quinta-feira, 17 de abril de 2014

A SEGUNDA DOR DE MARIA – A FUGA PARA O EGITO


   Nossa Senhora está intimamente ligada à Redenção. Nós, fiéis católicos, a consideramos Corredentora do gênero humano especialmente porque, em primeiro lugar, Ela consentiu no mistério da Encarnação, em segundo por ter dado à luz ao Redentor e em terceiro lugar porque sua dor foi extrema durante a paixão de seu Divino Filho. Significa que Maria teve especial cooperação na redenção universal.
   Cristo sofreu por nossos pecados, foi por nossa causa que ele se encarnou e morreu crucificado. De maneira que todos nós, pecadores, temos participação indireta na Crucifixão de Nosso Senhor. Tomando isso em consideração, peçamos perdão das nossas faltas; peçamos também por todas as graças e milagres que necessitamos.
   A piedade católica celebra as dores de Nossa Senhora com os mais diversos nomes: Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora das Angústias, Nossa Senhora da Soledade, Nossa Senhora das Lágrimas… A festa também está ligada a uma tradição que vem do século XV. Foi instituída, em Colônia, pelo Arcebispo, Thierry de Meaux, que quis reparar os ultrajes feitos pelos hereges hussitas contra as imagens de Nossa Senhora. Mais tarde, no século XVIII, o Papa Bento XIII decretou que fosse inscrita no catálogo das festas litúrgicas, com o título de Festa das Sete Dores de Nossa Senhora. Foi em função desta devoção que a Ordem dos Servos de Maria começou a propagar a meditação das sete dores de Maria Santíssima.
Por que sete dores?
    De muitas formas sofreu Maria Santíssima durante a sua vida terrena, porém sete delas são especialmente objeto da devoção dos fiéis. São episódios tirados dos Santos Evangelhos e que formam o caminho de dores da Filha amorosa de Deus Pai, sofrendo em sua alma padecimentos semelhantes aos da Paixão de seu Divino Filho. Os episódios narrados no Evangelho são:
1) A Apresentação de Jesus no Templo e a profecia de Simeão;
2) A fuga para o Egito;
3) A perda do Menino Jesus no Templo;
4) O encontro com Jesus no caminho do Calvário;
5) O momento em que se encontrou de pé junto à Cruz de Jesus;
6) Quando teve o corpo de Jesus morto em seus braços;
7) O sepultamento de Jesus.
   *Nossa reflexão será sobre a segunda dor de Maria: A fuga para o Egito. Mas, por que essa fuga para o Egito se constitui uma dor para Maria? É uma dor porque ela sai fugindo no meio da noite para salvar seu Filho da morte – morte essa que foi decretada pelo poder romano na pessoa do então governador: Herodes.
    Maria deve ter sofrido em sua alma a angústia de fugir e ao mesmo tempo proteger o bebê Jesus. Não era uma proteção contra doenças ou falta de alimento, mas era uma proteção que precisava ser eficaz contra a maldade de uma pessoa poderosa que não teve escrúpulo de mandar matar muitas crianças de dois anos para baixo, com o intuito de no meio destes morrer aquele que para ele seria a grande ameaça a seu poder dominador e opressor.
   O Evangelho de São Lucas no capítulo 2, a partir do versículo 13, narra esse dramático acontecimento: “Depois que os Magos que vieram adorar Jesus, partiram, um anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: levanta-te, pega o menino e a sua mãe, foge para o Egito e fica aí até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para mata-lo”. A morte estava decretada e só foi possível adiá-la por muitos anos, por intervenção divina. A fúria de Herodes ao ver-se enganado pelos magos só encontrou descanso com morte de muitas crianças. Qual o grau de sofrimento de Maria ao escutar que muitas crianças morreram no lugar de seu Filho? Que impotência ela deve ter sofrido por não poder fazer nada em favor de todas aquelas crianças inocentes? E com que amor e responsabilidade no meio de tanta aflição, junto com José ela guardava o menino Jesus?
   Nossa Senhora foi concebida sem pecado original, portanto seria lógico que Ela não sofresse. Tanto é assim que Adão e Eva, antes do pecado original, não sofriam. Então como explicar as dores de Maria? Depois de muitas discussões teológicas, os teólogos chegaram à conclusão de que Ela não foi concebida em função da graça da Criação, mas em função da graça da Redenção, por isso foi possível a Ela sofrer.
    Sabendo que Ela seria Mãe de um Deus-Homem que iria sofrer na Cruz, no momento que Ela respondeu ao Anjo Gabriel: “Faça-se em mim segundo a vossa palavra!” Ela estava se dispondo a sofrer toda a Paixão que o Filho sofreria. Nesse momento Ela assumiu as dores do próprio Filho.
    Quando o profeta Simeão declarou que Ela teria seu coração atravessado por uma espada de dor, quando houve necessidade de fugir para o Egito – com todos os incômodos da viagem;  Ela sofre verdadeiramente uma enormidade.

Oração
Deus vos salve Virgem Dolorosa, que junto à Cruz compartilhastes o sofrimento de vosso Divino Filho! Ali Jesus nos entregou como vossos verdadeiros filhos. Queremos sentir que sois Nossa Mãe em todos os momentos, mas especialmente quando nos visita o sofrimento. Temos certeza que ao vosso lado tudo será mais fácil e suportável. Santíssima Virgem das Dores rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.

*Essa reflexão teve como guia a Bíblia de Jerusalém – por Maria Marta.



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