"De todos, que estavam reunidos no cenáculo, ninguém
conhecia o verdadeiro sentido das palavras de Jesus, porque faltava a todos a
experiência do Espírito Santo. Com exceção de Maria. Ela o conhecia. E sabia
como preparar-se para a vinda do Espírito: rezando. Visto que o Espírito Santo
é dom: Dom do Pai por antonomásia, gratuitamente concedido. Por isso, no cenáculo, se vigiava em oração,
em torno de Maria: espera orante, que a Igreja de todos os tempos perpetua,
imitando a Mãe de Jesus."
Como no episódio das Bodas de Caná (Jo 2,1-11), Maria também
tem especial importância em Pentecostes. Cabe lembrar que desde a cruz, antes
de morrer, Jesus nos deu sua Mãe como nossa mãe na pessoa de São João, e ele a
acolheu como Mãe. Na verdade, todos os discípulos já haviam acolhido Maria como
mãe, desde a vida pública de Jesus, pois ninguém, senão Ela havia participado
de toda a vida de seu Filho, desde o momento da concepção até a ressurreição.
Entendo que esse fato fez com que fosse “preenchido” o vazio deixado pela
ausência física de Jesus, após sua ascensão. Muitos poderiam pensar: “Maria era
repleta do Espírito Santo, Templo da Santíssima Trindade, então por quê estaria
presente no evento de Pentecostes?”. Para essa pergunta, atrevo-me a responder:
em Pentecostes nasce a Igreja, e Maria, como esposa do Espírito Santo
configura-se como Mãe do Corpo Místico de Cristo, tornando-a indissoluvelmente
unida ao mistério de Cristo pela Encarnação e à Igreja.Não existe Igreja sem
Maria e Maria sem a Igreja.
Maria também é a Mãe dos apóstolos. Nesse contexto, é fácil
perceber que é a presença materna de Maria que auxilia os discípulos a
perseverarem na fé e na espera do Espírito Santo Consolador. Por isso,
permaneciam unidos em oração, suplicando a DEUS a vinda do Paráclito, do Fogo
abrasador. Dessa forma, Maria molda maternalmente os apóstolos em irmãos,
preparando-os para acolher o Espírito Santo.
Com a descida do Espírito Santo no cenáculo, os apóstolos
animados pela Virgem Santíssima, venceram seus temores e, destemidos,
proclamavam o Evangelho. Ali era formada a primeira comunidade cristã, com o
nascimento da Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo.
Como cristãos batizados somos chamados a refletir sobre
Pentecostes, pois “somos todos templo do Espírito Santo”, como diz São Paulo (
I Cor 6:19).
“Tendo entrado no cenáculo, subiram ao quarto de cima, onde
costumavam permanecer. Eram eles: Pedro e João, Tiago, André, Filipe, Tomé,
Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelador, e Judas, irmão de
Tiago.
Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente
com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus, e os irmãos (primos)
dele.”(At.1,13-14)
“Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no
mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso,
e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de
línguas de fogo, que se repartiram e repousaram sobre cada um deles. Ficaram
todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme
o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” (At.2, 1-4).
A palavra Pentecostes vem da palavra grega “pentekosté” e
significa “qüinquagésimo”, ou seja, representa o 50° dia depois da Páscoa.
Nesse tempo, comemora-se a vinda do Espírito Santo e o Nascimento da Igreja
Católica. Antes de ser uma celebração cristã, Pentecostes era uma festa
judaica, associada ao tempo de colheita, relacionando-se após, ao dia em que
Deus entregou as tábuas da Lei a Moisés, no Monte Sinai. O Pentecostes cristão
acontece em cumprimento à promessa de Jesus, após sua ascensão aos céus, quando
enviou o Espírito Santo sobre Maria e os apóstolos, reunidos no cenáculo,
conforme S. Lucas narra em At.1,4-8:
“E comendo com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de
Jerusalém, mas que esperassem o cumprimento da promessa de seu Pai, que
ouvistes, disse ele, da minha boca; porque João batizou na água, mas vós sereis
batizados no Espírito Santo daqui há poucos dias. Assim reunidos, eles o
interrogavam: Senhor, é porventura agora que ides instaurar o reino de Israel?
Respondeu-lhes ele: Não vos pertence a vós saber os tempos nem os momentos que
o Pai fixou em seu poder, mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará
força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e
até os confins do mundo. (At. 1, 4-8)
Nessa ocasião, aconteceu a efusão do Espírito Santo,
enchendo os apóstolos dos seus dons e da força que os impulsionou a testemunhar
o Cristo ressuscitado no mundo. Esse era a missão dos apóstolos.
ORAÇÃO:
Vem, ó divino Espírito Com teus santos dons e transforma
nossos corações em templo de tua glória. Ó luz de sabedoria, revela-nos o
mistério do Deus trino e uno fonte de eterno amor.
(Liturgia das horas).
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