quarta-feira, 23 de abril de 2014

SÉTIMA DOR DE MARIA – O SEPULTAMENTO DE JESUS.


   *Nessa dor de Maria se realiza a consumação de todas as violências abomináveis contra Jesus, as quais Nossa Senhora experimentou em sua alma, sem poder aliviar ou evitar todo esse sofrimento no caminho do calvário e na pregação da cruz, tão pouco não pode evitar em si mesma tais sofrimento. Mais o sepultamento parece ser uma das dores mais terrível, pois esta, Maria já não sofre em comunhão com Jesus, pois neste momento Ele está morto, ela sofre sozinha, na solidão e no desconsolo de uma perda que, aos olhos humanos parece uma perda definitiva para a morte. Todavia sabemos que Maria, assim como os discípulos deve ter ouvido de Jesus a cerca da ressurreição, mas mesmo sabendo dessa realidade possível, isso não evitava o sofrimento que ela suportou com valentia e fé. Mesmo a Cruz de Nosso Senhor, nos dias de hoje, ser para nós cristãos um  consolo, um caminho de fé, para Maria, naquele momento, ao invés de ser um lenitivo para ela, era a causa de Sua dor. Deus deu a Maria, Sua filha diletíssima, tudo o que havia de melhor!
    No entanto, em determinadas etapas de sua vida, Deus permitiu a Ela receber sofrimentos. Como ocorreu na Paixão, quando passou por um tremendo tormento. Sofreu muito mais do que se fosse Ela própria crucificada, pois a dor que sentiria na sua crucifixão não seria nada perto do que Ela sentiu vendo o seu próprio Filho sendo torturado até a crucificação.
   **A piedade católica celebra as dores de Nossa Senhora com os mais diversos nomes: Nossa Senhora das Dores (também chamada Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora da Soledade, Nossa Senhora das Angústias, Nossa Senhora das Lágrimas, Nossa Senhora das Sete Dores, Nossa Senhora do Calvário, Nossa Senhora do Monte Calvário ou ainda Nossa Senhora do Pranto, e invocada em latim como Beata Maria Virgo Perdolens, ou Mater Dolorosa), sendo sob essa designação particularmente cultuada em Portugal.

   E por que sete dores? De muitas formas sofreu Maria Santíssima durante a sua vida terrena, porém sete delas são especialmente objeto da devoção dos fiéis. São episódios tirados dos Santos Evangelhos e que formam o caminho de dores da Filha amorosa de Deus Pai, sofrendo em sua alma padecimentos semelhantes aos da Paixão de seu Divino Filho.
   O culto à Mater Dolorosa iniciou-se em 1221, no Mosteiro de Schönau, na Germânia. Em 1239, a sua veneração no dia 15 de Setembro teve início em Florença, na Itália, pela Ordem dos Servos de Maria (Ordem Servita). Deve o seu nome às Sete Dores da Virgem Maria:
1-A profecia de Simeão sobre Jesus (Lucas, 2, 34-35)
2-A fuga da Sagrada Família para o Egito (Mateus, 2, 13-21);
3-O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lucas, 2, 41-51);
4-O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário (Lucas, 23, 27-31);
5-Maria observando o sofrimento e morte de Jesus na Cruz - Stabat Mater (João, 19, 25-27);
6-Maria recebe o corpo do filho tirado da Cruz (Mateus, 27, 55-61);
7-Maria observa o corpo do filho a ser depositado no Santo Sepulcro (Lucas, 23, 55-56).
   ***Nossa Senhora das Dores surge representada sendo ferida por sete espadas no seu coração imaculado (algumas vezes uma só espada), dado ter sido trespassada por uma espada de dor, quando da Paixão e Morte de seu Filho, unindo-se ao seu sacrifício enquanto redentor e sendo por isso chamada pelos teólogos de Corredentora do Gênero Humano. É também seu símbolo o Rosário das Lágrimas (ou Terço das Lágrimas), com 49 contas brancas divididas em sete partes de sete contas cada. Aparece também frequentemente representada com uma expressão dolorida diante da Cruz, contemplando o filho morto (donde nasceu o hino medieval Stabat Mater), ou então segurando Jesus morto nos braços, após o seu descimento da Cruz (dando assim origem à temática das Pietà).
    Nossa Senhora foi concebida sem pecado original, portanto seria lógico que Ela não sofresse. Tanto é assim que Adão e Eva, antes do pecado original, não sofriam. Então como explicar as dores de Maria? Depois de muitas discussões teológicas, os teólogos chegaram à conclusão de que Ela não foi concebida em função da graça da Criação, mas em função da graça da Redenção, por isso foi possível a Ela sofrer.
    Sabendo que Ela seria Mãe de um Deus-Homem que iria sofrer na Cruz, no momento que Ela respondeu ao Anjo Gabriel: “Faça-se em mim segundo a vossa palavra!” Ela estava se dispondo a sofrer toda a Paixão que o Filho sofreria. Nesse momento Ela assumiu as dores do próprio Filho.
    Quando o profeta Simeão declarou que Ela teria seu coração atravessado por uma espada de dor, quando houve necessidade de fugir para o Egito – com todos os incômodos da viagem; e no momento em que Ela se deparou com a perda do Menino Jesus Ela sofre verdadeiramente uma enormidade.
    Mais ainda, ela sofre na vida pública de Nosso Senhor, com todas as calúnias, com todas as discussões com os fariseus e com todos os ódios que Ela percebia que ia se levantando contra o seu Filho. Como Mãe, ela sabia e intuía perfeitamente o momento da Paixão. E Ela sofreu a Paixão inteira de Nosso Senhor de uma forma mística. De que forma isso se deu? Nós não sabemos, porque não tivemos esta experiência. Qualquer ideia que façamos do sofrimento de Nossa Senhora na Paixão ficará muito aquém da realidade. Um sofrimento que em nada se assemelha ao nosso, Piedade – Catedral de Salamanca. Julgue, pois foi algo muito elevado, sublime e sobrenatural, portanto de altíssimo grau. Como já foi dito, Maria é Corredentora do gênero humano. Assim como na origem da nossa decadência está um homem e uma mulher, na origem da nossa Salvação está um Homem-Deus e uma Mulher.        Deus quis unir os sofrimentos d’Ela aos de Nosso Senhor para que esta Redenção se tornasse, simbolicamente, mais harmônica e mais completa. De maneira que temos na festa da Exaltação da Cruz e na memória da Virgem Dolorosa a união do sofrimento divino de Nosso Senhor com os sofrimentos indizíveis de Maria.
   Então, qual a amplitude da compreensão mística de Nossa Senhora diante dos padecimentos de Seu Divino Filho? Só para dar um exemplo, quando Ela ouve aquele misterioso clamor:
- Senhor, Senhor! Por que me abandonastes?

*Reflexão feita por Maria Marta.




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