, o Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara, então Arcebispo do Rio de Janeiro, elevou o templo sagrado de Nossa Senhora da Penha à categoria de Santuário Perpétuo.

   No dia 31 de maio de 1981, o Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales, atendendo  aos desejos da Sua Santidade o Papa João Paulo II, elevou o Santuário da Penha à categoria de Santuário Mariano Arquidiocesano.

 

Melhoramento para o futuro

  

   A irmandade tem um macro projeto para o espaço que pertence à instituição, o qual prevê  a construção de uma nova igreja com capacidade para 20 mil pessoas; um ginásio poliesportivo para eventos, congressos, retiros etc., com capacidade para 5 mil pessoas; um hotel para 300 pessoas, sanitários; aréas de atendimento médico e outras melhorias. Tudo isto para melhor receber os muitos devotos/as de Nossa Senhora da Penha. E já existe o bondinho que tem capacidade de transpotar com toda segurança, cerca de 500 pessoas por hora.  

  

Devoção a Nossa Senhora da Penha em São Paulo

   Na cidade de São Paulo, em 1667, foi erguida uma pequena capela em devoção a Nossa Senhora da Penha de França e, em seu entorno, desenvolveu-se um dos bairros mais antigos, populosos e tradicionais da capital paulistana: a Penha de França, que, atualmente, abriga a antiga igreja matriz (na região conhecida por "igreja velha") e a basílica (conhecida por "igreja nova"), cuja pedra fundamental foi lançada em 1957. Ambos os templos são dedicados a Nossa Senhora da Penha de França e sua data festiva é celebrada a cada dia 8 de setembro.

Fontes: www.wikipédia, a enciclopédia livre; folder informativo da festa de Nossa Senhora da Penha 2012, do Santuário do Rio de Janeiro; Nilza Botelho Megale, "Invocações da Virgem Maria no Brasil" e WWW.vilacapixaba.com

 

 

 

 

 

 

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