domingo, 8 de dezembro de 2013

IMACULADA CONCEIÇÃO[*]



Síntese de sua origem

Este dogma foi proclamado por Pio IX. Do silêncio da Eucaristia e da mais antiga tradição, chega-se à definição dogmática de 1854 através de fases polêmicas e dramáticas. Mas Pio IX só definiu dogmaticamente essa verdade, depois de uma consulta à Igreja Universal, lançada em 1849 com a encíclica Ubi Primum.

História

Precisamos destacar a influência prioritária da fé popular para a definição deste dogma bem como a contribuição dos teólogos ao longo da história.
            O primeiro dado sobre a santidade de Maria aparece num escrito apócrifo do século II, o Protoevangelho de Tiago. Mais tarde, sobretudo com Pelágio (422), Juliano de Eclano (454) e Agostinho (430), encontramos uma defesa da imaculada conceição. Inclusive, Agostinho vai dizer que a “a piedade impõe que se reconheça Maria sem pecado”.
Nos séculos VII e VIII, Theoteknos de Lívia e André de Creta (740) disseram que Maria é “toda bela , pura e sem mancha”. Nesta mesma linha encontramos Pascásio Radberto (865) que afirma que Maria foi isenta de todo pecado original.
Nos séculos XII e XIII surge uma polêmica. Alguns teólogos: Anselmo (1109), Bernardo de Claraval (1153), Alexandre de Hales (1280), Boaventura (1274), Tomás de Aquino (1274) e Alberto Magno (1280), dizem que Maria foi purificada do pecado original em que fora concebida. Mas o beneditino Eadmer (1134), conhecido como primeiro teólogo da imaculada conceição, defende a intuição do povo em favor desta verdade.
João Duns Scotus (1308), elaborou definitivamente o conceito de redenção preservativa, isto é, preservada do pecado original.
Por volta dos séculos XV e XVI as universidades, a exemplo da Sorbonne (1496), se comprometeram a defender a imaculada conceição. Enfim, os jesuítas Perrone e Passaglia apresentaram estudos fabulosos sobre o assunto às vésperas da definição dogmática, no século XIX.
            Em se tratando do Magistério Oficial, podemos dizer que o Papa Sisto IV (1484) começou uma série de intervenções pontifícias a favor da imaculada conceição. Inclusive ele adotou oficialmente para Roma a festa da Conceição. Depois, temos o Concílio De Trento (1546) que não incluiu Maria no pecado original. Alexandre VII que se declara a favor com a bula Sollicitude (1661) e, Clemente XI, o qual estendeu a festa da imaculada à igreja universal (1708).
            Pio IX, em 1848, instituiu uma comissão de teólogos e uma de cardeais para esclarecer os termos, analisar a questão, verificar a possibilidade da definição e sugerir como proceder para definição. Em 1849, com a encíclica Ub Primum, ele consultou todos os bispos e, de 603 consultados, 546 aprovaram. Finalmente, em 1854, proclama o dogma da imaculada conceição com a bula  Ineffabilis Deus.

Significado

O dogma da imaculada conceição de Maria é importante na teologia e na vida eclesial, seja pela complexidade da sua história, seja pelos seus entrelaçamentos com a problemática teológica, pastoral e ecumênica. Continua, pois sendo um fato eclesial, porque amadureceu na consciência dos crentes ao longo dos séculos cristãos e se impôs na igreja, superando obstáculos de ordem teológica e a oposição dos teólogos medievais. Este título de Maria se harmoniza com sua maternidade divina e santa e com o seu papel de colaboradora na obra do Filho, único redentor.
A imaculada é um exemplo de justificação por pura graça. Ela manifesta a plenitude e a perfeição do amor redentor de Cristo, já que mostra a sua eficácia retroativa e preservativa. É o começo de um mundo novo animado pelo Espírito, superabundância da realidade cristã como nostalgia do paraíso perdido e reencontrado. Maria imaculada é fruto não envenenado pela serpente, o paraíso concretizado no tempo histórico. Nela, a igreja encontra a sua “utopia”, a sua imagem mais santa depois de Cristo, o seu ser e dever-ser “esposa imaculada”.

Autor: Denilson Aparecido Rossi(Mestrando em Teologia, Filósofo, Professor e Palestrante)


[*] O presente texto corresponde a um resumo elaborado pelo teólogo, Denilson A. Rossi, a partir de: FIORES, Stefano de; SERRA, A. Dicionário de Mariologia: Imaculada Conceição. São Paulo: Paulus, 1995. 

Fonte da imagem: internet.

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