NOSSA SENHORA DA TERNURA
O Filho não é um bebê. Tem um rosto sábio, veste de adulto. De acordo
com historiadores, o rosto iluminado e a túnica dourada indicam que o sábio é
verdadeiramente o Verbo de Deus, cheio de majestade e esplendor.
Do rosto da criança emana uma luz que cai no lado direito do ícone,
tocando delicadamente o nariz da Virgem e iluminando o rosto do filho. Luz que
dá profundidade à intimidade entre mãe e filho, revelada no abraço carregado de
ternura.
No entendimento do padre Ricardo Hoepers, o rosto colado do Menino Jesus
à mãe, transmite o sentimento de acolhida.
Esse ícone foi particularmente apreciado e reverenciado na Rússia, como
protetora do país, “que elegia os patriarcas e diante da qual se desenrolavam
todos os momentos importantes de sua história, como a coroação e o casamento
dos Czares”, comenta Jean-Ives Leloup, em seu livro “O ícone, uma escola do
olhar” (2006). Mais tarde o Papa João XXII proclamou-a “símbolo e padroeira da
unidade das igrejas”.
Leloup diz que o ícone expressa três qualidades essenciais por
intermédio das quais Deus vem ao mundo: ternura, misericórdia e compaixão.
Há uma proximidade harmoniosa entre mãe e filho. Os olhares são graves,
olham ao longe e para o interior. Trata-se de uma leitura da proximidade do
humano e do divino, de “rosto colado”: em todo ato de ternura, de misericórdia
e compaixão, Deus está presente. Com uma mão o Filho representa a própria
Trindade, comunidade de amor que gera vida e com a outra mão sela uma aliança e
uma amizade plena com o gênero humano, através do sinal mais usado para
transmitirmos nosso afeto: o encontro das mãos. “Unidade da divindade com a
humanidade”, entende Leloup.
Para a irmã Maria Donadel, em seu livro “Ícones da Mãe de Deus” (1997),
afirma que: “A contemplação desse ícone nos conduz a uma experiência espiritual
profunda. Leva-nos a seguir um movimento que parte dos olhos da Virgem em
direção as suas mãos. Passa das mãos de Maria para a criança e da criança
novamente para os olhos de Maria”.
Para ela contemplar o ícone é deixar-se levar pelas suas revelações:
olhos que contemplam espaços infinitos do coração; a beleza das mãos que não
ensina, não explica e nem pede, simplesmente oferece seu filho como Salvador do
mundo a todos sem exclusão; o Filho que não é bebê, mas fonte de sabedoria,
principio e fim da criação; a boca está próxima da Mãe oferecendo seu sopro
divino;
Que grandiosas inspirações levam a contemplar este ícone como um
perfeito sinal da inclusão que se deu com a Encarnação do Verbo que se fez
carne e habitou entre nós.
Quando nos encontramos com pessoas com deficiência fazemos a mesma
experiência que o ícone nos traz: presença real de Deus que foi revelada aos
pequeninos e escondida aos que se dizem entendidos...
Leloup aprofunda ainda mais sua contemplação: “Sendo a misericórdia,
para os antigos iconógrafos, o lugar privilegiado da Revelação, alguns puderam
traduzir palavra misericordioso por ‘matricial’, significando assim que ser
misericordioso é ter entranhas de mãe, uma ‘matriz’, para acolher a outra em
sua profundeza, permitir-lhe existir e vir à luz. Outro aspecto mais sutil
desse ícone é desvelar do que podemos chamar de compaixão (‘compartir
[compadecer-se], significando ‘patir avec’ [sofrer com], ‘estar com o outro em
seu sofrimento’). O que nos é dado a ver não é nem uma ‘emoção’, nem uma
passividade, nem uma revolta diante do inaceitável, mas um ‘sentimento’, uma
aceitação, a não dualidade do que a vida pode impor de doloroso. Atrás do ícone
da virgem da Ternura de Vladimir estão representados os símbolos da paixão.
Esse pressentimento do real como trágico não é triste. É a afirmação de que, se
o ‘Amor não é amado’ não ficará menos terno e misericordioso por esse motivo.
Se interiorizarmos este ícone da Mãe da Ternura descobriremos que o belo
semblante sereno da mulher, a força e a maturidade da Criança não são nada além
de manifestações de uma inocência invencível e transcendente: a inocência de
Deus na memória complicada do homem”;
Portanto, neste ícone há toda inspiração
necessária para realizar um projeto de inclusão, sob a proteção de Nossa
Senhora da Ternura que assim será invocada por todas as pessoas com
deficiências como sua padroeira: que Nossa Senhora, a Mãe da Ternura, o único
ser que “abraça Aquele que todo o Universo não pode conter” (Santo Efrém),
desperte em nossos corações sentimentos de bondade e ternura para com todas as
pessoas com deficiência! Amém.
NOSSA
SENHORA DA TERNURA, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!
Referencia: Domus Dei - Jornal informativo da Paróquia São Francisco de Paula p.6-8
- Nov/Dez 2007.
Quem não precisa de ternura, carinho e amor na vida? Nossa Senhora da Ternura é esta graça que Deus nos faz colocando para o povo cristão a ternura de seu Filho querido sob os cuidados de uma mulher que é santa, bela, humilde, fiel dócil ao Espírito Santo e que tem muito a nos ensinar! É maravilhoso saber que temos uma advogada tão poderosa junto a Deus!
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