- Poucos cristãos, embora esclarecidos, desconhecem o valor,
o mérito, a excelência e a necessidade da oração da Ave Maria.
- Foi preciso que a Santíssima Virgem aparecesse repetidas
vezes a grandes santos muito esclarecidos, como São Domingos, São João
Capistrano, o bem aventurado Alano da Rocha (e no século presente, a tantos
outros), para lhes mostrar o mérito desta oração.
- Compuseram grossos volumes sobre as maravilhas da sua
eficácia na conversão das almas. Pregaram e publicaram que tendo a salvação do
mundo começado pela Ave Maria (Lucas 1, 28); a salvação de cada alma está
ligada a esta oração.
- Foi esta oração que fez dar a terra seca e estéril o fruto
da vida-Jesus Cristo, e é esta mesma oração que, rezada com devoção, deve fazer
germinar nas nossas almas a Palavra de Deus, e fazer brotar o fruto da vida,
que é Jesus Cristo.
- Disseram ainda que a Ave Maria é um celeste orvalho que
rega a terra, isto é, a alma, para lhe fazer produzir fruto ao seu tempo. E a
alma que não for regada por esta oração ou orvalho celeste não dará fruto, mas
apenas sarças e espinhos, não estando longe de ser amaldiçoada.
- Eis o que a Santíssima Virgem revelou ao Bem-aventurado
Alano da Rocha, conforme é referido no seu livro “De dignitate Rosarii”, e
depois citado por Cartagena: “Fica sabendo, meu filho, e fá-lo saber a todos,
que um sinal provável e próximo de condenação eterna é ter aversão, tibieza e
negligência em rezar a Saudação Angélica, que salvou todo o mundo”
- Palavras tão consoladoras quão terríveis, que dificilmente
se acreditariam se não tivéssemos esse santo por garantia e, antes dele, São
Domingos, e depois muitos outros grandes personagens, com a experiência de
muitos séculos.
- Efetivamente, sempre se verificou que os que trazem o
sinal da condenação, como todos os hereges, os ímpios, os orgulhosos e os
mundanos odeiam e desprezam a Ave Maria e o Terço.
- Os hereges ainda aprendem e rezam o Pai-Nosso, mas não a
Ave Maria, nem o Terço. Têm-lhes horror; prefeririam trazer consigo uma
serpente a um Terço. Os orgulhosos, embora católicos, como têm as mesmas
inclinações que seu pai lúcifer, também despreza ou votam indiferença a Ave
Maria, considerando o Terço como uma devoção para efeminados, própria para
ignorantes e analfabetos.
- Pelo contrário, a experiência tem mostrado que aqueles e
aquelas que apresentam grandes sinais de predestinação amam, saboreiam e rezam
com prazer a Ave Maria, e que quanto mais são de Deus, tanto mais gostam desta
oração. Foi o que disse a Santíssima Virgem ao bem-aventurado Alano.
- Não sei como isto se faz nem por que, mas não deixa de ser
uma realidade: não tenho melhor segredo para conhecer se uma pessoa é de Deus,
do que ver se ela gosta de rezar a Ave Maria e o Terço. E digo gosta, porque
pode acontecer que uma pessoa esteja na impossibilidade natural ou mesmo
sobrenatural de a rezar, mas sempre gosta e a inspira aos outros.
- Almas predestinadas, escravas de Jesus em Maria, ficai
sabendo que a Ave Maria é a mais bela de todas as orações, depois do Pai Nosso:
é a saudação mais perfeita que podemos dirigir a Maria, porque é a que o
Altíssimo lhe transmitiu por um Arcanjo, a fim de lhe ganhar o Coração.
- E foi tão poderosa, pelos encantos secretos de que está cheia,
que Maria consentiu na Encarnação do Verbo, apesar da sua profunda humildade.
Será também por meio desta saudação que lhe ganharemos infalivelmente o
Coração, se a dissermos como convém.
- A Ave Maria bem
rezada, isto é, rezada com atenção, devoção e modéstia, segundo os santos:
· é a
adversária que põe o demônio em fuga e o martelo que o esmaga; é a santificação
da alma, a alegria dos anjos, a melodia dos predestinados, o cântico do Novo
Testamento, o gozo de Maria e a glória da Santíssima Trindade.
- A Ave Maria:
· é um orvalho
do Céu, que torna a alma fecunda; é um beijo puro e amoroso que se dá a Maria.
· é uma rosa
vermelha que se lhe apresenta, uma pérola preciosa que se lhe oferece, é um
pouco de ambrosia e de néctar divino que se lhe dá.
Todas estas comparações são dos santos.
(Consulte também:
CIC-Catecismo da Igreja Católica §2673-2679).
O Magnificat Lucas 1,46-55
- Para agradecer a Deus as graças que concedeu a Santíssima
Virgem, as almas escolhidas dirão muitas vezes o Magnificat, a exemplo da Bem
aventurada Maria de Doignies e de vários outros santos.
- É a única oração e a única composição da Santíssima
Virgem, ou, antes, que Jesus compôs n’Ela, pois Ele falava pela sua boca.
- Este é o maior sacrifício de louvor que Deus recebeu na
Lei da Graça. Por um lado, é o mais humilde e reconhecido, por outro, o mais
sublime e elevado de todos os cânticos. Há nele mistérios tão grandes e
escondidos que os anjos os ignoram.
- Gerson, doutor muito piedoso e sábio, gastou uma parte da
vida a compor tratados, plenos de erudição e piedade, sobre os mais difíceis
temas. Mas foi só depois, no fim da vida, que empreendeu, a tremer, a
explicação do Magnificat, para assim coroar as suas obras. Diz-nos que sobre
ele compôs, coisas admiráveis do belo e divino cântico. Entre outras coisas,
ele diz que a própria Santíssima Virgem o recitava muitas vezes,
particularmente depois da Sagrada Comunhão, em ação de graças.
- O erudito Benzônio, explicando também o Magnificat, conta
muitos milagres operados pela sua virtude.
Diz que os demônios tremem e se põem
em fuga quando ouvem as palavras:
Leitor 1: A minha
alma engrandece o Senhor,
Todos: e meu
espírito exulta em Deus meu Salvador, porque
olhou para a humilhação de sua serva.
L 2: Sim!
Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada,
Todos: O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é o
Seu nome!
Leitor 3: E Sua misericórdia perdura de geração em
geração,
Todos: para aqueles que o temem.
Leitor 4: Agiu com a força de seu braço.
Todos: dispersou os homens de coração orgulhoso.
Leitor 5: Depôs poderosos de seus tronos,
Todos: e a humildes exaltou.
Leitor 6: Cumulou de bens os famintos
Todos: e despediu ricos de mãos vazias.
Leitor 7: Socorreu Israel, seu servo,
Todos: fiel ao seu amor.
Leitor 8: conforme prometera a nossos pais
Todos: em favor de Abraão e de sua descendência, para
sempre.
(Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem São Luiz
Maria Grignion de Monfort §249s).
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