Síntese
de sua origem
Este dogma foi
proclamado por Pio IX. Do silêncio da Eucaristia e da mais antiga tradição,
chega-se à definição dogmática de 1854 através de fases polêmicas e dramáticas.
Mas Pio IX só definiu dogmaticamente essa verdade, depois de uma consulta à
Igreja Universal, lançada em 1849 com a encíclica Ubi Primum.
História
Precisamos destacar a
influência prioritária da fé popular para a definição deste dogma bem como a
contribuição dos teólogos ao longo da história.
O
primeiro dado sobre a santidade de Maria aparece num escrito apócrifo do século
II, o Protoevangelho de Tiago. Mais
tarde, sobretudo com Pelágio (422), Juliano de Eclano (454) e Agostinho (430),
encontramos uma defesa da imaculada conceição. Inclusive, Agostinho vai dizer
que a “a piedade impõe que se reconheça
Maria sem pecado”.
Nos séculos VII e
VIII, Theoteknos de Lívia e André de Creta (740) disseram que Maria é “toda bela , pura e sem mancha”. Nesta
mesma linha encontramos Pascásio Radberto (865) que afirma que Maria foi isenta
de todo pecado original.
Nos séculos XII e
XIII surge uma polêmica. Alguns teólogos: Anselmo (1109), Bernardo de Claraval
(1153), Alexandre de Hales (1280), Boaventura (1274), Tomás de Aquino (1274) e
Alberto Magno (1280), dizem que Maria foi purificada do pecado original em que
fora concebida. Mas o beneditino Eadmer (1134), conhecido como primeiro teólogo
da imaculada conceição, defende a intuição do povo em favor desta verdade.
João Duns Scotus
(1308), elaborou definitivamente o conceito de redenção preservativa, isto é,
preservada do pecado original.
Por volta dos séculos
XV e XVI as universidades, a exemplo da Sorbonne (1496), se comprometeram a
defender a imaculada conceição. Enfim, os jesuítas Perrone e Passaglia
apresentaram estudos fabulosos sobre o assunto às vésperas da definição
dogmática, no século XIX.
Em
se tratando do Magistério Oficial, podemos dizer que o Papa Sisto IV (1484)
começou uma série de intervenções pontifícias a favor da imaculada conceição.
Inclusive ele adotou oficialmente para Roma a festa da Conceição. Depois, temos
o Concílio De Trento (1546) que não incluiu Maria no pecado original. Alexandre
VII que se declara a favor com a bula Sollicitude
(1661) e, Clemente XI, o qual estendeu a festa da imaculada à igreja
universal (1708).
Pio
IX, em 1848, instituiu uma comissão de teólogos e uma de cardeais para
esclarecer os termos, analisar a questão, verificar a possibilidade da
definição e sugerir como proceder para definição. Em 1849, com a encíclica Ub Primum, ele consultou todos os bispos
e, de 603 consultados, 546 aprovaram. Finalmente, em 1854, proclama o dogma da
imaculada conceição com a bula Ineffabilis Deus.
Significado
O dogma da imaculada
conceição de Maria é importante na teologia e na vida eclesial, seja pela
complexidade da sua história, seja pelos seus entrelaçamentos com a
problemática teológica, pastoral e ecumênica. Continua, pois sendo um fato
eclesial, porque amadureceu na consciência dos crentes ao longo dos séculos
cristãos e se impôs na igreja, superando obstáculos de ordem teológica e a
oposição dos teólogos medievais. Este título de Maria se harmoniza com sua
maternidade divina e santa e com o seu papel de colaboradora na obra do Filho,
único redentor.
A imaculada é um
exemplo de justificação por pura graça. Ela manifesta a plenitude e a perfeição
do amor redentor de Cristo, já que mostra a sua eficácia retroativa e
preservativa. É o começo de um mundo novo animado pelo Espírito,
superabundância da realidade cristã como nostalgia do paraíso perdido e
reencontrado. Maria imaculada é fruto não envenenado pela serpente, o paraíso
concretizado no tempo histórico. Nela, a igreja encontra a sua “utopia”, a sua
imagem mais santa depois de Cristo, o seu ser e dever-ser “esposa imaculada”.
Autor: Denilson Aparecido Rossi(Mestrando
em Teologia, Filósofo, Professor e Palestrante)
[*] O presente texto corresponde a
um resumo elaborado pelo teólogo, Denilson A. Rossi, a partir de: FIORES, Stefano de;
SERRA, A. Dicionário de Mariologia: Imaculada Conceição. São Paulo: Paulus, 1995.
Fonte da imagem: internet.
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