A Igreja ao celebrar
a Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria explica que para ser a Mãe
do Salvador, Maria “foi enriquecida por Deus com dons dignos para tamanha
função”.
No momento da Anunciação o anjo Gabriel a saúda como “cheia
de graça”, isto é, sem pecado, viveu totalmente “sob a moção da graça de Deus”
(CIC §490). Ao longo dos séculos a Igreja tomou consciência de que Maria,
“cumulada de graça” por Deus (Lc 1, 28), foi redimida desde a concepção pelo
sangue de Cristo. É isto que confessa o dogma da Imaculada conceição (ou
concepção), proclamado em 1854 pelo Papa Pio IX:
“A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua
Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos
méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de
toda mancha de pecado original.” Esta “santidade inteiramente singular” da qual
Maria é “enriquecida desde o primeiro instante da sua conceição” lhe vem
inteiramente de Cristo: “Em vista dos méritos de seu Filho, foi redimida de um
modo mais sublime”. Mais do que qualquer outra pessoa criada, o Pai a “abençoou
com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo” (Ef 1,3). Ele a
“escolheu nele, desde antes da fundação do mundo, para ser santa e imaculada na
sua presença, no amor”. Fica claro que Maria foi também salva do pecado por
Jesus, mas de maneira antecipada, como alguém que toma uma vacina para não ser
infectado pela doença.
Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja (†1787), disse:
“Maria tinha de ser medianeira de paz entre Deus e os homens. Logo,
absolutamente, não podia aparecer como pecadora e inimiga de Deus, mas só como
Sua amiga, toda imaculada” (Glória de Maria, p. 209). E ainda: “Maria devia ser
mulher forte, posta no mundo para vencer a Lúcifer, e portanto devia permanecer
sempre livre de toda mácula e de toda a sujeição ao inimigo” (idem).
São Bernardino de Sena, falecido (†1444), diz a Maria:
“Antes de toda criatura fostes, ó Senhora, destinada na mente de Deus para Mãe
do Homem Deus. Se não por outro motivo, ao menos pela honra de seu Filho, que é
Deus, era necessário que o Pai Eterno a criasse pura de toda mancha” (GM, p.
210).
São Tomas de Vilanova, (†1555), disse em sua teologia sobre
Nossa Senhora: “Nenhuma graça foi concedida aos santos sem que Maria a
possuísse desde o começo em sua plenitude” (GM, p. 211). E pergunta Santo
Anselmo, bispo e doutor da Igreja (†1109): “Deus, que pode conceder a Eva a
graça de vir ao mundo imaculada, não teria podido concedê-la também a Maria?”.
“A Virgem, a quem Deus resolveu dar Seu Filho Único, tinha de brilhar numa
pureza que ofuscasse a de todos os anjos e de todos os homens e fosse a maior
imaginável abaixo de Deus” (GM, p. 212).
É importante notar que Santo Afonso de Ligório afirma: “O
espírito mal buscou, sem dúvida, infeccionar a alma puríssima da Virgem, como
infeccionado já havia com seu veneno a todo o gênero humano. Mas louvado seja
Deus! O Senhor a preveniu com tanta graça, que ficou livre de toda mancha do
pecado. E dessa maneira pode a Senhora abater e confundir a soberba do inimigo”
(GM, p. 210).
Rezemos: "Ó
Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós".
Por prof. Filipe Aquino.
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