Foi declarada padroeira da Málaga pelo Papa Pio IX em 12 de dezembro de
1867
E foi coroada canonicamente em 8 de fevereiro de 1943.
Devoção
francesa
La Rochelle, importante porto francês, de
fundação medieval, tornou-se, no início da Idade Moderna, um poderoso reduto do
protestantismo. O Rei Luís XIII e seu ministro, o Cardeal Richelieu,
empreenderam, em 1627, o cerco da cidadela, com a finalidade de acabar com a
revolta dos huguenotes.
A empresa, porém, era bastante
difícil, pois os revoltosos estavam apoiados pela Inglaterra, e o monarca
pediu, então, à sua esposa, a Rainha Ana da Áustria, para tomar as devidas
providências, de modo que, em todas as igrejas de Paris, fossem feitas orações
públicas pelo triunfo de suas armas. Assim pois, todos os sábados, o Arcebispo,
com o clero à frente, a corte e numerosos fiéis, rezavam o terço, para pedir a
Deus a derrota dos protestantes. Os capelães do exército promoveram, também,
orações entre os soldados. Assim, a certas horas da tarde ecoavam, entre a
tropa arregimentada, orações em louvor à Virgem Santíssima.
Deus atendeu ao pedido do Rei
e, pouco depois, a praça forte se rendeu.
Em testemunho da gratidão por
essa vitória, Luís XIII lançou em Paris, a pedra fundamental de uma igreja que
se chamou Nossa Senhora das Vitórias, como recordação da tomada de La Rochelle.
O convento dos eremitas de
Santo Agostinho, situado próximo desse templo, recebeu, pouco depois, um
humilde camponês, conhecido pelo nome de Irmão Fiacre, encarregado dos mais
rudes serviços do mosteiro, porém, grande devoto de Nossa Senhora.
A Rainha da França, Ana da
Áustria, casada há mais de 23 anos, havia perdido a esperança de dar um
herdeiro ao trono francês. O humilde Irmão Fiacre, com pena da rainha, e das
conseqüências que essa situação poderia trazer à monarquia, encarregou-se de
suplicar a intercessão de Nossa Senhora e do seu Divino Filho. Certa noite,
Maria Santíssima apareceu para o Frade, prometendo-lhe atender às suas preces,
com a condição de que as novenas fossem rezadas nos santuários por Ela
designados. Após dez meses de orações, nascia a 5 de setembro de 1638, um
menino, que seria mais tarde o Rei Luís XIV, o grande soberano, que emprestaria
seu nome ao século XVII, conhecido como "Rei Sol", um dos mais
importantes monarcas da França.
Em agradecimento, publicou-se
um Edito oficial consagrando a França e a família real à Virgem Santíssima. Foi
o famoso Voto de Luís XIII, celebrado ainda hoje, nas paróquias francesas.
A igreja de Nossa Senhora das
Vitórias, construída em estilo clássico, está coberta de ex-votos e sua iluminação é feita por
lâmpadas votivas de milhares de velas, que atestam a veneração popular à Mãe
Imaculada. Em sua fachada, foi gravada, em letras de outro, uma legenda de
gratidão, por "tantas vitórias que lhe vieram do Céu, especialmente
d'Aquela que arrasou a heresia".
No século XIX, por ocasião das
aparições de Nossa Senhora a Catarina de Labourè, o cura da Igreja de Nossa
Senhora das Vitórias fundou uma associação de orações, que reúne adeptos de todo
o mundo, mostrando a intensa irradiação deste santuário. As principais festas
são no Domingo da Septuagésima e o 4º Domingo de Outubro
Sua
festa é celebrada no dia 8 de setembro, outros festejam no dia 15 de agosto.
A Bahia de Todos os Santos já era conhecida desde a primeira Expedição
Exploradora de 1501, enviada pelo Rei de Portugal para fazer um reconhecimento
do território recém – descoberto.
Muito antes da vinda dos primeiros donatários, existia ali uma verdadeira
colônia de portugueses que viviam em perfeita harmonia com os índios, sob a
direção de Diogo Álvares, o Caramurú. Até uma igrejinha, a de Nossa Senhora da
Graça, havia sido erguida sob o patrocínio de Catarina Álvares, a esposa do
pioneiro.
Pouco depois, chegou àquelas paragens do Novo Mundo o donatário Francisco
Pereira Coutinho, a quem El-Rei havia doado as terras para que as povoasse e
desenvolvesse. Entretanto, apesar de no início ter ele conseguido uma paz
relativa com os indígenas, os abusos e provocações dos colonos irritaram os selvagens
e as lutas recomeçaram, sem que o próprio Diogo Álvares fosse capaz de
evitá-las.
Em um destes combates, os portugueses foram assediados por numeroso
exército de silvícolas, que tentavam expulsá-los de suas terras. Os lusitanos,
desesperados, recorreram á Virgem Maria e, após uma renhida batalha,
conseguiram derrotar os inimigos. Em agradecimento à proteção da Mãe de Deus,
deram-lhe o título de Senhora da Vitória e construíram um templo em sua
homenagem, que foi a primeira paróquia e Igreja matriz da Bahia.
Quando Tomé de Sousa, o primeiro governador-geral, veio para o Brasil em
1549 e fundou a cidade de Salvador, já encontrou a capela da Vitória e a
conservou em memória dos primitivos tempos da colonização. Esta Igreja,
reconstruída várias vezes, conserva atualmente a fachada da reforma levada a
efeito com o auxilio dado pelo Príncipe Regente Dom João, quando ali esteve em
1808, e obedece a desenho neoclássico.
A invocação de Nossa Senhora da Vitória já existia em Portugal desde o
tempo de Dom João I, quando este rei, grato à Virgem Maria pela vitória
alcançada em Aljubarrota contra os castelhanos, mandara construir um Mosteiro e
um Santuário, talvez o mais velho em estilo gótico português, que recebeu o
nome de Santa Maria da Vitória, porém é conhecido hoje em dia como “A Batalha”,
que é sem dúvida uma das obras primas da arquitetura religiosa lusitana.
Em 1571, a esquadra cristã conseguiu o estrondoso triunfo contra os
turcos na batalha naval de Lepanto, afastando definitivamente do continente
europeu o perigo muçulmano, que o ameaçara durante vários séculos. O Papa Pio V
então, em sinal de gratidão, deu à Virgem Maria o título de Nossa Senhora da
Vitória. Naquela ocasião, o desconhecido Brasil, talvez devido à herança da fé
portuguesa, já possuía dois Santuários dedicados a esta devoção: o de Salvador
e o da capital do Espírito Santo. A vila de Nossa Senhora da Vitória foi
fundada em 1551, pelo donatário Vasco Fernandes Coutinho, em reconhecimento à
proteção de Maria Santíssima num combate contra os Índios Goitacases.
A capital capixaba possui hoje um importante templo em estilo neogótico,
imagem datando certamente do início do século XX, com belos vitrais coloridos.
A imagem da Padroeira é moderna e representa a Virgem com o menino Jesus no
braço esquerdo e a palma da vitória na mão direita.
A efígie da primitiva Igreja de Salvador, contrastando com a do Espírito
Santo, é muito antiga e consta que fora enviada pelo rei Dom Manuel. Estudiosos
do assunto, contudo, acham mais provável que ela tenha sido presente de Dom
João III, que a entregou a Tomé de Sousa para que ele a trouxesse em sua
companhia e lhe dedicasse a primeira paróquia do Brasil. Ela está atualmente na
sacristia da Matriz, porém a tradicional palma de prata sobre dourada e
ornamentada de pedras verdes e vermelhas que lhe foi oferecida após a vitória
contra os índios está guardada para evitar ser a presa de ladrões, que
atualmente andam à procura de tesouros das Igrejas. A santa que figura sobre o
altar-mor é de estilo barroco, datado do século XVII ou XVIII.
Nossa Senhora da Vitória é a mais venerada no Nordeste brasileiro e
geralmente em antigas vilas, que datam do inicio da colonização de nosso país.
Assim, pois a encontramos no Piauí, na cidade de Oeiras, sua primeira capital,
antigamente denominada Vila de Mocha, que nasceu em redor da capela de Nossa
Senhora da Vitória em 1697. Em São Luiz do Maranhão, na luta contra os
holandeses em 1662, Ela apareceu no outeiro da Cruz, transformando em pólvora a
areia branca da estrada, o que permitiu a vitória dos brasileiros contra os
flamengos, que fugiram espavoridos. Por isso a Catedral daquela capital é
dedicada à Virgem da Vitória e sua estátua aparece no alto do frontão, entre as
duas torres cujos sinos badalam há mais de trezentos anos, nas grandes festas
maranhenses.
Outra lenda interessante é a da Igreja de Ilhéus, edificada por volta de
1530, quando a luta entre colonos e indígenas estava mais acirrada. Conta-se
que numa das batalhas contra os Aimorés uma linda senhora branca, montada em
garboso cavalo, ia à frente dos colonizadores assustando os selvagens, que
foram vencidos. A fim de celebrar este acontecimento, a capela, que estava
sendo construída com auxílio das mulheres, foi dedicada a Nossa Senhora da
Vitória.
Até hoje, no dia 15 de agosto, a Padroeira é festejada com missas
na colina sagrada do templo e procissões acompanhadas de solenidades, nas quais
se destacam as belas imagens do século XVII. Uma das maiores atrações populares
é a lavagem da ponte Lomanto Júnior, que liga Ilhéus ao continente, e conta com
a participação do grande público local, que se reúne para homenagear a Senhora
da Vitória.
Iconografia:
Nossa Senhora é representada de pé, com o Menino Jesus no braço esquerdo,
segurando com a mão direita a palma, símbolo da vitória. Maria veste uma túnica
coberta por um manto enfeitado de desenhos dourados. Sobre o véu usa uma coroa,
que aparece também na cabeça de seu Filho.
A Senhora da Vitória da Igreja de São Francisco de Paula, no Rio de
Janeiro, tem na mão direita um estandarte de cetim branco, bordado a ouro.
Existe ainda a invocação de Nossa Senhora das Vitórias de origem francesa. A Mãe de Deus se apresenta de pé, vestida de uma
túnica branca e um manto azul, que lhe envolve o corpo, e segura com as duas
mãos o Menino Jesus, de pé sobre o globo terrestre, colocado à direita de
Maria. Ambos são coroados.
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