Maria é chamada por nós, católicos, de Nossa Senhora, pois é a Mãe de Nosso
Senhor e Rei, Jesus Cristo, pois "há um só Deus, o Pai, de quem
são todas as coisas e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo
qual existem todas as coisas, e por ele nós também" (I Cor 8,6). Jesus
é Nosso Senhor, Filho de Deus, e o próprio Deus com o Pai e o Espírito
Santo. Jesus é o Rei dos céus. Maria, como sua mãe, partilha da
realeza de seu Filho, pois um rei, nasce
de uma rainha e é assim que Maria é retratada por São João no Apocalipse
(12,1-2.5): "1 E viu-se um grande sinal no céu: uma
mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma
coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. 2 E
estando grávida, gritava com as dores do parto, sofrendo tormentos para dar à
luz. 5 E deu à luz um filho, um varão que há de reger todas
as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para
o seu trono." A realeza de Maria deriva da realeza de seu Filho e
sua realeza não significa adoração, significa que Maria é a nossa Mãe na ordem
da graça, a serva mais humilde, e um exemplo para os que amam o Cristo.
Assim, o anjo ao anunciar o nascimento de Jesus, diz
que ele receberá o trono de seu pai Davi, mostrando assim, que Maria, a virgem
que daria à luz ao Senhor, era também de descendência real: "32 Este
será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono
de Davi seu pai; 33 e reinará eternamente sobre a
casa de Jacó, e o seu reino não terá fim. "(Lc 1, 32-33). A presença
de Maria deve ser motivo de alegria e veneração para todo seguidor de Cristo,
pois ela nos traz o próprio Jesus consigo, por isso deve ser honrada, como Mãe
de Nosso Senhor e Deus:"41 Ao ouvir Isabel a
saudação de Maria, saltou a criancinha no seu ventre, e Isabel ficou
cheia do Espírito Santo, 42 e exclamou em alta
voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre! 43 E donde me provém isto, que venha
visitar-me a mãe do meu Senhor”? (Lc 1, 41-43). Invocada
como Nossa Senhora, Maria é Mãe de Deus, pois Jesus é Nosso Senhor e Deus, como
diz a Bíblia: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava
com Deus, e o Verbo era Deus." (Jo 1,1) .
"Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e
Deus meu! " (Jo 20,28)."Por isso, pois, os judeus ainda mais
procuravam matá-lo, porque não só violava o sábado, mas também dizia que Deus
era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus." (Jo 5,18) "Eu e o
Pai somos um. "(Jo10,30) Isso significa que Maria é Mãe de Deus,
a partir do momento em que o gerou no mundo (Lc 1,35) e não no sentido de que
veio antes de Deus, pois ela é criatura, filha de Deus e o ser humano mais
especial aos olhos do Senhor (Lc1,28), predestinada desde o início dos tempos
(Gn 3,15). O nome de Maria, também nos dá uma informação importante: Maria pode
ter duas origens: do hebraico Miriam, formado pormar (mestre)
e ram (poderoso); ou também do
hebraico myriam ("vidente", "senhora soberana" ou
mesmo "amarga" "mar de amargura, tristeza", ou do
caldeu, "senhora do mar" são algumas das interpretações
possíveis), que originou a forma latinizado "Maria". Assim, o próprio
nome da Mãe do Senhor nos mostra que ela é a Senhora Soberana, Senhora da
amargura, Senhora das dores, como vemos nos Evangelhos, sofrendo com seu Filho,
homem das dores: "25 Estavam em pé, junto à cruz de
Jesus, sua mãe, e a irmã de sua mãe, e Maria, mulher de Cleôpas, e
Maria Madalena. 26 Ora, Jesus, vendo ali sua mãe, e ao lado
dela o discípulo a quem ele amava, disse a sua mãe: Mulher, eis
aí o teu filho. 27 Então disse ao discípulo: Eis aí
tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa."(Jo
19,25-27). Nesse trecho do evangelho, temos muitos elementos importantes: Maria foi e é a sempre virgem, pois Jesus foi seu filho
único, como constatamos nessa passagem, que nos mostra a preocupação de seu
Filho com sua Mãe, sozinha no mundo, daí entregar ela aos cuidados de seu
discípulo amado.
Por outro lado, o discípulo amado é entregue por Jesus
aos cuidados da Mãe, mostrando dessa forma que todos somos filhos dela. Outro
aspecto importante é o fato de Jesus chamá-la de mulher, mostrando assim seu
aspecto profético, desde o Gênesis até o Apocalipse, ela é a mulher profetizada
desde o início para ser a colaboradora na História da salvação: "Porei
inimizade entre ti e a mulher" (Gn 3,15); "Mulher,
eis aí o teu filho" (Jo 19,26); "uma mulher vestida
do sol" (Apo 12,1), No dicionário encontramos que o termo senhora é um
"tratamento cortês, dispensado a uma mulher casada e, em geral, a qualquer
mulher de certa condição social. / Esposa. / Dona de casa. / Proprietária.
/".
Ao chamar Maria de Senhora, mostramos respeito à Mãe de
Jesus, honramos e louvamos Nosso Senhor, pois reconhecemos que ela é a Senhora
por causa dele, único Senhor, o seu Filho. E como nos Cânticos dos cânticos,
dizemos: "Quem é esta que avança como a aurora, bela como a lua, brilhante
como o sol, temível como exército em ordem de batalha?"(Cant 6,10).
Ao chamar Maria de Senhora, mostramos que
somos "filhos dela, os que guardam os mandamentos de Deus, e mantêm o
testemunho de Jesus" (Apo 12,17). Ao chamar Maria de Senhora,
nos colocamos contra o Demônio, pois "o dragão irou-se
contra a mulher, e foi fazer guerra aos demais filhos dela "(Apo
12,17). O demônio é o adversário de Maria, assim profetizado desde o
Gênesis: "Porei inimizade entre ti e a mulher, e
entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu
lhe ferirás o calcanhar." (Gn 3,15).
Ao chamar Maria de Nossa Senhora, nos colocamos como seus
servos, procurando obedecer a seu único mandamento, que é "Fazei o que Ele
vos disser" (Jo 2,5). Buscando obedecer a esse mandamento, honramos
Maria invocando-a (Lc 1,28), olhando para seus exemplos (I Pe 3,6),
tendo-a como modelo de vida e de oração(Hb 6,12). Podemos ter como ordem
as palavras do anjo para Agar no Gênesis: "Disse-lhe o anjo do Senhor:
Torna-te para tua senhora, e humilha-te debaixo das suas mãos. "(Gen 16,9)Humilhar-se
debaixo das mãos de Maria, é colocar-se diante da Mãe de Misericórdia,
recorrendo a sua valiosa intercessão (Jo 2, 3). A oração a Maria, nos conduz ao
Senhor, como nos diz o salmo 132,2, nossos olhos se fitam nas mãos de Maria, em
suas mãos em prece, para que ela nos alcance a piedade de seu Filho como nas
Bodas de Caná (Jo 2, 1-12), pois ela nada pode por si, como ser humano puro, a
não ser orar por nós.
Eis o trecho do salmo 132,2: "Assim como os olhos
dos escravos estão fitos nas mãos do seu senhor, assim como os olhos
das escravas estão fitos nas mãos de sua senhora, assim os nossos olhos no
Senhor, até de nós ter piedade. " A mediação de Maria em
favor dos homens não obscurece nem diminui a mediação única de Cristo; pelo
contrário, até ostenta sua potência, pois todo o salutar influxo da
bem-aventurada Virgem deriva dos superabundantes méritos de Cristo, estriba-se
em sua mediação, dela (mediação de Cristo) depende inteiramente e dela aufere
toda a sua força. Pois nenhuma criatura jamais
pode ser equiparada ao Verbo encarnado e Redentor. Mas, da mesma forma que o
sacerdócio de Cristo é participado de vários modos, seja pelos
ministros, seja pelo povo fiel, e da mesma forma que a indivisa bondade de Deus
é realmente difundida nas criaturas de modos diversos, assim também
a única mediação do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas
uma variegada cooperação que participa de uma única fonte, pois como diz São
Paulo, os santos são "operários e administradores dos
mistérios de Deus" (1 Co 4,1).
O título Nossa Senhora vem da realeza de Maria que é uma
verdade fundamentada ao longo do tempo, e consta dos documentos mais antigos da
Igreja e dos livros da sagrada Liturgia.
O Papa Pio XII escreveu no encerramento do ano mariano de
1954, uma bela encíclica intitulada "Ad Coeli Reginam", em português,
"Sobre a realeza de Maria". O Papa Pio XII cita na referida Encíclica
"Ad Coeli Reginam" uma série de escritores sacros, como Santo Efrém,
São Gregório Nazianzeno, Prudêncio, Orígenes, São Jerônimo, Santo Epifânio,
Santo André Cretense, São Germano, São João Damasceno, Santo Ildefonso de
Toledo... Todos estes importantes homens da Igreja chamando e invocando Maria
como "Rainha" e "Senhora"; sem qualquer usurpação dos
atributos divinos,porque os méritos e as virtudes santas de Maria ,e o
atendimento das nossas preces vem sempre dos méritos infinitos do
Cristo.
A noção de Maria como Nossa senhora também se deve a uma
evolução doutrinal: à definição do concílio de Nicéia (325) sobre a divindade
de Jesus Cristo está unida a definição do concílio de Éfeso (431) sobre Maria
ser a Mãe de Deus (Theotokos), pela união indissolúvel da natureza divina e
humana no filho. A essas definições junta-se a verdade de Maria sempre
Virgem proclamada em Constantinopla (553) e em Roma (649).
A fonte para o conhecimento da Virgem Maria é o Novo
Testamento (Evangelhos, Atos e carta aos Gálatas), onde o nome aparece na forma
grega, Marían, correspondente ao hebraico Miryam. O significado semítico
parece ser o de «excelsa», «augusta».
São Lucas e São Mateus são os evangelistas que
dedicam mais espaço à infância de Jesus. Os dados biográficos desses textos da
Escritura dão conta, de fato, de Maria ser uma mulher jovem, pertencente à
tribo de Judá e à descendência de Davi.
Desde o século V, afirmou-se uma festa própria que
celebrava a Mãe de Deus em união com o mistério da Encarnação do Verbo (por
isso, a data da festa cai geralmente em dezembro, pouco antes do Natal).
São Bernardo de Claraval, foi o primeiro a invocá-la com
o título de Nossa Senhora, no século XII, e foi o autor de lindos escritos
sobre Maria e da oração mariana "Lembrai-vos".
No Oriente, os aspectos naturais de Nossa Senhora
levaram a celebrar a festa da Natividade (8 de setembro), da Anunciação (25 de
março), da Purificação (2 de fevereiro), da Assunção (15 de agosto).
Depois da escolástica, devido ao desenvolvimento da Mariologia,
foram celebradas as festas da Visitação (2 de julho), da Imaculada conceição (8
de dezembro), da apresentação no Templo (21 de novembro).
As revelações particulares não fazem parte do depósito da
fé, mas sendo reconhecidas como autênticas pela Igreja devem ser
reverenciadas, tais como as manifestações: Carmo , Laburé, La Sallete (França - 1846), Lourdes
(França - 1854) e Fátima (Portugal - 1917), Guadalupe (México - 1531) , Rue du
Bac (França).
Fatos particulares da cristandade pós-tridentina deram
origem às festas do Rosário (7 de outubro) e do Nome de Maria (12 de
outubro). Tornaram-se universais as festas que eram próprias de ordens
religiosas, como a do Carmelo (16 de julho), de N. Sra. das Dores (15 de
setembro), do Coração de Maria (22 de agosto) e várias outras que se originaram
de devoções particulares, entre as quais a de Maria Rainha (31 de maio).
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