Refletindo sobre o
Oficio da Imaculada Conceição, saudamos Maria com a expressão: "Deus vos
Salve, Cheia de Graça Divina" A expressão “Cheia de Graça” consta no
original grego vinda do verbo karitou. Esta palavra
grega expressa a Graça de Deus em sentido máximo, isto é, em toda sua
plenitude.
Ela é também
utiliza por São Paulo em sua carta aos Efésios: "No seu amor
nos predestinou para sermos adotados como filhos seus por Jesus Cristo,
segundo o beneplácito de sua livre vontade, para fazer resplandecer a sua
maravilhosa graça [charitoo], que nos foi concedida por Ele
no Bem-amado" (Ef 1,5-6).
Não foi sem razão que São Jerônimo (séc. IV), o MAIOR ESPECIALISTA cristão
nas línguas bíblicas, quando traduziu as Escritura para o Latim (tradução
conhecida como Vulgata), traduziu karitou por gratia
plena.
É claro que só pode
ser cheia de graça quem foi agraciada, assim como só pode estar encharcada
quem foi molhada, Entretanto o termo “agraciada” não transmite a plenitude
da Graça recebida por Nossa Senhora.
Este termo transmite uma imprecisão que não se encontra no original
grego, portanto torna-se infiel à Verdade, logo é imoral. A
utilização da palavra "agraciada" (Lucas 1,28) é muito vaga, não
expressa o real valor da palavra grega.
O uso do
termo "agraciada" veio de Lutero, porém, o mesmo admitiu que só pôs
assim por não achar melhor uma palavra
no alemão. Vejamos o que Lutero disse: "Igualmente quando o anjo
saúda Maria e fala: Gegrüßet seist du, Maria voll Gnaden, der Herr mit dir
[“Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo”].Pois bem, até agora isto foi
simplesmente traduzido segundo as letras latinas. Mas diga-me se algo
assim também é um bom alemão. Onde é que um homem alemão fala desta forma: Du
bist voll Gnaden [“estás cheia de graça”]? Que alemão entende o que significa
voll Gnaden [“cheia de graça”]?
Ele deve pensar num barril cheio de cerveja, ou num saco cheio de
dinheiro; por isso eu traduzi: Du Holdselige [“agraciada”], com o que um alemão
pode imaginar muito melhor o que o anjo quer dizer com sua saudação.
Mas aqui os papistas se enfurecem
comigo porque eu teria pervertido a saudação angelical, muito embora eu com
isso ainda não tenha encontrado o melhor alemão." (Carta aberta
sobre a tradução).
O fato é que a
palavra kekharitômenê não pode ser traduzida em nossa língua, nem no
alemão, por uma única palavra, arriscando, com isso, não revelar seu
verdadeiro valor.
Veja, por
exemplo, São Jerônimo expert em grego, traduziu por "plena
graça", forma , segundo Aguns, mais adequada do que a que vemos
atualmente nas Bíblias Católicas "cheia de graça". A palavra tem
um significado mais abrangente do que apenas agraciada.
Ela está no Particípio Perfeito, provinda do verbo "Charitoo" que
quer dizer: "estado de santidade ou graça diante de Deus".
Maria foi
nomeada de Kecaritwmenh, ao invés do anjo dizer "chaire Maria"
(Alegra-te Maria), disse "chaire kekaritomene" (Alegra-te
cheia de graça). O prefixo "ke" indica tempo passado indefinido
de sua "charitoo".
E o sufixo "mene" indica que sempre será assim. Se o Kecaritwmenh
está no tempo passado indefinido, é porque em toda sua vida ela foi
assim, desde a concepção.
O modo de "Particípio Perfeito" indica que Deus a fez assim, ou seja,
ela ERA e não ESTAVA.
Se esse estado de santidade
tivesse ocorrido após sua concepção deveria ser usada a palavra
"Karitúmene", que é o particípio presente. Por isso, ela foi nomeada
de Kecaritwmenh, ao invés do anjo dizer "chaire Maria" (Alegra-te
Maria), disse "chaire kekaritomene" (Alegra-te cheia de
graça), o que mostra que essa qualidade é de sua natureza.
Para um entendimento mais fácil, o anjo quis dizer: "TU QUE
ÉS E SEMPRE FOSTE PLENA DA GRAÇA DIVINA".
Foi falado sobre
"plêrês kharis" (duas palavras), essa expressão tem significado
literal por "cheio de graça", enquanto
"kekharitômenê" não há palavra que demonstre literalmente sua
verdadeira definição em nossa língua. Além do que "plêrês
kharis" não quer dizer que Ela tenha sido "cheio de graça" desde
o momento de sua concepção e até o fim "cheio de graça".
Sabemos que foi desde sempre e sempre será por outras passagens bíblicas
e não se guiando por essas duas palavras em junção. "Sim, plena de
graça, porque a outrem é dada em fragmentos, mas a Maria lhe foi infundida a
plenitude da graça por inteiro de uma só vez" .
(São Jerônimo, citado
por São Tomás de Aquino em Suma Teológica III, q. 27, a. 5, resp.).
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