No dia 15 de setembro celebramos a
festa de Nossa Senhora das Dores. Parece uma contradição comemorar o sofrimento
de alguém. Porém, nesta comemoração, há uma sabedoria maravilhosa que pode nos
ajudar durante toda a vida.
Através da festa de Nossa Senhora das
Dores nós aprendemos que todo sofrimento, quando oferecido a Deus, se
transforma em bênçãos, em crescimento pessoal e em felicidade consistente e
madura. Depois de toda morte vem a ressurreição.
A Virgem Maria começou a experimentar o
sofrimento por causa do seu sim a Deus quando era ainda bem jovem. Por volta de
15 anos, ela deu à luz seu Filho, concebido por obra do Espírito Santo. Ao
apresentar o menino no Templo, ouviu uma profecia assustadora: “Por causa deste
menino, uma espada de dor transpassará teu coração”. (Lucas, 2, 34-35)
Logo em seguida teve que fugir para o
Egito, porque um rei poderoso queria matar seu filho recém-nascido. Não parece
estranho? O Filho de Deus nasce neste mundo e seus pais tem que fugir com ele
para uma terra estranha por um rei sanguinário quer mata-lo… Terra estranha,
língua estranha, costumes estranhos, religião estranha, pessoas estranhas…
Este sofrimento durou quatro anos. Mas,
passou. Herodes morreu e a Sagrada Família pôde, enfim, voltar para Nazaré e
conviver com todos os seus queridos. Jesus teve uma infância simples, porém,
feliz, junto de seus familiares, tios, primos e amigos.
E o que dizer das outras dores de
Maria? Perder o Filho justo quando ele completara doze anos e atingia a
maioridade em Israel… E reencontrá-lo três dias depois, “na casa do Pai” (Pai
de Jesus e ele deixa isso bem claro na frente de José). Uma dor… Uma
prefiguração da perda real de Jesus na sua morte de cruz… Mas recuperando-o
(para sempre) três dias depois!
A grande sabedoria da festa de Nossa
Senhora das Dores é que os sofrimentos desta vida são passageiros. Por mais
infindáveis que possam parecer, todos são passageiros. E a coroa que nos
aguarda no final, é incomparavelmente superior a qualquer sofrimento que
possamos viver neste mundo.
Além disso, os sofrimentos tem um papel
importante na vida de qualquer pessoa. São Paulo fala sobre isso: “… Nós nos
gloriamos até das tribulações (leia-se: sofrimentos). Pois sabemos que a
tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade,
comprovada, produz a esperança. E a esperança não engana. Porque o amor de Deus
foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.”
(Romanos 5, 3-5)
Podemos dizer que Maria viveu isso. Ela
amadureceu no sofrimento, mas também na fé, na paciência, na esperança e na
perseverança. E, em tudo, viveu o amor de Deus.
São Paulo tem uma frase belíssima, que
norteou a vida de milhões de cristãos no mundo inteiro. Ele disse: “Tenho para
mim que os sofrimentos da vida presente não têm comparação alguma com a glória
futura que se manifestará em nós” (Romanos 8, 18).
No fundo, esta é a grande esperança de
todos os cristãos: a glória futura. Esta é a Pérola preciosa da qual Jesus
fala. Esta é a Pérola Preciosa que Maria encontrou quando disse sim a Deus. Por
causa dela, vale a pena vender tudo e dar aos pobres. Por causa dela, vale a
pena todo sofrimento e nenhum sofrimento fica sem sentido.
E este é o grande sentido da festa de
Nossa Senhora das Dores: ela dá um sentido ao nosso sofrimento. Maria sofreu.
Jesus sofreu. Quem somos nós para não passarmos pelo sofrimento? Porém, depois
de todo sofrimento vem a vitória. Depois de toda morte, vem a ressurreição.
Que Nossa Senhora das Dores nos ajude
nos momentos de sofrimento, pois ela passou por eles, passou pela pior dor que
alguém poderia passar e venceu. Com ela no coração, podemos vencer também.
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