Quem poderá imaginar ou descrever os transportes de júbilo e alegria que
dominam uma jovem mãe, junto do berço do seu primogênito?
E tal o êxtase que até parece que sua vida deixa de existir, para dar lugar
ao pequenino. Com imensa ternura lhe vai segredando uma e muitas vezes: “Meu querido
filhinho...”. Toda a sua existência concentra-se no
zelar pelo ente amado, conservando-lhe, com extremos de carinho, a preciosa
vida, educando-o para que um dia possa ser útil à sociedade, galgando postos
de destaque, vivendo feliz e honrado por todos.
Para a mãe a felicidade do filho é seu viver e o sofrimento do filho é seu
penar.
Junto da gruta de Belém, na noite de Natal, a Virgem experimenta as inefáveis
doçuras da Maternidade, embalando em Seus braços o próprio DEUS-Menino e
chamando-O, com tanta ternura, Seu Bem Amado Filhinho. Haverá na Terra ou
entre os Santos e Anjos do Céus quem possa compreender a felicidade divina da
Bendita entre todas as mulheres, apertando em Seu Peito o Seu Diletíssimo
JESUS?
MARIA Santíssima, porém, mesmo nas maravilhas e encantos da Maternidade,
vividos em torno do INFANTE Divino, não esquece a palavra dada a DEUS, no Dia
da Anunciação, de que seria a Sua escrava: escrava para ser MÃE de DEUS,
escrava para zelar e conservar a Vida do MENINO, escrava para apresentá-LO ao
Sacrifício e escrava para as dores do Calvário.
O Papa Pio X destaca esta santa missão da Virgem admiravelmente na Encíclica
“Ad diem illum”, de 02 de fevereiro de 1904: “À Virgem
Santíssima não somente coube a glória de haver ministrado a substância de Sua
Carne ao Unigênito do Eterno, que devia nascer Homem, Hóstia excelentemente
preparada para a salvação dos homens, mas igualmente teve a Missão de Zelar e
conservar esta Hóstia e, ao tempo devido, apresentá-la ao Sacrifício.”
DEUS LHE lembra esta Sua Missão, quando apenas decorridas 40 dias do
Nascimento do FILHO, vai ao Templo e, numa oferta total, entrega e Consagra
solene e oficialmente o Seu JESUS ao Eterno PAI. São Lucas nos descreve esta
oferta, no capítulo 2, versículos de 22 a 24, do seu Evangelho: “Concluídos os dias
da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para apresentá-lo
ao Senhor, conforme o que está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do
sexo masculino será consagrado ao Senhor” (Ex. 13,2); e
para oferecerem o sacrifício prescrito pela Lei do Senhor, um par de rolas ou
dois pombinhos.”
MARIA compreende a diferença essencial que existe entre o Seu oferecimento e
o das outras mães. Pois estas cumpriam uma cerimônia: ofereciam os filhos e
em seguida os tornavam a receber, pagando o resgate.
MARIA sabe que oferece Seu FILHO para a morte, e que DEUS O aceita, e que a
morte infalivelmente será executada.
Pela boca do santo e idoso Simeão, DEUS Lhe manifesta que também ELA
acompanhará os Martírios da Vítima com sofrimentos inauditos, pois. Lhe diz o
santo: “E uma espada
transpassará a Tua própria Alma.”
A participação que a Virgem terá nos sofrimentos do FILHO, Leão XIII a expõe
na Encíclica “Jucunda semper expectatione”, de 8 de setembro de 1894:
“Quando se ofereceu
a DEUS como escrava para a Missão de MÃE, ou quando se ofereceu com Seu FILHO
como total holocausto, no templo, desde esses fatos, se tornou
Co-participante da laboriosa Obra da expiação do gênero humano.”
Pelo que não se pode duvidar da Sua máxima participação, em Espírito, das
terríveis Angústias e Sofrimentos do FILHO. Aliás, aquele Divino Sacrifício,
para o qual nutria generosamente do Seu Sangue a VÍTIMA, tinha que
consumar-se, na Sua presença, e à Sua vista.
A Mediação Universal exige-Lhe uma longa caminhada rumo à Cruz; uma jornada
de trinta e três anos, com seus dias intermináveis de dores e com Suas noites
de prolongadas vigílias.
Embora as riquezas e frutos da Redenção consolem a Virgem e a encorajem, cada
vez mais, a se entregar como Escrava do SENHOR à Sua tarefa, contudo, ELA não
pode e nem deve esquecer que a hóstia do Sacrifício que está preparando, é
Seu próprio FILHO.
JESUS, condenado à morte, sobe o monte Calvário, carregando a Cruz às Costas.
Jerusalém em peso quer assistir a Crucificação do MESSIAS.
JESUS, enfraquecido pela flagelação e coroação de espinhos, caminha, com
extrema dificuldade, gotejante de Sangue.
A imensa turba de curiosos contempla esse trágico espetáculo. Todos o fitam,
JESUS levanta os olhos à procura de alguém que o queira animar.
Não passara ELE a vida fazendo o bem? “Pertransiit bene faciendo”, como diz
São Lucas. Onde agora se encontram os miraculados? Onde os cegos a quem
abrira os olhos, com tanto carinho? Por que não são vistos, a SEU lado, os
coxos, a quem outorgara a caminhar? Os surdos a quem fizera de novo ouvir? E
onde, sim, estão os mortos, aqueles a quem, com Sua Força Divina chamara de
volta à vida?
Que é feito daquelas cinco mil pessoas que alimentara, multiplicando os pães
e peixes, e as quais; saciadas queriam, com tanto entusiasmo, proclamá-LO seu
Rei e Senhor?
Ei-LO hoje, Sexta-Feira Santa, a caminho da morte, quando cinco dias atrás,
os clamores do Domingo de Ramos O tinham recebido triunfalmente: “Hosana, Bendito O
que vem em Nome do SENHOR! Rei de Israel! ”E agora...? Sim, O recebem, mas
aos gritos de: “Crucifica-O, crucifica-O...”
Entre tantos beneficiados pelos mais estupendos Milagres, não haverá,
porventura, um único sequer, que venha dizer em SUA defesa, uma única palavra
que seja neste abismo de dor e desprezo em que SE encontra?
Eis que uma nobre SENHORA vem chegando e se aproxima tanto do CONDENADO, que
os Olhos DELA se encontram com o Olhar de Sangue da VÍTIMA. Não trocam
palavras, mas se compreendem, falam-se Dois CORAÇÕES...
É a MÃE do CONDENADO que O vem confortar e tomar parte em SEU Martírio. O
Coração da MÃE das Dores fala ao FILHO das Dores:
“Meu Filho, aqui ME
tens, é TUA MÃE que TE Fala. O conforto que uma MÃE pode dar ao FILHO
condenado à morte, aqui o tens todo. TUA MÃE jamais te abandonará. Não
importa que ME apontem como a MÃE de um CONDENADO à Cruz. Filho, estou a TEU
lado.
Nesta “Via Crucis”, Minha Alma é arremessada a um imenso mar de fel e
amargura, mas EU vou CONTIGO.
Embora Meu Coração seja transpassado pela espada, subirei CONTIGO ao
Calvário; estarei a TEU lado, EU, TUA MÃE!
Tuas feridas abertas e gotejantes de Sangue são Minhas feridas, TEUS passos
de morte são Meus passos, TUA morte é Minha morte. TUA MÃE está aqui a TEU
lado; CONTIGO, caminho para a morte.
FILHO, vamos, subamos a montanha da Redenção, a hora já está soando, a NOSSA
grande hora soando já está...”
O grande conforto recebido da MÃE no caminho para o Calvário, jamais poderá o
FILHO de DEUS esquecê-lo...
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Continua
na parte IV
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