Surgiu no
alto de uma colina o povoado “Ladeira”, atual município de Divina Pastora,
Sergipe. Remonta sua historia bem antes dos idos do século XVIII, tendo sido
sua primeira sede a capela de São Gonçalo, que por motivo de ruína passou á
capela de Jesus, Maria e José de Pé do Banco (siriri). Novamente, pelo mesmo
motivo, voltou a sede para a antiga capela de São Gonçalo, então melhorada,
sendo esta última mudança determinada por Decreto de Dom João VI, em 1813.
Os
Capuchinhos eram pastores ativos e zelosos para apascentar o rebanho de Cristo.
Assim, entre canaviais e muita mata, a antiga “Ladeira” teve o privilegio de
acolher a herança outorgada pelos religiosos que chegaram aqui em outubro de
1782 e nos legaram o alegre espírito religioso pastoril, tradição da Península
Ibérica.
Realmente,
tudo começou pelo próprio desejo da Mãe do Divino Pastor Nosso Senhor: “por
onde fores, difunde a minha devoção sob o título de Nossa Senhora Divina Pastora”. Pedido feito ao Frei Isidoro de
Sevilha a 31 de maio de 1703, na Espanha. Da Península Ibérica a devoção
alcançou Marca de Ancona, na Itália e de lá para o Brasil com os missionários
capuchinhos uma imagem da Virgem Peregrina.
Oriunda da
Europa representada por Nossa Senhora do meio rural, corruptela de Nossa
Senhora Divina Pastora, inspiração do Frei Isidoro, foi a mais notável
contribuição deixada pelos missionários e reproduzida pelo pintor baiano, pardo
e forro, conhecido por José Teófilo de Jesus, que a eternizou nos corações de
seus fieis, o culto à Divina. O motivo pastoril retrata a Santíssima virgem em
sua forma mais original que se tem noticia no Brasil. Irradiada de Amor
sensibiliza a quantos a veneram, através da belíssima composição, ornada de
cenas bíblicas e de iconografia do campesinato daquela época.
José Teófilo
de Jesus assim nos reservou um dos mais belos painéis pintado em madeira, para
representá-la no forro da nave da Igreja Matriz de Nossa Senhora Divina
Pastora, procurando dentro da temática manter o estilo e os procedimentos técnicos
aprendidos através de mestre José Joaquim da Rocha e de seu estágio em Lisboa
com Battoni.
Deixando
transparecer a doçura e a serenidade da Santa dos pastores, o magnífico painel
considerado sua obra prima, é afável, lúdico, vibrante, extremamente alegre
pela humildade paradisíaca do tema bucólico, apaixonante à primeira vista, e
inebriante pelo lirismo do toque divino ofertado a Teófilo, como se fosse o
premio maior ao apagar as luzes de sua existência.
Referência: Santuário
de Nossa Senhora Divina Pastora – Sergipe.
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