A Sé Titular
da Palestina Prima no Patriarcado de Jerusalém, Lydda é chamada atualmente de
Lod. Lod (em grego Lydda) é uma cidade da Palestina, na Planície de Sharon, a
sudoeste de Jafa. Dista cerca de 20 quilômetros de Jope, na estrada para o
porto de Jerusalém. Seu padroeiro é São Jorge, pois acredita-se que o santo
tenha nascido lá.
Foi fundada
por Samad, da tribo de Benjamim, conforme relatam as Sagradas Escrituras (1Cr
8,12). Tempos depois, alguns de seus habitantes foram capturados e levados a
Babilônia, depois retornando os sobreviventes (Esd 2,33; Ne 7,37; 11,34). Em
meados do século II a.C a cidade foi dada pelos reis da Síria aos Macabeus
(1Mac 11,34.57). O imperador Júlio César deu Lod aos judeus em 48 a.C. A cidade
teve guerras civis durante a revolta dos judeus contra Roma no primeiro século
da Era Cristã.
Os primeiros
cristãos da cidade foram visitados pelo próprio Pedro, cura o paralítico
Enéias, segundo o Novo Testamento (At 9,32,35,38).
Seu primeiro
Bispo foi Aécio, amigo de Ário, este heresiarca do Arianismo. O título
episcopal de Lydda ainda existe no Patriarcado Grego de Jerusalém.
O peregrino
Teodósio fez a primeira menção da tumba de São Jorge em Lod no ano de 530, o
que a tornou tão famosa que a cidade teve o nome de Georgiopolis (do grego
“Cidade de Jorge”). Foi erguida uma magnífica igreja sobre o túmulo do mártir,
sendo reconstruída pelos Cruzados. Ainda se mantém até hoje pela Igreja Grega.
Com a chegada dos Cruzados em 1099, Lod se tornou uma Sé católica. O papa Bento
XVI visitou o local, onde celebrou a Liturgia com os Padres Orientais.
Existe
uma tradição que remonta ao tempo da heresia Iconoclasta e que narra a história
do Ìcone de Lydda, uma história impregnada de deslumbramento.
Quando
Pedro e João converteram numerosas pessoas, em Lydda, lá erigiram uma igreja,
consagrada à Mãe de Deus, e pediram à Virgem Maria que a visitasse,
abençoando-a com a sua presença. Mas a Mãe de Deus lhes respondeu: “Ide com
alegria, eu estarei convosco!”
Quando os
apóstolos chegaram à Igreja de Lydda, encontraram sobre uma das colunas a
imagem da Mãe de Deus, feita milagrosamente, sem a ação de “mãos humanas”. Mais
tarde, a Virgem Maria, em pessoa, visitou a Igreja, abençoou a imagem e
conferiu-lhe a graça de realizar milagres.
No século
IV, a imagem foi ameaçada pelo Imperador Juliano, “o Apóstata”, que enviou
pedreiros com a ordem de destrui-la. Porém, esta resistiu aos golpes dos
cinzéis. O fato milagroso deu origem à grande afluência de peregrinos vindos de
todo o Oriente.
Nas
vésperas da Revolta Iconoclasta, São Germano de Constantinopla, ainda monge da
Palestina, desejava muito ver o ícone de Lydda antes de partir para
Constantinopla, onde ele seria eleito o famoso patriarca. Para ter a Virgem de
Lydda sempre perto de si, São Germano pediu a um artista que fizesse uma cópia
da imagem, e levou-a. Em 725, o imperador Leão III2, desencadeou a destruição
dos ícones. O patriarca São Germano foi expulso da Sede Episcopal e viu-se
obrigado a deixar a capital. Antes de seu embarque escreveu uma carta ao Papa
São Gregório Magno, fixando a missiva sobre o ícone que confiou às ondas do
mar. O ícone navegou, ereto, até Roma, aonde chegou em apenas um dia.
Como o
Patriarca São José, sendo avisado em sonho, o Pontífice acompanhado pelo Clero
romano, acolheu a imagem flutuante às margens do rio Tibre. Quando o Papa terminou
sua oração, o ícone se ergueu sozinho, colocando-se entre as suas mãos. Levado
em procissão até a Basílica de São Pedro foi exposto à veneração dos fiéis.
Quando São
Germano compreendeu que a perseguição duraria muito tempo, ainda, enviou outro
ícone da Mãe de Deus, da mesma forma, através das águas do mar. E o segundo
ícone foi, igualmente, recebido pelo Santo Padre em Roma. Os dois ícones
permaneceram na Cidade Eterna por mais de um século.
Durante
Ofício celebrado pelo Papa Sérgio II (844-847), o ícone começou a se mover. O
povo, assustado com o fenômeno, cantou: “Kyrie Eleison”3 e o ícone se
imobilizou. Em seguida, levantou-se e, deixando a Igreja, dirigiu-se até o rio
Tibre, sendo seguido pelo Santo Padre e pelo povo.
Da mesma forma que chegara, no século
precedente, a imagem da Virgem Mãe afastou-se, mar afora, chegando a
Constantinopla, onde foi recebida pelo Patriarca Metódio, o Confessor. Quando
chegou a carta expedida por Roma que explicava o fato, notou-se, com grande
surpresa, que o ícone havia efetuado o trajeto em um único dia. A imagem foi
transferida solenemente para a Igreja de Chalkopratia, onde passou a ser
venerada com o título de “A Romana”.
Referência bibliográfica:
1- Iconoclastia (do grego εικών, transl. eikon,
"ícone", imagem, e κλαστειν, transl. klastein, "quebrar"=
"quebrador de imagem") era um movimento político-religioso contra a
veneração de ícones e imagens religiosas no Império Bizantino no início século
VIII e perdurou até o século IX. Os iconoclastas acreditavam que as imagens
sacras seriam ídolos, e a veneração e o culto de ícones por conseqüência,
idolatria.
2- Leão, o Isáurico (717-741), militar enérgico, imperador
bizantino; nasceu em Síria Comagena; derrubou o último monarca da dinastia
Heracliana e tomou o poder. Intolerante religioso, Leão III combateu o culto às
imagens (movimento iconoclasta), procurando enfraquecer o poder dos mosteiros.
Leão e seu filho Constantino V fecharam conventos, confiscaram bens do clero,
realizaram desfiles ridículos de monges no hipódromo.
3- Kyrie eleison (em grego: Κύριε ελέησον, transl. Kýrie
eléison, "Senhor, tende piedade") é uma oração liturgica. O
testemunho mais antigo de seu uso litúrgico remonta ao século IV, na igreja de
Jerusalém, e, no século V. Kyrie é o vocativo da palavra grega κύριος (transl.
kyrios, "Senhor"), traduzido livremente como "ó, Senhor",
enquanto eleison (ελεησον) é o imperativo aoristo do verbo eleéo (ελεεω;
"ter piedade", "compadecer-se"). É originário do salmo
penitencial 51 (50 na versão LXX). No Rito Romano na Forma Extraordinária o
Kyrie é recitado depois do ato penitencial; no Rito Ambrosiano é recitado
durante o ato penitencial, e repetido três vezes ao fim da Missa, antes da
bênção final. O Kyrie, por ser geralmente abreviado, faz parte também da missa
cantada, formando a parte que se segue ao intróito. O Kyrie foi substituído, no
Rito Romano Ordinário, pela invocação "Senhor, tende piedade."
4- CORBON, Jean, in “L'inculturation de la foi chrétienne au
moyen-orient” (A incultura da fé cristã em todo o Oriente Médio), Proche orient
chrétien (Oriente Médio cristão) ─ Volume 28, Fasc. 3-4. 1988. ( http://livrosmarianos.blogspot.com.br/2011/03/o-icone-de-lydda.html).
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