Existia
ao norte da Espanha uma serra muito alta e íngreme chamada Penha de França, na província
de Salamanca, na qual o Rei Carlos Magno teria lutado contra os mouros.

Construiu
Simão Vela uma tosca ermida nesse local, que logo se tornou célebre pelo
grande número de milagres alcançados por intermédio da Senhora da Penha, e mais
tarde ali foi construído um dos mais ricos e grandiosos santuários da cristantade.
Conta-se que o primeiro milagre
ocorreu no local onde foi encontrada a imagem, quando um grupo de fugitivos foi
perseguido por bandoleiros. Depois de terem invocado Nossa Senhora da Penha,
viram-se livres de seus inimigos. Esse fato tornou-se muito conhecido e
espalhouse rapidamente. Seu eco atravessou fronteira chegando até Guimarães,
cidade do Minho (Portugal), Dom Sebastião tendo alcançado a cura de uma grave
doença por intercessão de Nossa Senhora da Penha, mandou erguer uma igreja em
seu louvor, na cidade de Lisboa, em sinal de gratidão e devoção à Mãe de Deus e
nossa. Hoje é uma das grandes paróquias da capital portuguesa. A devoção a
Nossa Senhora da Penha em Portugal se firmou após a batalha de Alcácer-Quibir e
entre os portugueses que conseguiram escapar da escravidão muçulmana
encontava-se um escultor chamado Antônio Simões, o qual, no mais aceso da
peleja, prometeu a Virgem Santíssima fazer-lhe sete imagens se Ela o conduzisse
novamente à sua Pátria. Fiel ao seu voto iniciou logo o trabalho, esculpindo
seis figuras com os respectivos títulos. Ao chegar a sétima e não sabendo que
invocação dar-lhe, foi aconselhado por um padre jesuíta a fazer a imagem de
Nossa Senhora da Penha, cujos milagres eram muito comentados em Castela.
Aceitando a sugestão, o escultor
luso executou a obra e colocou-a na ermida da vitória, mas algum tempo depois
resolveu edificar-lhe uma igreja em local próximo a Lisboa e que mais tarde se
tornou conhecido como Penha de França.
Este templo passou a atrair milhares de
peregrinos, e em certa ocasião um devoto, tendo subido ao alto da penedia,
vencido pelo cansaço adormeceu. Uma grande cobra aproximou-se para picá-lo
quando um enorme lagarto saltou sobre ele despertando-o a tempo de matar a
serpente com seu bastão. Essa é a razão pela qual a imagem de Nossa Senhora da
Penha tem aos pés um peregrino, a cobra e o lagarto.
Iconografia da
imagem
A imagem comum do título é a do
viajante a cavalo, atacado por uma cobra e salvo por um jacaré (versão brasileira do
lagarto). No alto vê-se Nossa Senhora da Penha com o Menino Jesus no braço esquerdo e a
mão direita estendida segurando às vezes um cetro. Esta representação da Virgem Maria é geralmente em
pinturas, pois as esculturas mostram somente Maria com o Menino ao colo.
Começo da veneração de Nossa Senhora da Penha no Brasil
No Brasil, a devoção veio trazida pelos colonizadores portugueses. A primeira ermida em sua honra foi erguida em Vila Velha, na antiga Capitania do Espírito Santo, entre 1558 e 1570 pelo Frei
Pedro Palácios, um
espanhol fervoroso devoto de Nossa
Senhora. Num belo dia de maio do
ano de 1535, em terras goitacás no meio da mata, onde se podia ouvir o grito
dos papagaios, e o farfalhar das folhas das árvores gigantescas, um ruído
estranho ecoou pelos ares. Era um tiro de canhão, talvez o primeiro a ser
ouvido em plagas capixabas. A caravela "Glória" acabava de fundear na
enseada da futura Vila Velha, trazendo o donatário Vasco Fernandes Coutinho,
fidalgo português que havia deixado sua abastada Quinta no Alenquer para tomar
posse da capitania, à qual deu o nome de Espírito Santo.
A esperança que o dominava ao desembarcar
nas praias do Novo Mundo foi aos poucos se apagando devido às lutas entre
colonos e naturais da terra e Vasco Coutinho mandou vir do Reino alguns padres
a fim de pacificá-los. Entre os missionários que ali chegaram durante o governo
do inditoso donatário, estava o Frei Pedro Palácios, franciscano espanhol, que
trazia em sua bagagem um belíssimo painel de Nossa Senhora, o mesmo que ainda existe
no convento da Penha de Vitória. Na azáfama do desembarque, não notaram os
companheiros o desaparecimento do santo frade e somente após dois dias
acharam-no numa gruta ao pé da montanha, onde havia exposto o painel da Virgem,
convidando os fiéis à prece e à meditação.
Certo dia os devotos não encontraram Frei
Pedro e nem o painel. Pelo latido do cãozinho que sempre o acompanhava,
descobriram-no na escarpa do morro que domina a bela baía de Vitória. Contou
então que o painel havia desaparecido e ele estava a procurá-lo. Após ingentes
esforços, um grupo de pessoas conseguiu atingir o cume do monte e ali, entre
duas palmeiras, encontraram a pintura. Religiosamente foi a tela reconduzida à
gruta, mas diante do ocorrido, Frei Pedro iniciou a construção da Igreja
dedicada a São Francisco, na chapada, junto ao cume da montanha e para lá levou
o painel de Maria.
A imagem de São Francisco lá ficou, mas o
quadro da Virgem novamente desapareceu sendo encontrado ainda uma vez no
píncaro, entre as duas palmeiras. Resolveu então o frade construir uma ermida
no cume de penhasco, e ele mesmo, velho e alquebrado, carregou os primeiros
materiais até o lugar da capela. Realizado o seu grande sonho, a igreja foi
solenemente inaugurada a 1º de maio de 1570, e, enquanto se elevavam
os foguetes e as manifestações de alegria dos que ali se encontravam, subiu ao
céu a alma de Frei Pedro Palácios ao som dos sinos da ermida da Penha.
Após a morte de Frei Palácios, a ermida
ficou a cargo de alguns devotos e amigos, que a conservaram. Esta situação
perdurou até 1591, quando as autoridades de Vila Velha e de Vitória decidiram
entregar a Capela da Penha aos Frades Franciscanos. Desde então, os filhos de
São Francisco aumentaram a capela, e a transformaram no célebre Santuário. Em
fins de 1651 teria sido lançada a pedra fundamental do Convento de Nossa
Senhora da Penha. O Conventinho teve sua construção rematada em 1660
necessitando, a partir de então, de constantes melhorias e reparos.
A Festa da Penha, com romarias e afluência
de devotos de todo o Brasil, acontece na primeira segunda-feira após a Páscoa.
Um grande incentivador da festa foi Frei João Nepomuceno Valadares, natural de
Vitória, que se destacou como restaurador do Santuário do Convento, realizando
obras de grande vulto nos anos de 1853 a 1862. Depois foi erguida a da Penha do Irajá
(1635), no Rio de Janeiro (atual Satuário).
No Rio tudo
começou no inicio do século XVII, quando o Capitão Baltazar de Abreu Cardoso ia
subindo o Penhasco (grande pedra) para ver as suas plantações, uma vez que era
proprietário de toda área no entorno do atual Santuário. De repente foi atacado
por uma enorme serpente. Baltazar, que era devoto de Nossa Senhora, quando se
viu só e incapaz de se defender, pediu socorro a Nossa Senhora gritando: “Minha
Nossa Senhora valei-me!”. Nesse preciso momento surgiu um lagarto inimigo das
serpentes, e travou-se uma luta mortífera entre os dois animais. Baltazar por
sua vez, não perdeu tempo e fugiu.
Depois de
se recuperar do susto, baltazar reconheceu que o lagarto apareceu precisamente
no momento em que ele pediu a proteção da Virgem Maria. Agradecido, por tão
importante gesto maternal, Baltazar construiu uma pequena capela onde pôs uma
imagem de Nossa Senhora. Se antes o Capitão Baltazar subia o penhasco para ver
as suas plantações, a partir daí passou a subir também para agradecer tão
primoroso gesto de carinho que a Mãe do Céu teve para com ele. E assim tambem
os seus parentes, amigos e vizinhos e até mesmo pessoas curiosas, que a
distância viam a pequena capela, passaram a subir a grande pedra (daí vem a palavra Penha) uns para pedir e outros
para agradecer graças alcançadas por intercessão da Senhora do alto do Penhasco
– Penha. De tanto as pessoas dizerem: vamos à Penha visitar Nossa Senhora,
passaram a dizer: vamos visitar Nossa Senhora da Penha.
A devoção
a Nossa Senhora sob este título foi se espalhando e cada vez era maior o número
de pessoas que visitavam este lugar sagrado e encantador.
O Capitão
Baltazar doou todas as suas propriedades a Nossa Senhora da Penha. Havia
necessidade, porém, que alguém, com crédito, para que administrasse
responsavelmente esse patrimônio. Foi criada, então, a Venerável Irmandade de
Nossa Senhora da Penha no ano 1728, a qual com muito zelo e dedicação demoliu a
primeira capela – muito pequena – e construiu outra, com uma torre onde foram
colocados dois pequenos sinos.
Mais
tarde no ano de 1900 houve uma nova intervenção. O templo foi ampliado,
ganhando duas novas torres, nas quais, mais tarde, foi instalado um carrilhão
com 25 sinos de origem portuguesa, adquiridos na Exposição Nacional do 1º
Centenário da Independência do Brasil. Este carrilhão foi inalgurado em 27 de
Setembro de 1925 com a bênção do então Núncio Apostólico no Brasil, Cardeal Dom
Henrique Gasparri.
A Escadaria
No ano de
1817 subia a pedra um piedoso casal
quando a esposa, Srª Maria Barbosa, comentou com o marido que pediria a Nossa
Senhora da Penha para interceder por eles a fim de que Deus lhes concedesse um
filho, já que estavam casados há alguns anos e não tinham filhos.
A Srª
Maria Barbosa confiou, pediu e prometeu que se tivesse um filho mandaria
esculpir no duro granito do penhasco uma escadaria para facilitar o acesso dos
devotos de Nossa Senhora da Penha ao Santuário. No ano seguinte o casal era
presenteado com um lindo filho e no ano de 1819 a escadaria estava pronta. São
382 degraus talhados na própria pedra, mais ainda do que o número de dias do
ano.
O Santuário Hoje
No dia 15 de junho de 1935, por decreto de
Sua Santidade o Papa Pio XI, a Igreja de Nossa Senhora da Penha foi agregada à
Sacrossanta e Patriarcal Basílica de Santa Maria Maior de Roma. E no dia 15 de
Setembro de 1966, o Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara, então Arcebispo do Rio
de Janeiro, elevou o templo sagrado de Nossa Senhora da Penha à categoria de
Santuário Perpétuo.
No dia 31
de maio de 1981, o Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales, atendendo aos desejos da Sua Santidade o Papa João
Paulo II, elevou o Santuário da Penha à categoria de Santuário Mariano
Arquidiocesano.
Melhoramento para o futuro
A irmandade tem um macro projeto para o
espaço que pertence à instituição, o qual prevê
a construção de uma nova igreja com capacidade para 20 mil pessoas; um
ginásio poliesportivo para eventos, congressos, retiros etc., com capacidade
para 5 mil pessoas; um hotel para 300 pessoas, sanitários; aréas de atendimento
médico e outras melhorias. Tudo isto para melhor receber os muitos devotos/as
de Nossa Senhora da Penha. E já existe o bondinho que tem capacidade de
transpotar com toda segurança, cerca de 500 pessoas por hora.
Devoção a Nossa Senhora da Penha em São Paulo
Na cidade
de São Paulo, em 1667, foi erguida uma pequena capela em devoção a
Nossa Senhora da Penha de França e, em seu entorno, desenvolveu-se um dos
bairros mais antigos, populosos e tradicionais da capital paulistana: a Penha de França, que, atualmente, abriga a antiga igreja matriz (na
região conhecida por "igreja velha") e a basílica (conhecida por
"igreja nova"), cuja pedra fundamental foi lançada em 1957. Ambos os templos são dedicados a Nossa
Senhora da Penha de França e sua data festiva é celebrada a cada dia 8 de
setembro.
Fontes: www.wikipédia, a enciclopédia
livre; folder informativo da festa de Nossa Senhora da Penha 2012, do Santuário
do Rio de Janeiro; Nilza Botelho Megale,
"Invocações da Virgem Maria no Brasil" e WWW.vilacapixaba.com
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