Como todas as crianças inocentes e simples
daquela época, gostavam de brincar, jogar, de ouvir histórias e de sair com as
ovelhas. Rezavam com regularidade o terço que levam sempre quando saiam com o
rebanho a pastorear: rezem lá as contas a Nossa Senhora depois de merendar e
uns pai-nosso a Santo Antonio para não perderem as ovelhas – recomendava Maria
Rosa, mãe de Lúcia. Esta era a mais velha, sempre pronta a ajudar os outros.
Sabia distrair as crianças, brincando com elas e ensinando-as a cantar versos a
Nossa Senhora. Gostava também de lhes contar histórias, as que mais
interessavam a Jacinta era a narração da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Vendo a imagem de Jesus pregado na cruz, Jacinta não cansava de interrogar a
Lúcia: - Por que Jesus está pregado na cruz? Porque morreu para nos salvar.
Conta-me como foi... Jacinta começava então, a chorar e dizia: “coitadinho de
Nosso Senhor! Eu não hei de fazer nenhum pecado; não quero que Jesus sofra
mais”.
Francisco era um exemplo de obediência e de
amabilidade. Seus pais nunca tiveram motivo sério de se queixar dele. Tinha a
alma aberta para contemplar as belezas da natureza, que o faziam meditar na
grandeza de Deus. Junto com Jacinta, gostava de apreciar o pôr do sol.
Encantados com tanta beleza permaneciam em silencio até que aparecessem as
primeiras estrelas, e Francisco dizia: “olhe, Nossa Senhora e os anjos acendem
essas lâmpadas no céu para acabar com a escuridão da noite!”
Levavam assim, uma vida simples e tranquila,
esses três pastorinhos; até que, em 1916, deu-se um tremendo e imprevisto
acontecimento: a primeira aparição do
anjo; não temais, disse ele, sou o anjo da paz... O anjo lhes apareceu em uma
pequena colina situada no terreno que pertencia ao pai de Lúcia, esta colina
chamava-se: Loca do Cabeço. Uma garoa fina começou a cair, acompanhada de
vento. Procurando abrigo, entraram numa espécie de gruta. Terminada a chuva,
merendaram e rezaram o terço.Começaram a brincar, e eis que um vento forte
sacudiu as árvores, viram uma luz mais branca que a neve, com a forma de um
jovem transparente, de seus quatorze ou quinze anos. Ele era de uma grande
beleza e mais brilhante que um cristal atravessado pelos raios do sol. Ao
chegar junto deles, esse jovem disse: “Não temais. Sou o Anjo da Paz. Rezai
comigo”.
Ajoelho-se, inclinou-se até encostar a
cabeça no chão. Os três pastorinhos o imitaram e repetiram as palavras que
ouviram o anjo dizer: “Meu Deus! eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos
perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam”.
Depois,
levantando-se, disse: “orai assim. Os corações de Jesus e Maria estão atentos à
voz das vossas súplicas”. E desapareceu. A presença de Deus se fez sentir
enormemente nas três crianças, que permaneceram na mesma posição em que o anjo
os tinha deixado, e repetiram sempre a mesma oração. Deste momento em diante
passavam longo tempo assim, prostrados por terra, repetindo a oração do anjo,
às vezes, até cair de cansados.
A
segunda aparição do Anjo – Sacrifício em ato de reparação pelos pecados... Estavam
os três pastorinhos, junto ao poço do quintal dos pais de Lúcia, brincando. De
repente, viram o mesmo anjo que lhes disse: “Que fazeis? Orai, orai muito. Os
corações santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia.
Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios”. – Como nos havemos
de sacrificar? – Perguntou Lúcia.
- “De tudo que puderdes, oferecei a Deus um
sacrifício em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de
súplica pela conversão dos pecadores. Atraí, assim, sobre vossa Pátria, a paz.
Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai,
com submissão, o sofrimento que o Senhor vos enviar”.
Essas palavras do
anjo gravaram-se no espírito dos três pastorinhos, como uma luz que os fazia
compreender quem era Deus, como Ele amava os homens e como queria ser amado.
Começaram a entender também o valor do sacrifício e como Deus, por meio deles
convertiam os pecadores. Por isso, desde esse momento, as três crianças
começaram a oferecer ao Senhor tudo o que as fazia sofrer.
A
terceira Aparição do Anjo – Em reparação dos ultrajes, dos sacrilégios e
indiferenças... Meses depois,os três pastorinhos estavam novamente na Loca
do Cabeço, após rezarem o terço e a oração que o anjo lhes havia ensinado, eis
que aparece o Anjo, trazendo na mão um Cálice e, sobre ele, uma Hóstia, da qual
caíam dentro do Cálice algumas gotas de sangue. O Anjo deixou suspenso, no ar,
o Cálice. Prostrou-se em terra, repetindo três vezes a oração: “Santíssima
Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-vos profundamente e ofereço-vos o
preciosíssimo Corpo, sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em
todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças
com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Santíssimo
Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres
pecadores”.
Levantando-se, tomou novamente o Cálice e a
Hóstia. Deu à Lúcia a Hóstia e o Sangue do Cálice deu a beber a Jacinta e ao
Francisco, dizendo ao mesmo tempo: “Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus
Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes, e
consolai o vosso Deus.
E prostrando-se por
terra, repetiu com eles, três vezes a mesma oração: “Santíssima Trindade...”.
Lucia tinha nove anos e os primos oito e seis anos quando isso lhes aconteceu.
Primeira aparição de Nossa Senhora – Oração e Penitência
Decorriam
os dias, até que Lúcia completava dez anos, Francisco nove e Jacinta sete. Numa
manhã de domingo, a 13 de maio de 1917, depois da Santa Missa, brincavam, os
três na Cova da Iria, terreno situado nos arredores de Fátima. De repente uma
luz os surpreende. Parece relâmpago! O horizonte está sem nuvens, o firmamento
claro e sereno. Que seria? Vamos para casa, está ameaçando tempestade! Disse
Lúcia.
Desceram a colina correndo. Outro relâmpago
seguido de novo trovão. Sem saber por que, olham para o lado direito... Oh,
maravilha! Sobre a copa de uma pequena árvore chamada azinheira, vêem uma
senhora de beleza incomparável. Estava vestida de branco, mais brilhante que o
sol, irradiando uma luz muito clara e intensa. Sua face, indescritivelmente
bela, não era nem triste, nem alegre, mas séria, com ar de suave censura. As
mãos juntas, como a rezar, apoiadas no peito e voltadas para cima. Da mão
direita, pendia um rosário. As vestes pareciam feitas só de luz. A túnica era
branca, e branco o manto, orlado de ouro, que cobria a cabeça da Virgem e lhe
descia aos pés.
Com voz suave e maternal, tranquiliza os
pastorinhos dizendo: “Não tenhais medo. Eu não vos farei mal”. Lúcia pergunta:
“De onde vem a Senhora?” “Sou do céu”. “Que a Senhora quer?” “Vim para pedir
que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos
direi quem sou e o que quero. Depois
voltarei aqui ainda uma sétima vez”.
Lúcia pergunta: “Eu também vou para o céu?”
“Sim, vais”. – E a Jacinta? Também. E o Francisco? Também irá, mas antes, tem
que rezar muitos terços.
Lembrando-se de umas moças que recentemente
tinham falecido, Lúcia perguntou: A Maria das Neves já está no Céu? Sim está. E
a Amélia? Está no Purgatório até o fim do mundo.
Vendo a surpresa de Lúcia com a severidade
do castigo divino, a Senhora pergunta: quereis oferecer-vos a Deus para
suportar todos os sofrimentos que Ele quiser mandar-vos, em ato de reparação
pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica, pela conversão dos
pecadores? Sim, queremos. Respondeu Lúcia em nome de todos. Tereis de sofrer
muito, mas a graça de Deus vos confortará.
A Senhora
abriu as mãos e delas saíram dois raios de luz que penetraram o coração das
crianças. Essas caíram de joelhos e repetiram: ó Santíssima Trindade, eu vos adoro.
Meu Deus, meu Deus, eu vos amo no Santíssimo Sacramento. Nossa Senhora
acrescentou: rezem o terço todos os dias para alcançarem a paz para o mundo e o
fim da guerra. Em seguida, Nossa Senhora cercada de luz, começou a levantar-se
serenamente, subindo em direção ao nascente, até desaparecer.
Segunda aparição de Nossa Senhora – O
Imaculado Coração de Maria ultrajado pelos pecados.
A notícia
das aparições de Nossa Senhora na Cova da Iría, já estava na boca do povo, por
este motivo na manhã do dia 13 de junho, algumas pessoas estavam à porta da
casa de Lúcia, esperando para acompanhá-la ao local das aparições. Chegaram ao
lugar por volta das onze horas, os três pastorinhos ajoelharam-se e rezaram o
terço. Estavam para continuar as orações, quando Lúcia gritou: “Jacinta, lá vem
Nossa Senhora! Olhe o relâmpago!”
Os três correram, então, para junto da
azinheira e a multidão reuniu-se em torno deles.
Lúcia perguntou: o que a Senhora quer de
mim? Quero que venhais aqui no dia treze do mês que vem, e que rezeis o terço
todos os dias e aprendais a ler. Depois de cada dezena do rosário, repitam a
seguinte jaculatória: “Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno;
levai as almas todas para o Céu, especialmente as que mais precisarem”. Mais
tarde direi o que quero.
Lúcia pediu a cura de uma pessoa doente. Se
ela converter, ficará curada ainda este ano, disse Nossa Senhora.
Queria pedir-lhe para nos levar para o Céu,
continuou Lúcia. Sim. A Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficarás
aqui mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e
amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração.
E eu fico
aqui sozinha? Não, minha filha, eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração
será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus. Ao dizer essas
últimas palavras, abriu as mãos, junto da mão direita de Nossa Senhora estava
um coração cercado de espinhos, que pareciam estar cravados nele. Compreenderam
as crianças que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da
humanidade, que queria reparação.
Terceira aparição de Nossa Senhora – O
castigo da humanidade e o triunfo do Imaculado Coração de Maria
Na manhã do dia 13 de julho, uma força
interior e irresistível levou Lúcia a caminho da Cova da Iria, junto com seus
dois primos. A Santíssima Virgem, aparecendo pela terceira vez sobre a
azinheira, diz aos videntes, rodeados por três ou quatro mil pessoas: quero que
venham aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os
dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim
da guerra.
Eu queria pedir para que nos dissesse quem é
e que fizesse um milagre, para que todos acreditem nas aparições – pediu Lúcia.
Continuem a vir aqui todos os meses. Em
outubro direi quem sou o que quero e farei um milagre que todos poderão ver
para acreditarem. Depois acrescentou: sacrifiquem-se pelos pecadores e digam
muitas vezes, especialmente quando fizerem um sacrifício: Ó Jesus, é por vosso
amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos
contra o Imaculado Coração de Maria!
Ao dizer
essas palavras, abriu as mãos como nos meses anteriores. O reflexo pareceu
penetrar a terra e vimos como que um mar de fogo. Mergulhados nesse fogo, os
demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou
bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas
que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os
lados. Assim como o cair das fagulhas nos grandes incêndios, sem peso e sem
equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizavam e faziam
estremecer de pavor.
As crianças ficaram apavoradas. Voltaram a
olhar para Nossa Senhora como que pedindo socorro. Nossa Senhora diz então com
bondade e tristeza: “Viste o inferno para onde vão as almas dos pobres
pecadores. Para salvá-las, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu
Imaculado Coração. Se fizerem o que eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e
terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, começará
outra pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei
que é o grande sinal que Deus vos dá, de que vai punir o mundo dos seus crimes por
meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para impedi-la,
virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão
reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem ao meu pedido, a Rússia se
converterá e terão paz; se não, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo
guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá
muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas: por fim, o meu Imaculado
Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e
será concedido ao mundo algum tempo de
paz”.
“Em Portugal, conservar-se-á sempre o dogma
da fé. Isto não diga a ninguém. Ao Francisco, sim, podeis dizê-lo”.
Com um último
olhar repassado com ternura, a Senhora dirigiu-se para o mesmo ponto de onde
viera até que desapareceu na imensidade do Céu.
Compreendendo
a profecia de Nossa Senhora:
Para bem
compreender o que disse Nossa Senhora, é preciso lembrar que, no ano de 1917,
quando Nossa Senhora apareceu para os três pastorinhos, o mundo estava vivendo
os horrores da primeira guerra mundial. Ela previu o fim dessa guerra e disse
que, se as pessoas não deixassem de ofender a Deus, iria começar outra guerra
muito pior. E foi exatamente o que aconteceu. Em setembro de 1939 teve inicio a
Segunda Guerra Mundial.
Em 1917 a Rússia se tornou um país
comunista. Tal regime, nega todos os Mandamentos da Lei de Deus, persegue a
religião católica, impedindo que as pessoas possam seguir a Deus e a Nossa
Senhora. E, como foi previsto por esta, a Rússia espalhou seus erros pelo
mundo.
As palavras da Virgem, acima relatadas,
contêm as duas primeiras partes do famoso segredo de Fátima já conhecidas.
A primeira parte é a visão do inferno, que é
o castigo no outro mundo, dos pecadores que morrem sem arrependimento.
A segunda parte nos mostra o castigo de Deus
neste mundo, pelos nossos pecados: fome, erros espalhados pela Rússia, com
guerras e perseguições à Igreja, várias nações destruídas, sofrimentos do Santo
Padre.
Esta segunda parte do segredo nos fala
também dos meios para evitar estes castigos: a devoção ao Imaculado Coração de
Maria, a consagração da Rússia ao mesmo Imaculado Coração e a comunhão
reparadora dos cinco primeiros sábados.
Os videntes
guardaram o segredo por longos anos. Lúcia somente revelou as duas primeiras
partes após uma inspiração especial do Espírito Santo, em 1941.
Quarta
Aparição de Nossa Senhora – A reação dos inimigos da Igreja
Por todo o
Portugal, os acontecimentos da Cova da Iria, em Fátima, foram sendo conhecidos.
Movidos pelo instinto sobrenatural, o povo português sentia-se atraído à Cova
da Iria. No entanto, parte da imprensa, e as autoridades civis, contrárias à
Igreja e à religião, decidiram impedir estas manifestações religiosas e com
toda a maldade, procuravam ridicularizar a religião católica.
Nessa época, Portugal, dominado por governos
maus, vivia tempos de grande perseguição religiosa. Artur de Oliveira Santos,
administrador da Vila Nova de Ourém, queria pôr fim ao movimento piedoso
relacionado com as aparições de Nossa Senhora. Resolveu, então intimar os pais
dos videntes a comparecerem com seus filhos em Vila Nova de Ourém.
Senhor Marto, pai de Francisco e Jacinta,
não os levou. Já o pai de Lúcia compareceu com a filha. A todo custo queria, o
administrador, que Lúcia revelasse o segredo e fizesse a promessa de não voltar
mais à Cova da Iria. Ameaçou-a dizendo: “se não contares o segredo, isso te
custará à vida”.
Caia à tarde, quando voltaram para
Aljustrel. Lúcia foi sem demora à procura dos primos. Encontrando-os
ajoelhados, chorando à borda do poço. Abraçaram-se e Jacinta disse: “tua irmã
passou por aqui e nos disse que já tinham te matado. Rezamos e choramos
tanto!...
Na véspera da aparição de agosto, muitos
peregrinos já se dirigiam para a Cova da Iria. Na manhã do dia 13, o
administrador chegou em Aljustrel, à procura dos pastorinhos.
Eu também quero ver o milagre. Vamos todos
juntos. Os levarei no meu carro. Enganou assim as crianças, fazendo-as entrar
no seu carro, e conduziu-as a Ourém. Lá foram presos. Levou-os ora para a Administração, ora para sua casa, ora para a cadeia.
Na cadeia, o sofrimento foi terrível.
Viram-se longe dos pais, mas sempre se lembrando das recomendações de Nossa
Senhora, os pastorinhos começaram a rezar o terço. Logo, alguns presos,
impressionados com o ato das crianças, ajoelharam-se, rezando com elas.
Os pastorinhos são chamados novamente pelo
administrador. Este os ameaçava para lhes arrancar o segredo. Tudo era em vão.
Furioso, o administrador diz: “Falem a verdade ou serão lançados num caldeirão
de azeite quente”. Vira para Jacinta e diz: “vamos, você vai ser a primeira.
Diga o segredo!”. Todavia Jacinta mantém-se firme e um guarda a apanha,
levando-a para outro quarto. O mesmo se
passou com Francisco e com Lúcia. Estavam dispostos a morrer, sendo fieis a
Nossa Senhora. Não revelaram o segredo. Sendo Lúcia a última a ser conduzida ao
quarto, sentiu grande alegria ao encontrar os primos salvos e não no caldeirão.
Ao meio dia no lugar das aparições, o povo
rezava e cantava, aguardando já impacientes os pequenos. Ouve-se então, a
notícia de que as crianças haviam sido raptadas pelo administrador de Ourém. A
população se revolta.
De repente, escuta-se um trovão seguido de
um relâmpago. Ao mesmo tempo, os espectadores vêem uma nuvenzinha branca que se
instala sobre a azinheira e em seguida desaparece. Os rostos dos espectadores,
suas roupas, as árvores, o chão, tudo adquire as cores do arco-íris.
Certamente Nossa Senhora tinha vindo, mas
não encontrou os pequenos... Depois de três dias de inúteis tentativas e
ameaças, o administrador reconduz a Fátima os pequenos videntes.
Na tarde do dia 15 de agosto, festa da
Assunção de Nossa Senhora, Lúcia, Francisco e seu irmão João foram levar o
rebanho para pastar na Serra. Lá pelas quatro horas da tarde, achava-se numa
espécie de cavidade chamada Valinhos. De repente, Lúcia começou a notar uma
mudança na atmosfera. Não era a ameaça de uma tempestade, parecia mais aquela
misteriosa sensação que sempre antecedia as visões sobrenaturais. Olhou para
Francisco e viu que não havia se enganado. Sim, a Senhora ia chegar... E
Jacinta não estava presente.
Pediram a João que fosse buscá-la. Como ele
não queria ir, Lúcia ofereceu-lhe algumas moedas. Este aceitou e foi.
Jacinta
chegou a tempo. Ali, sobre uma azinheira um pouco maior que a da Cova da Iria,
a divina Senhora lhes fala: “quero que continueis a ir à Cova da Iria ao dia
treze e que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês farei o
milagre para que todos acreditem nas aparições. Mas este será menos grandioso,
em sinal de castigo por vos terem levado presos. E continuou: “rezai, rezai
muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, pois vão muitas almas para o
inferno, por não haver quem se sacrifique e peça por elas”. Nisto, afastou-se
em direção do leste e desapareceu.
Quinta
Aparição de Nossa Senhora – Deus está contente com vossos sacrifícios
No dia 13
de setembro, rodeados por cerca de vinte mil pessoas vindas de vários lugares,
os três pastorinhos compareceram à Cova da Iria. Todos querem ver; todos querem
falar as crianças, recomenda-lhes suas necessidades, as suas misérias e as suas
preocupações e gritavam: “pelo amor de Deus, peça a Nossa Senhora que cure meu
filho aleijado. E o meu que é cego! Que converta um pecador!
Chegando junto à azinheira, Lúcia ajoelha-se
com o povo e começa a rezar o terço. Pouco depois, viram o reflexo da luz e a
seguir Nossa Senhora sobre a azinheira.
Desta vez, muitas pessoas da multidão
contemplaram, com grande admiração, o globo luminoso que se movia do nascente
para o poente, deslizando lento e majestoso, através do espaço.
Nossa Senhora diz a Lúcia: “continuem a
rezar o terço todos os dias, para alcançarem o fim da guerra. Em outubro virá
também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino
Jesus para abençoarem o mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios,
mas não quer que durmais com a corda (corda que os pastorinhos traziam atada à
cintura para se mortificarem), trazei-a só durante o dia”.
Muitas pessoas têm me pedido para lhe pedir
muitas coisas: a cura de alguns doentes, de um surdo-mudo – diz Lúcia. Sim,
alguns curarei, outros não, porque Nosso Senhor não confia neles.
Nossa Senhora,
então, começando a elevar-se, desapareceu como de costume. Muitos puderam
observar de novo o fenômeno do globo luminoso que, agora, reconduzia ao céu a
majestosa Senhora.
Certo dia, um cônego e professor do
seminário de Liceu da cidade de Santarém, o Reverendo Doutor Manuel Nunes
Formigão, resolveu interrogar os
videntes para verificar se os acontecimentos da Cova da Iria eram verdadeiros.
Lúcia,
Francisco e Jacinta respondiam sempre com grande convicção e absoluta
sinceridade, mas nunca revelaram o segredo. Pela simplicidade das respostas, o
Doutor Formigão se convencia da autenticidade das crianças, e ficava cada vez
mais ansioso para que o dia 13 de outubro chegasse. Esse dia, com certeza,
marcaria os acontecimentos de Fátima.
Sexta e
Última Aparição – A Despedida e o grande milagre
Já na
véspera do dia 13, muitos veículos, grupos de romeiros descalços seguiam a pé o
caminho que conduzia a Fátima. Rezavam e cantavam hinos sagrados durante a
caminhada.
Afinal, amanhece o dia 13, chuvoso. A
multidão de peregrinos aumentava cada vez mais. A Cova da Iria tinha se
transformado num lamaçal por causa da chuva. Já perto do meio dia, cerca de
setenta mil pessoas aguardavam o milagre.
Ao meio dia os três pastorinhos se
encontravam diante da azinheira que havia sido enfeitada com flores e fitas de
seda. Quase toda a multidão rezava o terço.
Fechem os guarda-chuvas! Gritou Lúcia sem
saber por que. E todos esperaram pacientemente na chuva.
Lúcia grita: “lá vem Nossa Senhora. Já vi o
relâmpago!” O que a Senhora quer? Pergunta Lúcia. Quero que façam aqui uma
capela em minha honra. Sou a Senhora do Rosário. Continuem a rezar o terço
todos os dias. A guerra vai acabar e os soldados voltarão em breve para suas
casas.
Tenho muita coisa a pedir, disse Lúcia. A
cura de alguns doentes, a conversão de alguns pecadores... Alguns sim, outros
não. É necessário que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados.
E tomando um aspecto muito triste continuou:
“não ofendam mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido”.
Abriu as mãos, fazendo-as refletir no sol. E
enquanto se elevava, a sua luz não deixava de se projetar no sol. Olhem para o
sol! – Grita Lúcia.
Nesse instante, as três crianças viram na
imensidão do firmamento, São José com o Menino Jesus e Nossa Senhora, vestida
de vermelho com um manto azul – a sagrada Família.
São José com o Menino Jesus pareciam
abençoarem o Mundo, com gestos que faziam com a mão em forma de cruz. Pouco
depois, sumindo esta aparição, Lúcia viu Nosso Senhor e Nossa Senhora das
Dores, vestida de roxo, mas sem espada no peito. Nosso Senhor parecia abençoar
também o Mundo. Terminada esta visão, aparece ainda à Lúcia Nossa Senhora do
Carmo coroada rainha do Céu e da Terra, com o Menino Jesus no colo.
Enquanto as crianças contemplam essas
celestiais visões, um espetáculo nunca visto aparecia diante dos olhos da
multidão ali reunida.
De repente, a chuva parou. O sol brilhava
como um imenso disco de prata. Enquanto
todos olhavam assombrados, a imensa bola de fogo começou a dançar. E girava
rapidamente. Depois de algum tempo parou. Gira três vezes sobre si mesmo,
desliza no céu, lançando chamas vermelhas de fogo. Essa luz refletiu-se nas
árvores, nos peregrinos, em todos os lugares, tomando cores variadas. O sol
pareceu tremer sacudir-se, dando a impressão que caía em ziguezague sobre a
multidão.
As pessoas ficaram apavoradas e ouviam-se
gritos de terror. Tudo isso durou dez minutos. Logo depois, o sol voltou em
ziguezague ao seu lugar, ficando então tranquilo e brilhante, no seu estado
normal.
Milagre! Milagre! Diziam uns. As crianças
tinham razão! Nossa Senhora fez o milagre! Bendito seja Deus! Bendita seja
Nossa Senhora! – exclamavam outros.
Muitos notaram que as vestes a pouco
ensopadas haviam secado subitamente.
Nossa Senhora, com esse extraordinário
milagre, mostrou aos homens que tudo o que havia sido contado pelas crianças
era verdadeiro. Só pessoas de pouca fé e cegas pelos próprios vícios e pecados
duvidavam da mensagem de Nossa Senhora de Fátima, tentando ridicularizar a
Igreja Católica.
Quanto aos
pastorinhos continuavam a levar uma diferente das demais crianças. Colocavam em
prática tudo o que Nossa Senhora lhes havia dito, aceitando e suportando todos
os sacrifícios para converter os pecadores e confortar Jesus ofendido.
A Missão de
Lúcia
Aos quatorze anos, Lúcia entrou para um
colégio de religiosas no Porto, cidade ao norte de Portugal. Mais tarde,
querendo ser religiosa, seguiu para o convento das irmãs de Santa Dorotéia, na
Espanha.
Depois voltou para Portugal, entrando no
Carmelo de São José de Coimbra e recebeu o nome de Irmã Lúcia do Coração
Imaculado.
Durante sua vida, a Irmã Lúcia teve diversas
revelações de Nossa Senhora. Numa das visões, Ela lhe apareceu em seu quarto no
convento, pedindo para todos nós consolarmos o seu Imaculado Coração no
primeiro sábado de cinco meses seguidos. Pediu que nós nos confessássemos e
recebêssemos a Sagrada Comunhão, rezássemos o terço, meditando quinze minutos
nos mistérios do rosário. Prometeu proteger, na hora da morte, aqueles que
fizerem tudo o que Ela pediu. Daria graças necessárias para salvar suas almas,
e levá-las, assim, ao céu.
Lúcia recebeu licença do próprio Jesus
Cristo para revelar uma parte do segredo.
Minha filha escreve o que te pedem; e tudo o
que te revelou a Santíssima Virgem na aparição em que falou desta devoção (ao
Imaculado Coração de Maria) escreve-o também. Quanto ao resto do segredo,
continua em silencio.
Lúcia revelou, assim, as duas partes do
segredo já conhecidas: a visão do inferno e o anuncio do grande castigo sobre a
terra (as guerras). O terceiro segredo foi encaminhado aos arquivos secretos do
Vaticano.
Numa outra ocasião, Nossa Senhora diz à Irmã
Lúcia: “É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união
com todos os bispos do mundo a consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração,
prometendo salvá-la por este meio. São tantas as almas que a Justiça de Deus
condena por pecados contra mim cometidos, que venho pedir reparação:
sacrifica-te por esta intenção e reza”.
Lúcia levou
ao conhecimento do Santo Padre este desejo de Nossa Senhora, entretanto, Nosso
Senhor apareceu mais tarde e queixou-se à Irmã Lúcia de que a consagração da
Rússia não tinha sido feita: “Não quiseram atender ao meu pedido. Farão a
Consagração mais tarde, mas será tarde. A Rússia terá já espalhado seus erros
pelo mundo, provocando guerras, perseguições à Igreja: o Santo Padre terá muito
que sofrer”.
Sob a orientação da Irmã Lúcia, um
artista esculpiu duas imagens de Nossa Senhora. Essas imagens são chamadas
peregrinas porque percorrem vários países. Aonde vão, essas imagens atraem
multidões.
No mês de julho de 1972, uma dessas imagens
foi levada à cidade de Nova Orleans, nos Estados Unidos. Aí ela milagrosamente
chorou.
Sacerdotes, fotógrafos e jornalistas puderam
comprovar a umidade a umidade nos olhos da imagem. Na manhã seguinte, a imagem
chorava novamente.
Um sacerdote conta: “vi muito líquido nos
olhos da Imagem e uma gota grande de líquido na ponta do nariz da mesma”.
Perguntamos: por que Nossa Senhora chora?
Chora porque o mundo não se converteu. Chora pelos pecados dos homens e pelos
castigos que estes, assim, acumulam sobre si. Chora porque os homens não
atenderam a seu pedido. Chora como Jesus chorou sobre Jerusalém. Lágrimas de
afeto, lágrimas de dor profunda na previsão do castigo que virá.
Portanto,
vamos atender aos pedidos de Nossa Senhora de Fátima, rezando o terço todos os
dias e propagando a mensagem de Fátima aos nossos amigos e a todas as pessoas
que ainda não a conhecem e vamos confiar em Nossa Senhora que prometeu: “Por
fim o meu Coração triunfará”.
Referência: Comissão
de professores que são correspondentes da TFP (Tradição, Família e Propriedade)
– Título da obra: E Nossa Senhora apareceu a três pastorinhos em Fátima e as
imagens foram encontradas na internet.
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