sábado, 28 de dezembro de 2013

MARIA É CHEIA DE GRAÇA


   Refletindo sobre o Oficio da Imaculada Conceição, saudamos Maria com a expressão: "Deus vos Salve, Cheia de Graça Divina" A expressão “Cheia de Graça” consta no original grego vinda do verbo karitou.  Esta palavra grega expressa a Graça de Deus em sentido máximo, isto é, em toda sua plenitude. 
   Ela é também utiliza por São Paulo em sua carta aos Efésios: "No seu amor nos predestinou para sermos adotados como filhos seus por Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua livre vontade, para fazer resplandecer a sua maravilhosa graça [charitoo], que nos foi concedida por Ele no Bem-amado" (Ef 1,5-6).
Não foi sem razão que São Jerônimo (séc. IV), o MAIOR ESPECIALISTA cristão nas línguas bíblicas, quando traduziu as Escritura para o Latim (tradução conhecida como Vulgata), traduziu karitou por gratia plena.

   É claro que só pode ser cheia de graça quem foi agraciada, assim como só pode estar encharcada quem foi molhada, Entretanto o termo “agraciada” não transmite a plenitude da Graça recebida por Nossa Senhora. 
Este termo transmite uma imprecisão que não se encontra no original grego, portanto torna-se infiel à Verdade, logo é imoral. A utilização da palavra "agraciada" (Lucas 1,28) é muito vaga, não expressa o real valor da palavra grega.

    O uso do termo "agraciada" veio de Lutero, porém, o mesmo admitiu que só pôs assim por não achar melhor  uma palavra no alemão. Vejamos o que Lutero disse: "Igualmente quando o anjo saúda Maria e fala: Gegrüßet seist du, Maria voll Gnaden, der Herr mit dir [“Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo”].Pois bem, até agora isto foi simplesmente traduzido segundo as letras latinas. Mas diga-me se algo assim também é um bom alemão. Onde é que um homem alemão fala desta forma:  Du bist voll Gnaden [“estás cheia de graça”]? Que alemão entende o que significa voll Gnaden [“cheia de graça”]?
 Ele deve pensar num barril cheio de cerveja, ou num saco cheio de dinheiro; por isso eu traduzi: Du Holdselige [“agraciada”], com o que um alemão pode imaginar muito melhor o que o anjo quer dizer com sua saudação.
   Mas aqui os papistas se enfurecem comigo porque eu teria pervertido a saudação angelical, muito embora eu com isso ainda não tenha encontrado o melhor alemão." (Carta aberta sobre a tradução).        

   O fato é que a palavra kekharitômenê não pode ser traduzida em nossa língua, nem no alemão, por uma única palavra, arriscando, com isso, não revelar seu verdadeiro valor.
   Veja, por exemplo, São Jerônimo expert em grego, traduziu por "plena graça", forma , segundo Aguns, mais adequada do que a que vemos atualmente nas Bíblias Católicas "cheia de graça". A palavra tem um significado mais abrangente do que apenas agraciada.
Ela está no Particípio Perfeito, provinda do verbo "Charitoo" que quer dizer: "estado de santidade ou graça diante de Deus". 

  Maria foi nomeada de Kecaritwmenh, ao invés do anjo dizer "chaire Maria" (Alegra-te Maria), disse "chaire kekaritomene" (Alegra-te cheia de graça). O prefixo "ke" indica tempo passado indefinido de sua "charitoo". 
   E o sufixo "mene" indica que sempre será assim. Se o Kecaritwmenh está no tempo passado indefinido, é porque em toda sua vida ela foi assim, desde a concepção. 
O modo de "Particípio Perfeito" indica que Deus a fez assim, ou seja, ela ERA e não ESTAVA.
    Se esse estado de santidade tivesse ocorrido após sua concepção deveria ser usada a palavra "Karitúmene", que é o particípio presente. Por isso, ela foi nomeada de Kecaritwmenh, ao invés do anjo dizer "chaire Maria" (Alegra-te Maria), disse "chaire kekaritomene" (Alegra-te cheia de graça), o que mostra que essa qualidade é de sua natureza.
Para um entendimento mais fácil, o anjo quis dizer: "TU QUE ÉS E SEMPRE FOSTE PLENA DA GRAÇA DIVINA". 

   Foi falado sobre "plêrês kharis" (duas palavras), essa expressão tem significado literal por "cheio de graça", enquanto "kekharitômenê" não há palavra que demonstre literalmente sua verdadeira definição em nossa língua.  Além do que "plêrês kharis" não quer dizer que Ela tenha sido "cheio de graça" desde o momento de sua concepção e até o fim "cheio de graça".
 Sabemos que foi desde sempre e sempre será por outras passagens bíblicas e não se guiando por essas duas palavras em junção. "Sim, plena de graça, porque a outrem é dada em fragmentos, mas a Maria lhe foi infundida a plenitude da graça por inteiro de uma só vez" .

    (São Jerônimo, citado por São Tomás de Aquino em Suma Teológica III, q. 27, a. 5, resp.).




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