sábado, 17 de novembro de 2012

MÃE DA DIVINA MISERICÓRDIA



HISTÓRICO

   Não existem dados corretos acerca do principio do culto à imagem milagrosa da Mãe da misericórdia. O que se sabe é que a partir da metade do século XVI a imagem era conhecida como milagrosa, como narra o padre carmelita Hilarião de são Gregório, no livro Imagem Milagrosa da Mãe da Misericórdia.
   O lugar do culto está ligado às muralhas que cercam Vilna, capital da Lituânia, que foram construídas no começo do século XVI. Em cima de uma das portas que davam acesso à cidade, chamada Porta Aguda, foi colocada uma imagem de Nossa senhora. No final do século XVI, levando em conta os estragos da imagem pelas chuvas e pela neve, os frades carmelitas construíram uma capela por cima da porta e próximo do seu convento. Esse fato colaborou ainda mais para que o culto à Mãe da Misericórdia crescesse. Toda noite o povo se reunia para cantar a Ladainha de Nossa senhora.
   A imagem é pintada em tabuas de carvalho. A cabeça é inclinada para a direita, as mãos são cruzadas no peito. A túnica é verde-azul. O fundo da imagem é marrom. Sobre a cabeça há uma coroa com 12 estrelas e 42 raios. Na base existe a lua crescente.
   A capela foi incendiada em 1715. Houve muitos danos, mas a imagem não sofreu nenhum. Aquilo que o Santuário de Nossa Senhora Aparecida é para os brasileiros o Santuário da Mãe da Misericórdia é para os lituanos.
   O crescente culto à imagem incomodou muito o governo de Moscou, que dominava a Polônia e a Lituânia naquele tempo. Em 1844 ele fechou o convento dos frades carmelitas e planejou tirá-la da capela das muralhas da cidade.
   Crê-se que o título da Mãe da Misericórdia foi dado pela primeira vez a Maria por Santo Odão (+942), abade de Cluny. Com este título se celebra a Virgem Maria tanto porque nos gerou Jesus Cristo, visível Misericórdia do invisível Pai Misericordioso, como também porque é mãe espiritual dos fieis, cheia de graça e misericórdia: “A Virgem Santíssima foi chamada Mãe de Misericórdia, diz São Lourenço de Brindisi, isto é, Mãe misericordiosíssima, Mãe terníssima, amantíssima”. Pois a Mãe de Jesus, elevada ao céu, apresenta as necessidades dos fieis ao Filho, a quem rogou pelos esposos de Caná, quando vivia na Terra (Jo 2, 1-11).
   É um dos maiores títulos de Maria. A Misericórdia é uma virtude que se acha na vontade espiritual e, segundo São Tomás de Aquino, é própria dos seres fortes e bons, capazes realmente de prestar socorro. Por isso se encontra, sobretudo, em Deus e, como diz a oração do Missal, é uma das maiores manifestações de Seu poder e de sua Bondade.
   Santo Agostinho diz que é mais glorioso par Deus, tirar o bem do mal do que “criar alguma coisa do nada”; é maior converter um pecador lhe dando a vida da graça, do que criar todo o universo físico, o céu e a Terra.
   Como Mãe da Divina Misericórdia, Maria nos lembra que Deus é Bondade e Amor e que sua Misericórdia é a difusão de sua Bondade. Ela nos faz compreender que Deus, por pura Misericórdia, nos dá muitas vezes além do necessário, além dos nossos méritos, como, por exemplo, a graça da comunhão que não é merecida. Maria nos faz perceber que a misericórdia se une à justiça nas penas dessa vida – que são como um remédio para nos curar, nos corrigir e nos trazer de volta para o bem. Maria exerce a misericórdia para com aqueles que sofrem em seus corpos para curar a alma, e em seguida os consola nas aflições e os fortifica em meio às dificuldades que têm para superar.
   Na Encíclica Dives In Misericordia, Maria destina-nos os dons da salvação; “Maria é, pois, aquela que, de modo particular e excepcional – como ninguém mais -, experimentou a misericórdia e, também de modo excepcional, tornou possível com o sacrifício do coração a sua participação na revelação da misericórdia divina. Este seu sacrifício está intimamente ligado à cruz do seu Filho, aos pés da qual ela haveria de encontrar-se no Calvário. Tal sacrifício de Maria é uma singular participação na revelação da misericórdia, isto é, da fidelidade absoluta de Deus ao próprio amor, à Aliança que ele quis desde toda a eternidade e que no tempo realizou com o homem, com o seu povo e com a humanidade. É a participação na revelação que se realizou definitivamente mediante a cruz. Ninguém jamais experimentou como a Mãe do crucificado, o mistério da Cruz, o impressionante encontro da transcendente justiça divina com o amor, o ‘ósculo’ dado pela misericórdia à justiça. Ninguém como Maria acolheu tão profundamente no seu coração tal mistério, no qual se verifica a dimensão verdadeiramente divina da Redenção, que se realizou no Calvário mediante a morte do seu Filho, acompanhada com o sacrifício do seu coração de mãe, com o seu Fiat definitivo.
   Maria, portanto, é aquela que conhece mais profundamente o mistério da misericórdia divina. Conhece o seu preço e sabe o quanto é elevado. Neste sentido chamamos-lhe Mãe da misericórdia, Nossa Senhora da Misericórdia, ou Mãe da Divina Misericórdia. Em cada um destes títulos há um profundo significado teológico, porque exprimem a particular preparação da sua alma e de toda a sua pessoa, para torná-la capaz de descobrir, primeiro, através dos complexos acontecimentos de Israel e, depois, daqueles que dizem respeito a cada um dos homens e à humanidade inteira, a misericórdia da qual todos se tornam participantes, segundo o eterno desígnio da Santíssima Trindade, “de geração em geração”.
   Estes títulos que atribuímos a Mãe de Deus falam dela, sobretudo como Mãe do Crucificado e do Ressuscitado, daquela que, tendo experimentado a misericórdia de um modo excepcional, “merece” igualmente tal misericórdia durante toda a sua vida terrena e, de modo particular, aos pés da cruz de seu Filho. Tais títulos dizem-nos também que ela, pela participação escondida e, ao mesmo tempo, incomparável na missão messiânica de seu Filho, foi chamada de modo especial para tornar próximo dos homens o amor que o Filho tinha vindo revelar: amor que encontrar a sua mais concreta manifestação para com os que sofrem os pobres, os que estão privados de liberdade, os cegos, os oprimidos e os pecadores, conforme Cristo explicou referindo-se à profecia de Isaias, ao falar na sinagoga de Nazaré e, depois, ao responder à pergunta dos enviados de João Batista.
   Precisamente deste amor misericordioso, que se manifesta, sobretudo em contato com o mau moral e físico, participava de modo singular e excepcional o coração daquela que foi a Mãe do Crucificado e do Ressuscitado. Nela e por meio dela o mesmo amor não cessa de revelar-se na história da Igreja e da humanidade. Esta revelação é particularmente frutuosa, porque se funda, tratando-se da Mãe de Deus, no singular tanto do seu coração materno, na sua sensibilidade particular, na sua especial capacidade para atingir todos aqueles que aceitam mais facilmente o amor misericordioso da parte de sua Mãe, (DM. 9).

Referência: Devocionário à Mãe da Divina Misericórdia – p. 11 a 21 - Pe. Antonio Aguiar – Editora Canção Nova.

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